Her Puppet escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 5
Esperança




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Fui acordada as sete em ponto pelo despertador. A luz do sol invadia o quarto. Só fui perceber que estava abraçada a um dos travesseiros quando levei uma das mãos aos olhos. Estavam úmidos. Eu me sentia terrivelmente esgotada e talvez com uma possível dor de garganta, como se tivesse chorado sem parar durante as quase sete horas que se seguiram depois de meu... mas o que diabos foi aquilo?

Não me atrevi a classificar o acontecido como sonho, mas sabia que havia sido surreal demais para classificá-lo como encontro.

Tinha certeza de que havia sonhado, por segundos, com Alison em minha cama, acariciando meus cabelos enquanto me olhava dormir. Estava certa de que este fora um sonho pois eu observava a cena em terceira pessoa e não lembrava da sensação dos dedos de Alison em meus cabelos.

Mas o que acontecera antes tinha uma nitidez incomparável. Lembrava dos olhos de Ali nos meus e de cada letra presente em cada palavra que ela me dissera.

Não está feliz por eu não estar (morta)?

Lembrava perfeitamente das feições amadurecidas que aqueles meses pareciam ter-lhe dado. Ela havia crescido, não era mais aquela adolescente cuja única meta de vida era ser lembrada por sua imponência.

Quase conseguia sentir os braços de Ali com certa força ao meu redor, o calor de seu toque, o perfume natural de sua pele. E mesmo que minha mente estivesse somente afogada em devaneios, estava tudo ali, impregnado em mim, de um jeito ou de outro.

Me virei na direção da janela, uma vez que estava deitada sobre meu lado esquerdo. Meu coração voltou a bater descompensadamente por alguns segundos, pois a janela permanecia aberta. Alison obviamente não estava ao meu lado direito. E um vazio sem tamanho começou a tomar conta de mim, como se a metade que restava de mim não fizesse sentido, já que a outra metade Alison levara embora.

Fiquei encarando o lustre por longos minutos. Estava estranhando minha mãe ainda não ter batido na porta. Mas não importava se ela o fizesse ou quantas vezes o fizesse. Eu havia me dado permissão para faltar a primeira aula.

Nós nunca vimos o corpo.

Estremeci ao finalizar tal pensamento. De fato, Alison fora oficialmente dada como morta sem que seu corpo fosse encontrado, pois os policiais disseram não ver sentido em prosseguir com as buscas.

E se Ali não estivesse morta? E se ela ainda estivesse... por aí?

Ri em voz alta. Esfreguei os olhos no intuito de despertar ainda mais.

Você está delirando, disse a mim mesma, precisa de uma boa dose de cafeína.

Mas a verdade era que aquele pensamento, além de momentaneamente parecer responder todas as minhas dúvidas, me animou o suficiente para sair debaixo das cobertas.

Sentada na borda da cama, percebi que o diário de Ali ainda estava ao meu lado, exatamente do jeito que eu não lembrava tê-lo deixado: fechado. Senti um rápido arrepio percorrer-me a espinha. Por mais esperançosa que aqueles pensamentos pudessem me deixar, tentei afastá-los, pelo menos por enquanto. Guardei o diário dentro de um dos travesseiros, como de costume, e me vesti.

Pensava em descer para colocar algo no estômago que, por sinal, ainda continuava embrulhado, quando um milímetro de algo roxo saindo de dentro de meu porta-jóias me chamou a atenção.

Respirei fundo e soltei o ar em um Ah, meu Deus! quando vi que o que estava em minha mão era a pulseira de linho que Alison me dera como prova de que nossa amizade seria eterna.

Olhei para a janela e tentei recapitular minha volta da escola no dia anterior. Sim, pensei, eu definitivamente havia sentado no gramado e soltado este troço na grama.

Parada em um canto do quarto analisando aquela situação, eu tive a quase absoluta certeza de estar efetivamente delirando, pois era capaz de jurar que um aroma de baunilha exalava da pulseira que estava entre meus dedos.

Ao senti-lo, eu quis descartar toda e qualquer possibilidade de sonambulismo ou a simples possibilidade de minha mãe ter visto a pulseira na grama, recolhido e colocado-a no lugar.

Sacudi a cabeça. Eu não poderia passar a minha vida inteira ponderando a respeito daquilo. E de qualquer maneira, haviam somente duas opções a se considerar: ou eu arranjava um modo de me convencer de que Alison estava inquestionavelmente morta, ou eu adotava como "minha" verdade aquela versão modernizada dos romances policias de Agatha Christie que achava que Ali estaria vivendo no momento, passando a acreditar de vez que, algum dia, ela voltaria para mim. E é claro que a crença nisso tornava automaticamente possível e real a suposta visita que tivera dela na noite passada, assim como todas as palavras e sentimentos que ela me confessara.

Prendi a pulseira no pulso esquerdo enquanto descia as escadas, com um princípio de sorriso nos lábios.

Preferi a segunda opção.


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Notas finais do capítulo

Então acho que é isso, povo! Preciso dizer que a experiência da primeira fanfic publicada foi muito divertida! E, embora muitos dos fatos que citei nela não sejam de minha autoria, eu me senti uma escritora de verdade ao desenvolvê-los! Agradeço a quem acompanhou e aos comentários encorajadores e fofos. Infinitos obrigadas! Vocês fizeram esta criança aqui muito feliz :D



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