Be Mine escrita por Pipe


Capítulo 4
Capitulo 4




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BE MINE

Sem preocupações e com uma boa refeição no estômago, John tirou uma sesta comprida. Quando acordou, alguma coisa tinha mudado no apartamento. Depois de uma ducha, ao entrar na cozinha, notou um frigobar no canto, ao lado da geladeira. Imaginando que finalmente Sherlock resolveu por suas experiências num local apropriado, abriu a geladeira.

Havia dois potes enormes com um líquido dentro, um com um nariz outro com um osso do braço. Rindo, John abriu o frigobar. Dentro, vários itens comestíveis, até uma caixinha de 250ml de leite.

“Cada um com suas prioridades”. E foi para a sala.

–Sherlock, por que tem DOIS potes com pedaços de corpos dentro?

–Porque estou verificando quanto tempo leva para o estômago digerir pedaços humanos, seja cartilagem ou ossos.

–Como você conseguiu tanto suco gástrico?

–Eu estou simulando através de ácido clorídrico, ácido lático e enzimas sintetizadas.

–Para um artigo ou um caso?

–Bem, é para um artigo, mas você já viu que os casos de canibalismo andam aumentando... quem sabe não pode ser uma informação útil?

–Sher?

–Sim?

–Olhe pra mim. Não, estou pedindo pra você olhar pra mim, mesmo. Nos meus olhos. Me encare, Sherlock Holmes! Nem precisa ser um mestre na arte da dedução pra saber que você vasculhou os sites de filmes pornôs, não é?

–EU NÃO! Bem, só alguns... eu precisava de algo mais explícito, sabe? Só os catálogos de sex shop ou informações nos fóruns não me satisfizeram...

–A maioria é exagero. Nem nos heteros se faz ou se gosta de tudo aquilo. - Watson suspirou – Pelo menos agora você tem uma noção do que te espera.

–Mais do que uma noção, diga-se de passagem. - Sherlock deu uma risadinha maliciosa. - Mas acredito que meu namorado vai ser paciente com a minha primeira vez.

–Se ele vai, ótimo. Já marcou um encontro?

–Ainda não. Mas suponhamos que sim, já saímos, já conversamos, ele parece interessado, ou pelo menos, não é avesso às minhas investidas, eu só tenho que me declarar? Assim, simplesmente: “Quer namorar comigo?”

–Se ele não é avesso às suas investidas e se ele estiver acostumado com seu jeito direto, sem rodeios já, sim, é melhor. Se ele for negar, já corta de vez.

–Bem, claro. Sem rodeios, de ambos os lados. É. Melhor assim. Eu prefiro também. - E se levantou. Ajeitou o roupão, passou as mãos pelos cabelos e pigarreou. - John...

–Sim, Sherlock?

–Eu... ahn... o que você achou do frigobar? E ainda achei um mercado que permite fazer as compras pela internet além de entregar em casa.

–Perfeito para os dias atuais, em que as pessoas estão cada vez mais reclusas. Bem, vou fazer um chá, já que hoje HÁ LEITE!!

–Tem creme e biscoitos de canela também.

–Louvado seja Deus, milagres realmente acontecem! Quer também?

–Sim, por favor.

Enquanto comiam, John notou que Sherlock estava ausente novamente...

“Ele deve estar ensaiando as falas, como quem joga xadrez supõe os movimentos. Desista, meu caro. O ser humano é imprevisível.”

–Você está pensando...

–Sim, eu faço muito isso... você devia tentar um dia...

–SHERLOCK!

–JOHN! - e de repente, o detetive se levantou e foi pra sala, o roupão voando pelo ar , começando a andar de um lado para o outro.

Holmes estava tentando com afinco ser paciente, mas...

–Sherlock! Calma! Põe pra fora! Se você está tão angustiado em se declarar, marque um encontro, vai conversar com ele, mas você tem que estar tranquilo, mas não por os pés pelas mãos e...

