Foi só Um Sonho ? escrita por waloomwen


Capítulo 9
Somos Divas!




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Enfim cheguei em casa. Já estava enjoando com o cheiro da maresia. Fui para meu banho, eu merecia, meus cabelos gritavam por um creme. Tomei banho e fiquei em meu quarto, dormindo. Na verdade eu não consegui dormir, fiquei pensando no Jake, na praia e, infelizmente, no Edward. Por alguns segundos eu tive que pensar se aquilo realmente estava acontecendo. É frustrante você encontrar com uma pessoa que sempre desejou, achando que o momento era mágico. E logo isso de boas vindas na cidade. Já estou de saco cheio daqui e mal cheguei.
Eu não queria ficar ali remoendo os acontecimentos. Eu já estava começando a ficar triste, então resolvi chamar o Emmet para sair. Nós tínhamos essa idéia desde que chegamos, mas não conseguimos realizar. Agora sim...
- Emmet. - Bati, ou melhor, soquei a porta. – Emmet, vamos, grandalhão, sai desse quarto. Vamos dar uma volta. Anda, sai.
Ele não respondeu, mas eu sabia que ele estava em casa. Só havia nós dois, e a Alice estava no quarto falando com suas amigas do Arizona. Insisti.
- Sai, Emmet. Vamos sair. Vamos sacudir essa cidade. - Quem vê até pensa. Coitada de mim, eu era a típica “muito fala, pouco faz”.
- Calmaê, garotinha. Deixa eu me trocar.
- Emmet, nós vamos à cidade e não a algum evento. - O que ele estava pensando? Parecia até uma noiva se arrumando pro casamento.
Quando Emmet saiu do quarto, ele estava arrumado, ou melhor, engomado.
- Emmet, o que é isso no seu cabelo?
- Gel fixador. Gostou?
- Se não estivesse puxando todo seu cabelo para trás como um nerd, até que ficaria legal!
Coitado. Estava com gel no cabelo, blusa gola pólo, calça jeans escura, cinto e sapato social. Ele estava realmente querendo impressionar.
- Emmet, pra que isso tudo? Você tá horrível.
- Mas é pra atrair as gatas inteligentes, Bella - ele já falou fazendo bico. Coitado, já sacaneei o visual dele.
- Sei que você quer esse tipo de garota, mas não é assim que você vai conseguir. Esse estilo não combina com você, tem que ser como você é, mostrar sua personalidade.
- Ah, Bella, era isso que eu queria ouvir!
Antes de eu agradecer, ele bateu a porta do quarto na minha cara e provavelmente foi trocar de roupa. De novo.
- Tô bem agora? Tô Bem? Diz ai, tô gato?
De jeito nenhum ele tava gato, agora ele exagerou. Chinelo, calça com a boca rasgada e uma blusa... bem, só o que tenho a dizer é que ela tem um furo no sovaco. Hehe, foi pra guerra e nem me chamou.
- Mas será possível que você não sabe o que é ser casual? Se expressar com suas roupas. Vou ter que te ajudar.
Fui para o quarto de Emmet “procurar” uma roupa decente. Se eu conseguisse chegar ao armário dele já seria um grande avanço, tinha roupa por todos os lados, meias sujas, latas de cerveja e....
- O que é isso? – peguei com nojo uma revista pornô. Sim, era pornô.
- Bella, onde você achou isso? Eu estava procurando a tarde inteira.
- Aff, Emmet. Pode deixar que eu não conto nada pra mamãe. De nada, tá?
- Ih, cara... a coroa. Tomara que ela não veja. Obrigado, baby. - Piscou pra mim escondendo rapidamente a revista.
Fui até o seu armário, foi um alívio não encontrar um rato entre suas roupas espalhadas. Achei uma camisa estampada e um tênis básico.
- Agora vista isso, cara. - Adoro dar uma de personal stylist. - Sim, quase perfeito, só falta um... pequeno... ajuste - falei já me esticando e bagunçando seu cabelo. –Ah, agora sim. Se não fosse meu irmão hein. - Pisquei
- Rola um sentimento, gata? - ele entrou na brincadeira.
- Siiiiiiiiiiiim. – Emmet correu em minha direção, me pegou no colo e me carregou escada abaixo.
Rimos muito daquela cena. Então avisamos a mami’s que iríamos sair e fomos com o carro de Emmet.
- Cara, pra onde a gente vai? – Emmet perguntou.
- Não sei. Vamos até o centro da cidade, deve ter alguma coisa boa por lá.
Após alguns quilômetros, chegamos a um lugar que não era bem uma “coisa boa”, mas que dava para se distrair.
Era um bar. Mas um bar com um ar bem anos 80, com coisas bem coloridas, e as atendentes usavam patins. Até que era um barzinho legal. O Emmet adorou, né. Tinham aquelas garotas com saias curtas e blusas brancas aparecendo a barriga. Pareciam as mulheres do Rooters!
Fomos em direção à bancada. Lá não vendia bebida alcoólica, mas tinham coisas legais, com nomes diferentes.
- Me vê um Milk Monkey Red. - Era um tipo de milk shake de banana com frutas vermelhas. Até que era bom.
- Ô mocinha, eu quero um Purple Juice Sugar. - Emmet pediu um suco de uva muuuito doce.
Depois que ele provou e sentiu o doce do suco, deu um pequeno ataque.
- Ô garota, você quer que eu fique diabético? Tá maluca, essa parada é muito doce. Se tivesse uma vodka aqui, dava até pra... - Emmet fez uma cara que diz que ele teve uma grande idéia. - Desculpe meu ataque. Meu anjo, será que você poderia me arranjar gelo?
Enquanto a garota ia pegar o gelo, ele tirou de um dos bolsos uma pequena garrafa de vodka.
- Emmet, de onde você tirou isso? - sussurrei
- Fica quieta, Bella. Eu peguei no avião, é amostra grátis. Quer um pouco?
- NÃO.
- Shiiiiiiiiiu, cala a boca, garota burra. Eles não podem me ver com essa garrafinha.
- Senhor, seu gel... - Merda, a atendente viu. Pronto, vai nos expulsar daqui.
- Olá, baby, que bom. Olha e sobre o...
- Fique tranquilo, senhor, eu não falarei nada. - Já vi pela cara que era vagabunda. Ela deu uma piscadinha pro meu irmão, que parece ter entendido. E não é que ele correspondeu? Safados.
Após aquela cena “te espero lá fora”, fomos em busca de uma mesa. Meu irmão parecia uma raposa. Ficava de olho em todas as saias que passavam. Por isso estava procurando pela revista. Desde que a vagaranha da ex dele o chifrou, ele ficou no perigo. HAHAHAHA.
- Emmet... Emmet, olha lá... tem um karaokê! - falei apontando, sabia que ele iria dar show.
- Que show, mano. Vamos lá fofa, vamos fazer um dueto. - Não acredito que ele falou isso em público.
Tudo bem, eu gosto de cantar, mas passar vergonha na frente desse povo todo já estava fora de questão. O demente do meu irmão já estava pra lá de Bagdá, não sei como cabiam tantas garrafinhas de amostra grátis no bolso.
- Vamos, Bell’s. - Ele me arrastou até um pequeno palco que tinha, bem no centro do bar. - Vamos escolheeer, vamos lá... Huuum... acho que vou querer essa aqui.
Putzgrill. Ele escolheu “Like a Virgin”. Não tô acreditando. Essa era a música da moda quando minha mãe tinha a minha idade. Agora acabou. Depois de sermos forasteiros malucos, seriamos os virgenzinhos do Arizona.
Emmet apertou o play empolgado. E eu não estava acreditando na super produção que tinha naquele bar. Imediatamente vieram duas garotas colocando em nós óculos brilhantes, black power, peruca colorida. Enfim... Estávamos enfeitados como se viéssemos da máquina do tempo.
- Que mico, Emmet. Não estou mais a fim de cantar, corta essa.
Foi tarde. Quando acabei minha frase, a música havia começado e meu irmão estava com os braços pra cima animando sua pequena platéia.
Ai meu Deeus, o que eu tô fazendo aqui, onde eu vim parar? Eu quero a minha mãe....
Ainda por cima a jumenta da garota colocou em mim o black p. e no Emmet... HAHAHA... uma peruca ROSA. Ele estava com uma varinha e asinhas de fada. Baraleo, é hoje que essa noite não acaba.
Nessa hora queria que os seguranças vissem como meu irmão tava chapado e mandassem a gente embora dali. Com certeza eu não iria mais voltar, mas a BENÇÃO do meu irmão já estava cantando...

