Hinan escrita por Hakiny


Capítulo 3
Um encontro nada agradável no desfiladeiro da morte.


Notas iniciais do capítulo

Uma estranha garotinha aparece misteriosamente no desfiladeiro da morte, causando dúvidas na sociedade dos shikõs.



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As Hinans não eram as únicas partes habitadas naquele planeta. Longe dos muros de todas as Hinans estava situada a sociedade dos Shikõs . Diferentes dos Kotonarus, que eram criaturas irracionais que atacavam apenas por instinto de satisfazer sua fome, os Shikõs eram inteligentes e organizados.
No palácio central vivia Kannot membro mais velho e líder de todos os shikõs.
Graças a lei feita por ele, os shikõs eram proíbidos de invadir qualquer uma da Hinans.
— Mestre Kannot, um grupo de nossos soldados, liderados pelo o Jon foram em direção ao desfiladeiro da morte. Ao que parece os kotonarus estão muito agitados, pode haver presença de shikõs de classe baixa ou até mesmo de humanos!
Um homem alto e forte, de cabelos e olhos castanhos claros, trazia informações a Kannot.
— liderados pelo Jon?
Kannot dizia com uma certa surpresa. E continuou:
— quantas vezes eu preciso dizer que em missões desse nível eu não quero a presença do Jon, quem dirá que ele lidere uma tropa! Butcher, quero que você vá até o desfiladeiro e supervisione o Jon!
— sim senhor.
Com essas palavras Butcher saiu rapidamente da sala.
No ponto mais alto do desfiladeiro Jon mantinha sua expressão séria e demonstrava extrema insatisfação com aquela situação.
— nosso trabalho é evitar que os Kotonarus se aproximem do palácio central, não sair caçando eles pelo planeta inteiro.
— Jon, precisamos ajudar qualquer Shikõ que esteja perdido, e precisando de socorro além de...
— os fracos devem ser descartados, criaturas inúteis são cargas desnecessárias para os poucos que são dignos de serem chamados de superiores!
Jon dizia o interrompendo bruscamente.
— você não sente vergonha quando faz esses discursos?
Andy dizia enquanto arqueava uma das sobrancelhas. Jon fez que não com a cabeça demonstrando um certo orgulho de suas palavras:
— idiota.
Andy dizia com desdém. Jon sorriu e ironicamente disse:
— Boris.
— NÃO ME CHAME DISSO!
Andy gritou irritado.
— ok Bo... Andy.
A conversa foi finalizada devido ao ataque de alguns Kotonarus. Sem muito esforço Jon levantou sua mão esquerda e então uma grande explosão fez com que grande parte do desfiladeiro viesse a baixo:
— muito bem gênio.
Andy dizia com um tom irônico.
Antes que Jon pudesse responde-lo no mesmo nível, ambos ouviram um choro vindo do meio dos escombros:
— tem alguém ai?
O choro parou, assim que Andy terminou a frase:
— parece ser uma criança.
Andy dizia aparentemente preocupado.
— já deve ter morrido, vamos embora!
Sem dar muita importância para o que o Jon havia dito, Andy continuou andando em direção a origem do choro.
Uma luz muito forte brilhava em meio as pedras caídas.
Seguindo aquela luz, Andy caminhava devagar até chegar na fonte de toda aquela energia.
— então é mesmo uma criança, mas porque tanta energia?

