Merry Christmas, Ast escrita por Mari


Capítulo 1
Capítulo Único




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A neve caia em seus cabelos negros, mas Astoria não estava muito interessada nisso. Se fosse Dafne, sua irmã mais velha, estaria dando uma de louca, dizendo que seus cachos não iriam aguentar a umidade e seriam destruídos. Dafne sempre fora famosa devido à pele clara, olhos azuis gélidos e, seus fios cor de ouro, lisos e alinhados. Não que ela gostasse disso, vivia correndo pela casa quando pequena, pedindo para que a Sra. Greengrass os encaracola-se com algum feitiço. Mas como eu estava dizendo, Astoria nunca ligara muito para isso.

Seus cabelos eram negros e encaracolados, geralmente despenteados e um tanto rebeldes, os olhos, no mesmo azul gélido e profundo da irmã mais velha. E a pele, chegava a ser mais pálida que a da mesma, mas suas bochechas rosadas de frio ainda mostravam que havia vida na garota. Mesmo que mínima e escassa naqueles tempos sombrios que a cercavam.

Era Natal de 1992.

Os saltos afundavam na neve, mas ela também não ligava para aquilo. Ela só queria girar na neve e cair depois. Ela fazia isso desde muito pequena. Dafne permanecia sentada dentro da Mansão dos Greengrass, penteando suas antigas bonecas de porcelana que Astoria não tinha permissão de sequer olhar, e lá, estava Astoria, girando e caindo na neve. Livre.

Os cabelos de Dafne deveriam estar arrumados, em perfeito estado, e o mesmo com seu vestido branco e delicado. Astoria estava com os cabelos soltos e rebeldes demais, o vestido sujo de terra e neve, mas ela não estava ligando para isso também. Era natal, não fariam nada com ela. Pelo menos, não hoje.

Ela correu mais uma vez, os saltinhos afundando contra a espessa camada de neve. Pulou e flutuou. Ela aprendera aquele feitiço num dos livros antigos de escola de seu pai, não era preciso à varinha para ela. Ela conseguia fazer apenas pensando. Não que alguém, além dos pais e sua irmã soubessem. Caiu na neve novamente, rindo.

- Para uma sangue-puro, a senhorita está bem sujinha – a voz gélida desde muito cedo que Draco Malfoy possuía ecoou pelo silencio do jardim dos fundos da casa. As risadas abafadas da garota cessaram e ela ficou em pé, uma postura perfeita.

Tentou arrumar os cabelos discretamente, mas era impossível.

- Não sabia que a família Malfoy estaria nos visitando hoje... – comentou tentando agora, tirar a neve do vestido – Se eu soubesse, eu não...

- Estaria correndo, rindo e caindo na neve? Além de flutuando, sem o uso de uma varinha? Ou aula de feitiços antes? – ele sempre tivera aquele ar arrogante, comparado ao tom inocente e educado de Astoria – Vamos ver se eu dou um jeito nisso...

Ele começou a pensar, batendo a varinha na cabeça. De repente, o cabelo de Draco começou a mudar de cor. Verde. Azul. Rosa. Amarelo. A garota gargalhou e ele sorriu torto, trazendo seu loiro claro, quase branco, novamente aos fios.

Ele tinha doze anos. Estava em Hogwarts e estava mais sério também. Rígido. Não brincava mais com ela. Ela estava com nove anos. Tinha se livrado da irmã fazia um tempo e estivera mais solitária, porém livre nos últimos tempos.

Ela tinha mania de ler livros antigos, e aprender feitiços sem o auxílio da varinha. Não que ela tivesse sucesso em todos eles. Na verdade, o gato não ficara azul como ela pensará. E a boneca de Dafne não voou até ela, pelo contrario, deu uma tremedeira, e permaneceu onde estava sentada e parada na prateleira. E Draco também não receberá suas cartas sem precisar de corujas. Digamos que elas não saíram voando por ai.

Mas ela conseguia flutuar com tamanha facilidade que fazia seus pais pensarem se o Lorde Voldemort descobrisse, a transformaria em uma arma. A família nunca se aliaria a ele. Afinal, ela era apenas uma criança com sorte e imaginação acima da média. Só isso.

