Incompatibilidade escrita por Cupcake Purpurinado, Cupcake Saltitante, Cupcake da C4llie, Cupcake Noiado


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Então, galerinha =)

Essa é a nossa primeira long-fic, por isso estamos nervosas e não sabemos exatamente o que pôr nessa caixinha... a maioria faz parecer tão fácil quando na realidade é a coisa mais difícil, então...

Take it easy!!!

~só pra deixar claro, nós pedimos a ajuda da autora C4llie, da Becca e do Bruno pra escrever esse prólogo~

Boa leitura!!



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POV Javier:

Desde que me entendo por gente, nós somos melhores amigos. Brincamos juntos no parquinho perto de casa quando tínhamos dois anos, e nossa amizade continua até hoje. Temos dezesseis, e no ano que vem terminamos a escola. De uns tempos pra cá, comecei a focar no corpo, e acabei sendo admitido na equipe de futebol onde esse meu amigo é capitão. Não tive a ajuda dele, e eu aceitei isso de bom-grado porque queria me destacar, e não ser aceito por pena.

Nós moramos juntos desde que os meus pais faleceram e os pais dele ficaram comigo, porque nós ainda éramos pequenos, com cinco ou seis anos. Meu despertador tocou às 05h30min, horário que sempre acordávamos para correr. Hoje é o nosso primeiro dia de aula e eu estou meio nervoso.

- Desliga essa porra, Javi. – ele gritou, tacando um travesseiro em mim.

Eu ri e bati no relógio, cessando o som. Ele se levantou e jogou as cobertas no chão. A mãe dele é podre de rica, e sempre tem dinheiro para satisfazer qualquer desejo que tenhamos, e me considera um filho, por mais diferentes que sejamos. Eu sou negro e ele é branco, meus olhos são escuros e os dele são azuis... Ele me deu um peteleco no ombro e me mandou colocar as roupas de ginástica logo porque senão não conseguiríamos treinar o suficiente.

Levantei-me em seguida e coloquei uma camiseta de malha e uma bermuda solta. Depois calcei os tênis de corrida velhos e desci as escadas, onde as empregadas já arrumavam a mesa do café, colocando variados tipos de pães, bolos e sucos sobre ela. Martha também já estava sentada à mesa, pronta para tomar o café da manhã. O jornal escondia seu rosto, mas eu sabia que ela estaria impecável como sempre.

- Bom dia, tia. – eu disse, pegando um copo de suco de laranja.

Ela retirou o jornal do rosto e sorriu para mim, com os lábios avermelhados cheios de brilho. Estendeu para mim um prato com dois potinhos de salada de fruta e eu aceitei, pegando uma colher ao meu lado.

- Bom dia, Javier. – ela murmurou – Onde está Richard?

- Ele já deve estar descendo. – eu respondi, colocando uma colher de salada de frutas na boca.

Quase como se eu tivesse como saber, Rick desceu as escadas correndo e pegou o outro potinho, lambendo a tampa e começando a colocar grandes quantidades de salada de fruta na boca. Terminei antes dele – como sempre faço, já que ele sempre chega depois de mim à mesa.

Levantei-me e beijei o topo da cabeça de Martha, e ela nos deu adeus da porta, acenando enquanto nós corríamos cada vez mais rápido e para cada vez mais longe da casa. Rick nunca conseguiu me passar e sempre fica bravo quando eu o passo, por isso, nunca ultrapasso meus limites.

- Vamos tentar ir mais rápido hoje – ele disse, e começou a correr na minha frente.

Dei-lhe algum tempo de vantagem, rindo, e depois corri atrás dele, alcançando-o em pouquíssimo tempo. Quando terminamos, voltamos caminhando, rindo e conversando sobre nossas estratégias nos jogos deste ano.

(...)

Nós entramos no carro e conversamos até a escola. Quando chegamos, Louis abriu a porta para nós e eu apertei a mão dele – como sempre faço. Rick se aproximou dos colegas do time e me puxou para me apresentar a eles, e também para apresentar nossas novas estratégias pensadas para o primeiro jogo.

Quando me virei, a fim de ver quem mais estava chegando, vi duas meninas que eu nunca havia visto na vida. Cutuquei Rick e ele se virou, rindo. Depois, seguiu meu olhar petrificado até as duas, e aposto que também ficou assim, porque Riley nos puxou para dentro da escola quando o sinal tocou.

As meninas passaram por nós com as bochechas vermelhas e eu olhei para Rick como quem pergunta “quem são?”, e ele me olhou de volta com aquele olhar de “não faço nem ideia”. Nossa primeira aula era biologia, e então nós fomos caminhando juntos até a sala. Eram raras as aulas que eu e ele não temos juntos por pedido de Martha.

