Otona Ni Naru Ga Kowai! escrita por Assa-chan


Capítulo 2
Não confie em homens bonitos




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Maka tomou um gole de água. Estava cansada; aquilo estava sendo mais dificil do que pensou que seria. As fãs descontroladas de Kid a desconcentravam, assim como aquele cheiro provocante que o modelo tinha. O herdeiro dos Death sempre foi bonito, disso não se discute. Mas porque diabos é que toda vez em que o via ele parecia mais atraente?

Se passaram quase quatro anos desde que o vira pela última vez em sua formatura, e realmente não sabia que ele tinha se tornado tão famoso - também porque ficava tão ocupada estudando e trabalhando que nem tinha tempo pra assitir televisão ou ler revistas.

Voltou para o set assim que viu que as pessoas que ali trabalhavam estavam cansadas de esperar. Kid se encontrava sentado perto do fotografo, olhando as fotos que já tinham sido feitas.

Maka olhou para o céu; Crona estava certa, provavelmente iria chover mais tarde. E ela não queria decepcionar Soul mais uma vez, porém não teria escolha se o tempo ficasse feio. Ele também teria que entender, afinal. O dinheiro não cresce em árvores.

- Albarn-chan, Death-kun - Marie bateu as mãos uma os duas vezes, chamando a atenção de todos - já fizemos boa parte do trabalho, mas são às cinco da tarde - prosseguiu, olhando pros dois modelos - Agora vamos ter as últimas fotos com as roupas da Revolver, então vão se mudar logo. Temos que terminar isso antes das seis e meia, se não muita gente vai se atrasar.

- Sim! - Maka exclamou, sorrindo. Kid a olhou de lado, vendo que não tinha mudado muito além da aparência.

Apesar de ele notar o nervosismo dela ao ter que abraçá-lo durante as fotos, a Albarn era proficional o bastante para não fazer com que isso interferisse com seu trabalho. Ela estava se tornando uma modelo de primeira classe; o rapaz já a estava seguindo há um tempo, e foi uma grande surpresa ter que trabalhar com ela. Kid já tinha desistido dela muito tempo atrás, também porque nunca soube o que é amar de verdade e viu que o sentindo entre ela e o Evans era bem mais do que puro.

Entretanto, algo ali estava errado.

Aquela menina reta e meio nerd tinha se tornado uma mulher belíssima, quase como quando uma ninfa se transforma em uma borboleta. A simetria dela também tinha mudado; deixou de ser certinha e usar os cabelos presos igualmente dos dois lados, porém aquele sentimento que tinha desaparecido por um tempo e voltou a incomodar parecia não dar muita atenção para isto.

Suspirou, confuso. Iria tentar não pensar muito naquilo.



- Como assim só tem um quarto vago?! - berrou Maka, batendo as mãos contra o balcão do hall do hotel.

Assim como previsto, teriam que passar a noite ali. A chuva começou no fim da tarde, e ao contactarem o aeroporto lhe fora dito que a maioria dos voos fora cancelada ou estava em atraso, portanto quem pudesse deveria passar a noite em Kyoto mesmo, para evitar transtornos. Marie levou Kid e Maka para um dos hotéis mais famosos do lugar, também porque dois modelos que trabalharam para Sho-comi não poderiam ter menos do que isso.

Porém, como o futuro constuma ser traiçoeiro, por conta da época cheia de turistas, a maioria dos hotéis da região estavam cheios. E, em especial "Sakuragawa" - onde foram levados os dois -, só tinha um quarto de casal vago. Marie iria ficar na casa de um conhecido, então nem poderia abrigar nenhum deles.

- Death-sempai, fique com o quarto. - disse, pegando a bolsa do chão - Eu vou procurar outro hotel.

- Maka, está louca? - a outra loira segurou seu braço, fazendo-a parar - Metade da cidade viu vocês fazendo a sessão! Vai ser atacada se te verem por ai assim.

- Que exagero. - revidou - Não sou nenhuma pop star, tanto menos bonita assim.

"Então ela não sabe que é uma das modelos mais bonitas do Japão..." - Kid pensou, confirmando o que já sabia: Pra uma nerd, ela era realmente lerda.

- Vamos, Maka. - ele suspirou - Eu não vou te agarrar no meio da noite. Sei que você tem o Ev...

