Kaos - A Lenda de Asay escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 4
Asay


Notas iniciais do capítulo

Laura, a prima de Kaos, parece um tanto sinistra e parece não gostar dela. Ela então conta para Kaos a história de Asay, esperando despertar seu instinto pirata e aventureiro para que ela vá embora de Tárcia e Siracusa,



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Minha mãe tinha um irmão mais velho? Por que nunca falou dele?

– Prazer em conhecê-la Laura, me chamo Kaos.

– Interessante nome - ela disse. Eu não gostava muito do olhar dela pra mim, ela sorria, mas era um sorriso tão falso que chegava a me deixar suspeita. Ela se aproximou da estante de livros náuticos da minha mãe, bem ao meu lado. - Sabe, o vovô não gosta muito que entremos neste quarto. É um quarto muito precioso pra ele - eu estava receosa de onde ela queria chegar com essa conversa. - O vovô Tulio sempre olhava em direção ao mar, esperando pela visita da querida filha Marina que partira com um pirata para terras distantes cheia de perigos. E agora ele encontrou você, a neta da filha favorita - ela me deu um sorriso falso e senti um leve ataque em seu olhar. - Provavelmente você é a neta favorita também - ela deu uma risadinha. - A quem estou querendo enganar? É óbvio que você é a neta favorita, aposto que ele lhe daria o mundo de ouro se você pedisse.

– Desculpe mas... onde quer chegar com isso?

– Bom, sua mãe decidiu ir embora, o que acabou com a aliança com a cidade de Proteu, sendo assim ele achou uma segunda oportunidade: me casar com Mario. Eu observei o comportamento dele na festa e ele ficou muito atento a seus movimentos...

– O quê? - comecei a rir, aquilo era ridículo.

– Sabe Kaos, eu gosto de verdade do Mario, eu não gostaria que ele se distraísse com você, ou que você levasse mais uma aliança embora como sua mãe fez.

– Não - eu comecei a rir muito. - Não tem nada a ver, não tenho interesse nenhum no Mario. Ele é um embaixador e eu sou uma Lorde Pirata, não tem anda a ver. Além disso eu já tenho uma pessoa, um outro Lorde Pirata, eu jamais o trocaria por Mario. Ainda mais depois de tudo o que eu fiz - eu disse me lembrando de ter ido ao fim do mundo e ter que dizer que o amava, o que foi a parte mais embaraçosa.

– Que bom prima - Laura sorriu um sorriso falso. - Então não terei razões para não gostar de você assim como meu pai não gostava da tia Marina e não gosta de você - dei uma risadinha sem saber se aquilo era bom, afinal, meu tio biológico me detestava sem nem me conhecer. Laura pegou um livro náutico da minha mãe e começou a sair do quarto. - Venha comigo Kaos, quero lhe mostrar uma coisa.

Eu fiquei muito suspeita mas fui assim mesmo. Eu tinha um quinto dos poderes de Eris, não ia temer uma simples mortal que estava com ciúmes de Mário. Nós andamos um longo caminho até que chegamos em uma porta dourada e vermelho escuro. Ela abriu a porta, entrou e me chamou. Entrei e em seguida ela fechou a porta. Olhei para frente e havia um enorme crânio de dragão exposto de maneira magnífica. Nas paredes haviam pinturas do que parecia ser uma história. Havia uma espada exposta e também asas de dragão, com as mãozinhas, abertas na parede, era como se aquele dragão enorme fosse um troféu.

– Kaos? - Laura chamou minha atenção a um canto da parede e eu fui até ela. - Acho que você não conhece a Lenda de Asay, não é mesmo? - balancei a cabeça negativamente e fiquei interessada. Ela olhou para a parede e eu olhei em seguida. Ela então começou a contar a história que era ilustrada pelas pinturas na parede. - Há muito, muito tempo atrás, os fiordes eram constantemente atacados por dragões. Dragões ferozes que estavam dispostos a queimar toda a cidade para usufruir de seu ouro. Pois você sabe que dragões são atraídos por ouro, não é mesmo? - eu não sabia mas concordei. - Sendo assim começou a caça a esses dragões. Todos lutaram bravamente até que sobrou apenas um: Asay.

"Asay era a maior de todos os dragões - Asay foi retratado na pintura como uma espécie de rei dos dragões, com enorme poder. - Asay era terrível, além de querer o ouro, tinha raiva das pessoas por estarem atacando e matando sua espécie. De tao temida que Asay ficou, foi oferecida uma enorme recompensa para aquele que conseguisse matá-la, para aquele que conseguisse afastar o mal da cidade.