Rick não tem o hábito de olhar para o que está escrito no quadro assim que chega, mas eu tenho, e o que vejo me deixa completamente chocado. Lá estava, misteriosamente grudada no quadro-negro, uma boneca Barbie. Devidamente acompanhada por Ken, é claro. Os dois tinham sido postos de braços dados e estariam completamente nus, não fossem as pequenas folhas artificiais coladas em locais estratégicos. Rabiscado em giz cor-de-rosa sobre a cabeça dos dois, lia-se:

Bem-vindos, alunos.

Bem-vindos às aulas de reprodução humana.

(sexo)

- E é por isso que proíbem celulares em salas de aula – eu digo, chamando a atenção de Rick.

Ele olha para o quadro e ri do que está escrito. A maior parte da turma já não era mais virgem, porém, pouco mais de dez pessoas ainda eram, e eu estava entre elas. Todos sabiam o que era e como se fazia, portanto, não havia necessidade alguma de explicar-nos novamente.

Nós nos sentamos nas primeiras cadeiras, sempre em dupla, e as meninas novas se sentaram bem atrás de nós. Uma delas me cutucou e perguntou as horas. Olhei no relógio e quando me virei para dizer, a professora – uma mulher baixa e gorda que conhece todo mundo – entrou na sala e mandou que “fechássemos a matraca”.

- Hoje temos alunas novas. – ela disse – Que vão acompanhar vocês pelo resto do ano letivo.

As meninas atrás de mim, eu sabia. Rick rabiscava uma quadra de futebol no caderno enquanto não prestava atenção ao que a professora falava. As meninas se levantaram e descobri seus nomes. Uma delas, a que tinha aparência de latina – como eu – se chamava Lanie e tinha quinze anos. A de olhos verdes se chamava Katherine e também tinha quinze anos. Alguns meninos assobiaram e gemeram, obviamente sacaneando as meninas. As duas coraram e voltaram aos seus lugares atrás de mim e de Richard.

Logicamente com raiva, a professora nos passou um trabalho em grupo sobre a matéria supostamente dada. Então, formou grupos de quatro pessoas. E, adivinhe com quem eu fiquei? Exatamente, a menina Lanie, sua amiga, e Rick.

(...)

Como elas não eram muito de falar, e nenhum de nós sabia sobre o que era o trabalho, ninguém disse nada enquanto ouvíamos os sons de risos e conversas paralelas dos outros. Não é que eu seja tímido, só não tenho muito jeito com garotas.

- Qual é seu nome mesmo? – perguntou a menina de olhos verdes a Rick.

Ele não respondeu e eu dei uma cotovelada nele, que me retribuiu com uma cotovelada e um pisão no pé. Meneei a cabeça para a menina e ele sorriu para ela, perguntando o que ela havia dito, porque ele não escutara. Ela repetiu a pergunta sorrindo ironicamente.

- Eu sou Richard, mas todo mundo me chama de Rick porque é mais fácil. – ele respondeu, depois apontando para mim – E ele é o Javi. Somos irmãos.

Elas olharam para nós como se estivéssemos sendo malucos, mas eu tratei logo de explicar e as duas assentiram, contando que o mesmo havia acontecido com elas, e a família da menina de olhos verdes, Kate, havia acolhido Lanie porque elas eram super amigas. Achei que pelo menos uma coisa nós tínhamos em comum, mas não era exatamente isso.

Quando o sinal tocou, Riley veio para cima de nós falando como uma das meninas do grupo dele tinha ficado gostosa durante as férias e nós começamos a rir dele, como se fosse uma coisa a qual as duas estivessem acostumadas, mas as expressões de nojo nos rostos delas foram uma confirmação para mim de que não era isso que deveríamos fazer.

- A gente tem que arquitetar um plano ‘pra eu pegar – ele riu – Porque ela ‘tá muito linda, cara, você não tem noção!

Nós rimos de novo e enquanto eles iam embora falando da menina – que eu nem sei quem é direito –, disse às duas que se quisessem se enturmar pela escola, bastava andar perto da gente porque todo mundo nos conhecia pelo futebol e etc., mas Lanie disse que não e que ela sabia fazer as coisas sozinhas.

Ai, isso doeu tanto quanto um tapa na cara.

POV Lanie:

Meu primeiro dia na escola nova com Kate já não tinha começado bem. Primeiro, a professora de biologia nos fez fazer uma apresentação sobre nós na frente da turma inteira e depois nos colocou num grupo valendo nota com dois idiotas totais.