FOR HEAVEN'S SAKE! Eu sou mesmo muito filho da minha mãe para me apaixonar justo por uma pessoa de raciocinio lento como você. Eu estou dando todas as pistas, estou me declarando desde a manhã e VOCÊ NÃO PERCEBE, NÃO ENTENDE, COMO PODE SER TÃO ESTUPIDAMENTE LERDO, JOHN WATSON?

John desabou na poltrona. Seus joelhos falharam e ele caiu sentado.

–Se declarando... pra mim?

–Sim, sua besta de dois neurônios. E acho que eles revezam, porque não é possível ser tão lerdo.

–Você... eu... o homem que você ama... sou eu?

–Agora entrou em curto. - Sherlock riu. - Sim, cabeçudo. Eu amo você. Segui todo o seu roteiro de paquera e mesmo assim você não percebeu. Ai, Watson, como você consegue?

John pigarreou, tentando ficar sério e bravo com o outro, sem sucesso. E agora que foi revelado, sim, ele via claramente. Sherlock tinha feito café da manhã pra ele, o convidou para sairem e conversar durante uma refeição, durante todo esse tempo o tocou para saber se havia resistência à aproximação e...

–O frigobar é uma pequena concessão...

–Era o maior que tinha no catálogo, então não é tão pequena assim.

–Mas se eu sou tão lerdo, por que eu? Você merece coisa melhor...

–Você é o melhor! Não se substime tanto assim. Se você está relacionando “coisa melhor” com “algo semelhante”, sua linha de raciocinio está errada. Uma pessoa semelhante a mim seria um desafio constante, fato, mas também muito cansativo. Meu cérebro não desliga, mas meu coração precisa de descanso.

–Isso foi romântico...

–Gostou?

–Aposto que não é de sua autoria. Bem, eu pedi para você por pra fora e você colocou!! Então vamos seguir o roteiro.

–O que falta? - Sherlock ergueu uma sobrancelha.

–Você se declarou. Eu tenho que aceitar ou não a sua investida.

–Sério?

–E não? Como você sabe que eu também sinto o mesmo por você?

–Durante o dia todo, todas as vezes que eu toquei em você, você prendeu o fôlego, seu pulso acelerou e vi você molhando os lábios, sinal que a boca também ficou seca.

–Nunca vou poder esconder nada de você.

–Você é uma pessoa sensível, logo transparente. Mas vamos terminar com isso. John, quer namorar comigo?

–Eu devia assinar um termo de sanidade antes, porque vão achar que eu enlouqueci. Sim, Sherlock, eu quero.

–ISSO! Agora eu posso te beijar como eu queria desde manhã. Preste atenção, cavalheiro, enquanto eu demonstro que eu não sou um caso perdido de inocência...

E com um passo mais largo se aproximou, ladeando a cabeça de Watson com as mãos. Inclinando a cabeça, com a ponta da língua lambeu os lábios de John fazendo primeiro toda a volta antes de beijá-lo e tentar fazer o mesmo por dentro.

Sim, tentar. Porque alguém também queria beijá-lo desde a hora do almoço e achou que era a melhor hora para demonstrar outro ponto de vista: o de que talvez o parceiro também fosse sexualmente agressivo.

Com movimentos rápidos, Watson passou a rasteira em Sherlock, fazendo-o cair em seus braços -sem que as bocas tivessem se separado muito – e aprofundou o beijo, a sua língua comandando a batalha interna. Enquanto isso, descia os corpos para o chão, a fim de obter mais contato (e fricção) entre eles. Após virar muito a cabeça, mantendo a boca de Sherlock aberta o tempo todo, entre investidas da língua por dentro e ao redor dos lábios, John ainda terminou mordendo seu queixo.

Ao sentar em cima do namorado, Watson riu. Sherlock estava largado no chão, ofegante, corado e com os olhos fechados.