- Shh! - a loira tampou a boca do colega de trabalho, enquanto Marie olhava aquela situação sem entender muito - Nada, ele deve estar cansado!

- Sei. - comentou a mais velha entre os três - Então vão ficar aqui ou vou ter que arranjar outro lugar pra um dos dois? Mas eu não acredito que vamos achar algum quarto com todo mundo correndo atrás de hotéis por causa da confusão no aeroporto e a época.

- Certo. - suspirou, jogando a bolsa de volta ao chão e soltando Kid. Olhou para seu ex-sempai que estava quase irreconhecivel graças aos acessórios de Marie, imaginando se podia confiar realmente nele. Se bem que, fora daquela vez em que a usou para fazer ciúmes em Arachne, nunca teve coragem sequer de tocá-la. E mesmo naquela única ocasião, nada tinha acontecido realmente.

Se sentiu derrotada, pegando as chaves e entrando no elevador com aquele rapaz que tinha se tornado um homem. Seria melhor ser otimista e não contar a Soul sobre esse fato. Ele também não costumava se interessar por seu trabalho, então não iria ver as fotos. Tudo ficaria bem com uma leve mentira. Ou ao menos era nisso que queria acreditar.

- Por que você cobriu a minha boca naquela hora? - pediu, indiferente, enquanto olhava para o ponteiro em alto dentro do elevador que indicava o andar em que estavam.

- Ninguém sabe que estamos juntos. Tanto menos podem saber.

- Por... Que? - indagou cauteloso, enquanto a porta se abria e os dois a atravessavam.

- Bem, Death-sempai... Você sabe disso, então não tem problema. - suspirou, procurando o quarto 411 - O pai dele deixou bem claro que aceitaria nosso relacionamento somente se ele ajudasse o Wes a cuidar dos negócios da familia. O Soul acabou tendo que ir à reuniões e conferências pra resolver tudo o que tem a ver com a imagem pública do grupo Evans. E, como esperado, se a imprensa descobrir que o segundo filho dos Evans tem uma namorada "plebéia", será um escândalo.

- Entendo. Aquele homem realmente não quer te aceitar, certo? - comentou Kid.

- Verdade. Assim como você disse que seria. - encontrou a porta, abrindo-a com a chave.

Maka soultou imediatamente sua bolsa, pela segunda vez, ao chão. Aquele lugar era extremamente luxuoso, muito mais do que a mansão dos Evans que visitava regularmente. As cortinas em Cashmir, a cama de casal com cobertura numa cor amarela tendente ao branco, tapetes provavelmente indianos, televisão de 29 polegadas... aquele lugar tinha até mesmo uma penteadeira esculpida em madeira.

- O que tá fazendo ai? - perguntou o Death, sentando-se sobre a cama e colocando sua mochila perto do pé da mesma - Vamos, entra. Esse lugar tem aquecimento a gás, vai esfriar.

- S...Sim. - obedeceu, fechando a porta, indo olhar uma entrada que ficava bem perto da Tv. - Olha, tem uma banheira de hidromassagem! Nunca fiquei em um lugar tão chique antes. - voltou a olhar Kid que estava tirando os óculos escuros e o chapéu que Marie lhe tinha dado.

- Isso é normal. - disse, seco. - Pra que tipo de agência você trabalhava antes?

- Ahm... Uma menos rica? - respondeu, lembrando dos hotéis calmos e de 3 estrelas em que costumava ficar.

- Sei. Quer ir comer algo? Ainda são sete da noite.

- Sim! Ainda não comi nada hoje pra poder fazer bem a sessão de fotos.

- Soube que o restaurante daqui é bom.

- Vai ter que se camuflar de novo?

- Creio que sim. - bufou, recolocando os óculos - E você faria bem em me imitar.

- Ok, vou mudar de roupa e já chego. Mas... Não acha estranho colocar tudo isso de noite? Vai chamar muito mais atenção do que se você simplesmente estivesse normal. - abaixou-se pra pegar alguma coisa dentro da bolsa - Porque você não só coloca uma boina ou algo assim pra esconder as listras no seu cabelo? Acho que vai ser bem mais eficiente.

- Vou ver. - respondeu, e Maka pegou algumas roupas para ir se trocar no banheiro.

