Escolha- quando se Convive com Jacob B escrita por many more


Capítulo 5
Capítulo 5- Questão de diplomacia




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Capítulo 5

 

Yona

 

Eu realmente achei que Jacob Black fosse me impedir de ir embora, como se minha inexperiência em ser loba fosse deixá-lo comovido e encarregado em ajudar- me. Essas são as palavras certas.

 Idiotice a minha. Ele nem ao menos moveu um dedo.

Continuei a correr de modo que se estivesse olhando, perceberia que eu falava sério. Se estivesse olhando! 

Virei a cabeça ainda correndo para confirmar se ele estava lá. Parei incrédula. Procurei-o em um ângulo de 180º... Ele não estava! Pode rir...

Jacob Black já devia estar a metros de distância, quilômetros, e eu lá, igual um palhaço sem graça quando ninguém da platéia ri da piada. Sentei-me no chão, encostando-me em um tronco, apoiando os braços nos joelhos, olhando para o nada. E foi ali que eu tirei a primeira conclusão de outras que viriam sobre Jacob: Não existia pessoa mais arrogante, ignorante e mais egocêntrica do que ele.

Permaneci sentada, sem saber o que deveria fazer. Eu poderia ir embora, voltar para casa sem perigo algum, agora que já sabia me controlar, e viver feliz.

Mas isso não me parecia muito convincente. Na verdade, dentro de mim pulsava a vontade de retornar a Jacob. Eu não queria ir embora, nunca quis. Eu gostava de sua companhia intolerável e resmungona. Afinal, o que era eu antes de conhecê-lo hoje? Nada. Eu era uma pessoa que não sabia nem ao menos o que era. E depois tudo passa a ficar mais claro. Jacob surgiu para me ajudar, e apesar de seu temperamento explosivo, era ali que eu queria ficar.

Não tardou a escurecer e eu fiquei ali até meus olhos se recusarem a permanecer abertos. Espichei-me no chão, apoiando a cabeça nos braços. Eu o procuraria logo de manhã, ele devia estar bem distante. Se eu corresse sem parar daria para alcançá-lo, então pediria desculpas, porque eu também tinha uma parcela de culpa naquilo tudo.

Minha consciência arrastou meus pensamentos e eu dormi. Sonhei com meus pais felizes quando eu voltava para casa. Isso não seria em breve.

 

O som de folhas e terra sendo pisadas fez com que eu abrisse meus olhos de manhã. Alguém se agachou na minha frente. Demorei um pouco para recuperar minha consciência e perceber que Jacob estava ali. Emergi-me em alegria.

- O que faz aqui?- tentei ser ríspida.

- Você não ia embora?- Jacob perguntou com todo cinismo que lhe fosse possível, e ainda assim com um tom de sarcasmo.

Levantei a cabeça do chão. Sentando-me. Ele parecia esperar que eu respondesse, mas não havia o que responder. Retirou da bermuda um pedaço de pão e o que parecia ser presunto. Esticou-os para mim.

- Tome!- disse. – Não se preocupe, eu não envenenei.

-Onde arranjou isso?

- Por aí. Ainda existem loucos que acampam em uma floresta fechada... No Canadá.

Peguei o pão e o presunto e enfiei-os na boca.

- Jacob, olhe... - disse quando engoli o pão seco. - Me desculpe por ontem. Juro que não sabia o que fazer. Nunca havia enfrentado uma situação como aquela, e me transformar foi mesmo uma idiotice.

- Tá! Mas foi imprudência de sua parte, você sabe. – ele pegou uma pedrinha e arremessou longe.

- Você não vai comer?- perguntei, mudando de assunto. Eu já havia terminado.

- Já comi.

- Obrigado.- disse em seguida. Não podia deixar de reconhecer que ele fora gentil. Observei-o, ele olhava para a floresta, mas seus pensamentos não estavam ali. – O que vai fazer quando terminar de andar pra lugar nenhum?

Esperei.

- Até lá vai ter se passado muito tempo. – ele respondeu. Pareceu-me ser aquelas respostas que quando se responde algo mais queria ser dito. Estava claro que não era uma resposta sincera.

Olhei-o enquanto ele continuava a olhar a floresta. Hoje não estava estampado em seu rosto que queria que eu estivesse bem longe. Éramos como dois estranhos sentados sozinhos no ponto de ônibus:

Um pergunta para quebrar o gelo:

- Vai pegar a linha sete?

O outro responde com receio:

- Não, o meu é a linha três.

- Ah!

O silêncio de novo. Logo o da linha três diz agora menos desconfortável:

- Faz frio hoje, não?

O outro afirma com a cabeça.

O ônibus de um chega e eles se despedem. Nenhum conhece um ao outro, mas tem uma leve impressão.

 

- Porque veio me procurar? – perguntei.

- Eu sabia que não iria embora. – ele soltou uma risada convencida. – Eu vi você olhando para trás.

- Não, não viu. – fiquei sem graça. Ele não estava lá. Não havia como, eu o procurei. Agora já havia me entregado.

- É você quem sabe. - Jacob balançou os ombros.

- Mas você queria que eu fosse embora...- joguei.

- Bem que eu gostaria. – ele soltou uma risada, despedaçando uma folha seca na mão e jogando os farelos na terra.

É. Descartemos a possibilidade de que Jacob era uma pessoa legal.

- Então porque está aqui?- eu disse. Estava começando a me aborrecer.

- Parece que algo me diz que não poderei te deixar sozinha. - ele sorriu com sarcasmo. – Parece que você vai cometer alguma bobeira há qualquer momento.

Ele se levantou, espanando a bermuda para retirar as folhagens.

- Então, eu posso ir contigo?

- Vem logo!- ele já estava há alguns metros, andando calmamente. Voltemos a possibilidade de um Jacob agradável.

Levantei-me e corri para alcançá-lo.

- Ma vai ter que me prometer uma coisa... - ele propôs quando eu já estava ao seu lado. – Hoje eu trouxe comida pra você, mas a partir de agora, vai ter que comer o que caçar.

Fiz uma careta. Comer carne crua e pós viva, não era bem meu forte. Mas se eu quisesse me acostumar a ser loba teria que aceitar a proposta.

- Está bem! Se é para o bem de todos.

E a última coisa que ele disse antes de se transformar foi, “Quero até ver!”, acompanhada de uma risada.

 

 

 

 


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