Steve estava radiante. Não conseguia não demonstrar sua felicidade em saber que seu amigo estava de volta. Bucky se encontrava no mesmo processo de familiarização com certos objetos tecnológicos, alguns ele já tinha uma ideia do que eram, já outros, pareciam um monstro de sete cabeças para ele. Steve era paciente e explicava tudo o que havia aprendido, e eles ficavam nisso até tarde, de madrugada, o sol quase nascendo. Já era um outro dia, e Steve já se encontrava na porta do quarto de seu amigo.

– Bom dia, parceiro! - disse com um enorme sorriso ao ver seu amigo. A cara de Bucky não era das melhores, mas claro, estava morto de sono. Mesmo assim, não deixou de cumprimentar o amigo.

– Bom dia, Steve. São que horas?

– São dez da manhã. Tenho algo legal para te mostrar. Um negócio chamado X-box. - deu de ombros. Bucky pareceu interessado.

– E o que tem nessa caixa? - Steve sorriu, mas não zombou de Bucky. Já esteve na mesma situação que ele, ainda pior.

– É video game. Anda, se arruma que eu te explico. - bateu de leve no ombro dele e saiu, fechando a porta e indo para o lugar de sempre onde se encontravam.

O loiro se sentou em frente à uma das salas de treinamento. Não conseguiu se conter em olhar para dentro do local, onde viu uma ruiva de costas socando e chutando bravamente o saco de areia. Seus movimentos eram precisos.

– Quer um babador? - a voz de Bucky pareceu uma explosão em seu ouvido. Com um pulo, ele se afastou do banco e ainda aguentou as risadas de seu amigo. - Que expressão é essa, amigo?

– Nada, estava apenas distraído. - disse rapidamente enquanto tentava se recompor. Mal percebeu quando a ruiva que observava se aproximou dos dois com um sorriso nos lábios.

– E aí, garotos? Do que tanto riem? - ela realmente parecia interessada, maa Steve não soube responder, nem mesmo Bucky. - Vou ter que descobrir sozinha?

– Mil perdões, senhorita…?

– Romanoff, Natasha Romanoff. Tentou me matar, lembra? - ela se arrependeu do que disse no mesmo instante em que Steve baixou a cabeça. - Não, me desculpe, isso está no passado, não é? - disse, tentando amenizar as coisas. Bucky sorriu, parecia compreender a situação.

– Peço perdão por isso também, com certeza eu não estava consciente, nunca machucaria uma bela dama. - seu sorriso malicioso era até encantador, mas Natasha riu baixo. O importante era que conseguiram chamar a atenção de Steve, que agora olhava para os dois.

– Desculpas aceitas. Bom, tenho que ir, meu corpo está gritando por um banho frio. Até mais. - ela se despediu com um beijo demorado na bochecha de Steve e uma piscadinha para Bucky. O rapaz quase pulou.

– Que moça, não? - ele olhou para Steve, mas ele não parecia animado. - Perdi alguma coisa?

– Muita coisa. Com essas palavras, Steve foi andando para o lugar de sempre, com Bucky atrás.

A ruiva caminhou até seu quarto com um semblante cansado, mas ao mesmo tempo, feliz. Desde a caçada ao Soldado Invernal, estava de férias. Nenhuma outra missão importante lhe fora dada, e até certo ponto, estava ótimo assim. Teve tempo de pôr sua cabeça no lugar e reorganizar seus pensamentos - e até mesmo alguns sentimentos que a estavam atormentando. Bucky havia chegado há alguns meses, e ela estava feliz por Steve, sabia o quanto ele desejava a volta do amigo. E, estranhamente, era uma felicidade fora do comum. Seu banho a deixou bastante relaxada, foi o suficiente para fazê-la dormir sem os pesadelos de quase sempre.

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– Então... Esse tal de X-box é legal. - disse Bucky, com a boca cheia de Doritos enquanto jogavam um jogo qualquer de corrida. Os jogos de tiro eram facilmente descartados, queriam um tempo de paz nas poucas horas de lazer.

– Eu sabia que iria gostar. - Steve sorriu. Não sabia porquê, mas sentia que faltava alguma coisa.

– Hm. Natasha Romanoff, hein? - seu amigo sorriu. Bucky não deixava passar nenhuma, nem mesmo nos tempos de guerra.

– O que tem a agente Romanoff? - tentou disfarçar, mas suas bochechas levemente coradas o entregaram.

– Você gosta dela.

– Não gosto. Não temos tempo para isso.

– Então se tivessem… - Steve o interrompeu.

– Não, não dá. Assunto encerrado. - Bucky suspirou, mas deixou o amigo em paz.

– Sabe que pode me contar tudo, não sabe?

– Sei sim, amigo. Obrigado. - o soldado sorriu.

Passaram horas jogando, e como nos outros dias, já era madrugada quando foram para seus respectivos dormitórios. Enquanto passava em frente ao quarto de Natasha, ouviu um barulho estranho. Ela estava falando com alguém? Steve se aproximou da porta e então pode perceber que a ruiva falava sozinha. As pausas entre suas falas indicavam isso, ninguém a respondia. Ele bateu de leve na porta três vezes, como não teve resposta, decidiu entrar. Ela estava inquieta na cama, sonhando. O loiro não soube o que fazer além de sentar na ponta da cama e acariciar os cabelos dela. Por incrível que pareça, com os carinhos de Steve, Natasha parecia se acalmar, já não estava tão inquieta como antes. Ele ficou daquele jeito por alguns minutos, até que ela estivesse em sono profundo novamente - e tranquila.

Em passos lentos ele seguia para seu quarto. No mesmo dia eleiria para seu apartamento, precisava arrumar aquela bagunça. Pensou em convidar Bucky para conhecê-lo, mas Nick queria marcar uma reunião com ele no mesmo dia, então não tinha companhia. Ou melhor, até tinha. Steve foi deitar pensando em mil maneiras de como convidar Natasha Romanoff para seu apartamento sem parecer um pervertido.