Querida Lua, escrita por HannahHell


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/56479/chapter/1

Querida Lua,

 

Faz tempo desde a última vez que lhe escrevi, foi numa noite clara como essa que prometi parar com meu vício vermelho.

 

Mas acho que era um vício deveras poderoso, eu não pude evitar.

 

Uma noite agradável essa, não? Você está quase sumindo para dar lugar ao Sol. Mas sua luz hoje deixou-me tão tentada que não pude de sucumbir a este vício.

 

Talvez deva-lhe contar com detalhes que apenas eu posso dar como minha noite foi...Agradável.

 

Receio que tenha sido uma das minhas melhores noites, sua luz vibrante e fria me deixa tão completamente inspirada que não posso parar de gabar-me por minha mais nova obra de arte.

 

No começo dessa noite, mais especificamente às sete, olhei para a janela do meu quarto, sua luz iluminava meu rosto e todo o jardim abaixo, deixando-lhe com uma aparência quase mágica. Senti o vento bater no meu rosto carregando o doce cheiro das damas da noite, algo nessa cena despertou-me da prisão que me conteve por meses a fio. 

 

Vesti meu longo e leve vestido vermelho, o único que não tinha a saia rodada ou armada, apenas caia leve por minhas pernas. Apertei o espartilho para que ele definisse ainda mais minha cintura e passei meu batom carmesim para realçar meus lábios. 

 

Saí da minha casa pedindo para meu cocheiro passar pelas agitadas e belas ruas de Londres, apenas para eu procurar o lugar perfeito. Esse lugar apareceu sob a forma de uma aconchegante taverna que ficava na frente de um belo bosque iluminado pela sua luz branca, querida Lua. 

 

Desci do coche e pedi para meu cocheiro me esperar, ele sempre fora muito fiel e sempre pude contar com ele para me esperar o tempo que fosse preciso. 

 

Adentrei o estabelecimento, tocava um tipo de marcha medieval, num ritmo alegre que induzia os bêbados a beberem mais e os sóbrios a acompanha-los. Passei os olhos pelo local a procura de alguém interessante, não precisei olhar muito até meus olhos encontrarem a pessoa perfeita. 

 

Era um jovem não muito mais velho que eu, bebia livremente um grande copo de cerveja e estava sozinho. Tinha belos e brilhantes cabelos vermelhos da cor de sangue que caíam rebeldes até seus ombros. Não pude conter o pensamento de curiosidade e a vontade de saber como esses cabelos ficariam manchados de sangue. Possuía olhos de um verde cintilante que mais pareciam duas esmeraldas e uma pele branca. 

 

Aproximei-me e sentei ao lado desse belo jovem que veio conversar comigo no mesmo instante. Descobri que seu nome era Dimitri. Ele trabalhava para o Conde Lewis, um pirralho mimado que comandava os negócios da família Grace. 

 

Não precisou de muito tempo para que ele ficasse bêbado o suficiente para aceitar um carona. Conduzi-o até o coche e pedi para o cocheiro levar-nos para casa. E por alguns momentos a única coisa que ouvi foi o barulho dos cascos dos cavalos e das rodas passando pela rua, até finalmente chegarmos. 

 

O conduzi até o porão, era um cômodo úmido, mas muito bem arrumado, embora estivesse muito escuro, dava para ver o vulto da cama e da estante que havia do lado dela, este era o meu cômodo preferido na casa toda. Empurrei Dimitri até a cama onde ele caiu deitado, acendi a lâmpada de gás que iluminou o quarto com sua luz bruxuleante e amarelada. Antes que ele pudesse raciocinar prendi suas mãos à cama usando as algemas que sempre estavam preparadas para essas horas. Fiz o mesmo com os calcanhares dele, agora ele não poderia mais fugir. O amordacei para não incomodar o sono de meus empregados. 

 

Encaminhei-me para minha parte preferida do quarto, a estante,  ela um móvel feito da mais nobre madeira que tinha um brilho especial causando pelo verniz de melhor qualidade que existia. Nas prateleiras havia a minha paixão: minha coleção de facas. Acho que deveria ser a coleção mais completa de facas que existia. 

 

Analisei uma a uma, para escolher a melhor para começar. Decidi-me por uma pequena faca de lâmina lisa e curta, perfeita para começar a brincar. 