A menina de cabelos e olhos castanhos se levantou rapidamente e correu em direção a outro esconderijo que parecia seguro para ela.
— ei calma! Eu não vou te machucar! Pode sair de trás dessas pedras, até porque elas não vão te proteger dos monstros que querem te machucar.
A menina o observou por um tempo, estava um pouco assustada, mas saiu de trás das pedras.
— de que monstros você está falando?
Ela perguntava um pouco desconfiada.
— não vai me dizer que você não notou a presença daquelas criaturas gigantescas com dentes maiores do que os seus braços, rondando o desfiladeiro a três dias? Por falar nisso... a quanto tempo você está aqui mesmo?
— eles não são monstros! Eles cuidaram de mim!
A menina dizia com um tom de indignação. Andy levantou as sobrancelhas demonstrando estar um tanto surpreso.
— não seja boba menina... aqueles monstros não cuidam de ninguém! Tudo o que eles querem é devorar você o mais rápido possível!
— isso é mentira! No começo eles tentaram me atacar, mas eles se arrependeram e prometeram que não iam deixar que ninguém me machucasse! Outros iguais a eles tentaram me machucar mas eles me protegeram!
— ah claro sei...
Andy dizia com ironia. — mas enfim, quanto tempo você está aqui?
Ela parou por uns instantes, na tentativa de ser lembrar de algo, mas não se lembrou. Os dois conversaram por um tempo, Andy perguntava para a menina a que Hinan ela pertencia e quem eram seus pais... mas no fim ela não se lembrava de nada.
Sentado em uma pedra um pouco longe dali Jon aguardava impaciente.
— Qual é Andy? Morreu ai?
Ele gritava de longe.
— quem é?
A menina perguntava assustada.
— é o Jon.
Andy parou por um tempo, estava um pouco pensativo. Sabia a antipatia que Jon tinha pelos humanos, e que aquela garotinha estava em perigo.
— é melhor que você espere aqui, fique escondida. Eu vou tentar me livrar do Jon por um tempo, e assim que possível eu vou te levar para a casa.
— se livrar de mim hem?
Os olhos de Andy arregalaram, ele sentiu sua garganta secar. “Como ele chegou aqui tão rápido? Como ele chegou tão perto de mim, sem que ao menos eu pudesse sentir sua presença?”
— quem é essa humana?
Jon perguntava com uma voz séria. A menina assustada se escondeu atrás de Andy.
— é só uma criança Jon, eu encontrei ela e...
— hummm... Ninguém vai sentir falta dela!
Jon dizia enquanto levanta sua mão demonstrando que iria atacar.
— Jon! Eu não permitirei que você a machuque!
Andy dizia enquanto ajeitava seus óculos no rosto.
Jon gargalhou ironicamente.
— você pretende me desafiar Andy?
Jon dizia enquanto liberava uma parte do seu poder fazendo com que a terra começasse a tremer. Uma energia negra e sufocante tomava conta do ar, os olhos de Jon ficaram completamente negros, deixando sua aparência extremamente demoníaca.
Naquele instante Andy sentiu seu coração acelerar, por mais que quisesse não era capaz de conter seu medo. Sem dizer uma palavra, ele saiu da frente de Jon e se encostou em uma das paredes da caverna onde eles se encontravam.
— que bom que você sabe seu lugar Andy.
Andy franziu a testa e virou o rosto, talvez na tentativa de esconder seu ódio por ter que se submeter aos caprichos de Jon, ou apenas por não querer assistir aquela criança inocente sendo assassinada por um psicopata com desejos fúteis.
A menina olhou para Andy, seus olhos pediam socorro. Jon sorria maleficamente.
uma fumaça negra cercava a menina, o chão ao seu redor começava a se quebrar. Tapando seu rosto com as mãos a garotinha demonstrava seu enorme pavor.
— vamos ver que barulho os seus ossos fazem quando estão sendo esmagados.
Jon fez um sinal com os dedos fazendo com que a fumaça avançasse depressa fechando um círculo ao redor da garota. Antes que o ato pudesse ser consumado uma forte explosão fez com que a fumaça se dispersasse.
— um raio?
Jon perguntou surpreso.
Um homem alto e forte saio do meio da poeira causada pela explosão.
— Butcher..
Jon dizia, sem esconder seu desprezo pelo comandante do exército Shikõ.
— o que você pretendia fazer Jon?
Butcher encarou Jon.
— não te interessa.
— como comandante do exército Shikõ e seu líder, eu repito a pergunta... O que você pretendia fazer Jon?
Jon serrou os punhos, sua respiração estava ofegante ele não conseguia controlar o ódio que sentia. Naquele momento ele sentiu uma mão tocar em seus ombros.
— fica calmo Jon.
Um homem alto de cabelos negros e olhos castanhos, dizia com uma voz calma.
Sem dizer mais nada, Butcher segurou a mão da menina e saiu dali.
— Allk...
Jon dizia na tentativa de seguir o conselho do amigo.
— ah não! Não acredito que você deixou isso passar senpai vai lá e acaba com aquele muro com pernas!
— fica quieta Jack!
Allk dizia para a garota de cabelos castanhos e cacheados que assistia tudo de longe.
— não fico não! Todo mundo sabe que o senpai é o mais forte aqui!
A menina retrucava indignada.
— mas graças a estupidez que ele fez a oito anos atrás ele perdeu a posição de comandante e agora é só mais um soldado do exército Shikõ.
Andy dizia enquanto andava lentamente no mesmo caminho que Butcher havia tomado.
— Andy...
Jon dizia tentando mais uma vez controlar sua raiva.
— deixe ele... de uns dias pra cá ele está meio emo.
Allk dizia enquanto tentava amenizar a situação.
Andy acelerou seus passos e alcançou Butcher e a garota.
— você chegou na hora certa.

