Vidas Paralelas escrita por CelticSponsor


Capítulo 11
Encontro a mim mesma


Notas iniciais do capítulo

Acredito que seja o penúltimo capítulo.
Vamos lá.



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Logo quando Snape e Lílian iam saindo do Castelo de Hogwarts em direção à rua que começava a dissipar a fina geada que surgira à noite, quando seus pés estavam quase tocando o lado de fora, alguém surgiu gritando e apontando uma varinha para os dois, muito desconfiado e com seus olhos castanhos saltando por trás dos óculos. O coração de Lílian deu um pequeno salto dentro do peito, quando ela o viu, mas ela não soube explicar porquê.

Snape o reconhecera imediatamente. Magro, alto, com os cabelos despenteados da manhã, ou talvez estivessem sempre desarrumados, ele não sabia dizer. Ali estava a pessoa mais insuportável do colégio, aquele que o atormentava. Um garoto que não merecia a varinha que empunhava: Potter.

— Pra onde você vai, Ranhoso? - ele perguntou, descendo o gramado esbranquiçado do colégio, balançando suas vestes de forma exagerada. Lílian riu.

Snape não gostou. Nem um pouco.

— Estou - ele pensou enquanto olhava aquele imbecil do Potter nos olhos - estou em uma tarefa para o professor Dumbledore.

— Tarefa é? - ele sorriu de soslaio, arrogante - Então, o que é essa tarefa? - ela ainda não descera a mão, a varinha apontada distraidamente para o peito de Severo.

— Tarefa sigilosa. - Lílian disse.

Ele olhou para ela, fingindo olhá-la pela primeira vez. Completo imbecil. Snape já tinha percebido a estranha vontade de Tiago Potter de sempre estar perto de Lilian, a bruxa, onde quer que ela fosse, como uma coruja atrás do dono. Ele não o suportava. Nunca suportaria. Jamais.

— Estamos com pressa.

Snape se virou para a rua, alguns passos sobrando até alcançar o portão e simplesmente aparatar. Ele não sabia bem para onde ir, mas achava que precisaria seguir alguns passos semelhantes ao que fizera antes. Pensou no roteiro ainda no castelo, indo à Sala Comunal da Sonserina rapidamente buscar alguns itens e seus materiais, com a bolsa e livros de magia emergencial, que ele andara pesquisando desde o sumiço de seu livro de Poções.

Agora, encarando Potter, percebera que iria alterar um pouco da realidade. Mas, acreditando não ser muito grave, simplesmente expirou e disse para Potter.

— Obliviate.

Os olhos do garoto saltaram rapidamente das órbitas, e então entraram no eixo, ainda um pouco estrábicos. Lílian sorriu e disse:

— Que fofo.

"Droga" ele pensou "Lílian não pode ficar com ele. Não pode. Nem essa nem a minha".

Ele puxou a garota pelo braço, e ambos deixaram Tiago sorrindo para o sol da manhã.

**************************

Eu só sei que nada sei.

Depois de bebermos o chá, de sentirmos o gosto amargo, e de sermos atacados numa rua onde a magia pesava mais que suco de abóbora no estômago, lá estava eu de novo no chão. O homem, Tom, estava parado do outro lado da rua, olhando para nós com um misto de curiosidade e periculosidade de ofídio. Fiquei tentada a atacá-lo ali mesmo, mas Dumbledore estava fazendo um ótimo trabalho.

— Estupore!

Outra explosão, e Tom lançara um raio ao mesmo tempo. Ele compreendia que alguém o estava atacando, e, considerando que ele era um ser de magia, ele provavelmente saberia se defender. O raio que ele lançara ricocheteou e cortou algumas plantas. Duas janelas explodiram no segundo andar de um prédio próximo. As diabretes esperneavam para fugir logo abaixo.

E Snape, bem, Snape estava do meu lado, agora seus rosto pouco visível à noite.

O professor lançava o feitiço para o homem, que vez ou outra se jogava no chão, esquivando de qualquer ataque. Ele serpenteava pela calçada, tentando apontar o artefato em direção a nós. Eu disse a primeira coisa que me veio a mente, tentando me convencer de minha própria teoria:

— Expelliarmus!

Os objetos voaram de sua vestimenta, ainda azul, e pousaram nos meus pés com um tilintar metálico. Ele me olhou com uma raiva estranha, suas narinas inflando e seus olhos faiscando. Eu não sabia o que era aquilo. Eu não sabia o que poderia ser aqui- espere, isso é uma bobina? Isso parece muito com uma bobina, ou talvez duas. Têm fios, e algo que parece uma arma... É uma arma...

