Era Uma Vez escrita por annaLI


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews, continuem dizendo o que estão achando da fic, ok?



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“O quê!?”.


    - Você...?


    - Há vários dias, eu venho sentindo um forte poder vindo da cidade... Queria verificar exatamente do que se tratava... Mas percebo que não pode me confirmar... É...Acho que reconheço a fonte dessa magia... – Ele disse, observando Syaoran de alto a baixo e detendo-se na altura do peito em que ficava pendurado o pingente com o círculo mágico de Yuuko por baixo da roupa.


    - Quer dizer... que você pode me ajudar?


    - Hmmm... Hmmm... – Fay colocara uma mão no queixo e rodeava o senhor parecendo concentrado – Não! Sinto muito – Concluiu com uma risadinha seguida de outro gole de vinho. – Você é o único que pode desfazer o feitiço.


    - Como assim? O que eu tenho que fazer?


    - Acredite em mim, só estaria dificultando as coisas para você se dissesse. – Ele falou num quase sussurro e depois piscou um olho, bateu sua taça de vinho na de Syaoran, dizendo – Boa sorte!


    Em seguida, Fay foi em direção ao grupo reunido perto do piano e começou a cantar bem alto junto com os outros, deixando para trás um Syaoran atônito e de boca aberta. Nesse momento, Sakura desviou os olhos para o lugar de onde ele viera e avistou o príncipe, deu um sorriso e acenou para ele que saiu depressa dali pisando forte até a cozinha.


    Na porta dos fundos havia uma escada de madeira onde ele ficou sentado não soube por quanto tempo sem se importar com o frio que parecia ficar maior a cada segundo, pensando em tudo que estava acontecendo.


    Durante algum tempo ele tinha ficado sem pensar muito em meios de quebrar o feitiço, porque sempre que o fazia, não conseguia nada além de ficar irritado consigo mesmo e com o mundo todo. Naquele momento, porém, ele sabia que havia lago mais além do fato de estar preso àquele feitiço que o estava incomodando. Lembrava da princesa sorrindo para ele e ficava irritado. Ele ouviu a porta da cozinha se abrir atrás de si, alguém segurou seu ombro de leve e disse:


    - Syaoran, o que está fazendo aí? – Era Sakura – O frio está terrível, você pode ficar doente.


    Ele se levantou com um salto tirando a mão dela bruscamente do seu ombro.


    - O quê que você quer? – Ela se assustou com o olhar assustador que ele lhe lançava e respondeu com a voz fraca:


    - E-eu... Nós já vamos embora, eu queria... Está tudo bem com você?


    - Não, nada está bem! – Ele quase gritou para ela.


    - Posso ajuda-lo? – Ela se aproximara de novo dele, com uma expressão preocupada.


    - Não! Você não pode fazer nada... O que acha dessa sensação?


    - Não estou entendendo... Ai, está muito frio, vamos entrar. – Ele tirou novamente a mão que ela estendera até seu braço, dessa vez com mais violência.


    - Me solta, eu já disse que não preciso que ninguém tenha pena de mim. – E ficou de costas para ela. – Eu não preciso de você.


    Seguiu-se uma longa pausa, na qual a princesa ficou olhando as costas dele com um olhar inicialmente chocado e depois triste.


    - Tudo bem então, desculpe incomodá-lo. – Ela disse enfim, com uma voz que fez o coração dele apertar um pouco. Ele se virou a tempo de vê-la se afastando sem olhar para trás, fechando a porta com um barulho seco. Mesmo com a porta fechada ainda pôde ouvir por alguns segundos o barulho de seus passos se afastando.


    Chutou com força um balde de madeira que estava encostado na parede e a dor que sentiu em seu pé pareceu desperta-lo para o frio, ele entrou na casa tremendo e ficou ali na cozinha até ouvir o barulho da carruagem se afastando.


    - Vocês não acharam a princesa Sakura um pouco triste? – Asuka comentava quando ele chegou na sala.


    - Syaoran – Ela chamou avistando-o – Aconteceu algo com a princesa? Ela tinha ido se despedir de você, não é?


