Wyrda escrita por Brisingrrr


Capítulo 22
Novos Tempos


Notas iniciais do capítulo

E depois de 3 MESES (!!!), Wyrda voltou!
Peço desculpas pela demora, mas nos primeiros meses foi por falta de tempo, e agora nas férias, por falta de inspiração. Mas estou aqui!
Sem mais delongas, leiam! Espero que gostem...

**As notas finais são longas, mas leiam! Tem uma novidade legal... (tá, vou contar, É UM MAPA heheh)



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O céu azul cintilava sem nuvens e era a representação do infinito. O dragão azul cortava a paisagem em alta velocidade, fazendo os fios castanhos do Cavaleiro em seu dorso chicotearem ao vento. Não havia nenhum solo sob eles, apenas o azul interminável que se estendia em todas as direções. As figuras solitárias, dragão e Cavaleiro, eram os únicos responsáveis por quebrarem a monótona visão.

Mas havia algo mais, algo que não podia ser visto, mas marcava sua presença latente e era responsável pela expressão radiante do Cavaleiro e dos movimentos relaxados do dragão. Felicidade. Era isso que enchia seus corações. Para Eragon, aquilo parecia estar se estendendo pela eternidade. Imaginava estar voando no dorso de Saphira há milênios e isso não o incomodava. Poderia ficar ali por eras! Algo impedi-a o de saber o que viera antes. Tudo o que podia se lembrar era do momento de glória e esplendor que vivenciava.

Ele jurava que poderia explodir! Saphira descrevia manobras mais rápido do que qualquer outro objeto no mundo! Sua gargalhada ribombava na eternidade, e todo seu ser vibrava na emoção do momento.

No entanto, algo interrompia a sua eternidade. Um zumbido, de início quase imperceptível, mas que se tornou inquietante, trouxe-lhe alguma noção. Seu infinito perdia-se, e ele lutava contra. Queria permanecer eternamente ali! A imagem diante de si distorcia-se, Saphira era agora apenas um borrão. Então, escuridão.

— Eragon? — a voz parecia provir de um túnel distante — Ele está acordando! Mande chamar Blodhgärm, rápido.

Sons dispersos tomaram forma, inclusive o de algo arranhando mármore, um chacoalhar de vestes e o raspar de alguma cota de malha. Suas pálpebras fechadas se escureceram ao serem obstruídas por alguma coisa gigantesca. Lentamente, abriu os olhos e pôde ver Saphira.

O dragão cobria todo seu campo de visão, se contorcendo para que pudesse mirá-lo com u olho extremamente azul.

Olá, pequenino.

Saphira, conseguiu esboçar um fraco sorriso enquanto as lembranças tomavam sua mente.

Imagens confusas vinham em flashes. Mentira, traição, Mor'ranr, Alanna, morte, mistérios, O Cinto de Beloth, e por fim, Arya.

Está confuso, Eragon?, Saphira transmitia-lhe toda a paz possível, mas as memórias eram fortes demais.

Confuso, não... Estou chocado. Quanto tempo se passou?

Algumas horas, você não dormiu por muito tempo. Mas isso foi suficiente para as coisas mudarem.

Se afastando um pouco para trás, Saphira permitiu que o campo de visão de Eragon alcançasse uma boa parte do recinto. Com surpresa, viu Arya de pé próxima à janela. Ainda tinha as feições mal tratadas pela moléstia, o corpo magro e a fragilidade de antes, mas agora mantinha-se de pé, tinha adquirido alguma cor e sustentava um sorriso pequeno nos lábios.

— Você vive — Eragon disse calmamente, em um tom que lhe pareceu extremamente abobalhado.

— Sim — Ela abriu o sorriso — Obrigada.

Eragon não respondeu, voltando a ficar imerso em suas reflexões acerca do que acontecera. Ponderou as consequências e sentiu um calafrio percorrer-lhe o corpo.

Lentamente, se sentou com as pernas pendendo na beira da cama e com calma pôs-se em pé. Com algum receio, caminhou até a janela mais próxima e esticou-se para fora, com uma pequena parte de si temendo o que poderia ver.