Os dois meninos do nosso grupo e mais um começaram a rir quando um deles falou sobre o quanto uma menina tinha ficado “gostosa” durante as férias e eu achei isso um absurdo, de qualquer forma. Depois, o menino que tem a história parecida com a minha – de perder os pais e depois de ser acolhido pela família de um melhor amigo – disse que nos ajudaria a nos enturmar, mas quem disse que nós queremos nos enturmar?

Eu e Kate nos levantamos e fomos falar com a professora, perguntar sobre o que era aquele trabalho, e ela explicou que era sobre tudo que envolvesse sexo, gênero e raça. Então, disse que poderíamos consultar nosso professor de sociologia para nos ajudar com a parte de gênero e raça e ela falaria sobre a parte do sexo.

Nós duas saímos da sala com os livros grudados ao peito e fomos ver quais eram nossas próximas aulas. Como os pais dela haviam tanto insistido para a escola nos colocar nas mesmas aulas, e eles decidiram que sim, pois havia outro casal de alunos que tinham as mesmas necessidades.

Porém, quanto mais nos aproximávamos da sala de História Mundial, mais nitidamente nós podíamos ver os dois meninos. Olhei para Kate, séria e ela me olhou de volta com os olhos mostrando que o que ela mais queria naquele momento era rir. Eu assenti e sorri para ela. Kate é a minha gêmea do avesso: ela é branquinha, com os olhos verdes, cabelos claros e ondulados e faz o gênero gostosa, apesar de magra. Eu tenho a pele mais escura – não chego a ser negra –, cabelos e olhos escuros e sou baixa.

Mas, por mais que sejamos diferentes fisicamente, há uma linha invisível que gruda nossas almas que juramos estar lá antes mesmo de nascermos, porque nossos pais eram super amigos. Bem, até o incidente que matou os meus.

- Veja só quem está aqui! – disse o de olhos azuis, acho que o nome dele é Richard. – Andaram nos seguindo, moças?

A pose de cafajeste dele me fez querer dar uma boa resposta, mas Kate foi mais rápida, empurrando-me para dentro da sala e entrando em seguida, proibindo a passagem deles, inclinando-se sobre ele, o rosto a centímetros do rosto dele, e então ela sussurrou:

- Não. Por quê? – ela piscou lentamente, olhando para os lábios dele, depois, elevou o olhar para os olhos dele, mantendo-os no mesmo nível – Você gostaria que tivéssemos feito?

E depois entrou na sala, se sentando ao meu lado, sorrindo para mim enquanto abria o livro de história na página anotada no quadro com giz azul. Eu ri alto e não me importei de estarem olhando para mim, porque, naquele momento, eu a amava mais do que tudo!

POV Rick:

Fiquei estático por mais algum tempo, sem conseguir acreditar no que havia acontecido. O cheiro dela era inebriante, cerejas, acho. Pisquei várias vezes, querendo afastar o pensamento do que poderia ter acontecido se eu estivesse um centímetro mais a frente: nossos lábios teriam se tocado, e eu gostaria que isso tivesse acontecido, porque os lábios dela são tão convidativos!

Javi riu e me guiou para a sala de aula, onde elas se encontravam sentadas nas primeiras carteiras do canto. Se é ou não brincadeira delas, eu não sei, porque eu e Javi sempre nos sentamos nas primeiras carteiras do canto, mas como hoje elas estão ocupadas, nós nos sentamos bem atrás delas.

Arranco uma folha de caderno e olho para as duas, que conversam em sussurros para que não escutemos sua conversa, mas nem teríamos como, tamanho é o burburinho dentro da sala, abafado pelas janelas fechadas e as paredes à prova de som.

Pego o lápis que estava nas mãos de Javi e escrevo duas palavras: “Almocem conosco”. Depois, amasso o papel e jogo entre as duas. A menina de olhos verdes, a qual eu não sei o nome ainda, foi quem pegou o papel e ambas olharam para trás, então eu e Javi começamos a falar sobre assuntos aleatórios como HQs.

A menina de olhos verdes abriu o papel e sorriu para a outra, e então ambas viraram para trás, olhando diretamente para nós. Não é como se elas fossem ignorar a gente depois do que aconteceu, estávamos só brincando.

- Me conte – pediu a de olhos verdes – por que é que nós deveríamos nos juntar a vocês na hora do almoço.

Eu sorri e apoiei minha cabeça nas mãos, olhando diretamente nos olhos dela. Javi estava olhando para a outra menina, então eu não tinha como não falar o que eu estava pensando. E aposto que é uma coisa muito legal.

