Depois daquela noite em que soube enfim parte da verdade a respeito de sua origem, Mikael demorou a ver o pai novamente, porque o seu tempo estava muito atarefado.

Como sua missão era muito importante e perigosa, ele precisaria despertar completamente seus poderes e dominá-los com excelência se quisesse se manter vivo para poder voltar a antiga vida. Durante aqueles dois meses em que passou desde que Isis o tirara da Universidade Swan e o deu a visão, ele vinha treinando constantemente tanto seus poderes divinos, quanto seu corpo nas artes da guerra com armas variadas que ia desde a antiga espada até as armas de fogo modernas. Todo esse treinamento físico deu a Mikael a polidez final para que sua beleza aflorasse completamente. De um garoto com um corpo magro e atlético com alguma definição natural, seu corpo nesses poucos meses devido ao sangue de seu pai, desenvolveu-se anormalmente com o treinamento. Para os outros que queriam ter o seu resultado com tão pouco tempo, levaria no mínimo um ano para obter. Mikael agora em nada lembrava mais aquele garoto, saindo da adolescência para se tornar um homem. Com o dobro do seu tamanho, Mikael havia crescido em altura também além do corpo que agora, poderia comparar-se ao físico de seu pai: medindo agora 1,90, corpo musculoso e largo, braços enormes, seu rosto se definiu numa forma muito mais masculina e sedutora. Quando ele andava pelas ruas do Egito, mesmo coberto ele notava que algumas mulheres paravam discretamente para observá-lo. Um homem alto, de cabelos negros longos amarrados atrás, olhos dourados, uma barba rala em seu rosto, um corpo de um daqueles atores de filme de ação bonitões da TV, e o que mais chamava atenção que era aquele sorriso zombeteiro que dava pra imaginar no que ele estaria pensando, e que as damas adorariam poder ser aquilo que inspirava aquele sorriso deslumbrante e sexy.

Mikael ainda ficava muito surpreso com tudo o que estava acontecendo com ele próprio. Apenas dois meses, foi o bastante para que Mikael ficasse quase ridiculamente irreconhecível fora seus olhos dourados, do menino cego da Universidade Swan que era um rapaz franzino e meio alto, comparado com o ele de agora.

Ele também se lembrou de todas as armas que ele nunca imaginou que iria ver, muito menos aprender a manejar. Mas a parte mais difícil do treinamento é sem dúvidas a sua parte da magia e controlar seus poderes. Todos os dias depois do treinamento com armas, ele ia até uma sala especial com os magos que serviam a seu pai que era comandado pelo estranho de cabelo preto trançado, com toga egípcia preta, e braceletes nos braços musculosos com olhos cor de ônix. Ele ainda lembrava como tinha sido, quando Isis o levara até ele naquele outro dia.

– Venha Mikael. Levarei você até seu novo professor de magia. – disse Isis, já prevendo qual seria sua próxima pergunta.

– Mas Isis, você não poderia me treinar? Você é a deusa da magia não é? – perguntou um Mikael esperançoso.

– Sou meu filho, mas no momento não disponho do tempo necessário que você precisa para lhe treinar, pois preciso cuidar da defesa da mansão para evitar intrusos indesejáveis como você bem lembra. – disse Isis.

– Ah sim, eu lembro bem. Mas então quem irá me treinar? – perguntou Mikael.

– Aquele que irá treiná-lo, é o braço direito de seu pai nos julgamentos do submundo, e foi meu discípulo muitos milênios atrás na magia. Ele é aquele conhecido como o deus dos funerais, e também como o deus da cabeça de chacal Anúbis.

– Anúbis? Aquele que é responsável por embalsamar o corpo e enviar as almas até a corte de julgamento de Osíris? – Perguntou Mikael.

– Esse mesmo, e ele está esperando. Vamos. – disse Isis para em seguida se dirigirem até a porta que dava para a sala de treinamento.

Assim que chegaram à porta, ela se abriu para revelar um homem meio alto de uns 1,75, cabelo negro trançado com fios dourados, corpo meio forte, mas definido, braços volumosos com braceletes de ouro trançado neles, e ao invés de uma toga, agora ele usava simples jeans escuros meio rasgados, com um tênis, e uma camisa de manga curta branca de seda que estava com os botões abertos até o meio. Sua face era amigável, seus olhos eram da cor de uma pedra ônix, lábio pequeno, nariz reto, sem barba, e ele o observava curiosamente e com um leve interesse adicional que Mikael notou, mas não deu muita importância naquele momento, devido ao seu nervosismo.

– Então é este o tão falado filho do rei? É um garoto adorável. – disse Anúbis carinhosamente agradável.

– Sim Anúbis, este será seu novo pupilo na magia. Será seu dever treiná-lo, para que desperte seus poderes e os faça crescer. Bom Mikael, durante 3 meses você ficará morando aqui nessa ala de treinamento com Anúbis e seus outros pupilos, até ele achar que você está pronto para sobreviver lá fora. Você ainda terá treinamento de armas com seu pai, mas a maior parte do tempo você ficará aqui com Anúbis. Agora o deixo em suas mãos Anúbis, mas tenha cuidado onde as coloca. – disse Isis com uma sobrancelha arqueada e um sorriso de divertimento enquanto saía da sala.

– Venha por aqui Mike. – disse Anúbis guiando-o até ao dormitório.

– Como você sabe meu apelido? – perguntou Mikael esquecendo que apesar de parecer um homem jovem normal, seu professor na verdade tinha vários séculos de existência.

– Isis e Osíris me falaram muito de você, meu caro aprendiz. Mas agora vá se trocar, para podermos começar despertando você. – disse Anúbis com uma cara diferente de antes que agora estava séria, e mostrava força e disciplina naquela face e que não admitia falhas.

Quando ele saiu, Mikael no dormitório observou o lugar onde ia viver agora. Era parecido com o quarto que ele vivia no orfanato: dois beliches um em cada lado do quarto, uma janela gradeada que dava pra ver as ruas do Cairo lá embaixo, um lustre pendendo do teto, e as paredes eram forradas de um azul marinho muito escuro. A comparação com o orfanato acabava ai, pois a diferença é que tudo era fino e caro. Os lençóis eram de um algodão fino egípcio muito caro, os beliches de uma madeira brilhante e de aparência forte, e travesseiros de seda e penas de ganso.

Enquanto ele tomava nota do lugar, ele se deu conta de um garoto que estava no beliche de cima de uma cama que o observava.

– Olá, eu sou Mikael. Qual o seu nome? – perguntou Mikael com a mão estirada para o rapaz desconhecido, que fechou a cara para a mão estendida e virou para a parede ignorando-o.

– É vejo, que nem todo mundo aqui é amigável por aqui. – murmurou Mikael enquanto escolhia a cama de baixo de onde o estranho rapaz o ignorara, Enquanto imaginava o porquê, e se alguma vez ele falaria com ele, ele o ouve pronunciar seu nome numa voz grave e desagradável.

– Meu nome é Alex, e cala a boca que eu quero voltar a dormir. – disse Alex virando na cama, e em pouco tempo Mikael o escutou ressonando enquanto dormia. Então surpreso por Alex ter lhe dirigido à palavra, trocou de roupa para uma toga egípcia branca com os pés descalços e foi ao encontro de Anúbis.