— O que... — ele começou, mas então a percepção da realidade tomou-o como um balde de águas gélidas sendo jogado em seus membros.

A floresta estava vívida, e parecia zumbir. As plantas, das menores e mais insignificantes até às antigas e majestosas árvores da floresta prosperavam. Eragon havia imaginado que diante todos aqueles acontecimentos, a floresta pagaria um preço por perder sua guardiã, mas o que via ali contrariava todas suas conclusões.

— Então, Alanna... ela agora vive na árvore? — ele questionou, maravilhado.

— Não só vive, como é a árvore, Eragon — Arya esclareceu — ela se tornou a guardiã.

— Mas, e Linnëa? — sua mente nebulosa fazia com que ele soasse como um tolo, e ele praguejava para si mesmo.

— Acreditamos que ela tenha partido para o vazio... definitivamente — a voz da elfa não demonstrava nenhuma emoção, apesar de demonstrar fragilidade se comparada ao vigor de outrora.

Um sentimento de perda assomou sobre Eragon ao mesmo tempo em que o alívio. Então, Arya não havia morrido e nem a floresta dos elfos estava em perigo, mas em contrapartida, a Ordem havia perdido uma Cavaleira e seu dragão de modo hostis, mesmo que para um fim sem maiores desgraças. Seu coração pesava em dor por Mor'ranr e saudava o sacrifício tanto do dragão quanto da Cavaleira, ambos por amor.

Ele se lembrou das palavras de Alanna que causaram-lhe receio, de seus atos peculiares e então pôde entender a extensão de sua personalidade e acima de tudo, da fervorosidade de seus sentimentos. Com uma adaga, uma lâmina tão simples, ela dera fim à entidade que a possuíra e fizera com que ela matasse sua própria metade... tamanha era sua dor, que aquela lâmina fora capaz de transmitir todo o sentimento para a árvore e tomar dela o poder.

Eragon estava admirado e consciente de que presenciara um dos maiores mistérios de sua vida, e sabia que aquele dia seria eternizado. Por histórias, lembranças, canções, poesias, conversas e por todos aqueles que um dia mirassem a Menoa, aquele momento seria eternamente lembrado.

Desde que a Nova Ordem começara a existir, nenhum Cavaleiro de Dragão ou um dragão haviam morrido, até aquele dia. Flashes do que ele presenciara vinham à tona, e Eragon deixava que eles preenchessem seu pensamento.

O que faremos, Saphira? Os elfos estão hostis devido ao que fizemos?, ele questionou, preocupado.

São poucos os que vêem isso com maus olhos, pequenino. Eles estão admirados com o que viram, e eles sabem, a culpa não foi sua.

Eu me sinto mal, não fui capaz de evitar essa tragédia... a dívida da Menoa era comigo, mas foi Alanna e Mor'ranr que pagaram.

Eragon, você não pode ser sempre o herói. Você teve sua parcela de importância, mas dessa vez o destino havia reservado uma vitória diferente. O verdadeiro heroísmo consiste em lutar todas as batalhas, não em sair vencedor de todas elas.

Alanna foi uma heroína..., Eragon olhou para seu dragão gigantesco com o coração se enchendo de paz.

— O que temos que fazer agora, Arya Dröttning? — Ele bloqueou os pensamentos tristes, sabendo que teria de encarar aquilo logo.

— Creio que, por ora, devamos descansar e prestar nossas homenagens... — Arya respondeu, apoiando seu peso em uma das pernas com a postura torta — Amanhã, no entanto, devemos celebrar. Uma nova era se inicia para minha raça, Mestre.

— Acredito que o momento não seja de festejos, Rainha. A Ordem perdeu Cavaleira e dragão em algo que...

— Foi uma tragédia, sim — Arya interrompeu-o com o cenho franzido — Mas existem muitos motivos de comemoração, veja bem: o que vimos foi a prova mais real do amor entre um Cavaleiro e seu dragão e isso jamais será esquecido; temos uma guardiã, e a floresta prospera e assim será pela eternidade; Alanna será lembrada para o resto da existência de minha raça como a heroína que livrou-nos de um destino que poderia ter sido muito nebuloso. Se celebrarmos, isso será mais um motivo de manter esse episódio na memória de todos.

