Audrey acordou cedo e colocou sua mochila de acampar perto da porta de casa. Seus pais estavam na casa da tia, que havia adoecido, então não passaram o aniversário com ela. Levaram seu irmão mais novo também, o que ela não gostou. O motivo para tudo isso era justo, mas a garota não conseguiu evitar de se sentir amarga por isso. Para variar, pensou, eles nunca tem tempo para mim.

Subiu novamente as escadas e foi tomar um banho frio. Seus olhos estavam cansados por ter acordado cedo sem ter dormido o suficiente. Mas o dia seria legal. Katherine viria até sua casa a buscar com seu pai, que as deixaria na floresta em que sempre acampavam nas férias desde os doze anos.

Audrey suspirou, vestiu seu jeans escuro e sua bota para caminhadas. Fechou a jaqueta vinho e prendeu os cabelos muito escuros em um rabo de cavalo alto. Olhou para a foto presa em seu espelho; ela, o irmão e os pais sorrindo lado a lado. Aquela foto tinha sido tirada dois anos atrás.

Os olhos dela lacrimejaram. Saiu de seu quarto e foi até o escritório do pai; algumas vezes eles costumavam ficar lendo junto ali quando ela tinha dez anos.

Audrey se sentou na cadeira de seu pai, atrás da grande escrivaninha de madeira escura. Abriu a primeira gaveta da escrivaninha, apenas por curiosidade. Bem, sua curiosidade teve um preço, pois se assustou levemente com o único objeto que tinha na gaveta.

Uma adaga de prata envolta a uma bainha de couro claro estava lá, solitária. Hesitantemente, Audrey a segurou; não estava empoeirada, pelo contrário, parecia que alguém a conservava sempre limpa. A desembainhou. A adaga era realmente toda feita de prata; com o formato de folha, parecia afiada por isso a garota não tocou a lâmina. Notou algumas palavras na lâmina; Fortitudo est uirtus.

Coragem é a nossa virtude, em latim. O lema de sua família. Desde os tempos medievais.

Tudo bem, ela sabia que os pais, ambos formados em História, eram fanáticos pela Idade Média, mas isso? Uma adaga de provavelmente uns setecentos anos?

– Audrey! Audrey! Abra a porta antes que eu a derrube! - a voz de Katherine a fez ter um sobressalto. A amiga estava gritando e esmurrando a porta no andar de baixo. Audrey revirou os olhos e desceu a escada, embainhando novamente a adaga.

Abriu a porta para a amiga.

Katherine Swan sorriu abertamente, entrando e fechando a porta atrás dela. Caminhou até o sofá da sala, no qual se jogou e apoiou os pés na mesa de centro.

– Fique á vontade. - sorriu Audrey, sarcasticamente, depois franziu as sobrancelhas - Sue pai não ia vir?

– Ele tá esperando no carro. - respondeu Katie - O que é isso? - perguntou apontando para a adaga na mão da amiga.

– Uma adaga. Está na minha família a anos, eu acho. - balançou a cabeça - Depois eu lhe conto mais. Vamos ir logo para a floresta, preciso respirar ar puro.

Katherine deu os ombros e se levantou.