Wyrda escrita por Brisingrrr


Capítulo 10
Faelnirv


Notas iniciais do capítulo

Olá! Na data certa, hein?
Antes de tudo, quero agradecer por serem leitores tão bons, eu amo ler os comentários que recebo, e mesmo que não sejam muitos, me deixam extremamente feliz, eu realmente ganho o dia quando os leio. Enfim, sejam bem vindos, e tenham uma boa leitura, conversamos nas notas finais.



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Depois da luta extensa, os Cavaleiros foram dispensados e Eragon levou Murtagh para a Sede. Conversaram muito, e Eragon pôde explicar o que estava acontecendo. Viu a preocupação no rosto do amigo e ouviu seus conselhos. Murtagh também contou-lhe as últimas notícias da Alagaësia e como sempre, narrou algumas de suas aventuras. O rapaz estava feliz e contagiava Eragon.

— Murtagh, preciso que seja sincero, irmão.

— Certamente serei, Eragon. Me diga, o que lhe preocupa?

— Minha decisão. Acha correto que eu tenha enviado os Mestres e Feiticeiros?

— Irmão, você fez o que achava melhor. Se o fez, é correto pra você. A minha opinião não seria sábia, pois não sei dos seus motivos. Você só terá a resposta quando Blodhgärm fazer contato.

Sabendo que ele estava certo, mudou de assunto. Quando Murtagh havia chegado algo lhe incomodou, então perguntou:

— No meio do caminho não encontrou os dragões dos Mestres? Penso que seis dragões não passam despercebidos.

— Bom, eu não lhe disse, não é? Thorn e eu fizemos outra rota, não percebeu que chegamos pelo noroeste? Alteramos o caminho buscando alguma novidade no mar.

— Ah, não vá me dizer que acreditou nos boatos? — Eragon riu com estardalhaço.

Alguns boatos haviam sido espalhados por todo o Império, que em algum lugar entre a Alagaësia e Wyrda, no meio do mar revolto, havia uma ilha pequena, mas habitada. E não era só isso, os supostos habitantes seriam Ra'zacs, há tanto tempo escondidos por Galbatorix. O que era absurdo, considerando que o rei não havia expandido seus domínios para além do Hadarac.

— Só vendo para crer – um sorriso brincava em seus lábios, mas Eragon podia ver que ele acreditava, nem que fosse remotamente, naquela teoria.

— Ora, Murtagh...

— Eragon, só eu convivi com Galbatorix. Só eu sei do que ele era capaz e de quão longe poderia ir para garantir seu poder eternamente. Se existem boatos, por quê não investigar? Eu não quero que as coisas fujam do controle novamente.

— Desculpe, você está certo...

Foi interrompido pelo som estrondoso lá fora.

— Bom, acho que Saphira está de volta – Murtagh disse sorrindo e levantou, encaminhou-se para a saída e Eragon acompanhou, ao ver Saphira gritou: — Ei, dragãozinho, quanto tempo!

Quem é esse inseto saltitando aí, Eragon? Disse divertida. Parece que você está menor, Murtagh. Ah, é mesmo, fui eu quem cresceu, desculpe.

Saphira emitiu um som grave e rouco, sua risada. Eragon e o irmão riram também. Logo Thorn se reuniu a eles e cumprimentou Saphira com um rugido, ela respondeu batendo a cauda no piso de pedra e fazendo o chão reverberar sob seus pés.

Eragon caminhava distraído com Murtagh ao lado, quando olhou para o céu e viu os primeiros sinais do anoitecer. O manto acima deles estava se tingindo de roxo, substituindo o típico alaranjado do pôr-do-sol e o tempo começava a esfriar. De repente, lembrou-se de algo.

Alanna... — murmurou baixinho.

— O que disse? — Murtagh questionou curioso.

— Acabo de lembrar que prometi para Alanna, a elfa, que a visitaria hoje, se incomoda?

Murtagh riu e olhou-o malicioso.

— Parece que meu irmão tem bons planos para essa noite.