"Ah, cara..." - pensou Kid, cobrindo um olho com uma mão, ligeiramente corado - "Me pergunto o que vai acontecer essa noite."

Desceram assim que se aprontaram. Kid acabou seguindo o conselho da Albarn, por mais que estivesse inseguro. Brigou com ela por ter colocado uma blusa com uma alça mais larga que a outra, então para remediar a loira decidiu colocar a jaqueta que estava antes por cima pois não tinha trazido muitas roupas.

Maka olhou para fora da vidraça, vendo alguns raios e a chuva torrencial que caia sobre a cidade. Quando ligou para Soul enquanto estava se trocando pôde claramente ouvir certa decepção por trás do "Tudo bem". Se perguntou se ele tinha acreditado quando disse que estaria sozinha no hotel - sabia muito bem que o namorado podia ver atravéz de suas mentiras.

- Parece que está realmente cheio - Comentou o modelo aleatoriamente, fazendo sua colega de trabalho dispertar de seus pensamentos, simplesmente assentindo - Vou pedir uma mesa mais reservada. - completou, assim que chegaram até o restaurante do hotel.

Antes, pela raiva, a garota nem tinha notado... Mas aquele lugar era tão deslumbrante quanto o quarto que lhe fora dado. O lustre sobre suas cabeças parecia ser feito totalmente em cristal e largo no minimo um metro. O chão era totalmente em mármore, assim como as decorações pelas paredes de um salmão claro. A loira notou que os quadros representavam cenas tipicas da europa durante os periodos do iluminismo e romanticismo, mas pelo traço deveriam ter sido feitas por um pintor de origem oriental.

- Esta é a vossa mesa. - a garçonete disse, e Maka sentou-se na cadeira de frente para a de Kid. Parou de contemplar o lugar, estava cansada de ouvir a frase "Você é mesmo uma plebéia".

- Eu nunca pensei que você faria um trabalho do gênero. - o herdeiro da familia Death resmungou, abrindo o menu.

- Hm? - fez o mesmo, começando a ler os nomes dos pratos tipicos da região.

- Quero dizer, você era uma nerd... Pensei que trabalharia em um laboratório ou algo do tipo pra ganhar dinheiro. - Kid folheou algumas páginas, mesmo se não parecia muito interessado no que estas continham.

- Eu também nunca imaginei isso. - sorriu - Uns quatro meses atrás eu estava passeando pra ir para a faculdade e um homem me parou pedindo se eu queria ser modelo. No começo eu pensei "Isso é idiotice!", mas pagar meus estudos estava cada vez mais dificil com o misero salário de garçonete, e às vezes tinha até mesmo que pedir ajuda pro Soul. - fez uma pausa, parecendo ter escolhido o que comer. - Então eu resolvi ir pro lugar que estava marcado no cartão de visita daquele senhor, e pareceram gostar de mim. O budget inicial era bom, e eu trabalharia somente quatro dias por semana. Mas agora acaba ficando cada vez mais hárduo concilhar a faculdade com isso.

A garçonete voltou, e os dois ordenaram seus respectivos pedidos.

- E por que não larga a faculdade pra trabalhar como modelo? - indagou, inarcando uma sobrancelha - Talvez só vai poder continuar nisso até os 26, 27 anos... Mas com certeza depois se tornará uma atriz, apresentadora ou algo do tipo.

- Eu não sou muito alta, portanto não teria sucesso nas passarelas ou fora do Japão. Fora que isso pra mim... Mais que pra ganhar dinheiro, é uma forma de mostrar pros Evans que eu também posso fazer parte da alta sociedade por contra própria e ser digna de um dia ficar com o Soul de verdade. - suspirou - Porém... Eu também tenho um sonho. E pra mim, essa ambição é mais importante que qualquer outra coisa.

- Imagino que não vai me dizer o que é.

- Acertou. - encolheu as costas por um minuto, depois soltando-as - E... Você? Por que logo um modelo? Não é filho único? Deveria continuar com as coisas dos Death.

- Por sua causa, Maka. - disse, calmo, enquanto via sua taça se preencher pelo vinho que o garçom à sua frente versava dentro.

- M-minha causa? - levantou um pouco o tom de voz, perplexa - O que eu tenho a ver?