Draco balançou a varinha, e a garotinha ficou impecável novamente.

- Você poderia me dizer como fez isso? – perguntou o loiro, realmente curioso – Flutuar e depois despencar sem uma varinha, ou aula de feitiços?

- Ahh, fácil – a menina sorriu – Eu aprendi faz um tempinho num dos livros do papai. Quer ver?

A menina cerrou os olhos com força. Parecia estar fazendo mais força que o normal, e Draco entendera o porquê. Ele estava flutuando. E ela que estava fazendo aquilo.

Suas forças falharam, e ela abriu os olhos, parando no chão gelado, coberto de neve. Draco despencou. Caiu com tudo na neve, batendo o braço. A garota se encontrava rastejando ate ele, ainda sem forças.

- DRACO! – gritou – Me desculpe, eu ainda... Não treinei com outras pessoas, é mais difícil. Você está bem?

- Estou Ast – ele sorriu – Você não me levitou tanto. Que feitiço está usando?

A menina sorriu, e se levantou com certa dificuldade. Tirou a neve do vestido vermelho, até os joelhos, e de mangas compridas:

- Wingardium Leviosa – Draco sorriu.

- É Ast, você vai ser uma grande bruxa um dia.

Era o mesmo jardim. A mesma data. A guerra se aproximava e ela fazia a mesma coisa. Levitava sem a varinha e caia na neve. Só que agora com o objetivo de lutar em uma possível guerra.

Os vestidos vermelhos e saltinhos baixos se foram e deram espaço a calças jeans, jaquetas de couro e botas. A menininha de nove anos ganhará uma varinha, e fora para a Corvinal. Tornou-se a primeira da turma. Para as jovens bruxas de sua idade, ela era de longe a mais inteligente e astuta, sendo comparada com a própria Hermione Granger.

E isso lhe maldiçoava agora. A Mansão dos Greengrass estava vazia. Seus pais estavam em conferência no ministério, para ver se conseguiam algum tipo de proteção, Dafne fugira para África com um grupo de trouxas e mandava uma carta por semana. E Astoria era procurada pelos Comensais da Morte como uma possível arma. Ela tinha treze anos. Jovem demais para a guerra.

- Como conseguiu passar pela rede de proteção, Malfoy? – perguntou, ainda de costas. Ela o conhecia bem demais para saber que era ele. Seu perfume. O barulho de seus paços na neve. Era 25 de dezembro, Natal. Não havia enfeites na casa. Ou convidados almofadinhas bebendo vinho e rindo sobre coisas sem fundamentos. Mas ele sempre estaria ali. Vendo brincar na neve. Sempre.

- Vim me despedir de você... – ela se virou para ele. Ele estava velho. Velho demais para ela. Como sempre fora. Ele acabara de fizer 16 anos. Ia para o sexto ano em Hogwarts, e ela sabia que ele lutaria contra ela na guerra. Era um fato, que na hora “H”, ele que estaria apontando a varinha contra ela. E ela teria que conviver com isso.

- O que? – ela já imaginava. Era Natal. Mas não seria um Natal feliz. Era uma guerra. E ela era apenas uma menina no meio de uma guerra. Lágrimas já rolavam em seus olhos, e Draco teve que desviar o olhar para não chorar também.

- Você não entende... Eu não tenho escolha – Ele suspirou, e olhou para ela – E eu estou cercado por meus demônios. Meus demônios. E eles destroem tudo que há de belo e bom na minha vida... E você – ele se aproximou e segurou seu rosto – Você é bela. Você é bela!

- Draco, - ela suplicou – Por favor...

- Feliz Natal, Ast – ele sorriu triste e ela sabia perfeitamente o que ele ia fazer.

- Por favor – sussurrou mais uma vez – Eu não quero...

Draco pegou sua varinha, mesmo com Astoria negando com a cabeça, implorando. E ele fez o que nunca pudera fazer antes. O que era errado. Por causa da idade, das casas, dos lados na guerra. Ele selou seus lábios nos dela. E eles se beijaram.

- Eu sinto muito, Ast... – Ele olhou em seus olhos pelo que seria a ultima vez – Obliviate.


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Notas finais do capítulo

Eai? O que acharam? Vale um capítulo bônus pós-guerra?



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