— Não seja tolo, Murtagh. Alanna é uma amiga – mesmo sem olhar o Cavaleiro, Eragon sabia que ele sorria.

— Ela pode ser sua amiga, mas você não é o amigo dela.

— Ora, Murtagh! — Eragon queria parecer irritado, mas não conseguiu, por fim, sorriu – Não sou como você.

— Pois deveria ser.

— E, não quer me acompanhar? Será mais agradável.

— Eu não acho que minha companhia vá agradar a elfa, ela se sentirá melhor a sós – gargalhou e parou o passo – e preciso descansar. Lamento, ahn, desapontá-lo – sorriu novamente.

— Então, preciso ir. Não posso me apresentar com a roupa esfarrapada e suada, depois de massacrá-lo na esgrima, não é?

— Olha só, precisa se arrumar para ver a amiga. E massacre não é a palavra certa, estávamos empatados – disse fingindo ressentimento.

— Qual a sua idade mesmo, Murtagh?

— 200 anos, estou no auge.

Diferente de Eragon, Murtagh havia envelhecido um pouco. Aparentava ter entre 30 e 35 anos, mas conservava um ar jovial, além das atitudes. Se despediram e Murtagh retornou para a Sede, onde ficava quando estava na ilha. Eragon foi até Saphira que não estava muito longe, junto com o dragão de um Urgal, e subiu até a sela.

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Bateu à porta duas vezes e ouviu alguém se aproximar. Não demorou para o rosto da elfa aparecer na fresta da porta, e quando viu Eragon, ficou radiante.

— Cavaleiro! Veio mesmo! Entre!

Ela saiu da frente da porta, dando-lhe passagem e ele entrou. Incerto de como devia lhe cumprimentar, pegou sua mão e a beijou, fazendo uma pequena reverência. Os olhos dela brilharam e ele imediatamente se arrependeu. Tudo o que menos preciso é que ela pense que há algum romantismo nesse gesto, pensou.

Tinha de admitir que o lugar era peculiar. Não se parecia com a casa de um elfo em diversos aspectos. Troncos, móveis exaltando a natureza e plantas quase não eram vistos. Mas muitos panos e pinturas enchiam o lugar. Um aroma de frutas maduras preenchia o lugar. Eragon sentou-se e a elfa se sentou ao lado.

— Sabe que Maidin voltou? Estava no meio das montanhas, insano! E ouvi dizer que o Cavaleiro Murtagh está de volta, sim?

A elfa falava muito, concluiu Eragon. Conversaram por minutos, passando repentinamente de um assunto para o outro. Eragon ainda estava deslocado, e a elfa continuava a bombardeá-lo de informações e perguntas distintas.

— Ah, Era... Cavaleiro! Nã...

— Pode me chamar de Eragon, sem problemas – ele sorriu simpático ao interromper o falatório da elfa – continue.

— Tenho licor, faelnirv, um dos melhores! Quer provar? Adquiri especialmente para a ocasião...

— Acho que uma bebida seria boa agora – ao dizer isso, a elfa levantou rapidamente e correu para uma portinha atrás deles, não demorou para voltar com dois pequenos frascos – há tempos não coloco uma gota de faelnirv na boca.

— Hoje é um dia para fugir das regras, Cavaleiro... — disse em voz baixa, voltando ao tom habitual acrescentou, apontando para os frascos – No modo tradicional! Como deve ser.

O Cavaleiro riu e pegou seu frasco, levando a bebida aos lábios e antes de bebê-la, sentiu o cheiro adocicado e forte, quando a bebida chegou à sua boca sentiu o gosto almiscarado da bebida. Sentia falta daquele sabor, da sensação de fogo descendo por sua garganta. Notou que a elfa observava-o divertida.

— O que é? — perguntou a ela fitando-a de modo desconfiado, com a testa franzida.

— Faz careta enquanto bebe – ela levou seu frasco aos lábios e estalou a língua depois de um longo gole – Não está acostumado com a bebida. Apenas aprecie.

