I Won't Give Up escrita por Madge Valentine


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Eu chamava de amor o que algumas pessoas chamavam de masoquismo.

E o amor que eu nutria por Nico Di Angelo, era forte demais para o meu próprio bem. A minha relação com Nico nunca foi um mar de rosas, nós dois sempre fomos muito fortes, com personalidades parecidas. Algumas pessoas até se atreviam a dizer que tínhamos o mesmo humor.

Eu não podia discordar, ele era uma das poucas pessoas que eu gostava, tinha um jeito insuportável de bad boy e um rosto tão belo e delicado quanto o de um anjo, então abria os seus olhos incrivelmente negros e mostrava o que realmente era.

Quando começamos a nos relacionar sabíamos como seria, não foi uma surpresa para nenhum dos dois, sabíamos de tudo que estava por vir e ainda assim insistimos, porque nós dois sempre fomos teimosos demais, nossa coragem às vezes era considerada imprudência.

Os momentos que eu passava com ele eram os melhores da minha vida, e a cada dia eu me via mais dependente dele. As pessoas não acreditavam que daríamos certo, por um tempo nós mostramos a elas quão erradas estavam.

Nós dois queríamos a mesma coisa da vida naquela época, apenas aproveitar a adolescência e nunca envelhecer, viver os melhores momentos das nossas vidas juntos e nunca nos separar. Por um bom tempo foi exatamente isso que aconteceu, simplesmente aproveitamos a vida, fomos a diversos shows de bandas de rock, conhecemos lugares que nunca pensamos existir, nos divertimos ao extremo e acima de tudo. Nos amamos.

Simplesmente não entendíamos que por mais que tentássemos, nós nunca ficaríamos juntos. Pois não tínhamos nascido para isso.

E quando eu me via quase desistindo de nós dois, parecia que ele tinha toda a determinação e esperança que precisávamos, ele me fazia acreditar que éramos capazes e quando ele perdia aquilo que o mantinha em pé, eu oferecia o que eu tinha a ele.

— Eu não vou desistir — Nico me dizia quando via que eu estava realmente em dúvida se valeria a pena correr todo aquele risco. E eu sempre o olhava questionando o que acabara de falar.

— Eu não vou desistir de nós dois, Thalia.

— E por que não? — eu perguntava toda inocente, como se realmente não soubesse o motivo, ele estava explicito ali, em tudo que nutríamos.

— Porque não me importa o que o universo, destino ou o que quer que queira chamar o que não nos quer juntos deseja. Eu não irei desistir, porque o que eu mais anseio, é estar com você, e espero que seja o que você quer também.

E eu o encarava encantada, diferente de mim, ele conseguia falar para as pessoas o que sentia, conseguia expressar os seus sentimentos com as palavras. Apesar de não fazer com frequência, como dizia ele, esse seu lado estava reservado apenas a mim.

Por mais que um caísse o outro sempre estaria ali para levantá-lo, era nisso que acreditávamos, era no que eu acreditava. A única coisa que conservava a minha sanidade, a única promessa que rondava a minha cabeça, na época em que meus pais morreram, eles não eram dos mais novos, mas eu não esperava que se fossem agora, não podia dizer que éramos próximos, nunca fomos, nem nos falávamos com muita frequência. Ainda assim, eles eram a única família que me foi apresentada e eu os amava.

Tudo tinha ocorrido relativamente bem, eu ainda tinha Nico e ele era a única coisa que me sustentava de pé.

Um dia ele decidiu participar de mais uma racha. Nem me preocupei, nós dois corríamos perigo constantemente, já tínhamos feito coisas mais perigosas e nunca aconteceu nada. Por que me preocupar agora?

Eu fui vê-lo competir.

Antes de ele entrar no carro, o abracei e lhe dei um beijo.

— Eu amo você — foi a primeira vez que ele me disse aquelas três palavras e eu sabia que elas ficariam guardadas na minha cabeça até o resto da minha vida. Apesar de nenhum de nós dois nunca ter falado, - até hoje - nós dois sabíamos o que o outro sentia, sempre soubemos, era isso que nos mantinha unidos. Nunca tinha visto a necessidade que os casais tinham de repetir essas palavras o tempo todo, eu acreditava que não importava se você falasse ou não, o que importava é que os dois sentissem que era real.

Não sabia o porquê de ele ter sentido a necessidade de me falar aquilo e fiquei feliz ao ver que ele não esperava que eu falasse de volta, talvez uma parte sua quisesse que eu dissesse, mas eu não era assim, não sentia essa necessidade e ele sabia disso. Nico era do mesmo jeito, eu sabia disso, mas ele sempre abria uma exceção para mim. Poderia eu abrir uma para ele?