"Então Lutter, um simples fazendeiro, decidiu passar seus dias treinando para entrar no exército real. Ele pegava sua foice, seu garfo e ficava treinando com sacos de fenos dos cavalos. No dia do teste, Lutter conseguiu passar, ele agora fazia parte do exército real. Lutter estava animado para a luta, ele estava determinado em tirar a vida de Asay a qualquer custo. Então ele lutou bravamente, perdeu muitos amigos em batalha, viu seus ossos torrarem no fogo brilhante de Asay, sentiu o cheiro da carne queimada de seus companheiros, até que viu ali a oportunidade. Lutter seguiu Asay para dentro da caverna, de maneira que ela não percebesse e então conseguiu ver uma brecha em meio suas grossas escamas, uma fenda que trazia o brilho do seu fogo à tona, era ali que ficava seu coração e foi ali que Lutter cravou sua espada. Asay gritou e soltou suas chamas, mas foi tarde demais, seu coração já havia sido perfurado. Lutter se afastou da dragão enquanto ela gritava e caía morta sobre o monte de ouro que possuía em sua caverna. Os olhos de Lutter brilharam ao ver que conseguira destruir Asay. Ele ficou alguns dias tirando a escama de sua pele para conseguir cortar a cabeça do dragão para si. Além das asas e assim que conseguiu, ele voltou para o reino trazendo a cabeça e as asas sozinho sobre uma enorme carroça.

"Com muita dificuldade Lutter conseguiu trazer os restos de Asay para dentro do castelo. O rei ficou admirado e lhe deu como recompensa todo o ouro de Asay e mais uma quantia do próprio Rei. Com todo aquele dinheiro, Lutter se nomeou Embaixador da Tárcia. Sim Kaos, Lutter era nosso tataravô - pelos deuses!, pensei. Como eu amo minha descendência, ela é feita de pessoas incríveis e talvez seja por isso que meu avô Tulio gosta da minha mãe, porque ela é tão destemida e determinada o como Lutter, o meu tataravô. Que orgulho, não somos uma família de pessoas que simplesmente ficam sentadas em tronos, meus olhos brilharam. - Pelo visto ficou bastante animada de conhecer nossos tataravô."

– Sim, ele é incrível - eu disse realmente animada.

– Bom, você pode ver aqui na sala a espada que perfurou o coração, que está até levemente derretida, mas ainda está afiada. Sei disso porque cortei o dedo quando era pequena. Eu sou um pouco... teimosa. Quando dizem que eu não posso fazer, eu quero fazer - disse Laura dando uma risadinha e olhando para a espada. - Você pode ver também as partes de Asay que nosso tataravô trouxe para o castelo. Mas a história não acaba por aqui. Assim que o rei morreu, eles quiseram Lutter como líder, pois ele viera de uma família humilde e com isso ele melhorou muito a vida do povo, ele já fazia isso antes mesmo de ter muito dinheiro. Então, durante as buscas pelo ouro da caverna de Asay, um homem encontrou dois ovos grandes, eram quase do tamanho de uma cabeça humana - na parede os ovos eram bem vermelhos e pareciam brilhar em chamas.

"Foi por causa desses ovos que descobriram que Asay era fêmea e também a razão de ser tão mais feroz que os outros. Primeiro porque ela estava grávida e depois para proteger seus ovos. Fiquei com pena de Asay quando descobri essa parte - disse Laura e eu concordei com ela, também fiquei com pena. - Então esse homem trouxe os dois ovos de Asay para o castelo e Lutter disse que ele poderia ficar com os ovos como troféu. O homem ficou muito feliz e levou os ovos pra casa. Ele teria um souvenir de dragão com ele também, principalmente da temida Asay, algo que ele poderia contar a seus filhos. Porém, um dos ovos começou a trincar, ou seja, um dos pequenos filhotes de Asay estava para nascer. Então o homem trouxe os ovos para que o Embaixador tomasse uma decisão. Lutter mandou quebrar os ovos e matar os pequeninos dragões, afinal, não seria nada bom ter filhotes vingativos de Asay pelo reino, não é mesmo? Já fora uma dificuldade derrotar Asay.

"Sendo assim, o encarregado de quebrar os ovos fingiu quebrá-los e os levou consigo escondido. Ele viajou por um tempo para colocar os ovos em um local frio, onde só chocariam no tempo certo que ele teria os dragões para si. Ou seja, ele queria os dragões para tomar o reino de nosso tataravô. Ele não queria ser embaixador, ele queria ser rei. Então, um dia ele discutiu com Lutter sobre ser um reino novamente, com um rei onde ele seria o rei e todos pagariam por suas ofensas. Ele contou sobre os ovos e disse que voltaria com enormes dragões para atacá-los e destruir o reino, dragões que ele manipularia, ele seria o Rei dos Dragões - Laura deu uma risadinha e eu ri com ela, era mesmo muita audácia falar isso. - Então, como era de se esperar - ela disse controlando o riso -, isso não aconteceu. O homem foi buscar seus ovos e nunca mais voltou, ninguém soube nada dele. Acreditaram que ele fora comido pelos próprios dragões que salvara.