    - Ela só estava... Reclamando do frio. – Antes que dissessem mais alguma coisa ele foi até a escada - Eu não me sinto muito bem. Acho que vou dormir um pouco...


    Chegando no quarto ele se jogou na cama de bruços agarrando o travesseiro, na sua cabeça as palavras que ele dissera pareciam fazer eco e também as palavras de Sakura, lembrava da voz dela, parecia muito magoada. Não esperava realmente que fosse agir daquela forma. Na hora não mediu nada que disse, simplesmente extravasou toda a irritação que estava sentindo. Pensava que ela também fosse se irritar, talvez discutir com ele, afinal era o que ele próprio teria feito. Só não achava que ela fosse embora aceitando tudo que ele dissera. “Provavelmente ela nem se importa” ele se virou na cama e sentou-se de frente para a janela fechada. Num impulso, ele a abriu e o ar congelante do lado de fora invadiu o quarto, ao longe enxergou o que queria ver, quase totalmente coberta por uma densa neblina que pairava sob as partes mais altas da cidade, o castelo com muitas torres e bandeirolas “Será que ela já está lá?”. Ele tinha dito que não precisava dela. “E não preciso mesmo...”


    -Ah.


    Ele voltou a se jogar na cama, dessa vez socando travesseiro, de onde voaram algumas penas, “Não devia ter dito aquilo”.


    O príncipe só conseguiu dormir aquela noite com a idéia de pedir desculpas assim que visse Sakura de novo, isso porque ele esperava que logo ela aparecesse de novo por lá. Mas os dias passaram e nem sinal dela, todos os dias, ele ficava sentado pelo menos meia hora em frente à janela observando o castelo.


    - Você acha que ela pode não estar no país? – Ele chegou a perguntar um dia para Kotaru.


    - Acho que não. Está chovendo muito esses dias, ela deve estar no castelo.


    Realmente os dias que se seguiram à manhã de natal foram ainda mais frios e com uma chuva que não parava. Somente quatro dias depois, eles puderam ver uns poucos raios de sol por entre as nuvens ainda meio carregadas no início da manhã, nesse dia Syaoran acordou decidido.


    - Vou sair hoje. – Ele disse na hora do café da manhã, espantando a todos.


    - Mas você nem conhece a cidade, quer que o acompanhe? – Kotaru falou.


    - Não, eu... Acho que consigo ir sozinho aonde eu quero ir.


    - Tem certeza? Não vá se perder. – Amaya comentou – Há muitas histórias de crianças que se perderam nas montanhas e acabaram devoradas por ursos.


    - São só histórias que se contam para as crianças não irem muito longe, sua boba. – Sora falou debochando da irmã.


    - Não, é verdade. Pode ser muito perigoso. – Asuka comentou – É melhor se agasalhar bem, ainda está frio lá fora.


    D. Hidemi disse que iria fazer roupas para ele. A partir daquela manhã de natal, a senhora nunca mais ficara muito tempo no quarto, estava sempre perto deles, conversando ou tricotando. Com os seus óculos e sem estar de camisola o tempo todo, ela nem mais parecia a velhinha à beira da morte de quem ele se lembrava. Nunca soube se ela sabia o que ele tinha feito, nem se aquilo tinha algo a ver com sua mudança, também ela nunca comentou o porquê de sua repentina e inesperada melhora.


    Era a primeira vez que ele saia do abrigo desde que entrara lá, levado pela princesa. Tentava mudar o rumo dos pensamentos, pois pensar em Sakura o fazia sentir mal depois do que acontecera, estranhamente, no entanto, ele não conseguia tira-la da cabeça ultimamente. Agora ele tentou se concentrar em chegar no castelo. Não agüentava mais esperar que ela fosse até ele, tinha decidido procura-la, não sabia se a encontraria lá, só tinha que tentar acha-la. Da rua era possível ver o lugar onde ele queria chegar, ele calculava que não era muito longe.


    As pessoas na rua, sorriam simpáticas ao vê-lo e até acenavam, sem estar acostumado àquilo, ele se sentia desconfortável e tentava não encarar ninguém. Observando as construções ao seu redor, ele percebia o quanto tudo era muito diferente de seu país, das janelas do abrigo já dava para ter uma idéia, as casas, as roupas até o castelo, quando se viu finalmente diante dele depois de uma longa caminhada, ele pôde ver que tinha um estilo bem diferente. Sua mãe nunca deixara que ele a acompanhasse a viagens muito longas, portanto ele só tinha ouvido falar de lugares tão diferentes.


