Será? escrita por Alexis R


Capítulo 13
Memórias Doloridas


Notas iniciais do capítulo

Oi oi, genteee! Que saudade de vocês! Eu sei que eu prometi não atrasar na postagem do capítulo, mas, devido às circunstâncias chamadas "Provas" não pude fazer as correções nessas últimas semanas. Como minhas provas terminaram, postarei de modo mais frequente. Espero que gostem, vejo vocês lá em baixo!



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Bianca, no alto de seus três anos, estava no colo do pai observando a mãe dormir uma cama de madeira. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo, então pulou do colo do pai e correu até aquela caixa.

–Mamãe, acorda. Não deixa eu e o bebê... –disse a garota entre lágrimas. Gael pegou Karina do colo de Bete se aproximou dela e a pegou no colo novamente.

–Bi, eu te falei que a mamãe virou uma estela lá no céu...

–Mas eu “quelo” ela aqui...

–Eu sei, meu amor, mas nem tudo pode ser como a gente quer. Agora, somos só você, a K e eu. –nesse momento, Karina começou a chorar.

–Papai, eu num “quelo” que o bebê fique “tiste”.

–Bi, ela não tá triste, só tá com fome. Eu vou dar a mamadeira dela e fica tudo bem.

–Mas ela nem conheceu a mamãe...

–Eu sei, mas ela vai ter a gente. Você me ajuda a cuidar dela?

–Ajudo. Mas “quelia” que a mamãe acordasse, num é justo. –chateou-se.

–Eu sei, filha, eu sei. Mas vai ficar tudo bem.

Bianca acordou em um pulo, suando muito. Logo, Nat e Jade acordaram e se aproximaram preocupadas.

–O que aconteceu, sem sal? –Nat pegou uma garrafa de água no isopor no canto do quarto e entregou para a atriz.

–Eu sonhei com o enterro da minha mãe. Parecia tão real, mas eu não sei, eu nunca me lembrei disso antes. As memórias de que eu tenho dela são uns flashes, sabe. Dela cuidando de mim, já grávida da K. Eu lembro de ver a K pela primeira vez, mas da morte da minha mãe, não...

–A memória é seletiva, às vezes o nosso cérebro faz a gente esquecer o que dói demais. Ainda mais você, que era muito pequena. Só que a Coronel falou que essa injeção afetava a memória... –concluiu Jade. –Sem sal, desabafa, vai, não fica guardando as coisas, que faz mal pra pele.

–Eu acho que eu não entendia porque a minha mãe não queria acordar, eu era nova demais pra entender o que estava acontecendo. O meu pai estava arrasado, e a K ela era só um bebezinho. A verdade é que eu não me lembro de quase nada dela, o meu pai ele tentava, mas faltava alguma coisa, sabe. E isso foi bem difícil. Conforme eu fui crescendo, fiz de tudo pra que a K não sentisse a mesma coisa. Parece ridículo porque eu já tô bem grandinha, mas, às vezes, eu sinto muito a falta dela... –disse, lembrando-se de todos os momentos em que desejou que Ana estivesse ali. Mas, mesmo assim, ela não se permitia chorar; odiava que a vissem em lágrimas.

–Bi, você não precisa ser forte o tempo todo.

Sem sal, quando eu falei em desabafar, não era só falar, e sim tirar essa armadura.

–A Jade tá certa, Bi. –disse a lutadora sentando ao seu lado e a abraçando. Nat já acabou desenvolvendo um carinho pela atriz, aliás, ela já adorava toda aquela família com quem passou a conviver depois de descobrir que Alan estava vivo. A família de Nat sempre fora fria e distante, a não ser seus pais, que, agora, devido ao Alzheimer, mal se lembravam dela.

