Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 20
Diga o que você precisa dizer


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curtinho, mas consegui concluir nesta madrugada fria que faz aqui no Rio Grande do Sul (4°!) e resolvi postar. Muito obrigada a todos que acompanham e comentaram. :)



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Rodrigo ficou sem saber o que fazer. O medo e a culpa querendo consumi-lo. Havia sido injusto com Lucas. Sabia de seus problemas em dormir. Sabia de seus problemas em se abrir, e mesmo assim havia cobrado aquelas respostas mais cedo. Enquanto pensava sobre isto, e em dúvida em que atitude tomar, Lucas continuava se revirando, o puxando como se fosse seu bálsamo. Resolveu tentar acordá-lo, mas sem o assustar. Com o tom de voz calmo, mesmo estando agitado por dentro, lhe transmitia palavras de carinho. Sentia que lágrimas ameaçavam cair, mesmo ele não sendo de chorar. Lucas sofria tanto, e isto estava começando a atingi-lo de uma forma... Quando sentiu que ele acalmava com suas palavras, talvez por senti-lo tão perto, disse em alto e bom som seus sentimentos da noite passada.

– Eu estou aqui, Lucas. E não vou sair. Eu... estou apaixonado por você. E também preciso de ti. Por favor, se acalme... vai ficar tudo bem. Não vou embora.

Dizendo isto, continuou fazendo um cafuné em seus cabelos. Já havia percebido que isto deixava o moreno feliz e mais calmo. Em minutos Lucas pareceu voltar a cair em um sono profundo, não acordando de fato, como pensou que ocorreria. Durante o resto da noite, como da outra vez, Rodrigo não conseguiu dormir muito bem, pois, o moreno o agarrava de forma possessiva, o impedindo de se mexer.

Lucas abriu os olhos, percebendo que o sol já estava nascendo. Gostava daquele quarto, havia pequenas janelas quase perto do teto, que não tinham acesso pela a altura, mas que deixava o ambiente sempre iluminado, mesmo que minimamente, fosse de dia ou noite. Lembrou que noite passada havia faltado luz um pouco antes dele dormir, e estas janelas haviam deixado que a escuridão não fosse total. Recordando da noite anterior, lembrou de Rodrigo, e ao se mexer, percebeu que alguém dormia ao seu lado. De forma questionadora virou, e encontrou o semblante daquele garoto loiro que tanto queria pra si, eternamente ao seu lado. Como ele havia parado ali? Não se lembrava de tê-lo chamado. Aliás, até onde recordava, haviam brigado, o que o fez demorar a dormir, estando agitado com as palavras que trocaram...

Ainda não entendendo o que tinha acontecido, sentia já a dor costumeira de quando acordava e tinha pesadelo. Lembrava que nesta noite não havia sido diferente. Sentia o loiro ser tirado dele, por algo que ele próprio havia feito. Implorava para que alguém o trouxesse de volta, que não o deixasse sozinho. Estava achando estranho não ter acordado após o pesadelo, como antes.

Apesar de surpreso, ter o loiro em sua cama era mágico! Seus olhos observavam cada detalhe de Rodrigo, e percebeu o exato momento que ele acordou. Começando primeiro se espreguiçar, o mais novo virou de olhos fechados na cama, parecia buscar uma posição confortável. Até que de forma rápida ele abriu os olhos, parecendo lembrar-se de alguma coisa.

Ao perceber que estava sendo observado, ignorando o susto, Rodrigo sorriu para o moreno. O olhava tentando captar seu humor naquela manhã após mais uma noite perturbadora.

– Bom Dia. – O loiro queria ter acordado antes de Lucas. Não sabia se ele receberia bem sua presença ali em seu quarto, mas acabou pegando no sono.

Lucas, por não saber o que dizer, apenas continuou quieto, olhando o mais novo. Sentia que sabia o que havia acontecido. Rodrigo deve ter presenciado a cena lamentável que promovia quando tinha pesadelo. Nunca havia se visto, mas pela forma que acordava, devia “ser um show”.

– Não precisava ter vindo pra cá. Eu normalmente, depois de um tempo, acordo sozinho. – Nem tentou explicar do que falava, sabia que o loiro entenderia.

Rodrigo ficou o olhando. Como queria que Lucas não sofresse tudo que sofria. Mesmo agora, com esta fala autossuficiente, sentia que ele não estava bem. E acreditando nisto, resolveu ser mais incisivo. Precisava deixar claro, depois da conversa deles de ontem à noite, que estaria ali. E ele não precisava ter medo. Sem dizer nenhuma palavra foi chegando perto do moreno, ficando por cima dele, se encaixando de uma forma intima que nunca haviam ficado. E o pensamento de que o moreno era tudo que buscava nestes anos não deixou de passar por sua cabeça ao sentir que parecia completar seu próprio corpo.

– Que mania que tu tens de ignorar os meus desejos de um Bom Dia... – disse isso o olhando no fundo dos olhos. – E quem disse que precisava ou não? Eu vim porque eu quis.

Lucas após um tempo de hesitação passou os braços pelas costas de Rodrigo. O silêncio de sempre estava no ar.

– Lucas, quando tu irás perceber que não precisas estar sozinho. Que eu quero estar aqui? – O loiro falava isto sem parar de olhar o moreno nos olhos, acariciando seus cabelos.

– Ontem à noite...

