Vidas Paralelas escrita por CelticSponsor


Capítulo 3
Entro num táxi da Cornualha


Notas iniciais do capítulo

Cerveja amanteigada! Bebam, se aqueçam, e se divirtam!



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Alucinações, alucinações! Eu não tinha alucinações! Quando eu era criança, compartilhei muitos momentos mágicos com Snape... Descobrimos como manipular a natureza, nos defender de animais e criaturas mágicas, e até a ler pensamentos. Nós éramos melhores amigos. Esse era o nosso maior segredo. Mas esse cara que estava comigo, me seguindo, me assustando, ele era...

Bem, ele não era.

O brilho do sol quase me cegou quando emergi da escuridão. Muitos trouxas me observavam, bem de longe, enquanto Snape segurava meu corpo, seu rosto demonstrando muita preocupação. Tentei ouvir algumas conversas, mas só o que eu ouvi foi “garota maluca”, “semáforo fechado”, e “livros de ficção”. Então foi isso. Fui atropelada. Eu não poderia negar nada, porque com certeza iria da calçada para o sanatório.

–- Lilian, você está bem?

Ele perguntou, seus olhos pretos e preocupados encarando os meus. Ele estava com a testa enrugada, e por um momento insano até achei isso bonito. Eu devia estar com uma cara de boba, porque ele sacudiu meus ombros.

–- Hey, Hey! Lilian acorda!

–- Oi! - reclamei - eu já estou desperta!

Ouvi um suave suspiro de alívio da plateia. Um homem estranho, muito parecido com um trasgo, estava atrás de Snape, segurando um chapéu coco e com uma expressão de intenso terror por trás dos óculos redondos. Ele se aproximou, enxugando a testa.

–- Senhorita, você está bem? Por favor, diga que está bem. - ele disse.

–- Estou um pouco zonza... Cadê meus livros? - tateei a procura deles. Snape ainda me segurava como se eu fosse de porcelana.

–- O senhor aqui guardou seus livros no carro. Bem, ele te atropelou.

–- Eu peço perdão. Isso nunca aconteceu antes. - ele encarou o chão e apertou o chapéu contra o peito.

Eu me sentei lentamente na calçada e respirei fundo. As pessoas começaram a se dissipar após terem certeza que eu estava bem. Com um arranhão na testa e joelho, mas nada que Madame Pomfrey não tenha remédio. Levantei-me apoiada em Severo, que agora tinha em seu rosto uma expressão que eu chamaria de engraçada. O homem preocupado era, como descobri logo, um taxista. Ele estava voltando para Londres sem nenhum passageiro, quando eu atravessei seu caminho. O problema de sua culpa era que ele estava distraído com duas diabretes em seu carro na hora do acidente. Vi pelo lado de fora e deduzi: elas voavam e se batiam no vidro, fazendo um barulho surdo.

–- Ele disse que vai para Londres agora, Lilian. Vamos pegar esse taxi?

–- Vai ser uma corrida cara! Eu não tenho tantos galeões!

–- Galeões? - Snape perguntou - O que são essas coisas? - ele disse, e eu e o motorista nos entreolhamos.

–- Digo, libras. Não tenho tantas assim.

–- Ela deve estar tonta. Nunca ouvi falar de galeões. - Severo disse e o homem assentiu, apesar de saber muito bem do que eu estava falando. Ele parecia uma espécie de gigante, e considerando as diabretes, ele estava por dentro do mundo mágico.

Entramos no táxi, que era de um azul berrante por dentro, e preto por fora como a maioria dos táxis de Londres. Sentei-me no banco de trás com meus livros e a bolsa. Snape foi no banco de passageiro, deixando o homem nervoso. Ele me olhou pelo espelho retrovisor, me pedindo alguma ajuda com o garoto. Percebi que as duas diabretes estavam bem na frente, camufladas no carro, e olhando para o trouxa, a mais provável vítima ali dentro.

–- Snape.

–- Oi. - ele se virou.

–- Eu, hum, estou confusa. - comecei a distraí-lo enquanto o homem tentava se livrar das criaturas.

–- Sobre o quê? - ele olhou para frente, e eu o cutuquei. Ele quase viu a diabrete na mão direita do motorista.

–- De que alucinações você falava? Eu nunca tive alucinações.

–- Quando você andava comigo, sempre afirmava ver criaturas especiais, dizia se defender delas, e até corria e fazia movimentos engraçados com as mãos. - ele moveu as mãos dele, como se fizesse um feitiço. - eu não sabia o que dizer. Meu pai disse que podiam ser alucinações. Eu não julgava você. Ter esse tipo de coisa era muito comum sabe.

Ele me olhou nos olhos, tentando ser o mais confortante possível, mas eu fiquei amedrontada. Tínhamos tido outra infância: ele com outra Lílian, e eu com outro Snape. Isso... Isso era assustador. Então a diabrete gritou esganiçada. Snape pulou no banco.

–- MAS O QUE FOI ISSO?! - ele urrou.

A diabrete estava se debatendo nas mãos do motorista, e gritava coisas como “Yahooo!”. “Iha”, e até “Cerveja amanteigada!”. Seu sorriso perverso e suas gritarias fizeram o homem ziguezaguear pela pista. Elas voavam pelo carro tentando fugir pela janela que estava um pouco aberta. Snape gritou:

–- Uma arara azul falante! Meu deus, uma arara azul falante!

–- O QUÊ?! - gritei.

–- DUAS! Duas araras! - ele ficou histérico com aquilo. Como ele podia ver araras? Quando crianças, presenciamos diabretes. Ele não agiu daquela forma.

O motorista teve que parar o carro no acostamento. Ele me olhou de esguelha, então pensei o mais rápido que pude. Situações desesperadas precisam de ações... mágicas e proibidas. Conjurei uma gaiola grande o suficiente e me apressei a abri-la. Ele jogou uma delas dentro, que se debateu e mordeu a grade. A outra tentou fugir pelo vidro da direita, mas Snape a pegou. Ele pegou a diabrete! Eu fiquei estática. O homem também.

–- Calminha, garota, calma... - ele acariciou a diabrete, que nos olhou pedindo ajuda, como se pensasse “O que esse trouxa está fazendo?”.

–- Coloque ela aqui, Snape, com cuidado. - aproximei a gaiola das mãos dele.

–- Vamos lá, ararinha, não seja má! Entre.

Ele colocou a diabrete gentilmente na gaiola, o que fez com que a mesma tivesse uma reação entre raiva e bom humor. Com certeza ninguém nunca tinha chamado tal criatura de ararinha e nem a acariciado. Ela voava e se balançava, ajudando também a outra morder a grade. Eu olhei para elas e levantei as sobrancelhas. Elas devem ter entendido. Sou boa com expressões faciais.

–- Ufa, elas vinham me atentando desde Londres. Um homem esqueceu as duas no banco de trás. - o motorista disse, enxugando as mãos nas calças.

–- Um homem? Ele tinha barba? - considerando as diabretes, pensei em Hagrid.

–- Não... - ele ligou o carro e começou a viagem - ele era pequeno, pálido e tinha os cabelos... - ele parou de falar.

Seus olhos se alargaram como se tivesse visto o Nick Quase sem Cabeça. Ele olhava para a pista e de volta para Snape.

–- Pelas barbas de Merlin! Era você! Você deixou esses bichos no meu carro!


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Notas finais do capítulo

Gostaram pessoal? Quem será este Snape?



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