Listening: Like a Virgin/Madonna

I made it through the wilderness
Somehow I made it through
Didn't know how lost I was
Until I found you


Que merda, na última frase ele se engraçou com um cara sentado na nossa mesa. E adivinha que era aquele cara? Jorge, sim, a bichona da escola, que, além de apaixonada pelo Emmet, adorava a Madonna, porque era o único que estava acompanhando a letra. E eu... hunf, com cara de tacho em cima do palquinho, até que um cara assoviou pra mim.
- É isso aí, garooota, vamos lá. Desperte a virgem que existe em você!
- Vai me encarar, baitola. - Tem alguma coisa errada nesse bar. Coisas coloridas, drinks com nomes fofos e estranhos. NÃO DÁ PRA ACREDITAR, esse bar só pode ser...
- GAAAAY...
- É isso aí, querida. Arrasa, pintosaaa. UÚÚÚÚÚU.
E agora... o Emmet estava passando a varinha pelo tórax barrigudo da bicha escolar, e eu sendo incentivada por uma bicha. Corri até Emmet, que parecia não ligar ou não saber o que estava rolando.
- Emmet, cara, vamos sair daqui, esse bar tá cheio de bicha.
Emmet não ligou, mas, quando chegou o refrão, ele deu um tapa na minha bunda e me pegou pela cintura.