– Eu sei, eu ia ir embora. Me desculpa por ter falado daquele jeito! Mas é que eu fiquei com raiva um pouquinho. Mas aposto que eu iria voltar em menos de uma hora. – disse o loiro sorrindo. Rodrigo queria beijar o mais velho, transformando em caricia aquilo que estava dizendo. Mas sentia que o outro queria falar.

– Eu fiquei com tanto medo... Desculpa continuar implicando com a Maiara, eu não tenho este direito, nem quero te prender a mim. – Lucas pensava na situação deles, que ainda estava tão no inicio, não podia pressionar o mais novo.

– Pois não é o que pareceu nesta madrugada. – Ao falar isto Rodrigo percebeu claramente que o outro ficou paralisado.

– Como assim? O que eu disse? – Sabia que falava enquanto dormia, sua garganta acordava seca.

Sentindo seu medo em pensar no que havia dito, Rodrigo o acalmou com o cafuné.

–Nada demais. Apenas o que você sente.

Lucas ficou sem reação. Queria perguntar o que ele havia dito de fato, mas sentia vergonha. Além de pensar que isto deixaria o outro constrangido.

– Eu queria tanto ser alguém melhor...

Dizendo isto Lucas tentou se levantar. Mas Rodrigo o puxou pra si e o beijou. De um jeito que até então não havia acontecido. De forma completa. Tocavam um ao outro toda a boca, aproveitando e oferecendo tudo que tinham. Quando o ar se fez necessário, Rodrigo deitou ofegante a cabeça no pescoço do mais velho, ainda o segurando.

– Eu já te falei. Seja apenas o melhor que tu puderes ser. Eu sei como tu te sentes em relação à Maiara. – Ao dizer isto, sentiu o outro voltar a ficar rígido, e voltou olhá-lo. – E isto é culpa minha. Eu não deveria ter ficado com ela pra... evitar ficar contigo, como eu fiz. Eu te feri fazendo isto...

Lucas apenas ouvia. E admirava aquele loiro que era tão mais novo, mas parecia tão mais capaz que ele. Tê-lo tão perto o fazia querer pedir que ele o amasse, em plenitude. Estava precisando disto, queria experimentar todas as sensações que ele podia lhe dar. Sentia que Rodrigo estava disposto a ficar com ele, mas o loiro era tão jovem... poderia trocar de opinião tão rápido. E isto seria doloroso demais se acontecesse.

Parecendo ouvir seus pensamentos, Rodrigo voltou a falar.

– Eu já prometi que não farei mais isto. Aliás, ontem ela estava me convidando pra um churrasco na casa do pai dela... – Sorriu lembrando-se da tensão de ontem. E de como as coisas mudavam de uma hora pra outra. – Imagina eu num churrasco com aqueles dois? Ficaria zonzo de tanto que falam!

Lucas mostrou um sorriso. Agora que havia passado conseguia enxergar graça na situação. Rodrigo havia, claramente, evitado mais contato com ela, tanto que nem retribuiu o abraço que ela lhe deu. Mas na hora ficou tão enciumado que ignorou estes fatos.

Beijaram-se um pouco mais, até decidirem levantar. O loiro estava ainda preocupado com Lucas e a noite que tinha passado. Ele precisava conseguir mudar isto. E decidiu que conversariam sobre mais tarde.

– A gente pode conversar sobre isto outra hora? – Resolveu arriscar a pergunta.

Após mais um momento de hesitação, Lucas afirmou com a cabeça, o que fez Rodrigo abrir um sorriso.

– Mas pode não ser hoje? Não quero brigar contigo novamente. – Disse isto o agarrando de forma possessiva, como sempre.

– A gente não vai brigar. – Disse isso o beliscando. Não cansava de pensar o quanto o outro era fofo de tão bobo quando baixava a guarda. – Tá, pode ser outra hora mesmo. Mas espero que não demore ok? – Recebeu uma resposta silenciosa, porém afirmativa do outro. – Prometo que faço o que você quiser em troca de algumas informações. – Rodrigo pensou duas vezes antes de dizer isto, pois, não sabia o que esperar daquele ser que quando não estava tomado de medos era tão inconstante.

– Até já sei o que eu quero. – Lucas parecia mais relaxado. Mesmo sendo minimamente colocado na parede.

Rodrigo ficou o olhando, aguardando o que ele iria dizer. O olhando profundamente nos olhos, de um jeito que Rodrigo quase corou, Lucas tomou coragem e simplesmente disse.

– Eu quero que você fique.

A resposta foi simples, direta. Mas Rodrigo sabia que era um grande passo. Ele nunca lhe requisitava a presença. Tanto que noite passada o loiro havia brigado justamente por isto. Por mais que quisesse sua presença, na maioria das vezes, o moreno sempre guardava pra si isto. Ele podia até “dar a entender”, quando pedia para que assistissem a um filme. Ou o convidava pra jantar. Mas estas situações eram raras, e não tinha o mesmo valor que ouvi-lo dizer aquilo. As palavras fizeram seu próprio coração acalmar. Lucas queria sua presença. Bastava apenas ter calma que se entregaria para ele da forma que desejava, dividindo seus problemas com ele. Queria ser seu bálsamo, como na noite passada, e seu sorriso ao acordar como agora. Sentia, estavam no caminho certo.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo, gente!
Essa semana preciso entregar um capítulo do TCC. Então, talvez, não haja postagem.
Mas caso dê tempo, em uma das madrugadas de estudos, voltarei!

Agridoce.