Eragon não estava totalmente convencido. Imaginou que os elfos teriam algum período de luto, mas podia entender o ponto de Arya. Dali alguns anos, aquele dia seria lembrado como um dia glorioso, onde um milagre tinha acontecido pelo bem maior. Algumas perdas são necessárias para o bem prosperar...

— Quando sair daqui, dê atenção e suporte aos elfos que procurarem-no, Mestre — Arya voltou a falar, mais séria — eles estão contemplativos, mas devem procurar conselhos. Você é agora um sábio.

— Seguirei seu conselho, Rainha — Eragon sorriu — Se importaria de seguirmos juntos? Os elfos devem estar radiantes em vê-la bem.

— Oh, e estão... outro motivo de celebrarmos. Eu seguirei para o Castelo Tialdarí, e sua companhia é bem-vinda, Mestre — ela fez menção de sair da sala, mas Saphira se mexeu e ela deu passagem ao dragão que ocupava a maior parte do recinto.

Quando Eragon caminhou se aproximando dela para saírem, grande foi sua surpresa quando Arya passou seu braço pelo dele, enganchando-os. Então de maneira inevitável, Eragon lembrou-se de tê-la beijado mais cedo e suas bochechas e orelhas pontudas arderam, e ele torceu para que ela nada tivesse notado.

Mal deram alguns passos para o ar livre, um elfo se aproximou deles, cumprimentando-os com a formalidade dos elfos. Eragon percebeu que os olhos do elfo eram diferentes de qualquer um que já tivesse visto. Suas íris verdes eram brilhantes, mas enquanto o olho esquerdo possuía uma pupila normal, o direito exibia-a dilatada, cobrindo quase totalmente a coloração esverdeada. Aquelas pupilas desiguais pareciam pulsar.

O elfo apenas trocou algumas palavras acerca dos acontecimentos de mais cedo, e Eragon notou que ele não dizia aquilo com tristeza. Lamentava sim a morte do dragão, mas glorificava e exaltava Alanna. Eragon ficou feliz em saber que agora ela era vista daquela maneira.

Cavaleiro e Cavaleira seguiram de braços dados por entre as trilhas, árvores e construções, sendo interrompidos vez ou outra por algum elfo. Eragon viu alguns Cavaleiros ali, que cumprimentava mas logo sumiam, alguns visitando a cidade pela primeira vez e maravilhados.

Quando estavam entretidos em uma conversa acerca de Wyrda, com Saphira caminhando preguiçosamente atrás deles, Eragon avistou Orik, parecendo ansioso. Quando o rei anão aproximou-se, ostentava uma expressão descontraída.

— Oh, Eragon! Que bom que está de pé. Que história, não? Meus olhos não acreditam no que viram mais cedo — o anão, percebeu Eragon, usava o bracelete que recebera de presente dele, há tantos anos, quando fora coroado monarca — Mas eu estive ansiando vê-lo por outras razões.

— O dia de hoje será lembrado, Orik — o Cavaleiro sorriu fracamente — Diga, o que se faz tão importante?

— Bom, Eragon — o anão lançou um olhar divertido ao ver os braços de Arya e Eragon entrelaçados, mas nada disse — Eu poderia deixar o assunto para outro momento, mas creio que devemos resolvê-lo logo. O que vou propor é simples e espero uma resposta positiva — o anão deu um tapinha na lateral do nariz — Quero convidá-lo a visitar Farthen Dûr outra vez, irmos até a montanha oca e celebrar seu retorno.

Orik sorria, e Eragon compreendeu de imediato. Os anões não permitiriam que depois de tanto tempo, o Mestre da Nova Ordem dos Cavaleiros retornasse à Alagaësia e não lhes fizesse uma visita. Eragon sabia também que o pedido era sincero, que Orik desejava levá-lo até Tronjheim como convidado, amigo e irmão de clã, mas sendo também um rei, os motivos políticos eram óbvios.

— Será um prazer, Orik — ele sorriu genuinamente e Orik respondeu-lhe com um balançar de cabeça entusiasmado — Creio que minha estadia por essas terras se prolongarão para além do esperado.

