– Mas, eu não gosto de você desse jeito.

Eu acreditava que nunca me arrependeria por algo que fiz, mas isso acabou de acontecer. Eu estava errada. Eu me arrependo. Minha única vontade era de querer voltar atrás e não fazer isso com meu Charlie.

Antes que eu pudesse impedir, lágrimas desceram do meu rosto correndo pela minha bochecha e explodiram na mesa.

O meu erro será uma maneira d’eu aprender, mas eu preferiria não errar.

Levantei, escutei os resmungos de Charlie atrás de mim, mas eu não o dei atenção. Corri até meu prédio e peguei o elevador.

A culpa não foi do Charlie, eu sei. A culpa foi minha, eu formulei algo errado. Eu escrevi algo sem proveito.

...

Ao chegar em casa preparei meu café da manhã. Eu estava triste, admito, mas não aconteceu nada que eu não merecesse. Comi desanimada. Uma tigela de cereal sempre me alegrava, mas agora eu só conseguia pensar no lado ruim de tudo.

Se eu pedir o Charlie em namoro ele vai dizer não.

Se eu comer um cereal posso morrer por causa dessa gordura hidrogenada.

Eu estava uma chata. Aposto que caso alguém viesse falar comigo em xingaria a pessoa sem nem mesmo escutar o que ela disse.

Depois de comer entrei no meu quarto e peguei o Notebook, estiquei minhas pernas sobre a cama. Eu queria escrever admito, mas eu estava me sentindo um lixo como escritora; estou decepcionada comigo mesma.

Ao logar no Nyah conferi minhas mensagens, o beta já havia respondido. Sei que não estava tão alegre quanto queria estar, mas para eu poder melhorar nada melhor do que um beta intrometido.

Ao ler sua mensagem deixei escapar um sorriso, era de certa forma engraçado o que ele escreveu:

Não posso questionar sua ideia mais do que isso, você parece ser uma garota decidida e não vai mudar de opinião facilmente.

Não demorei muito e comecei a escrever:

Não me envergonho de mudar de ideia, pois não me envergonho de pensar.

E enviei.

Sim! Essa era a resposta. Eu não podia ficar decepcionada com minha atitude. Eu admiti que estava errada, mas agora eu precisava estar certa. É como uma prova de múltipla escolha, existem pessoas que marcam a que “Mais está certa”, mas eu sempre elimino as que “menos estão certas”, ao riscar uma por uma eu consigo um resultado exato. Pois bem, eu acabo de escrever minha própria resposta. Eu não tenho que me envergonhar de pensar, eu tenho que mudar de ideia sim, tenho que ter atitudes e personalidade. Eu sou assim.

O beta foi rápido em responder:

Mas isso não será necessário, achei sua ideia bastante original. A gente poderia se falar por Facebook, se quiser.

Eu não daria minha conta de Facebook para ele, talvez outra rede social, Whatsapp para mim também era bastante pessoal. Mas havia o kik Team. Seria uma boa ideia perguntar, então eu o fiz:

Você tem conta no kik team?

Sem demora, ele respondeu:

Sim! Faz uma busca pelo nome ‘glowpast’ Me envia uma mensagem e eu repondo assim que puder porque vou ter que sair agora.

Adicionei meu beta no kik team. Por incrível que pareça ele não usava foto real, pois bem, se é assim que funciona vou trocar minha foto do perfil por uma falsa também, estou pouco ligando a foto vou usar. Talvez por uma criatura mítica daquele desenho My little pony ou aquela garotinha fofa de Lazytonwn. Agora, depois de pedir meu melhor amigo em namoro, eu não ligava mais para nada.

...

Ás seis horas da noite, Wil me buscou em casa. Minha mãe apenas semicerrou os olhos para mim, mas nada falou além de “Oi Wil” quando o garoto chegou e “Tchau Wil” quando fomos embora.

Wil morava na cobertura, era lá onde ele ensaiava.

Era fácil de memorizar os garotos da banda. Wil era o baterista, Tony tocava baixo, havia a Lena que tocava guitarra e Kevin vocalista.

Eu escutei o ensaio, eles tocavam muito bem, mas eu melhoraria a letra da canção. Quando todos foram embora eu ajudei Wil a organizar as coisas.

– Quem escreve as letras? – perguntei, Wil virou-se pra mim.

– A Lena junto com Kevin.

– Vocês podiam melhora-las.

– Por que está falando isso, você compõe? – Wil não foi rude, apenas curioso.

– Não deve ser tão diferente que escrever – Falei.

– Você escreve? – Wil pareceu ainda mais curioso

– Sim, um pouco – Falei sem dá muita importância ao caso – Mas não adianta fazer outras perguntas – Abri um sorriso e continuei a falar:

– Eu vou ajuda-lo a compor.

Sentamos no chão e eu peguei umas folhas de rascunho.

– Agora me conte o segredo – Falei e Wil me olhou confuso, então o expliquei:

– Pra mim, cada música tem um segredo e qual é o seu segredo?

– Você é incrível, garota

Minhas bochechas esquentaram, sei que corei, mas apenas continuei a falar:

– Conte-me seu segredo, Wil.

– O.K – Ele suspirou– Eu gosto de uma garota, mas tenho vergonha de contar para ela.

Eu queria dizer “que clichê” Mas dei a oportunidade de Wil continuar:

– É uma figura de linguagem, ele está boiando no mar junto com muitos corpos, mas apenas ele está acordado, porque apenas ele entende o verdadeiro motivo da vida, que é amar.

Wil suspirou para recuperar o fôlego e voltou a falar:

– Ele quer acordar o amor da vida dele, ele não quer ficar sozinho, ele quer que ela se mexa e dê sinal de vida, ele não se importa com nada além dela.

Abri um sorriso admirador. Nunca esperaria isso do Wil, mas ele é um garoto com sentimentos.

Formulei algumas palavras na mente e comecei a cantar:

– Nade garoto, Nade garota, não me deixe sozinha no mundo, não desista não se queixe, aguente firme essa pressão, somos poucos somos fracos, mas ainda temos paixão.

Wil pegou o violão sobre a cama começou a dedilhar.

– Ficou bom assim?

Eu assenti.

– Continua a cantar, por favor, sua voz é linda.

Abri um sorriso tímido enquanto Wil colocava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha para que eu pudesse escrever a letra no caderno e voltei a arriscar uns versos:

­– Em meio a multidão, somos a salvação. Sinto amor profundo no nosso coração – Anotei novamente os versos.

– Daí, podemos repetir – Falou Wil, dedilhou novamente no violão e começo cantar:

– Nade garoto.Nade garota, não me deixe sozinha no mundo. Nade garoto, nade garota, não me deixe sozinho no mundo. Não desista não se queixe agente firme essa pressão, somos poucos, somos fracos, mas ainda temos paixão.

Eu o olhei impressionada, eu nunca imaginei que Wil cantava, nunca. Aplaudir o garoto e essa foi a vez dele corar.

Ele guardou o violão na case e voltou-se pra mim, colocou meu cabelo por cima do me ombro. Eu apenas o olhei e ele retribuiu o olhar.

Eu só consegui pensar uma coisa “Não se apaixone pelo Wil”.