Spirit Bound - o Recomeço escrita por Bia Kishi


Capítulo 14
Capítulo 14 - O Covil


Notas iniciais do capítulo

- Demorou Belikov. Achei que viria mais rápido, já que eu tenho algo que você deseja.

Eu engoli em seco ao som daquele nome. Belikov. Dimitri. Meu Dimitri Belikov. Ele estava lá.



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Ian me conduziu em um Mercedes preto até um complexo de prédios abandonados no limite da cidade. A área era completamente industrial e não havia ninguém nas ruas. O lugar me dava arrepios.

Desci do carro, ainda com Ian me escoltando. O mais estranho de tudo era que apesar dos últimos acontecimentos, ele me parecia quase gentil. Ian não se deixava dominar por nenhum tipo de sentimento. Na verdade. O que eu não sabia, era o quanto isso poderia me prejudicar.

O strigoi permaneceu colado ás minhas costas por todo o caminho que fizemos no interior do prédio escuro. O frio era tão intenso que eu quase não conseguia sentir os meus pés. - Não se preocupe, Rose querida, vou cuidar para que sua estadia em minha casa seja digna de uma guardiã do seu calibre – disse Ian em meu ouvido.

Eu engoli em seco – sem dúvida, eu preferia que ele nunca tivesse ouvido falar de mim!  

Ian empurrou uma grossa porta de meta e entramos em um ambiente completamente diferente. Depois de descer e subir tantas escadas e andar por tantos corredores, eu nem sabia se seria capaz de fugir de lá, se tivesse uma chance, é claro. Ele continuou me conduzindo até outra porta de metal e abriu, fazendo sinal para que eu entrasse. Era um quarto. Pequeno e mal iluminado, mas era um quarto. Havia uma cama e uma mesinha de cabeceira. Havia também um armário, e um banheiro. Sobre a cama, casacos e cobertores e algumas toalhas.

- Espero que Belinda tenha trazido tudo de que você necessite.

Dei uma olhada básica e percebi um cestinho com alguns produtos de higiene pessoal também. Ian continuou.

- Se sentir falta de algo, Rose, basta pedir e eu providenciarei.

- O que quer comigo Ian?

Eu fiz a pergunta medindo o máximo possível minhas palavras – a última coisa que eu precisava era que Ian soubesse o quanto eu estava apavorada.

O strigoi aproximou-se de mim até que seu nariz quase tocou o meu. Eu podia ver suas presas reluzirem sob a luz fraca do abajur.

O que estiver disposta a me oferecer, Rose.

Ele deslizou uma mecha do meu cabelo entre seus dedos. Seu toque era gelado o bastante para me deixar arrepiada.

- Na… Não estou disposta a te dar nada! – eu pontuei.

Ele se aproximou mais, descendo o rosto em meu pescoço.

Meu corpo imediatamente respondeu as endorfinas e eu senti minhas pernas amolecendo. Concentre-se Rose! Concentre-se Rose! Eu repetia para minha mente.

Ian soltou uma gargalhada que arrepiou todos os pelos da minha nuca.

- Rose, Rose, tão forte, tão cruel – ele cheirou o ar em volta do meu pescoço – e tão deliciosamente debilitada. Vou deixá-la á sós para que posso dormir um pouco.

Ele fechou a porta e eu me joguei na cama. Não sabia ao certo se queria chorar, ou se queria gritar, ou se queria fugir – talvez eu quisesse os três!

Me encolhi em uma bola, e fiquei ali, pensando em minha vida, em Lissa, em Adrian, Stan e todos os meus amigos. Pelo menos eles estavam bem. Não que eu seja uma mártir, ou coisa parecida, mas eu realmente preferia que a situação acontecesse comigo.

Passei o dedo no anel de prata que Lissa havia me dado. Era a única coisa física dela que eu carregava comigo. Aquele pequeno pedaço de metal fazia com que eu me sentisse de alguma maneira protegida.

Fechei os olhos e rezei para que pelo menos Maozn aparecesse para me fazer companhia.

Quando abri meus olhos, Mason estava ao meu lado. Eu não estava mais no prédio dos strigoi. O lugar era bonito e eu podia ouvir água correndo. Parecia com uma campina, ou algo do tipo. O Céu estava claro e o sol brilhava discretamente no azul. Mason andou até mim e sorriu. Eu o abracei.

- Ah Mase, pelo menos você está aqui comigo.

Mason me apertou contra seu corpo tão doce que eu quis chorar. Ele levantou meu queixo com a mão e sorriu novamente, mais intenso desta vez.

- Não se preocupe Rose, eu prometi que cuidaria de você e é o que eu vou fazer. Vou dar um jeito em tudo.

Eu o abracei mais forte e deixei minha cabeça pender em seu peito.

Não sei por quanto tempo eu permaneci no sonho com Mason, porque quando despertei, Ian estava ao lado da minha cama.