— Rainha Arya, também está convidada para acompanhar-nos — o anão disse com polidez.

— Agradeço o convite, Rei Orik. Temo que não poderei aceitá-lo, mas agradeço-o.

Orik lamentou, mas compreendeu as razões da Rainha, e durante um silêncio momentâneo, Eragon aproveitou para brincar:

— Bem, me parece que sou o único que não detém o título de realeza nessa conversa.

O grupo riu, e Orik despediu-se alegando que faria com que Faydali e seu dragão Yurak saíssem das fronteiras da floresta e comunicassem os anões do visitante que receberiam. Eragon e Arya continuaram a caminhar, sem nenhuma interrupção até seu destino.

O Cavaleiro mantinha pensamentos acerca do que faria no futuro próximo rondando sua mente. Com Saphira ajudando-o e opinando, ele formou uma decisão. Duzentos anos longe daquelas terras foram suficientes para preencherem todo o seu ser de saudade e nostalgia, e sua volta deveria ser vista com alegria. Acreditava também que os povos da Alagaësia ficariam radiantes em conhecê-lo.

Com Saphira, sua parceira de mente e espírito, Eragon visitaria as principais cidades da Alagaësia levando o ovo de dragão restante. Levaria algum tempo, ele sabia, mas não seria nada comparado ao tempo que passara longe dali, e como o Mestre da Ordem, ele acreditava que isso fazia parte de suas responsabilidades.


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Notas finais do capítulo

Bom, e aí?
Tenho algumas coisinhas para dizer. Esse capítulo não é aquela coisa que eu diga "uau, que máximo né? Cheio de acontecimentos", não. Porém, ele foi essencial pra mostrar quais foram os rumos tomados e quais serão tomados.
Aliás, eu nem postaria ele hoje, mas como me deu um súbito, terminei de escrevê-lo, dei uma revisada rápida e precisei postar hahaha qualquer erro, de ortografia e tal, não se acanhem em me corrigir.
BOM, nesse meio tempo, a fic fez aniversário, passou Natal, passou Ano Novo... então, primeiro gostaria de dizer que nunca imaginei que ela fosse durar tanto, e só durou graças à vocês. E depois, que eu desejo que 2016 seja maravilhoso para todos vocês, meus queridos leitores! ♥♥♥
Acho que haverão mais uns dois capítulos, no máximo (snif, snif) que eu TENTAREI postar antes das minhas férias terminarem (daqui um mês, snif). E sobre reescrever, isso será aos poucos e acredito que levará tempo, pois é...

Eu falo demais, me perdoem!
Maaaas, ainda tenho coisinhas pra contar. Primeiro, vocês captaram a referência, hã? Vou deixar esse link e vocês reflitam: https://40.media.tumblr.com/72aa82578ee29d827e0ff07d511fce40/tumblr_o0ssfh9mh81rmfigjo1_500.jpg

*Captem a referência, por favor, captem a referência*
O elfo dos olhos desiguais ali de cima é uma homenagem, e vocês devem saber pra quem :'(

E tem outra coisa!!!
Bom, eu achei um site que nós podemos montar mapas! E eu montei um de Wyrda. Ele tem algumas alterações em relação ao que descrevi nos primeiros capítulos, mas quando eu reescrever a fic, ficará de acordo. Então, lhes apresento Wyrda:
https://fbcdn-sphotos-d-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xfl1/v/t34.0-12/12498783_1633403370254120_1619007159_n.jpg?oh=95a6dc1ed153eb4f65689a2c88996682&oe=569BE832&__gda__=1453002761_cabe805694959fba23bd78f7612e419c
(um pouco fora de escala, mas é o que deu pra fazer hahaha)
Eu fiquei apaixonada por esse mapa, sério! ♥


Então, eu acho que é isso... que eu me lembre, não preciso falar mais nada hahah falo pouco né?
Obrigada por me acompanharem até aqui! Sou muito grata e feliz por isso, cada companhamento, cada favorito e cada comentário me enchem de alegria.
Atra du evarínya ono varda! ♥



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