Ao receber aquele abraço, Bianca finalmente se permitiu chorar. Pela falta que a mãe fazia em tantos momentos, pelas saudades, por saber o que Ana havia passado, e pelo peso das responsabilidades que acabou assumindo na família. Jade observava a cena, e, por mais que ela quisesse negar, partia o seu coração ver a atriz daquele jeito. Desde que se permitira conhecer a Bianca de verdade, começou a, de fato, se importar com a ex-rival. E, nesse momento, conseguiu enxergá-la como de fato ela é. Apesar de não ter conhecido o pai, Ed suprira esse papel, e Lucrécia, apesar de rígida, sempre esteve ao lado dela, por isso não conseguia imaginar como era para Bianca não ter uma figura materna. Ver a dor da garota também a fez decidir que, quando voltasse, conversaria com a mãe.

–Obrigada, Nat... –agradeceu, fungando.

–Não precisa agradecer, nós somos da mesma família agora. Sabe que pra uma atriz sensível, você é muito durona.

–E pra uma lutadora marrenta, você é muito carinhosa. –retrucou sorrindo entre lágrimas.

–Sabe, Bianca, mesmo te achando uma sem sal, eu até que me importo com você, então pode contar comigo também.

–Isso é recíproco, Jade.

–--*---

–Pê, meu pai tá me ligando, eu tenho que ir pra casa...

–Eu queria tanto dormir abraçadinho com a minha namorada esquentadinha...

–Eu também, Pê, mas você sabe como é o Mestre Cruel. –Pedro abraçou a namorada e deu um beijo carinhoso nela.

Depois de tomarem um banho, o casal foi andando de mãos dadas até a casa da lutadora.

Assim que chegaram à porta, Pedro segurou o rosto da namorada.

–K, eu quero que você saiba que essa foi a noite mais especial da minha vida e que eu te amo muito, minha esquentadinha.

–Foi a mais especial da minha vida também, Pê, e eu te amo muito, meu moleque. –disse dando um selinho nele se despedindo.

Assim que entrou em casa, foi questionada pelo pai.

–Na casa do Capiroto até essa hora?

–Meu amor, deixa a K. Ela e o Pedrinho são responsáveis. Confia na sua filha.

–Eu confio. Não confio é no Menestrel do Capiroto.

–Amor, chega...

–Pai, eu vou deitar, que o dia hoje foi cheio. –disse ela indo para o quarto.

Assim que ela entrou, fez uma vídeo-chamada para a irmã.

–Ô Bi, tá tudo bem? Você tá com a cara inchada...

–Não é nada, não, maninha, não se preocupa. Já tô morrendo de saudades da minha pequena.

–Eu também, Bi. Eu preciso te contar uma coisa... Eu e o Pedro...

–Não fala, que eu não tô preparada pra ouvir... –tapou os ouvidos. –Mas eu já sei o que é, infelizmente. –acrescentou rapidamente. –Vocês usaram camisinha? Sabe que a injeção não é magica, que...

–Eu sei, a médica me explicou, e você também. Nos cuidamos, sim, relaxa.

–Menos mal, sou muito nova pra ser tia. Mas ele foi carinhoso? Não te machucou, né?

–Não, Bi, o Pedro foi perfeito, foi tudo que eu imaginava. Eu tô muito feliz.

–E eu adoro te ver assim, irmã. Você tá crescendo e eu tô muito orgulhosa de quem a garotinha que pulava na minha cama em noite de tempestade se tornou. Eu te amo muito, K.

–Eu também te amo, Bi.

–Maninha, eu vou dormir agora, que amanhã eu fotografo cedo. Boa noite, meu amor, dorme com Deus.

–Boa noite, Bi, dorme com Ele também.

Do outro lado do quarto, Jade e Nat seguraram o riso até Bianca desligar. Quando o fez, caíram na gargalhada.

–Nossa, sem sal, da próxima vez que for falar com a machinho, use um babador.

–Bianca, a cara que você faz falando com ela é muito hilária... –disse Nat rindo novamente.

–Nossa, eu aqui passando por um momento tenso, e vocês me zoando...

–Para, sem sal, não vai ficar de crise só porque a “sapahétero” não é mais casta...

–Bi, isso iria acontecer algum dia, é uma coisa natural e muito boa...

–Parem, vocês duas, é que ela é a minha irmãzinha, gente, é duro pra eu ver que ela tá crescendo. Mas, eu tô feliz por ela, sim.