- Não gostou das roupas que mandei comprar para você? Posso pedir outras, quais você quiser.

Eu levantei em sobressalto e alisei meu cabelo com os dedos.

- Porque está me tratando assim tão bem, Ian? Porque fingi que se preocupa se nós dois sabemos qual será o meu fim?

Ian soltou um sorriso malicioso.

- Não seja tão apressada pequena Rose. Nem eu sei qual será o seu fim ainda. Depois de vê-la dormindo tão vulnerável, comecei a considerar outras opções.

Eu engoli em seco, porque algo em meu sistema de alerta, dizia que as “opções” á que Ian se referia não seriam do meu agrado.

- Vista-se Rose! Vista-se e desça que eu mandei preparar o jantar.

- Você nem come! – eu o provoquei.

- Eu não disse que iria comer, Rose. Disse que mandei preparar o jantar – ele se aproximou de mim e descobriu as presas – a menos que esteja disposta a me alimentar.

Eu engoli em seco novamente – é obvio que eu não estava disposta!

Ian saiu batendo a porta atrás de si. Eu me levantei e fui até o banheiro. Joguei uma água no rosto penteei os cabelos. Peguei uma escova de dentes e dei um jeito neles também.

As roupas que estavam na cama eram realmente bonitas e quentes. O que as tornava especialmente difíceis de recusar. Vesti um casaco de bem grosso e calcei botas de couro pretas.

Para minha surpresa, a porta não estava trancada. Para meu descontentamento, havia um strigoi esperando por mim logo que passei por ela. O strigoi que me acompanhou até a sala tinha um rosto tão cruel que por si só, foi suficiente para que eu descesse em silêncio total.

Em um cômodo que eu ainda não havia entrado, Ian estava sentado em uma grande mesa de madeira, e um moroi alto de cabelos escuros, estava ao seu lado. O moroi me parecia quase tão debilitado quanto Victor, embora estivesse vestido com calças de brim e um casaco de couro.

- Rose, querida. Fico feliz que tenha entendido o recado – Ian me disse.

- Você foi bem persuasivo – eu completei.

- Venha querida, sente-se ao meu lado.

Ian não me deu opções, apenas me conduziu pelos ombros com suas mãos frias e pesadas. Eu me sentei na cadeira e ele sentou-se ao meu lado. Meus olhos se desviavam dos dele o máximo de tempo que eu conseguia, porque encarar Ian não era pessoalmente confortável. Seus olhos eram tão intensos que me afogavam e ele me olhava como se eu não estivesse vestida, o que era muito constrangedor.

Para evitar todo o constrangimento, foquei meus olhos no moroi.

- Não vai cumprimentar a Rose, Ivan? Veja, ela pensa que eu estou te tratando mal, precisamos dizer a ela que não é verdade. Não acha Ivan?

O moroi parou o garfo com o purê de maçãs no meio do caminho – obviamente, ele não diria nada que contrariasse Ian, e eu nem mesmo poderia culpá-lo por isso.

- Sim senhor – Ivan respondeu.

- Eu lhe trato mal, Ivan?

- Não senhor.

Ian colocou o braço sobre meu ombro, me puxando para mais perto.

- Viu só Rose, eu não trato Ivan mal, ao contrário. Eu o trato até melhor do que Victor o tratava.

Fiquei ali, encarando os olhos escuros do moroi á minha frente – ele me parecia tão sem esperanças que chegava a dar pena. Fiquei pensando se aquele homem poderia mesmo resolver todos os meus problemas. Cheguei a conclusão de que eu teria que tomar uma atitude emergencial.

Joguei meu cabelo para trás e sorri para Ian.

- Acha que eu poderia ter alguns minutos para conversar com Ivan?

Ian sorriu e deslizou a mão em meu rosto.

- É claro que sim, doce Rose – ele se aproximou mais – se me convencer disto.

Eu engoli em seco – definitivamente, eu não estava disposta a beijá-lo.

Antes mesmo que eu pudesse me mover, ou dizer, ou até mesmo pensar alguma coisa, Ian me beijou. Seus lábios encontraram os meus e eu não consegui me soltar de seu abraço.

Por poucos segundos, eu pensei no que fazer. Sim, poucos segundos. Não deu tempo de mais nada. A grossa porta de metal foi arrebentada num baque surdo e eu só pude observar um turbilhão de coisas acontecendo. Dois strigois que guardavam a porta foram arremessados pela janela e o último que vinha correndo foi lançado contra á porta de metal. O som foi tão forte que eu poderia jurar que ouvi os ossos se quebrando. Ian se afastou um pouco de mim e sorriu, ainda com a mão em meu rosto.

- Demorou Belikov. Achei que viria mais rápido, já que eu tenho algo que você deseja.

Eu engoli em seco ao som daquele nome. Belikov. Dimitri. Meu Dimitri Belikov. Ele estava lá.


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