Havia a dor.
Havia o medo.
Havia o nada.
Assim, de repente, nem piscara os olhos e nada, tudo havia sumido, qualquer resquício de dor, de desespero. A incerteza o abandonava, o sofrimento ia junto, tudo se esvaia como por mágica.
Era mágica. A mais antiga, a mais descrente, mas ainda assim era mágica.
Dom. Cada um o chama como prefere.
Tudo preto.
A escuridão total, então a luz, um feixe, pequeno e brilhante, estreito, extremo, então se deu conta de que não era a luz que esperava, ia além do que seus olhos naturalmente podiam ver. Pontiagudo, alongado, alargando-se ia desde a ponta fina até sua base, não tão grande como um punhal que certamente viria em seguida.
Então a primeira gota pingou, densa, escura, e seus olhos refletiram, contra o branco da luz vista e o escuro da gota pingava, o tom, o vermelho intenso, escorrendo no chão.
Seu destino estava ali, não havia chance de voltar, não havia sequer tido a chance de decidir se iria ou não. Agora era tarde demais para qualquer opção de escolha.
Seus olhos voltaram a se fechar, o punhal não veio, mas a escuridão permaneceu.