    Nos altos portões do castelo, havia dois guardas, que estavam até conversando antes de vê-lo se aproximar e assumirem posturas mais sérias.


    - Eu quero falar com a princesa Sakura.


    Os dois trocaram olhares meio intrigados antes de perguntar:


    - Do que se trata?


    - Eu posso ou não falar com ela?


    - A princesa está doente, precisa descansar, o rei e a rainha estão fora do país, mas pode falar com o príncipe se...


    - Doente? De quê?


    - É só um resfriado. – Uma voz atrás dele falou. Sem que ele percebesse, um jovem de cabelos cinzentos e óculos se aproximara carregando um arco nas costas e sorrindo gentilmente segurando um cavalo pelas rédeas. Dirigindo-se aos guardas disse: – Vocês não deviam preocupar as pessoas assim. Eu vim falar com o príncipe Touya, ele está me esperando.


    - Claro. – Os guardas se afastaram para deixar o jovem passar, ele já estava do outro lado do portão, quando se virou para Syaoran: - Vamos logo.


    Syaoran apressou-se a segui-lo.


    - Desculpe, acho que ainda não me apresentei, sou Yukito, arqueiro da guarda real.


    - Sou Syaoran.


    Os dois estavam no pátio do castelo, onde duas estátuas brancas de cavalos alados pareciam guardar a escadaria larga que levava à pesados portões de madeira. Do lado de dentro, colunas rodeavam uma espécie de jardim de inverno que tinha no centro um chafariz com a estátua de uma bela mulher que sorria, mais uma escadaria à frente levava aos suntuosos tronos vazios. Atravessaram uma porta em forma de arco ao lado, onde havia uma espécie de sala de armaduras, subiram mais uma escada que os levou à um corredor, provavelmente rodearam a sala do trono já que foram parar em um corredor de colunas até metade da parede de onde se podia ver o mesmo chafariz do andar de baixo.


    Durante todo o caminho Yukito tentava puxar conversa com ele:


    - Enfim a chuva deu uma trégua, né?


    Syaoran apenas confirmou com um barulho na garganta. Yukito não desistiu:


    - Você é estrangeiro?


    - Sim.


    - Está gostando de nosso país?


    Antes que Syaoran respondesse, a porta mais próxima à frente, abriu-se e revelou a pessoa que ele viera ver, Sakura pareceu muito surpresa ao vê-lo ali.


    - Syaoran?!


    Ele ficou sem fala.


    - Esse senhor veio até aqui para falar com você, os guardas quase não o deixaram entrar dizendo que você precisava descansar. Está se sentindo melhor, princesa? – Yukito perguntou.


    - Ai, Yukito, você sabe que não era nada sério, meu irmão é muito exagerado! Acabei de falar para ele que de jeito nenhum eu ficaria presa aqui dentro hoje, com o dia lindo que está fazendo lá fora.


    A porta atrás dela voltou a se abrir e quem saiu dela dessa vez foi outro jovem, da mesma idade de Yukito, de cabelos negros.


    - O que está havendo? Quem é esse aí? – Ele perguntou, apontando Syaoran, que olhou-o com raiva, olhar que ele retribuiu.


    - Touya, o que é isso? Não seja mal educado. – Sakura falou.


    - Hum, que seja. O que ele quer?


    - Ele veio falar comigo. – Sakura disse enquanto Syaoran só continuava a olhar feio o príncipe Touya.


    - Vamos, Syaoran. Conversar num lugar mais tranquilo. – Ela sublinhou a última palavra com a voz, encarando o irmão. Em seguida puxou a mão de Syaoran, fazendo-o seguir em frente no corredor.


    - O que foi isso? – Yukito perguntou ao príncipe quando os dois já estavam distantes o suficiente para não ouvir.


    - Sei lá, sujeitinho estranho...


    O outro deu uma risada divertida.


    - Nossa, você é paranóico demais com sua irmã!


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