Esse dia longo passou. O Emmet ainda ficou chateado alguns dias, mas ele ia superar. Minha mãe sempre falava no Dr Gatão, no dia no hospital. Ela estava muito feliz, mas toda vez que alguém comentava do Billy, ela entristecia. Eu queria saber o porquê dele ter agido daquele jeito. Conversando com a Alice esses dias, pensamos em ir visitá-los. Mas acho que não iríamos descobrir fácil assim.
Então tive uma idéia. Eu ia visitar Jacob Black, ninguém melhor pra me contar sobre tudo o que aconteceu. Ele gostava de mim e queria minha confiança, ele iria me provar assim. Não, eu não estou abusando dos sentimentos dele, eu só quero ajudar os dois, o Billy e Esme.
Peguei minha bicicleta vermelha e fui até a reserva. Sim, bicicleta. Eu não ganhei um carro, só o Emmet e Esme tinham, minha mãe falou que era perigoso. Fala Sério, nada é perigoso pra mim!
Me preparei para a longa viajem. Meu camelinho vermelho estava a todo vapor, pneus cheios, freios funcionando, eu estava pronta para encarar a estrada. HAHA, quem ouve acha até que eu vou competir num rally. Coloquei meus fones de ouvido, preparei minha mochila e fui em direção ao meu compromisso do dia. Hoje era dia de semana, mas, como estamos no fim do ano, o conselho de classe foi hoje, e tive folga. Graças a Deus.
Eu até que gostei de ir lá, fazia tempo que não andava de bicicleta, e a paisagem ajudava. O ar puro entrava no meu nariz, me fazendo sentir o cheiro da terra, do verde. Coisas simples, mas boas na vida.
Cheguei na entrada da reserva e vi uma pessoa conhecida.
- Olá, Bella - me cumprimentou a ruiva estranha.
- Oi... Er, desculpa, qual seu nome mesmo? - É, eu esqueci.
- Victória, nós nos falamos em sua última visita à reserva.
- Ah, é verdade. Tudo bem com você? - Eu sabia, mas não queria dar o braço a torcer. Ela tava muito estranha hoje, seus olhos estavam assustados, ela me olhava como quem queria me fazer perguntas. Ah, sei lá. Ela é muito, mas muito estranha.
- Tudo bem sim, e você? O que está fazendo sozinha por aqui? – Ih, ela tá começando a querer saber demais. Tava curiosa, ela me olhava, examinava minha mochila, minha roupa, meu jeito. Vamos acabar com essa prosa, mulher estranha.
- Ah, eu tô bem. Estou indo visitar o Jake. Ah, eu já estou até atrasada. Deixa eu ir me adiantando. Até mais, Victória.
- Sim, ele deve estar a sua espera já. Bella, um aviso: cuidado, coração é terra que ninguém pisa.
EEEPA, o que ela está querendo dizer? Valeu por pesar minha consciência, ruiva estranha. Agora eu realmente estou ficando nervosa, ela quer dar uma de vidente. Tá parecendo o curupira andando nessa mata com esses cabelos de fogo. Credo, não me acompanha, eu não sou novela.
Comecei a pedalar sem olhar pra trás, mas eu sentia que os olhos dela ainda me perseguiam, tenho que me lembrar de perguntar ao Jake sobre ela, não estou com bons pressentimentos.
Continuei no ritmo da pedalada. Falta pouco pra chegar à casa dos Black. O dia estava lindo, e estava calor. Infelizmente eu comecei a soar, eu odeio essa parte, acho nojento. Urk, mas...
Quando avistei a casa, Jake estava parado em frente, como se estivesse me esperando. Ele estava de novo sem camisa, de braços cruzados com um sorriso de orelha a orelha. O que é isso, assim eu piro. CALMA, GAROTA! Concentra no Ed. Sim, Jake é uma coisa mais carnal, sabe, o Ed é mais sentimento. OMG, o que está acontecendo comigo? Hormônios safados. Uuurgh, foca no que você veio fazer, foca, foca...
Desci da bicicleta e fui empurrando-a, faltavam poucos metros para chegar perto do Jake. Ele veio ao meu encontro com um sorriso enorme. Sem dúvidas ele ficou feliz em me ver.
- Bella, que surpresa boa!