 

Alguns dizem que é mais excitante matar alguém usando armas inusitadas, ou talvez ver a alguém agonizando por causa de um veneno. Mas eu acho que nada supera o deleite de se cortar a pele e sentir o sangue fresco e quente escorrendo pelas feridas precisas que você causa. Sim, nada supera essa sensação. 

 

Sentei do lado dele e retirei a blusa que usava, deixando a mostra seu peitoral e abdome definidos por músculos. Encostei a faca na pele dele e o senti tremer com o toque, esse simples calafrio que eu causava já me fazia sentir muito bem. 

 

Forcei a faca para causar cortes leves e superficiais, só para causar uma dorzinha de aquecimento, fiz pequenos desenhos de esperais prolongando o corte, criando caminhos escarlates por onde pequenos filetes de sangue escorriam. 

 

Olhei para as esmeraldas que eram seus olhos, elas brilhavam cheias de dor e pavor, era essa a sensação que eu gostava de ver nos olhos dos homens que se deitavam nesta cama. 

 

Levantei-me para trocar de faca, agora escolhi outra faca de lâmina lisa, mas era mais longa, peguei duas dessa e voltei para o meu ruivo. 

 

Dessa vez me deliciei em ser cruel, o cheiro do sangue dele, misturado ao seu perfume de deixava com vontade de me divertir ao máximo. Coloquei uma das facas na palma de sua mão e a forcei pela pele dele até a ponta de metal aparecer nas costas da mão. Repeti o gesto na outra mão, tomando cuidado para não acertar nenhuma veia muito importante.


Seu sangue respingou no meu rosto e escorrei pelo braço para por fim manchar os lençóis vermelhos deixando-os com uma aparência de molhados, me deliciei por alguns segundos antes de olhar novamente para seu rosto. 


 Os gritos de dor abafados pela mordaça era como música para meus ouvidos, tão doces e ao mesmo tempo cheios de terror e medo, controlei a vontade de rir, formando apenas um sorriso de deleite em meus lábios.


Peguei outra faca, essa, tambémde lâmina lisa, era bem mais comprida e grossa e tinha uma aparência perigosa. Encostei a lâmina num ombro dele e forcei a faca para causar um corte mais profundo e fui a deslizando calmamente até  o cotovelo, sentindo aquele líquido vermelho manchar ainda mais meu rosto e minha roupa.

 

Foi nesta hora que olhei mais atentamente para minhas mãos e vi que elas parecia estar com uma luva escarlate, uma bela e cintilante luva escarlate.

 

 Observei o belo rosto daquele rapaz, ele estava bem pálido e seus olhos já não brilhavam como antes, parecia que ele estava prestes a perder a consciência, mas eu não podia deixá-lo fechar aquelas orbes verdes antes de dar meu último golpe.


Aproximei a faca do pescoço dele, e com um único movimento firme fiz um corte profundo o suficiente para atingir a jugular.

 

O seu sangue sujou meus cabelos, rosto e roupa, para não dizer que os lençóis ficaram mais vermelhos que nunca, mas aquele calor da vida recém tirada me aqueceu e me deixei deliciar a cena dele sangrar até morrer.

 

Foi fácil percebeu seu último instante enquanto eu assistia a luz da vida deixar-lhe seus olhos, que agora pareciam apenas duas esmeraldas frias e duras.

 

E agora eu lhe escrevo minha cara amiga, escrevo para contar que mais uma vez meu vício pelo sangue derramado se apoderou. Te contar como eu apreciei essa sensação e como eu desejo continuar a sentí-la. Ah! doce Lua, você não faz idéia de como sua luz me deixa inspirada. Não faz a menor ideia.

 

Pois eu sou uma anjo em forma de humano, que veio apenas para liberar o caos causado pelo medo, pelo mais puro e subjetivo medo, o medo da morte.

 

Como eu gostaria que você me respondesse Lua, você minha confidente fiel que me conhece mais que a qualquer outro, que assiste ao meus pecados, sempre quis saber o que achava das cartas que lhe dedico.

 

Até uma nova noite de lua cheia, cara amiga, pois agora voltarei a lhe escrever mais, pois sua luz parece mais bela do que nunca.

 

Assinado,

Angela Nero.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu achei essa fic interessante de se escrever, foi mais emocionante de escrevê-la do que qualquer outra fic.
Espero que mandem reviews dizendo o que acharam da fic, eu ficaria imensamente grata
Obrigada por ler o/