Ele continuou a fitá-la, confuso, mas tentou fazer como ela. Concentrou-se no sabor e na sensação, notou no formigamento das suas orelhas e no pescoço, sorriu e tomou mais um gole. A bebida desceu queimando, trazendo uma sensação de conforto. Sentia-se estranho ali, mas bem.

— Certo agora? – questionou.

— Está melhor – ela sorriu e levantou novamente – Mas não beba mais, por enquanto. Tem comida na cozinha, venha.

Ela estendeu a mão e ele não viu problema em aceitar. Levantou-se e passou as mãos pelos cabelos castanhos, a elfa já seguia para a portinha e ele acompanhou. Ao entrar na pequena cozinha sentiu o cheio de frutas se intensificar.

— Espero que não se importe que tudo sejam frutas e legumes – sentou-se e apontou para a cadeira a frente dela – há sopa de frutas, tem essa salada e algumas frutas cozidas aqui – ela dizia e apontava – e para comermos depois há frutas frescas. Espero que goste.

— Com certeza, parece tudo muito bom – ele sorriu, já notando a mente um pouco bagunçada como efeito do licor.

Eles comeram, entre conversas e risos. Eragon se sentia bem mais à vontade, e a elfa parecia relaxada. Depois de terminarem, voltaram para a pequena sala e Alanna sentou-se no chão, com as pernas cruzadas, Eragon fez o mesmo, recostando-se.

— Acho que já é hora de voltar ao faelnirv – ela estendeu o frasco outra vez e ele pegou – Eragon, eu posso lhe perguntar algo íntimo?

Um pouco temeroso da pergunta, mas não tanto quanto se estivesse sóbrio, Eragon concordou com a cabeça, e acrescentou:

— Espero que eu possa responder – tomou mais um gole da bebida e riu.

— É sobre minha rainha... só uma confirmação... - Eragon levantou a sobrancelha, surpreso. Fez um gesto com as mãos para ela continuar – Bom, eu já ouvi dizerem que... você ama minha Rainha.

Eragon quase engasgou ao ouvir isso. Nunca havia sequer desconfiado de que esse tipo de rumor existisse. Ninguém sabia ao menos da forte aproximação que eles tiveram, quem dera insinuar isso, algo que nem ele podia ter certeza.

— Eu... respeito muito Drottning Arya, e acho inconveniente que digam isso. Ambos, somos instrumentos de paz. Isso... isso não existe – mesmo bebendo o licor, sentiu a garganta seca ao dizer isso – Arya foi e é uma grande amiga. Sem ela e seu apoio, jamais teríamos a paz.

Curiosamente, Eragon viu satisfação nos olhos da elfa. Isso incomodou-o, mas sabendo que sua mente já estava embaralhada acreditou que fosse mera impressão.

— E, nunca amou ninguém? - a elfa aproximou-se dele, pousando as mãos nas pernas cruzadas do Cavaleiro, que estremeceu ao toque.

— É claro que já amei, e amo. Saphira é a principal – ele disse sorrindo, tentando amenizar a tensão.

— Sabe do que estou falando, Eragon – ela fitou-o mais intensamente, intimidante, como se lesse seus pensamentos.

— Nã... não – ele estava incomodado com a situação, mudou a posição, fazendo com que as mãos da elfa caíssem frouxas ao seu lado.

— Não sabe como é terrível amar sem ser correspondido... - a elfa disse com tristeza na voz – eu entendo a Menoa, entendo muito bem. Ela sofreu por amor, tentou salvar sua dignidade depois de ser traída por quem amava. Ela não é má, sabia? Ela só amava, e não era correspondida como merecia.

Eragon sentiu um arrepio ao ouvi-la dizendo aquilo. A Menoa era agora a guardiã da floresta, mas quando ainda era a elfa Linnëa, matou seu amado por tê-la traído, e envergonhada por sua atitude, cantou até fundir-se com a árvore mais antiga da floresta dos elfos. Ao dizer isso, Alanna defendia a atitude da elfa, e isso assustou o Cavaleiro.