Quando eu não lhe disse de volta, ele não se magoou, sabia como eu era, sabia o que sentia, não era como se eu não retribuísse. Ele sorriu como se dissesse “Você nunca muda”, minha resposta sempre foi “Jamais”. Nunca admitiria que queria abraçá-lo e nunca mais soltá-lo.

Por fim o deixei entrar no carro e fui pegar uma bebida, já estava cansada de tantas vezes que já tínhamos ido a esse lugar, o bar mais perto era um pouco longe dali, então peguei emprestado o carro de Annabeth e tentei ir o mais rápido possível para voltar para Nico.

Não contava com o que iria acontecer, se soubesse, teria voltado imediatamente, teria dito o quanto eu o amava e nunca teria o deixado entrar naquele carro.

Fui particularmente rápido em comparação com as outras vezes que fiz o mesmo caminho, porém quando cheguei lá encontrei tudo diferente de quando tinha estado antes, as pessoas saiam alvoroçadas e apavoradas. A polícia tinha chegado e eu provavelmente teria dado meia volta com o carro de Annabeth - com certeza ela iria embora com Percy - se não tivesse visto o carro que Nico dirigia esmagado contra um carro da policia e o de outro cara que participava da corrida.

Não me preocupei com o fato de que todos estavam se mandado, nem ligava para isso. Nem cheguei a estacionar o carro, parei e desci dele, correndo em direção ao veículo em que meu namorado estava. Quando vi o seu corpo, percebi que preferia nunca ter visto, preferia ter sempre mantido a antiga imagem que tinha dele na minha cabeça. A imagem do seu corpo completamente destruído me assombraria para sempre, aproximei-me do que um dia foi o meu Nico já chorando e vendo a ambulância ali perto enquanto alguns funcionários colocavam seu corpo na maca com muito cuidado, eu normalmente não choraria na frente das pessoas. Mas quem ligava? Ele estava morto. Eu tinha visto sua cabeça praticamente aberta, o que um dia foi o seu corpo quase em pedaços, minha esperança, a que todos falavam que era a ultima que morria, já estava morta. Eu não deveria ter ido antes dela?

Eu que sempre me mantive atada a Nico, segurando a sua mão para não cair. Cai, pois ele soltou a minha mão e assim que morreu, eu morri junto com ele. Vivi o resto da minha vida baseada naquele E se...

E se eu tivesse lhe dito para não competir.

E se ele não tivesse entrado no carro.

E se eu não tivesse ido atrás de bebidas.

E se eu não tivesse sido presa por estar bebendo e dirigindo com drogas no porta-luvas do carro, que nem era meu.

Juro que tentei não pensar no que poderia ter acontecido, não é como se nós dois realmente fossemos ter um futuro, no fim não importou quanto tentamos, os outros estavam certos, não devíamos ter ficado juntos, mas aconteceu e enquanto durou foram os melhores momentos da minha vida. E eu sempre seria grata a ele por isso.

Entretanto ninguém pareceu se importar com nada do que aconteceu, se alguém fosse se importar comigo esse alguém seria o Nico e se alguém fosse se importar com o que acontecia a ele seria eu, porém ele não estava mais ali para se importar comigo. Nem eu estava mais ali para me importar com o que aconteceu conosco, eu estava morta há tempos. Um fantasma que se matou na cela de sua prisão e que no leito de sua morte apenas desejou estar com aquele que mais amava. Aquele para quem eu nunca tinha dito o que sentia por mais desnecessário que fosse. Era realmente desnecessário? Não, não era.

E na beira da morte, no meu momento de maior insanidade, várias perguntas se passaram pela minha cabeça e ele não estava lá para respondê-las.

Será que eu deveria ter lhe dito? Não. Estava praticamente escrito na minha testa, olhos e boca.

Eu deveria ter lhe dito? Não. Estava muito claro nos meus pensamentos.

Deveria ter dito? Não. Estava escrito no meu sangue e em cada célula do meu corpo.

Deveria?

Talvez eu tenha descoberto tarde demais.

Porém.

Eu tinha nascido para amá-lo. E aquela foi a única coisa da qual me orgulhei de ter feito na minha vida.

— Eu amo você.

Sim. Pois ele tinha aberto uma exceção para mim e eu abriria uma para ele.

Eu não tinha desistido de nós dois. Apenas de uma vida sem Nico Di Angelo.


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Notas finais do capítulo

Então... ? O que acharam?
Beijos.
M&M.



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