Uma aventura do doutor: a ladra de palavras escrita por Tisa Fireno


Capítulo 1
Um dia normal (ou era isso que era pra ser)




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-Acho que você esqueceu o refrigerante.

O entregador gatinho se vira para conferir a bolsa que deixou no chão.

-Eu acho que não, senhorita.

-Você não poderia conferir?

Ele me olha com cara de quem está com preguiça de discutir e se abaixa para conferir a bolsa. Nessa hora, dou uma boa olhada nele, até fico na ponta dos pés. Quando ele se vira mal dá tempo de disfarçar. Eu sei, eu sei. Está parecendo início de pornografia ruim, mas é o início da aventura mais louca e sensacional da minha vida, que, na realidade, durou até o fim desta. Foi o dia que eu conheci o doutor.

“Doutor? Doutor quem?” vocês devem se perguntar. Não se preocupem. Vocês o conheceram bem até o fim dessa história, isso eu garanto.

- Não está aqui mesmo, senhorita.

- Certo. -digo, voltando a lembrar da linha divisória entre a realidade e a pornografia- Aqui está o seu dinheiro. Pode ficar com o troco.

-Tem certeza? Tem quase dez reais de troco aqui.

-Absoluta. - digo, olhando aqueles olhos de modelo.

Quando ele sai falo pra mim mesma (é um habito estranho de quem vive sozinho):

-Bom, valeu cada centavo.

-Valeu mesmo, não é?

Tomei um susto com essa voz, afinal, é a primeira vez que alguém realmente responde. Principalmente esse alguém que responde. Será que o pornô está realmente virando realidade?

-Tisa Fireno?

-Sim?

-Essa é sua reação quando alguém invade sua casa? Sério?

- Que?

- Digo, só estou supresso, a maioria das pessoas se assusta ou pelo menos reage...

-Quê?

- Bom, é provado que cada um tem a sua maneira de reagir, você sabe, talvez essa seja a sua...

- Quê?

-Acho que essa é a minha deixa para explicar, certo?

- Suponho que sim.

-Bom, primeiramente, sou o doutor e... Ahh! Que é isso?

Não respondi e sai correndo. Havia acabado de jogar spray de pimenta nos olhos dele. Afinal, quem entra na casa de alguém e começa a explicar o elemento surpresa? Quem diabos se chama doutor? Quem tem um cabelo tão bom?

Virei no corredor e entrei no meu quarto. Como sair? Eu podia pular a janela. Estava no primeiro andar mesmo. Que podia acontecer de pior? Já estava abrindo o vidro quando eu ouvi os passos dele chegando meio atrapalhados. Pessoa suspeita. Ninguém recupera a visão tão rápido.

- Espere! Não é o que você pensa, eu só quero ajudar.

- Ah! Claro que eu vou ficar para ouvir a pessoa estranha que entrou na minha casa! É isso que todo mundo faz, certo?

-Geralmente, comigo, sim.

- Então aguenta essa!

Joguei meu abajur de cabeceira nele e pulei a janela. Vou dizer que não foi minha melhor idéia por que quando acordei não estava na garagem. Muito pelo contrário.


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