Andy começou a conversa.
— e você ficou parado, mesmo sabendo que ele a mataria.
— você sabe muito bem que eu não sou adversário para ele.
— nem eu.
Butcher dizia enquanto olhava para o horizonte.
— mas mesmo assim ele não te atacou.
— por mais poderoso que o Jon seja, ele ainda respeita Kannot. E sabe que se ir contra as minhas ordens irá contra as dele.
Andy ouviu atentamente o que Butcher disse.
— mas e a garota, você já sabe de que Hinan ela veio?
Andy mudou de assunto.
— essa garota não é humana será que você não percebeu?
Andy franziu as sobrancelhas.
— nunca vi casos de Shikõs com essa idade, normalmente eles já nascem adultos...
— a não ser que eles sejam da raça superior.
Andy olhou rapidamente para a garotinha, que caminhava despreocupada.
— mas só existem três superiores que nasceram a mais de 300 anos, quando aconteceu o fenômeno que deu origem aos Shikõs e aos Kotonarus!
— correto Andy, o normal seria que ela já estivesse adulta. Mas logo chegaremos ao palácio, o mestre Kannot saberá o que fazer.
— mas então... como você chama garotinha.
Andy perguntava curioso.
— Raque.
No palácio central Kannot aguardava pelas notícias de Butcher.

— mestre, o Dragon acabou de chegar posso mandá-lo entrar?
Um garoto de cabelos louros e olhos vermelhos trazia informações para Kannot.
— claro que sim, Cute mande o entrar agora!
— sim senhor!
O garoto saiu. Passados alguns Dragon entrou na sala.
— Mestre.
Ele dizia enquanto se curvava em reverência a Kannot.
— meu garoto! Há quanto tempo você não vem me visitar. Fiquei sabendo que você anda bebendo como um desiludido!
Kannot dizia enquanto descia do trono rapidamente e corria em direção a Dragon.
— ainda está bem rápido para um velhote.
Dragon dizia com as mãos na cintura demonstrando uma certa admiração.
— trezentos anos e você não envelheceu um dia sequer, o processo de envelhecimento dos Shikõs é bem lento mas você e o Jon são lendas vivas!
Kannot dizia enquanto tocava o braço de Dragon e o olhava firme. Seus os mostravam uma mistura de orgulho e tristeza.
— a vida eterna não é um privilégio, Kannot. Viver de mais cansa.
Dragon dizia enquanto abraçava Kannot.
— quem dera eu pudesse viver tanto, já estou velho e não sei quanto tempo ainda me resta. Se eu morrer fico me perguntando, “O que será dos humanos?”
— você diz isso porque tem certeza que o próximo a assumir o trono é o Jon não é mesmo?
— exatamente! Nenhum Shikõ é mais poderoso do que ele, nem os soldados, nem o concelho e nem mesmo eu tenho certeza se sou capaz de impedi-lo.
— entendo...
Dragon dizia com um tom de preocupação.
— mas você pode Dragon! Você é tão forte quanto ele e também tem um bom coração! Saberá manter a ordem e estabelecerá um eterno governo de paz!
Kannot dizia com um olhar esperançoso.
— você sabe o que eu penso sobre isso. Minha opinião ainda não mudou, já disse que não quero me envolver nisso! Não sou contra e nem a favor de ninguém, sigo suas ordens apenas isso.
— é verdade sua meta pro futuro é passar a eternidade no bar da família Bayle vendo os donos envelhecendo, morrendo e passando a direção do negócio aos seus filhos! Se eu não me engano, você conheceu o tataravô do Charles não foi? Como ele se chamava mesmo Rick?
Kannot ironizava a situação sem esconder seu ódio pela decisão de Dragon.
— Harry.
Dragon dizia enquanto virava as costas e saía.
— Dragon por favor, deixe esse pobre velho descansar em paz.
Os passos de Dragon pararam ao ouvir a voz de Kannot, seu coração doeu ao sentir o drama que aquele pobre velho estava vivendo. Se lembrou de como Kannot o havia acolhido, depois do incidente com seus pais, se lembrou também das vezes que ele os consolava nos momentos de tristeza. O Kannot foi o pai que ele e seus irmão precisavam naqueles dias difíceis.
— eu sinto muito pai.
com essas palavras Dragon saiu. Da sala e foi embora.


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