— Encarcerous! - Dumbledore impôs contra ele.

E as cordas mágicas enrolaram Tom como se tivessem vontade própria. Eu olhei para aquele feitiço, esquecendo da bobina completamente. Não sabia que havia um feitiço assim! Bem, agora seria mais fácil lidar com certas pessoas, principalmente em Hogwarts... Aquele garoto... Desde o começo do ano letivo tinha decidido me perseguir pelo colégio. Onde eu estou ele aparece... Aquele Potter. Chato!

Ok, deixa eu jogar isso para o fundo da minha mente.

Tom caiu no chão, se contorcendo como louco. Mas, o mais estranho é que ele não falava uma palavra sequer. Tudo que eu ouvia eram sibilos, sibilos baixos e rascantes, como... Como uma cobra peçonhenta prestes a atacar. Eu assistira com Petúnia um vídeo na televisão onde cobras eram criadas em cativeiro. Era o mesmo barulho. Petúnia disse que nunca deixaria um filho dela chegar perto de serpentes. Bem, olhando para este homem, eu também não deixaria.

— Então Tom - Dumbledore falou, displicentemente - estamos aqui para terminar a profecia. Você se lembra do que aconteceu antes disso tudo? - o professor fez um gesto amplo, indicando a destruição e o terror do dia de hoje.
Mais sibilos.

— Entendo - Dumbledore comentou - Ah, se entendo.

— O que foi professor? - perguntei, mais do que aflita - você entende esse barulho estranho? Porquê ele não fala?

O professor respirou fundo, como quem vai contar um segredo.

— Eu entendo bem pouco dessa arte das trevas. Eu só sei o suficiente para me defender - ele falou, cansado, mas bem direto - o nome disso é Ofidioglossia.

— Ofídio o quê? - a voz de Snape surgiu onde seu rosto flutuava; ele estava quase completamente engolido pela realidade.

— Ofidioglossia é a arte de falar com cobras. Não surgia alguém com esse dom há muitos séculos, e há pouco tempo nasceu alguém com essa habilidade: Tom Riddle. - o professor Dumbledore levantou suas sobrancelhas e baixou os olhos para o homem.

Todos nós encaramos o homem encarcerado. Ele sorriu sombriamente.

**************

— Ok, Lilian, chegamos a Londres.

Depois de repetir os mesmos passos o dia inteiro, com direito a Silentiaurum e uma pitada de feitiço da invisibilidade para Lilian, eles pegaram o táxi para a França com as diabretes, depois foram à Loja de Chá dos Duendes, e então desceram para a biblioteca. Até agora, haviam salvo várias pessoas, incluindo um homem magro de bigode e roupa estampada com brocas. Homem estranho e grosso, que logo tratou de empurrar Snape e sair porta afora da biblioteca. O local estava tomado pela fumaça, mas ninguém morrera ou se ferira gravemente.

Eles chegaram logo de noite em Londres, depois de um dia puxado e repetido. Ele prometeu a si mesmo nunca mais utilizar vira-tempos, era mais cansativo que fazer poção polissuco. "Há maneiras melhores de salvar alguém do que distorcendo o tempo". Durante o tempo que repetiu as coisas, ficou pensando em Lilian, e apenas nela, e na vontade que ele estava de vê-la. Foi quando Lílian se assustou, e apertou seu braço com muita força.

— Olá, Snape.

Tom Ridlle, O verdadeiro e único, voltara e o encontrara ali mesmo, no distrito de Mayfair. Em meio ao choque de estar em perigo iminente, os garotos mal perceberam quando o homem ofídio disse uma magia, sussurando para eles.

Talvez Lílian tenha ouvido algo como "Imperio".

****************

— E o que ele disse? - perguntei, começando a me arrepiar antes mesmo de saber a resposta, antes mesmo do homem sussurrar mais palavras e me deixar com os cabelos em pé. Nunca tive tanto medo assim, desde o dia que Petúnia me perseguiu pela casa quando soube que eu era bruxa. Foi horrível.

Ok, o quê o professor disse?

— Desculpe professor.

— Eu disse - ele suspirou, o peito magro subindo com impaciência - que ele quer que, hum. Que fiquemos aqui. Esperando.