- Não sei se lembra, mas... Quando nos conhecemos você me disse "E como se atreve... Dizendo que é superior a mim porque o SEU PAI é rico? Quando foi que você fez algo para conseguir algo na vida?". - ele dirigiu os olhos topázio diretamente aos orbes verdes, enquanto imitava sua voz de um modo quase cômico - Eu cheguei a decorar essas palavras. Sabe, foi a primeira e última vez que me disseram algo do tipo.

- Ah, eu... - se viu sem graça - ...disse isso.

- Então, quando eu me graduei cinco meses depois daquilo, eu vi que não queria ser mais dependente de ninguém. Os Death não tem um império grande tanto quanto aquele Evans; nós só temos a escola e umas empresas de tipo téxtil. - ele bebeu um gole de vinho, voltando a falar - Meu pai vai poder cuidar de tudo ainda por um tempo, então eu pensei que usar o rosto que me pertencia pra ganhar a vida enquanto não tinha deveres com minha familia seria uma boa coisa. Dai comecei nisso um ano e meio atrás. E, por irônia do destino, você acaba aparecendo na estrada que eu escolhi por sua causa. Interessante, né?

A noite prosseguiu calma, e eles acabaram ficando no restaurante por mais de duas horas. Na volta pro quarto Kid pediu que um litro de Vodka fosse entregue no quarto deles, pois nenhum dos dois estava com sono. O vôo de Maka partiria às dez da manhã, já o rapaz iria com o jet privado da familia no começo da tarde.

- Você vai dormir no chão, ein? - disse a loira, jogando-se sobre a cama - Eu não trairia o Soul nem se me dessem todo o dinheiro do mundo.

- Eu disse que não vou pular em cima de você. - comentou, meio ofendido, pegando a botilha em mãos - Pegue um copo.

- Ahhh faz tempo que não bebo! - obedeceu, sentando-se e pegando o recipiente em vidro que estava sobre o criado-mudo.

- Eu também. - disse impassivel, versando o liquido no copo dela e depois no seu. Em menos de meia-hora já tinham acabado a garrafa. A qual, aliás, terminou quase totalmente graças ao rapaz do cabelo listrado.

- Minha cabeça tá doendo, mesmo com tão pouco. - sussurrou Maka - Melhor ir dormir, né Death-sempai?

- Não me chame como se eu ainda fosse seu veterano. - o rosto dele estava meio rosado, e a expressão era quase de uma pessoa aborrecida. A loira se assustou ao ver que ele a empurrou e veio pra cima dela na cama, sentindo uma espécie de deja-vu.

- Death-sempai... Você ouviu o que eu disse antes? - ela o empurrou, mas não teve muito efeito.

- Você sabe o quanto... Foi humilhante? - Segurou seus ombros, e meio que cambaleava forçando-se pra não desmaiar; ele estava bêbado. Mesmo se o concentrado de alcool não fosse particularmente alto - Ter que te dar pro Soul fingindo que era um bom amigo e depois você fica bonita desse jeito! - a voz estava trêmula; Maka não fazia idéia do que fazer.

- Deat... - ele juntou as sobrancelhas, reprovando-a antes mesmo que pudesse completar a palavra - Kid. Vamos, me solte.

- Ei, Maka... - ele abaixou sua cabeça, chegando até o ouvido dela, enquanto sentia o corpo da loira totalmente mole - Acha mesmo que eu nunca notei como você fica só de estar perto de mim? Seu corpo inteiro me deseja, desde a época do colégio.

O coração dela acelerou, vendo que as palavras dele eram mais do que verdade. Desde sempre... Aquela sensação a tinha assombrado. Incapaz de se mover, ela iria acabar trasando com ele, por mais que tanto a razão quanto o coração lhe dissessem que seria errado.

- Meus dentes... - a voz rouca continuou a falar num tom baixo, e ela sentia o respiro quente tocar seu ouvido - Eles... Latejam. - completou, indo morder seu pescoço de uma forma mais forte do que uma pessoa normal faria, acabando por arrancar-lhe sangue.


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Notas finais do capítulo

MUITO longo. Por favor, digam se ficou enjoativo de se ler...
Oh, o que vai acontecer?
EHEHEHE, vão ver no proximo!
Kid, pegael. ;_;
Soul completamente ignorado nesse capitulo, coitado. XD
REVIEWS, ONEGAI!