Véu de Sangue escrita por Evellyn e Clarissa
Notas iniciais do capítulo
Rachel p.d.v
Suspirei aliviada ao deixar o crachá e o jaleco no armário que Carlisle reservou para mim, finalmente meu turno havia acabado e agora eu poderia voltar para casa, tomar um banho quente e colocar as idéias em ordem. O médico era estranho, disso eu tinha certeza, só faltava eu descobrir uma coisa. Cindy não estava na recepção, devia ter ido ao banheiro, bater o ponto ou alguma coisa parecida e era a hora de eu fazer algo. Entrei na cabine pequena em que ela ficava sentada e procurei pelo livro aonde registrava quem entrava e saia do hospital, procurei no começo do livro, percorri todas as linhas e nada de entregadores de pizza, comida japonesa, africana, ou qualquer coisa que fosse comida. O médico não comia, não saia para almoçar, não pedia nada... A não ser que trouxesse de casa. Ri com a cena daquele médico tão bonito e elegante com um marmitinha de alumínio, é... Isso era impossível. Em alguns minutos eu estava na rodovia indo de volta para casa, liguei o som e procurei por alguma rádio que funcionasse ali. Nisso uma moto entra na minha frente a toda velocidade me forçando a frear bruscamente o carro para que não batesse. Eu saí disposta a bater no infeliz que tivesse feito aquilo, fui até a frente e respirei aliviada por não ter acontecido nada.
- PUTS! Ainda bem que não aconteceu nada.
- Desculpa, eu, estou meio apressado.
- Deu pra perceber, não pode dar uma seta ou qualquer coisa parecida?
Me virei e assustei com a pessoa que vi na minha frente. Era uma pessoa imensa, em todos os sentidos, era alto, a pele avermelhada, os cabelos pretos desalinhados, os olhos da mesma cor, marcantes. Era bonito, eu confesso. Mas tinha quase amassado meu carro, que nem meu era, é bom lembrar disso.
- Bom, amassou alguma coisa?
Ele sorriu como se implorasse por desculpas.
- É a sua sorte é que não.
- Tem certeza? Eu posso fazer alguma coisa pelo seu carro se tiver acontecido algo.
Ele disse observando a lataria e deslizando o dedo sobre ela.
- Uau. Um Lotus Omega 1990? É lindo.
- É, obrigada.
- Sabe, não têm muitos por aqui. Bem... Eu sou Jacob.
Ele estendeu a mão e eu a apertei, tentei sorrir, mas tentativa não alcançada.
- Eu sou Megan. Então, você não estava com pressa?
- Ah é mesmo! Preciso ver a minha... Amiga.
- Claro.
- Hein, você mora aqui em La Push?
- Não, sou de Forks.
- Ah claro, eu nunca te vi aqui. Mas então a gente se vê mais. Até!
Subiu na moto e seguiu pela rodovia deserta. Entrei no carro e dirigi de volta pra casa.
- Pra ser sincera, o médico é estranho.
Eu havia terminado de contar sobre Carlisle para Liza e ela ouvia tudo atentamente percebendo que realmente havia algo errado com ele.
- A garota da loja dos Newton também é. Afinal, a família inteira dela é.
- Essa cidade está me saindo muito interessante.
- E está mesmo. Andei perguntando para as pessoas se tem mais novidades sobre as mortes, mas nada. Falam sobre ursos enormes... Só que não existem lobisomens, é impossível.
- Em La Push não se tem noticias sobre mortes por animais. Dizem que a aldeia é muito segura.
- Vamos começar a buscar pistas ok? E a floresta é um bom lugar.
- Ok, vamos lá.
Entramos na floresta e começamos a investigar. Fomos para o local aonde as últimas carcaças foram encontradas. E cara, demorou muito pra chegar lá. Achei que agente não chegava hoje, e se não fosse o nosso GPS tenho certeza que estaríamos perdidas. Pelo amor de Deus, que tanto de mato! A terra estava fofa e úmida devido a chuva que teve o dia inteiro, Liza agachou e com a pá e começou a cavar um buraco e eu procurei fazer a mesma coisa. Sim, a pessoa que escondeu esses restos era bom, eu precisei cavar muito até encontrar uma coisa mole, mais dura que aquela terra nojenta. Eu puxei o que era que estava lá embaixo e encontramos o resto de um alce. As marcas eram evidentes que o corpo havia sido dilacerado e drenado, e o infeliz havia deixado aquela coisa nojenta, fedida e podre na terra.
- Isso é nojento.
- Diz isso toda vez Rachel. Não pode simplesmente se acostumar?
- Difícil.
Eu tampei o nariz e fiz uma careta, Liza revirou os olhos e continuou a observar os restos mortais.
- Ele foi realmente drenado. Não pode ser caçadores clandestinos, caçadores levam pele, carnes, não sangue!
- Mas se é realmente Daniel que procuramos, porque ele mataria animais?
- Não sei. Quem sabe a gente possa perguntar para ele?
Liza levantou-se e seguiu em silêncio para mais adentro da floresta, seus passos eram como plumas, e não se ouvia mais nada a não ser o barulho do vento pelas árvores. Meus olhos procuravam alguma coisa que houvesse ali até que Liza aparece segurando Daniel pelos braços. Olhei-o fixamente tentando ajudá-la para que ele ficasse lento e não corresse se não, o perderíamos.
- Para de fazer isso Rachel! Não vou fugir.
- Não tire os olhos dele Rachel.
Liza continuou empurrando-o até que ele estivesse entre nós duas a ponto de alguns passos nós pudéssemos matá-lo e tudo aquilo acabaria de vez.
- Como conseguiu achá-lo?
- Sua prima pode não concordar, mas temos uma sintonia profunda.
Ela começou a rir e revirou os olhos.
- Ah tenha dó Daniel! Sintonia profunda... Haha... Faz me rir. Eu senti o seu cheiro, foi isso, esqueceu que eu tenho uma intuição?
- Merda, pode parar Rachel? Isso é agonizante.
- Então você anda trocando seus paladares?
- Sim, sou um vampiro vegetariano agora.
- Vampiro vegetariano?
- Juntei-me a uma família e estão me ajudando a ser um vampiro bom. Não mato mais ninguém.
- Ah a mim você não me engana Daniel!
- Liza, talvez ele esteja certo.
- Por quê?
- Pra mim ninguém mente Liza, ele está sendo franco.
Liza parou por um minuto e eu desviei meu olhar dos olhos de Daniel tentando assimilar as idéias... Fazia todo o sentido. O médico podia ser um vampiro vegetariano, já que eles existiam, a família poderia ser a dele!
- Bom, a gente se encontra em qualquer outro lugar.
E em questão de segundos o vampiro desapareceu na noite escura da floresta.
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