Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 8
Barreiras que limitam


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, depois de muita demora. :/



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A chegada à praia não demorou. Antes de irem almoçar, ambos já haviam compartilhado várias coisas, nada muito pessoal, principalmente por parte de Lucas, mas haviam conseguido estabelecer um papo legal. Andaram no largo da água doce, já que não era bem uma praia que havia ali, apesar da grande extensão. Na hora do almoço, Lucas deixou para Rodrigo sugerir o lugar. Resolveram por um restaurante familiar, onde várias famílias estavam ali, apesar do tempo frio. Ao terminarem os pedidos, Lucas ficou observando Rodrigo, que  estava olhando alguma coisa em seu celular. Quando o loiro percebeu, ficou um pouco constrangido, por não estar conversando com o outo.

—- Desculpa, eu estava apenas dando uma olhada em meus e-mails.

—- Tudo bem, eu entendo – E Lucas entendia mesmo. O outro era muito jovem, era normal que ficasse o tempo inteiro conectado.

Rodrigo largou o celular.

—- Olha, o dia está sendo muito legal, adorei as dicas que você me deu. Espero estar logo fotografando lá na agência.

—- Que bom, foi um prazer – Lucas disse isto sem pretensão nenhuma, porém, o mais novo estava ficando tímido com aquele olhar.

Haviam passado uma manhã relativamente normal, apesar deste mesmo olhar ter sido lançado a ele muitas vezes, o que ele sempre tentava parecer que não notou. Ele era sempre muito sincero, e resolveu que voltaria a deixar as coisas claras com Lucas, pois estava gostando mesmo de sua companhia, e não queria estragar tudo.

—- Lucas, você já me falou sobre seus sentimentos, mas eu queria deixar claro que... – neste momento foi interrompido por Lucas.

—- Rodrigo desculpa se eu fiz algo que transparecesse o que sinto. Eu já te falei aquele dia, e não pretendo voltar atrás, quero apenas sua amizade.

A descrença que viu no olhar do outro fez Lucas querer sumir dali, ficar sozinho como sempre de fato se sentiu. Constatou que pela primeira vez não quis ser homossexual. Por conta disso, não estava conseguindo manter a mínima relação com a única pessoa na face da terra que já o fez sentir algo. Rodrigo fazia ele ter vontade de falar sobre seu dia, de seus interesses, era muito presente. Pela manhã, mesmo omitindo fatos importantes de sua vida, ele conseguiu estabelecer um diálogo com o outro. Mas parece que havia colocado tudo a perder.

—- Eu sei, você me disse isto. Mas eu não sei se isto vai dar certo. Eu também não quero que você se sinta mal perto de mim.

—- Rodrigo, você preferia que eu fosse hétero, não é? Seria diferente se eu não tivesse demonstrado interesse, e a gente não ter se beijado naquela festa, não é? Aposto que você conversa com as meninas que já ficou, mas comigo está assim, agindo como se eu fosse te agarrar a qualquer momento!

Lucas mostrava sua impaciência de sempre. Ele tentava ao máximo se controlar na presença do outro, mas não era fácil. Ele mexia com muitos de seus sentimentos, o deixava despido, e não conseguia controlar o que sentia.

Já Rodrigo continuou olhando para Lucas. Ele ficou surpreso com a explosão do outro, apesar de já ter percebido que ele normalmente demonstrava não ser paciente. Com sua calma costumeira, ficou pensando sobre aquilo que tinha ouvido. Sim, estava sendo difícil lidar com ele. Porque era homem, porque sabia que estava interessado em si. Mas não que quisesse que ele fosse hétero, apesar de pensar que seria mais fácil manter aquela relação de amizade se fosse o caso.

Ambos ficaram se olhando, como quem mede forças, ao mesmo tempo que a imagem do único beijo que haviam trocado passava na cabeça do dois. Até que Rodrigo baixou o olhar e resolver tomar uma atitude.

—- Eu tentei Lucas, mas eu acho que não vai ser possível. É melhor a gente parar por aqui, e manter uma relação apenas na faculdade. Vai ser melhor assim.

Lucas ficou completamente tenso naquele momento. Quando o mais novo começou a falar, sabia que não iria gostar do que iria ouvir. E neste momento se arrependeu das palavras que havia dito minutos atrás.

—- Rodrigo, me perdoe. Eu me descontrolei, eu prometo que não vou mais falar sobre o que aconteceu naquela boate.