- Surpresa? Não sabia que esperavam surpresa na porta de casa. - Acabei com a gracinha dele, tava de armação com a ruiva, eu tenho quase certeza.
- Já vi que você encontrou com a Victória, né?
- Sim, vocês estão juntos nessa? - já fui interrogando.
- Eita, menina, vai com calma. Isso tudo é ciúme? HAHAHA, brincadeira. Ela hoje de manhã disse que eu iria receber uma visita. Só isso.
- Ham, bem engraçadinho. Hunf.
Até que enfim um cavalheirismo, ele pegou a bicicleta e colocou na garagem de sua casa, enquanto fiquei na porta esperando por ele. Tentei olhar pela janela se conseguia achar o Billy, mas não vi nada. Quando Jake chegou, percebeu minha curiosidade excessiva.
- Procurando alguma coisa?
- Alguém seria a melhor palavra. Cadê seu pai? Desde o jantar não o vejo mais.
- Ah, ele está resolvendo umas coisas pela reserva, estamos sozinhos - ele falou dando um risinho de canto de boca.
- Toma cuidado, hein, tarado, ainda tenho um irmão guarda costas, lembra?
- Como esquecer? Só de lembrar sinto dor.
- HAHAHAHAHAHA. - Tenho que confessar, essa foi engraçada. Até ele riu.
Eu estava começando a me sentir a vontade com a presença dele. Não conhecia o jeito brincalhão do Jacob, ele estava me surpreendendo. Ele era cativante com seu sorriso, seus músculos e até seu cheiro amadeirado. EI BELLA, para com isso. Tá louca? Mentaliza.
- Então, Bella, a que motivo tenho sua ilustre companhia?
- Ao motivo de que fiquei preocupada com o seu pai. Ele sumiu, e isso está deixando minha mãe um pouco triste.
- Ah, entendi. Então não veio me visitar, veio saber do meu pai. – Que menino emotivo.
- Eu TAMBÉM vim te visitar, Jacob Black, não faça charme.
- Claro, claro. Então, o que vamos fazer? Já percebi que teremos uma conversa longa.
- Você que conhece essa área, índio.
- HAHAHAHA, tá bom. Vamos à praia?
- Praia?- Já fiz cara de p** arrependida. HAHAHA, depois daquele “incidente marinho” fico preocupada quando se fala em praia.
- Sim, vamos. Eu prometo que não te jogo. Só se você pedir! - Ele não para de ser engraçadinho.
- Tá bom, garoto, vamos. Anda.
Enquanto andávamos a caminho da praia, fomos falando coisas engraçadas. Eu estava realmente gostando de conversar com o Jake. Ele é super legal. Brincamos muito, falamos besteiras, ele implicando com meu jeito irritadinha e mandona. HAHAHAHA, ninguém merece.
Chegamos ao nosso destino. PRAIA. Uuurgh.
- Jake, tenho muitas perguntas pra te fazer. Posso começar?
- Espera só eu sentar pra sua entrevista.
Sentamos em um tronco que estava na praia. Conseguimos achar uma sombra, então pude olhar em seus olhos profundamente castanhos e seus traços fortes do rosto. Ele tem o típico jeito de MACHO. HAHAHAHA, eu falei, essa reserva tem poderes, eu hein, tô me descontrolando.
- Pronto, vá em frente. Pergunte.
- Então, como a gente já havia falado, por que seu pai saiu daquele jeito do jantar? Minha mãe fez alguma coisa que ele não gostou.
- Bom, não me sinto muito a vontade para falar sobre isso, mas já que é você que está perguntando - ênfase no você, HAHA, ele me ama -, nós sempre fomos amigos dos Cullen, como acho que deu pra perceber, mas umas coisas acabaram saindo do esperado, como sua mãe e o Dr. Carlisle começarem uma relação. Eu senti que meu pai tinha um carinho especial pela sua mãe. Mas isso é o que eu acho, ele nunca chegou pra mim e contou sobre isso. Mas eles eram muito amigos, e meu pai sempre gostou da sua mãe, então eu acho que quando vocês se mudaram pra cá, todo aquele carinho de antes foi aceso no coração do meu pai, ele ficou muito surpreso com o anúncio aquele dia.