–Ai, que fofo. É muito babona mesmo essa sem sal.

–--*---

No dia seguinte, todos se reuniram bem cedo na sala de reuniões.

–Bom, Aspiras, este é o Capitão Bruno Lopes e vai ser o comandante direto de vocês. –eles bateram continência. –Sem mais perguntas. Eu vou interrogar o Lobão e o Doutor, e vocês podem assistir pelo vidro da sala de interrogatórios.

Eles a seguiram. Sara entrou na sala com cara de muitos poucos amigos.

–Doutor Lúcio Heideguer, o senhor é acusado de tráfico de pessoas, exploração de prostituição, associação para o crime organizado, manipulação de resultados de competição desportiva, fraude, formação de quadrilha, e, o que te trouxe aqui, lavagem de dinheiro, conspiração e associação com instituições estrangeiras pra essas conspirações; além de traição e crime contra a segurança nacional...

–Eu tenho direito a um advogado...

–E você terá um funcionário da inteligência, com autorização pra entrar nesse prédio, porque um advogado comum nem pode saber que ele existe...

–Mas onde eu estou?

–Isso é segredo de Estado. Tudo que eu posso dizer é que aqui não cola esse papo de direitos humanos. Não tem nada sendo gravado, então, fala logo, quem mais tá envolvido nisso?

–O presidente da liga. Também tem o filho dele, que é ligado aos distribuidores de drogas...

–Doutor, isso nós já sabemos, me conte algo que eu não sei e quem sabe eu possa te ajudar... –disse ela enquanto limpava arma e olhava de forma ameaçadora pra ele.

–Tem nomes dos seus informantes. Tem um agente duplo na cúpula federal, o nome dele é Lucas Mattos.

–E sei que ele é agente duplo, ele que deu informações sobre o esquema de vocês, mas, me diga, como você sabe o nome dele?

–Quem me falou foi o Neri, da Liga, ele que tem ligação com os estrangeiros...

–Você confessou que tem estrangeiros envolvidos, agora, nem por decreto você sai daqui. Mas ainda não me falou nenhuma novidade. Bem, eu sei que você tá me escondendo muita coisa... O seu filhinho, por exemplo, ele sabe de alguma coisa?

–Ele não sabe de nada, eu juro...

–Eu não acredito em você. –disse jogando-o no chão.

–Isso é um absurdo!

–Bem-vindo à Hidra.

–Menezes, Cobreloa, Carlos, levem esse traste daqui. Lopez, me traz o Lobão...

Assim que o lutador entrou na sala, ele reconheceu Sara, e congelou. Logo, ela partiu pra cima dele e desferiu vários socos no seu rosto. Ele, algemado, não pôde reagir. Ela descarregou tudo que estava guardado há 17 anos, desde que sua irmãzinha, apavorada, contou o que aquele maldito tinha feito. Ela se conteve, primeiro por Ana, depois pelas meninas, mas agora ela podia fazer o que quisesse com ele.

–Isso foi pelo que você fez com a minha irmãzinha. Agora, sente e comece a cooperar...

–Eu quero...

–Um advogado, blábláblá... Aqui é a Hidra, não a delegacia de furtos... Nós vamos arrumar um pra você que possa passar da porta, agora desembucha...

–Eu só tô nessa pela grana, eu nem ligo pra essa história de política. O Doutor que lava a grana, mas quem manda na parada são só colombianos amigos...

–Puta que pariu, essa parte toda eu já sei, tá ficando chato isso. Eu quero nomes, me arrume nomes desses agentes, provas, agentes brasileiros que fazem parte do esquema...

–Tem uma. Eva Lacerda...

–Pra alguma coisa você serviu, seu merda. Cobreloa, Lopes, tirem esse filho de uma puta da minha frente, antes que eu meta uma bala na cabeça dele... E, Lopes, avisa o comando sobre a Eva.


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Notas finais do capítulo

Vai, tia Sara, bota ordem no barraco! O que acharam?? Próximo capítulo até domingo, prometo de mindinho. Beijos e até mais!



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