—- Lucas, não torne as coisas mais difíceis, eu acho melhor a gente ir embora.

Assim que pronunciou estas palavras, Rodrigo se arrependeu. Já havia visto lucas demonstrar diversas reações, mas aquela sucedeu suas palavras nunca tinha presenciado. Era como se o mundo tivesse parado para o moreno, seu olhar era vago. Mas mesmo assim o mais novo achou que era o melhor a fazer no momento. 

Após o silêncio, Lucas voltou a prestar atenção a sua volta. E assumiu sua máscara costumeira de segurança.

—- Ok, você quem sabe. Podemos ao menos terminar de almoçar? Depois eu te levo pra casa.

—- Não precisa, eu volto sozinho – mas ao olhar para Lucas resolveu não continuar a discussão.

A volta foi diferente de quando vieram. O silêncio chegava a ser desgastante, porque o que cada um pensava parecia estar ali, sendo gritado a plenos pulmões. Rodrigo não entendia nada daquilo, começava achar que havia agido de forma errada, não era pra ter se incomodado tanto com os olhares, afinal, sabia o que Lucas sentia por ele, não era ignorante. Já o mais velho andava acima do limite de velocidade, como quem quer se livrar de alguma coisa. Mas se pudesse, era de si mesmo que fugiria. Não aguentava mais conviver com ele mesmo, e pensar que havia feito Rodrigo passar por tudo isto o deixava pior. O mais novo parecia assustado com ele, e isso ajudava para que ficasse mais bravo ainda.

Quando chegaram na casa de Rodrigo, o mais novo ainda tentou falar alguma coisa, mas foi cortado por Lucas, que já não conseguia mais segurar a impaciência.Mas quando dobrou a esquina, Luke parou simultaneamente. Precisava se acalmar, ou teria um colapso daqui a pouco. Afinal, havia agido errado, e iria arcar com as consequências. Teria que conviver com o loiro, todos os dias, sem poder participar de sua vida como havia proposto.

Na segunda-feira, Rodrigo chegou para a aula de Lucas com medo de encará-lo. Passou o resto do fim de semana pensando no tempo que haviam passado e havia chegado a conclusão que não queria se afastar do outro. Afinal, havia errado, pois ele mesmo tinha proposto no dia da palestra que conversassem. Era óbvio que o moreno deixaria transparecer seu interesse, mas após um tempo isto passaria, ele havia dito que o respeitaria. Entrou na sala e automaticamente procurou aquele olhar. E na hora percebeu que Lucas estava bem diferente. Não que ele fosse a pessoa mais radiante da face da terra, mas neste dia o olhar dele, que tanto dizia, estava obscuro. Não o recriminava, nem acusava, parecia querer mesmo era se esconder do mundo. E assim Rodrigo se sentiu mais culpado, porque sabia que tudo isto vinha do desastre do fim de semana.

A aula neste dia era mais prática. Lucas passou algumas coordenadas e deixou os alunos fazendo um exercício de avaliação. Era bem simples, teriam apenas que relatar alguns comandos de acordo com a foto que estava sendo pedidas. Logo alguns alunos já estavam saindo. Lucas percebeu que Rodrigo estava em um grupo com um menino, que era sempre muito comunicativo, e mais duas meninas. Uma delas era uma loirinha que sempre parecia trazer exemplos totalmente fora do contexto das aulas, apenas porque o pai era jornalista, e ela parecia achar que sabia muito mais que os outros.

Lucas já havia notado que ela parecia se jogar pra cima de todos os alunos, inclusive dele mesmo, mas não havia dado importância. Mas agora parecia que o alvo era Rodrigo. A cada minuto, a guria passava a mão no braço dele, falava ao seu ouvido. E a semana que já havia começado ruim, parecia piorar.

Após o sábado, havia feito um acordo com ele mesmo, de que não voltaria a correr atrás de Rodrigo. Deixaria que o tempo resolvesse isto, ou seja, eles nunca mais passariam da relação que tinham. Mas agora, vendo ali que alguém estava fazendo o que ele gostaria de ter a chance de fazer, seu coração doeu como sempre. E como desde que conheceu Rodrigo, teve certeza que era algo que não passaria tão cedo.


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Notas finais do capítulo

Feliz ano novo! E que em 2015 eu consiga ser mais presente nas postagens. :( Espero que alguém esteja gostando, nem que seja um pouquinho, rsrs. bejos e até.



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