–Vou adorar ser seu professor de amor, Sher.

–Acho que vou gostar das suas aulas, professor Watson. Você sabe defender um ponto de vista...

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Algumas semanas depois:

John subia as escadas com um pacote de biscoitos frescos. Ele tinha passado em frente a essa confeitaria e não resistido ao cheiro bom que saía de lá. Sherlock amava biscoitos de nata durante o chá. E tinha novidades...

–Sher! Você não sabe quem eu encontrei no caminho, depois de atender meu paciente! Sabe aquela garota... - mas parou ao encontrar a cena familiar na sala.

Só para variar, Sherlock e Mycroft estavam se enfrentando. Com certeza eles tinham parado de gritar um com o outro assim que a porta bateu, mas os olhares ainda cruzavam as lâminas.

–Olá, John. Você estava dizendo?

–Olá, Mycroft... me perdoem, não sabia que você estava aqui. Problemas?

–Hoje não. Só vim entregar uma coisa que minha mãe mandou e avisar que Wilhelmina chega daqui a duas semanas. Mas por favor, pode concluir sua frase.

Sherlock bufou, sacudindo a cabeça:

–Conte para a vizinha fofoqueira. Se ele não souber algo por bem, vai saber por mal.

–Trivialidades do mundo. - John abanou a mão – Sabe aquela garota com quem eu ia sair, aquela vez, que me deu um “bolo”? Encontrei-a lá do outro lado da cidade, no caminho da casa do meu paciente. Ela me contou que naquela noite ela não foi porque havia um rapaz ferido no caminho, sem identificação nem nada e que ela o ajudou, levando para o hospital e ficando com ele até alguém da família viesse. Quando ela se lembrou de mim, já tinha se passado algumas horas.

–Tudo bem. Mas e no dia seguinte, porque ela não entrou em contato se desculpando?

–Porque o rapaz ferido era um modelo famoso, a família dele ficou tão feliz por ela ter ajudado que imediatamente arrumaram uma viagem de recompensa. Como as férias dela iam começar no dia seguinte, ela nem pensou em mais nada. E quando ela voltou, ficou com vergonha de entrar em contato, tanto tempo depois.

Sherlock ergueu os olhos do note para Mycroft, que negou levemente com a cabeça.

–Agora pra novela ficar melhor, só falta ela ter te dito que se eles se apaixonaram e se casaram. - brincou o Holmes mais velho.

–Eu brinquei com ela, dizendo que ela tinha era se apaixonado por esse modelo e me deixado porque o outro era bonito e jovem, mas ela riu, afirmando que não tinha chances porque o cara era gay.

John ficou sem entender o porquê de Mycroft cair na gargalhada e Sherlock entrar em choque, piscando muito os olhos verde-azulados.

–Bom, vou fazer um chá. Nos acompanha, Mycroft?

–Não, obrigado. Vou continuar com meu dia atarefado. Sherlock, só posso me lembrar do dístico daquela série de TV americana: “Os negócios da família”.

–É quase uma máfia...

–Quem sai aos seus, não degenera. Tenham um bom dia, meus queridos. - E saiu.


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Notas finais do capítulo

N/A: Sim, “The family business”. Porque eu adoro referências. Bom, terminamos por aqui, porque o sexo propriamente dito, as “liçoes de amor do professor Watson” terão uma fic própria. Wilhelmina, tão citada e facilitadora dessa história também terá uma fic só pra ela, mas não, ela não será personagem constante. É apenas fruto de uma brincadeira interna, e apesar de quem me conhece saber o quanto eu gosto de colocar alter-egos interagindo com os personagens nas minhas histórias, vamos ver se pelo menos nas séries, eu seguro o vício.

Para quem leu, muito obrigada. É bom estar de volta e num fandom novo. A fic foi mesmo escrita em menos de uma semana, como nos bons tempos de inspiração. With a little help from my friens. 15/11/2014.




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