- Hum, eu bem que percebi que ele tratava minha mãe diferente. Sempre a chamava de querida, e eu até que desconfiava, mas não tinha certeza. Realmente fiquei preocupada com seu pai, por isso vim aqui, muitas coisas estranhas aconteceram naquele dia.
- É verdade. Respondi a pergunta?
- Sim, mas eu tenho mais. Posso?
- Claro, claro.
- O que foi aquela cena entre você e Jasper no dia do jantar? HAHAHA, eu sinceramente achei uma cena meio gay;
- HAHAHAHA. Jasper é um grande e velho amigo. Acho que você percebeu que a Rosalie não vai muito com a minha cara.
- Ela não vai com a cara de ninguém.
- Verdade, o Edward é assim... um “colega”, já a Rosalie tem implicância comigo, eu nunca descobri o porquê, mas...
- Você e o Jasper têm afinidade né. Ele é gay ?
- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA, isso sim é uma piada. Jasper é um garanhão de marca maior. Todo aquele jeitinho engomado é pra atrair garotas, mas, fora isso, ele é uma pessoa super gente boa.
- Nossa, Jasper é um garanhão então... huuum.
- Falei alguma coisa demais?
- Não, você me alertou sobre uma coisa.
- Pronto, falei demais. O que aconteceu? Não me diga que ele está dando em cima de...
- Não, de mim não. Mas isso não vem ao caso, depois te explico. Voltando as perguntas.
- HAHAHA. Continue, jornalista - ele falou dando um sorriso que me fez respirar fundo. Eita, acho que eu sou a tarada aqui. HAHAHAHAHAHAHA.
- Então... A Victória, ela é muito estranha. Tenho quase dois pés atrás em relação a ela.
- Sabia que um dia você ia perguntar isso pra mim. A Victória é uma pessoa muito legal, mas o jeito dela estranha muito. HAHA, ela apareceu aqui em casa quando tinha dez anos. Meu pai cuidou dela, eu nem era nascido, ela hoje tem uns 27 anos, já é uma adulta, mas nunca a vi com muitas pessoas. Ela não é muito sociável, vive por ai pela floresta, mora em um lugar que ninguém conhece. Ela é estranha, mas é totalmente do bem. Pode acreditar.
- Eu não sei não, mas... não vou falar muito, ela pode estar nos ouvindo por aí.
Cara, eu sinceramente não entendi muito, essa história da Rosalie. Isso tá fedendo a treta, como diz o Emmet. HAHA, mas eu vou descobrir, ainda não sei como, mas vou descobrir. Essa conversa com o Jake me abriu os olhos para muita coisa, uma delas foi saber que o Jasper é garanhão, eu tenho quase certeza que ele está usando a Alice. Ah, se eu descubro, acabo com a raça daquele magricela esquisito.
- Bella?
- Han, o que foi? – Eu viajei legal, tava armando um plano já, e o demente me atrapalhou.
- Você tava parada ai pensando na morte da bezerra?
- HAHA, engraçadinho. Não, eu não estava.
- Vamos cair?
- Cair onde, cara pálida ?
- Na água, onde mais? Vamos, Bella, eu prometo que te protejo dos bichos marinhos. Vamos lá, não seja medrosa, não arregue.
- Eu não arrego, eu só não quero.
- Huuum, ela tá com medinho, tá com medinho...
- Eu não estou com medinho, tá. E... quer saber, vamos. – Eu sabia que ele iria apelar, vim até de roupa de banho. Ah, e a mochila? Sim, muda de roupa, sou esperta, baby.
É CLARO que eu não iria ficar de biquíni na frente dele, só tirei a camisa, mas fiquei de shorts. Quando me virei, Jake já estava dentro d’água acenando pra mim. Eu fui com a maior cara de medo.
- Vem, Bella, não tenha medo. Anda.
- Calma, tá, eu tô pensando, essa água tá muito fria.- Por que eu falei isso? Tenho problema, só pode. O tarado já veio correndo na minha direção. PERAÍ… Congela a cena.

-Flash Back-Slow Motion- on
Imaginem comigo...
Jacob saindo correndo da água, sorrindo vindo na minha direção. Tudo no slow motion. Seus músculos brilhando com o sol que bate em sua pele refletindo nas gotas d’água espalhadas pelo seu corpo. E, pra completar meu assassinato, ele ainda joga seus cabelos pra trás, fazendo seu rosto se iluminar pelo sol. Juro que fiquei sem ar. Cheguei até a esquecer quem era Edward.