— Hoje a Menoa é parte importante do equilíbrio da natureza, mas porque redimiu-se dos seus atos – ele disse isso tentando abrir a mente de Alanna.

E notou também que, Alanna dizia isso sem saber do que acontecia. Ela não sabia sobre a vingança da Árvore, não sabia sobre Arya. Isso fez Eragon lembrar que, apesar da proteção que a árvore oferecia, ainda mantinha a vingança em si. Ainda cobrava seus preços.

— Eu entendo, Cavaleiro. Mas, pense, se você descobrisse que foi traído por seu amor, não ficaria desolado? O que faria?

— Com certeza, eu não o mataria – ele disse convicto.

— Isso foi a consequência da personalidade de Linnëa, mas eu acredito que o maior ato de desolação, foi se transformar em árvore. Ela não fez isso por vergonha, ela fez isso para ser lembrada, ela se fundiu com a árvore para virar uma consciência mais pura, ela temia que a morte não pudesse poupá-la de si mesma, ela fez isso para livrar-se do próprio fardo – a elfa disse tudo com tanta certeza e intensidade, que seus olhos brilhavam.

— Como pode dizer isso? Como chegou à essas conclusões? - Eragon já estava receoso e assustado com tudo que ela dissera.

— Porque, Eragon, eu a entendo, eu penso como ela.

— Como? - ele estava confuso, não conseguia organizar seus pensamentos.

— Não é que eu tenha sido traída, nem nada parecido, Cavaleiro – ela sorriu, agora relaxando a postura – mas é que eu consigo entendê-la, apenas isso. Ninguém mais entende, porque olha para a história dela, acusa-a por seus atos, mas a glorifica por se redimir. Ninguém vê, ninguém realmente vê o real significado. Não pense que eu sou louca por dizer essas coisas, e nem peço que acredite em mim, mas é o que eu sinto e vejo. Não julgo a Menoa, no fundo, todos fariam o mesmo que ela, só não têm coragem.

— É uma reflexão curiosa – Eragon sentia-se atordoado, precisava ir para casa e ficar sozinho, aquilo fora muito intenso e inesperado.

— É sim, Cavaleiro – ela sorriu e pegou a sua mão, tirando o frasco de licor de suas mãos – e acho que bebeu demais.

— E está tarde – ele tentou esboçar um sorriso – tenho que ir, obrigado por hoje.

Despediram-se rapidamente, Eragon saiu e caminhou pelo bosque consciente do que fazia, mas com os sentidos não tão aguçados. Depois do que pareceu uma eternidade, avistou Saphira, subiu no dorso do dragão e só se lembrava de ter chegado até a sua casa e adormecido imediatamente.


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Notas finais do capítulo

(Aquele monte de — foi o único modo que encontrei pra "pular" o acontecimento)
E aí, pessoal? O que me dizem desse cap? Eu espero mesmo que tenha agradado, ele foi mais leve, mas acho que essencial, porque expus a personalidade da Alanna... Como eu disse, a ação MESMO logo vem, acalmem-se.
Opinem, critiquem, palpitem, corrijam, enfim! Me conte o que acharam do capítulo e como vêem a fic de modo geral, me deixem feliz! ahahah
Ah, sei que esse papo com a Alanna feio meio "oi?", mas eu precisava escrevê-lo, precisava que ela mostrasse a sua opinião auauhah
Ah, tive um sonho esses dias, bobeira, mas quero contar. Sonhei que entrei no Nyah e vi uma recomendação, quase caí da cadeira, aí eu fui ler e a pessoa xingava e criticava completamente a fic (o que não tem sentido nenhum, porque as recomendações são "avaliadas" né?), e daí toda hora que eu atualizava a página uma nova recomendação aparecia, com xingamentos e tal, foi um pesadelo pra dizer a verdade auhausuahsu foi bem bobo, mas eu acordei até atordoada, porque em uma dessas "recomendações" a pessoa me dizia coisas pessoais, foi horrível hahahah
Enfim, né? Obrigada por lerem, e próximo cap vem dia 5 de abril, na Páscoa! hahah é isso, até a próximaaaaa!



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