Eu olhei para aquele homem, no chão, coberto com cordas sob a luz dos postes de rua e das janelas das casas, que pareciam não estar cientes do que acontecia aqui fora. A magia que estava aqui deve ter fechado quaisquer formas de nos ver ou ouvir. Contando ainda que os londrinos estavam com medo de ataques! Eu estava com medo de ataques. As diabretes na gaiola me olhavam com apreensão. Provavelmente meu olhar refletia o mesmo.

Antes de qualquer coisa.

— Alohomora.

Eu disse, e elas saíram voando para a noite fria que estava se fazendo na cidade. Elas cumpriram sua tarefa árdua de me entregar a profecia, de me mostrar que eu estava envolvida em algo muito maior do que eu. Elas não se deram o trabalho de dar risada ou fazer graça, até porque, do jeito que estávamos, não poderíamos rir de nada. Não quando... Não quando havia outro Tom descendo a rua de paralelepípedos com Snape e.

— AQUELA SOU... EU?!

********************

Depois de uma leve brisa no rosto, tudo o que Snape sentia dentro de si era paz. Ele estava em paz, parado ao lado de Lilian, mesmo que trouxa, mas isso. Isso não importa. Era a Lílian. Era paz que estava em seu peito. Ele sorriu para o nada, as pessoas passando aleatoriamente ao seu redor. As pessoas. Que paz. As pessoas caminhavam lentamente, elas não tinham pressa. Isso era perfeito.

Ele ouviu alguém falar com ele, mas seus músculos e seus membros se moviam sozinhos, ele não precisava se esforçar. Ele via as luzes da cidade brilhando sobre ele de forma cintilante, via os carros passando cintilantes. Ele via cores, muitas cores. Via os cabelos vermelhos de Lilian, voando ao vento, via o chão num tom quente e frio, da luz dos postes e do cinzento das pedras. Via os neóns saindo debaixo das portas de pubs enquanto andava. Enquanto caminhava ao lado de sua garota.

Não!

Ele ouviu essa voz dentro de si, mas aquilo era tão legal. Era um sonho.

"Acorde!"

O coração dele perdeu um compasso, ele se ouviu. Um sussurro perto de si, dizendo "caminhe", e ele estava de volta, descendo a rua lentamente, caminhando à frente com Lílian, seguido atrás por alguém. Mas quem poderia ser?

"LUTE!"

A voz soou com tanta força que ele parou de caminhar. Sentiu um cutucar na costela, e uma voz zangada e fina falando com ele. Mas algo continuava em sua mente aconselhando a acordar. Uma voz que dizia "não". Era a voz dele. A voz do próprio Snape. Ele olhou para o lado, Lilian ainda parecia reluzir. Ela começava a reluzir e transparecer cada momento mais. Ela estava sumindo. A pele dela...

"Não" ele pensou "eu não vou deixar".

Ainda caminhando, ele foi despertando lentamente. Começava a entender o que estava se passando a medida que desciam a rua de Mayfair, os prédios bonitos que ele não gostava, o vento muito frio na cidade, o estranho barulho que a cidade fazia. A cidade confusa e cheia de gente. Ele estava consciente que Tom estava apontando uma varinha para ele. Que usara uma Maldição Imperdoável.

E então ele a viu esperando no final da rua, numa calçada velha iluminada por apenas um poste de luz halógena. Estavam Dumbledore, usando sua capa azul-petróleo, Lílian, aturdida e com uma aparência bem cansada, e um homem no chão completamente amarrado por cordas, que continuavam a ser conjuradas da varinha de Alvo.

— AQUELA SOU...EU?!

Ele ouviu Lílian, a sua Lílian, gritar. Estavam a poucos metros uns dos outros. Finalmente haviam se encontrado, depois de tudo.

— Boa noite, Professor Dumbledore - Tom disse, em sua voz casual e suave, que, se reparassem bem, demonstrava uma pontada de rancor.

— Boa noite, Tom - Alvo disse - a que nos deve a honra?

A expressão de Tom mudou enquanto eu olhava para eles todos.  Eu estava em choque: Snape parecia dez anos mais velho, o rosto muito sujo, a perna queimada e um cordão brilhando em seu pescoço. Um vira-tempo. Eu estava do seu lado, mas não era eu. Não era... Ela estava em transe. Aquilo pareciam sintomas de uma Maldição Imperdoável.

Tom abaixou os olhos e sorriu. Então simplesmente fagulhas verdes dançaram no final da rua.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Logo logo o epílogo. :D



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