-Flash Back-Slow Motion- off

Cara, o que tá acontecendooooooooo? HELP. Eu estou pirando nesse garoto, eu não consigo nem me lembrar direito do Ed, minha paixão. Cara, eu amo o Edward, amo. Bella, concentra, com o Jake é só atração. Hormônios. Calma, vai passar, respira.
Eu não consigo respiraaaar. Prendi a respiração desde que ele resolveu vir atrás de mim. O que está acontecendo? Eu estou perdida, tô me perdendo. Aiii.
- Vamos, Bella. - Ele me pegou no colo e eu acabei de me perder literalmente. Consegui respirar, me concentrando nas minhas mãos, enquanto era carregada por braços largos. JESUS, que calor.
- Tá bom, Jacob, me solta vai.
- Sim, Senhora.
Quando ele me soltou, eu já estava na água, que estava super gelada, por sinal. E funda.
- Jaaaaake, eu não consigo por o pé. Tá fundo, me ajudaaaaaa - eu falei entre gritos. Eu me desespero dentro d’água.
- HAHAHAHA, baixinha.
- Sem piadas, Jacob. Anda, vem cá.
Ele se aproximou e eu não tinha outra saída se não me agarrar nele.

Listening: She is love/Parachute

Nossos rostos ficaram muito próximos. Eu sinceramente não sabia o que fazer e o que pensar. Foi tudo muito instintivo. Nossos rostos se aproximavam conforme o balanço do mar.
Senti o abraço do Jacob mais forte, ele me abraçava como se estivesse me protegendo de alguma coisa. Seus braços me apertavam e eu também o segurava, com medo de ser afogada e sair de seus braços.
Nossos rostos se aproximaram e eu senti sua respiração ofegante em meu rosto, confesso que também estava assim.
Não pude evitar, e nós acabamos nos beijando. Sim, beijamos. Foi... foi... perfeito, apesar de não ter sido com meu amor. Mas nós nos dávamos bem, o beijo foi bom. Estávamos mais juntos que nunca. E eu nunca imaginei beijar o Jake, ainda mais nessa situação.
O beijo foi demorado, mas um lapso de consciência me fez afastar dele. Eu me lembrei das palavras da Victória. Coração é lugar que ninguém pisa. Apesar de que estar com ele era bom, não me sentia bem. Ele gostava de mim, mas eu gostava de outro. Foi coisa de momento.
Depois que eu me distanciei dele, nós nos olhamos e ele me entendeu. Me tirou da água sem nenhuma palavra e nós voltamos para casa.
- Jake, eu posso ir ao banheiro? Trocar de roupa, né.
- Claro que pode, por aqui.
O clima estava estranho, mas confesso que estar com ele era bom, e pensar no beijo que demos foi melhor ainda. Eu não beijei muitos meninos, só um. E estar com ele, beijá-lo com tanta vontade, tanta ansiedade de selar nossos lábios, me fez estremecer.
Apesar de bom, foi estranho. Um beijo com vontade, mas sem sentimentos. Eu me senti quente perto dele, com vontade de ficar ali e não sair, mas eu não gostava dele. E estava me achando a vaca do ano. Me arrepender? Jamais, foi bom. Me arrepender só daquilo que eu não fiz.
Bom, troquei minha roupa e Jake ofereceu uma carona, afinal, já estava tarde e ele disse que era perigoso eu de bicicleta no escuro.
Fomos em sua picape. E na frente de casa, eu me preparei para despedir.
- Ah, Jake... er... Obrigada! Foi muito bom o dia de hoje.
- Sim, foi... perfeito.
- Ah Jake, não quero te iludir. Sobre o beijo, aconteceu. Foi bom, mas... Não quero que você crie espectativas, você é um ótimo amigo, só isso.
- É, eu entendo. Então... Amigos ?
- Sim, amigos, sempre.
Me aproximei e dei um beijo em sua bochecha. Peguei minha mochila e entrei. A sorte de não levar esporro era que a Alice avisou a minha mãe sobre meu dia na reserva, o que a deixou mais tranquila. Mas eu sabia que quando chegasse, teria um interrogatório da Alice, para saber das novidades...