Like a virgin Touched for the very first time Like a virgin When your heart beats Next to mine

Ele pegou minha mão, colocou no peito que magicamente havia aparecido em nossa customização e continuou a cantar. Eu fiquei impressionada, ele sabia a letra da música toda. Ele estava animado cantando. Eu tinha que fazer alguma coisa. Amanhã quando ele ficar lúcido, vai querer me assassinar.
- Chega dessa, baitolada. - Fui com toda minha ignorância desligando o Jukebox.
- Peraí, irmã, deixa a música acabar.
- É, deixa sim, colega.
- Cala a boca ai, sua bichona. - Ouvi alguém fazendo um “snif”, mas não ia ficar assim.
- Emmet, aqui é bar de bicha, homossexual, frangas, peruas.
- Epaaa, perua não. Tá louca, meu bem. Somos poderosas, pintosas, glamurosas, somos DIVAS!
- Putamer... aqui é lugar de bicha mesmo. Vambora, Bella, antes que alguma dessas coisas aí queiram me atacar.
Saímos correndo do bar e largando o dinheiro dos drinks na bancada. Mas ainda não era o fim.
- Peraí, gato, meu telefone - falou a mulher dada que servia os drinks.
- Opa... Peraí, Bella. - Ele parou bruscamente a corrida e pegou o pequeno pedaço rosa de papel.
- Me liga, tá. Vou esperar.
- Claro que... peraí, aqui diz Roberto?
- Sim, meu nome, né. Dã, o que você queria? Joana, a feiticeira? Aqui é um bar GLS, meu bem, pensei que vocês estavam à procura de uma companhia.
- Peraí, você tá insinuando que eu sou o quê? - falei irritada.
- Ué, pensei que fosse lés...
- Opaaa, você falou com a pessoa errada, sua bicha vagabunda.
Voei no pescoço daquele traveco. O que ela tava pensando? Eu, sapatona? Me poupe. Enquanto eu estava sufocando a bicha, meu irmão tava analisando o papel. Burro da porra, ele num tinha percebido que era um travesti.
- Bella, por que ela é Roberto?
Respondi entre gritos.
- PORQUE É UM TRAVECO, SEU IDIOTA. - Não iria largar o pescoço daquela biba pra explicar pro meu irmão o que era uma bicha.
- Ei... Não acrediiito. Os peitos dela são tão perfeitos.
- IDIOTA, ESPUMA, OLHA SÓ. - Arranquei o peito daquela bicha. Que agora, além de traveco, era despeitada.
- Sua filha da mãe, você vai se ver comigo agora. Me iludiu, e eu já achando que ia achar a garota esperta que tava procurando.
Emmet se tocou e também pulou a bancada para dar uns bons safanões naquela coisa. Até que os seguranças apareceram e nos tiraram de cima daquela coisa.
- Vocês... demoraram... hein... Ricardões - falou a bicha, ofegante.
- Não se mete que sobra pra vocês também - falei me sacudindo sem sucesso, porque o Ricardão número 1 havia segurado meus braços, e o outro... HAHAHAHA... estava encoxando Emmet, que se viu acuado e saiu correndo sem ser segurado pelos caras.

Já do lado de fora, dei um soco no braço do meu irmão.
- IDIOTA. Já basta a gente estar num bar gay e você chapado... e ainda se insinua pra bicha escolar cantando like a virgin? Agora mesmo que conto à mamãe das revistas pornôs.
- Fica fria, Bella, agora já acabou. E se você falar alguma coisa pra ela, digo que você dorme abraçada com um boneco do Edward!
- O quê? Eu não faço isso!
- Eu sei que não, mas ela não sabe. - Ele riu se sentindo o rei da cocada preta.
Brutamonte idiota, agora estou sem saída. Se eu falar, ele fala pra mamãe e ela vai me levar num psicólogo, vai me proibir de assistir os filmes dele, de vê-lo. Eu tô ferrada, que cara idiota. O que está acontecendo? Essa cidade tem poderes, eu tô chegando a essa conclusão. Porra, só me ferro aqui. Só dá mico...
Mas pelo menos uma coisa foi boa, vou poder dar altas gargalhadas da cara do Emmet. E cheguei até a esquecer do episódio... bem... constrangedor na praia e do Ed... bom, sim, do Edward.


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