- Porque nós vamos levá-las até nossa casa.

Javi saiu do transe e olhou para mim como se estivesse desesperadíssimo com a minha atitude. As meninas se entreolharam num semblante de preocupação, mas acabaram optando por um “sim” soprado. Sorri e elas se viraram para frente.

- Ficou maluco? – perguntou-me Javi, baixinho para elas não escutarem. – Sua mãe vai te matar.

Retirei o celular do bolso e mandei uma mensagem de texto a ela, mostrando que ela não iria me matar. E, de uma forma ou de outra, ela queria mesmo que eu começasse um relacionamento sério mesmo, com uma menina que valesse a pena, estudiosa, culta e bonita. E parece que eu acabei de achar este alguém.

(...)

POV Kate:

A aula passou rápido demais, e tanto eu quanto Lanie havíamos nos esquecido completamente do “almoço” na casa daqueles dois, e por isso já estávamos saindo quando eles começaram a correr atrás de nós e nos impediram de sair da escola. Lanie começou a dar tapas nos ombros e braços do moreno, Javi, acho, e então o de olhos azuis, Richard, disse que nós havíamos dito que almoçaríamos com eles na casa deles.

E então Lanie abaixou os braços lentamente, pedindo mil desculpas ao menino que levou toda a sua fúria, experimentando-a em dor física. Eu ri do constrangimento dela e nós nos recompusemos, caminhando atrás dos meninos. Lanie me disse que estava com medo de onde eles nos levariam, mas então eu disse que se precisássemos, só precisaríamos chutá-los. Então, ela riu baixinho e sussurrou:

- No saco!

Assenti e abracei-a, e nós fomos andando atrás deles assim, abraçadas e conversando em nossa própria linguagem: a linguagem que nem a minha família e nem a dela nunca entenderam, porque sempre foi uma coisa só nossa.

De vez em quando os meninos olhavam para trás para terem certeza de que nós estávamos atrás deles. Meu celular vibrou no bolso e o nome da minha mãe estava no visor. Atendi a ligação no viva-voz e Lanie conversou com ela.

- Oi, tia. – ela disse – Nós vamos almoçar na casa de uns amigos.

Não sei se podemos mesmo chamá-los de amigos já que nunca nos vimos antes e nem conversamos direito, mas de qualquer forma, isso tranquilizou minha mãe, que pigarreou e murmurou baixinho:

- Mas eu vejo vocês daqui do portão. – olhei para frente e dei de cara com a minha mãe acenando.

Desliguei a chamada, e tanto eu quanto Lanie saímos correndo para ela, como se tivéssemos apenas cinco anos – que foi quando ela perdeu os pais – para abraçá-la e contar a ela como foi nosso primeiro dia. Nunca escondi nada da minha mãe, acho que ela é muito liberal e sabe que ela já teve a nossa idade, por isso nunca nos impede de fazer alguma loucura adolescente.

- Como foi a escola no primeiro dia? – perguntou ela, beijando minha cabeça, e depois a de Lanie.

- Foi meio assustadora, principalmente a aula de biologia. – eu disse, e Lanie riu, assentindo.

Minha mãe levantou a cabeça, ainda com os braços ao redor de nós e olhou para os dois meninos, que caminhavam até nós. Ela sorriu para eles e nos soltou, estendendo a mão para eles. Depois, se apresentou:

- Olá, sou Johanna. – ela disse – Nós somos novas na vizinhança.

Eles se apresentaram e mostraram sua casa. Para nossa sorte – ou completo azar –, a casa deles era bem na frente da nossa. Lanie bufou e fez menção a entrar quando papai saiu de casa com a maleta nas mãos e um pedaço de pão na boca. Eu ri e dei um beijo na bochecha dele.

- Este é meu marido, Jim. – ela disse. – E, em pouco tempo também terei que sair, Katie.

Ela nos deu um beijo na cabeça e entrou de novo. Olhei para os meninos, que ainda estavam lá e eles apontaram para a casa deles. Bufamos e caminhamos atrás deles. Quando a porta se abriu, revelando uma mulher de cabelos ruivos, ela olhou para mim como se me conhecesse – apesar de eu não me lembrar de tê-la visto em minha vida toda – e abriu um sorriso enorme.

- Tia – disse Javi –, estas são Lanie e... – quando ela apontou para mim, deu-me um beijo na cabeça e sorriu.

- Katherine Beckett! – ela riu – Onde é que está a sua mãe?


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Notas finais do capítulo

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