"Lutter então mandou exércitos atrás desse local desconhecido para que matasse os dragões enquanto ainda eram bebês. Mas o exército nunca voltava. Lutter temia o ataque de dois dragões, mas o ataque também nunca aconteceu, até a sua morte os dragões nunca apareceram. Então nosso avô, Tulio, pediu ao pai dele, Marcos, filho de Lutter, que deixasse ele ir procurar pelos ovos. Marcos ficou relutante em mandar seu único filho para um lugar que ninguém nunca retornou antes. O vovô Tulio disse a seu pai que tomaria todo o cuidado possível e então o vovô conseguiu ir com um enorme exército em seu encalço. Ele disse que conseguiu encontrar a caverna, mas os homens que entraram, em três dias, não haviam voltado. Ele mandou mais homens para procurar os outros e passado mais alguns dias eles também não voltaram. O Vovô Tulio achou aquilo muito estranho e decidiu voltar para o castelo contando a seu pai que aqueles que entram na caverna, não voltam mais. Ele disse que os dragões podem ter comido os homens, pois por mais que eles nunca tenham saído da caverna, eles podem viver nela por séculos em tamanho menor.

"Então o vovô Tulio contou essa história para meu pai Augustus e meu pai achou sensato ninguém ir procurar por essa caverna e se preocupar em ser um bom embaixador assim como Lutter, mas anos depois veio a sua mãe, a tia Marina. Tia Marina amava vir aqui ver as partes de Asay e imaginar onde estariam os ovos. Meu pai dizia: 'Isso é perigoso Marina. Além disso você é uma Embaixatriz. esqueça essa história dos ovos, aposto que é uma invenção', mas a tia Marina não achava isso, ela acreditava que poderia encontrar os ovos e descobrir o que acontecia na caverna - Laura então se aproximou de uma mesa e abriu o livro náutico que trouxera do quarto da minha mãe. - Sua mãe pesquisou tudo sobre onde esses ovos podiam estar já que o vovô Tulio não queria contar a ela, já que sua garotinha preciosa queria se arriscar lá fora."

Me aproximei da mesa e vi o livro, nele haviam muitas marcações. Era um livro de páginas brancas que fora escrito pela minha mãe, com uma letra infantil que foi amadurecendo de acordo com o tempo. Haviam muitas páginas em branco no final.

– Por que ela parou de escrever? - perguntei.

– Ela ia se casar com Proteu, percebeu que nunca sairia daqui e então desistiu dos ovos.

– Eu posso...?

– Claro, leve ele com você se quiser - disse Laura com um sorriso sutil.

Peguei o livro.

– Está fazendo isso para que eu vá embora, não é? - perguntei sutilmente.

– Provavelmente. E você ainda conhece mais sobre a nossa família de bônus - ela deu uma risadinha e eu ri de volta.

– Sabe Laura, gostei de você. Esperta - eu disse. - Bom, vou procurar o vovô Tulio e pedir a ele um navio. Estou ansiosa para encontrar a caverna - olhei para o livro. - Vou terminar o que você começou mãe - abracei Laura e ela se assustou. - Obrigada prima.

A soltei e saí correndo ao encontro do meu avô. Abri uma sala rapidamente.

– Vovô! - eu disse animada e fui correndo ao encontro dele no fundo da sala que parecia um escritório. - Vovô, eu preciso de um navio, o Senhor poderia me dar?

– Um navio? Já quer ir embora? - ele perguntou um pouco triste.

– É que... eu tenho umas coisas para resolver lá fora, sabe?

– O que é isso? - ele olhou para a minha mão onde estava o livro da minha mãe.

– Ah... é um livro da mamãe que a Laura me deu - eu disse.

– Laura? - ele ficou um pouco assustado. - Mas a Laura e o pai dela não gostam muito de você e da sua mãe.

– É, eu percebi, mas... ela me contou a história da Asay - eu disse animada.

– Ah não... não, não, não. Não permitirei que saia para ir atrás dos ovos.

– Mas vovô, eu preciso terminar isso para a minha mãe.

– Não, não precisa - ele disse nervoso. - Nenhuma pessoa voltou de lá Kaos, eu não posso perder você. Já perdi a sua mãe, a minha filha querida, a minha princesinha, não posso perder vocês duas - ele quase chorou.

– Você não vai me perder vovô - me aproximei dele. - Eu não sou completamente mortal - ele me olhou assustado. - Vamos dizer que quando fui ao fim do mundo, ao Tártaro, eu voltei com um quinto dos poderes da deusa Eris, a deusa do caos. Ela gostou do meu nome - eu dei uma risadinha.

– Você...?

– Sou uma semideusa. Então, o que tiver nessa caverna, eu posso lidar.

Tulio se aproximou de mim e pegou em meu rosto.

– Promete que vai voltar para me dizer que está bem Kaos? Promete?

– Prometo vovô - não sei se voltarei tão rápido, mas eu prometo, pensei.


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