Megavi - Cenas excluídas escrita por MarjorieJustine


Capítulo 6
Preciso dizer que te amo.


Notas iniciais do capítulo

Para esse cap, nada melhor que a letra da música "Amor I Love You"
Amor I Love You
Marisa Monte

Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver

Hoje contei pras paredes
Coisas do meu coração
Passei no tempo, caminhei nas horas
Mais do que passo a paixão

É um espelho sem razão
Quer amor, fique aqui

Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu gostar de você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver

Hoje contei pras paredes
Coisas do meu coração
Passei no tempo, caminhei nas horas
Mais do que passo a paixão

É o espelho sem razão
Quer amor, fique aqui

Meu peito agora dispara
Vivo em constante alegria
É o amor que está aqui

Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You

"...tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!

Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You
Amor I Love You



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/560260/chapter/6

Megan estava radiante. A família reunida na casa do Rio de Janeiro de novo. Seu pai Jonas foi o ultimo a chegar, junto com Veronica. Os gêmeos ficaram em casa. Vicente não pode vir pois estava em viagem para Califórnia para conferencias. Sua mãe e Ernesto foram os primeiros a chegar, animados como só eles. Pamela mantinha seu celular conectado com um que ficou em casa com o seu novo filho e a babá, pois ela queria saber o que acontecia com ele enquanto estava no jantar que comemorava o retorno de Megan e Arthur ao Brasil. Estavam ali ainda; Dorothy e Cidão, sua avó Gláucia, com o filho Silvio e a nora, um ou outro amigo de Arthur, e a médica obstetra que Megan trouxe de São Francisco para acompanhar sua gravidez. Por sinal, todos perguntavam quem era ela e Megan estava sofrendo um bocado para desviar a atenção dela, pois ainda não contara do bebê.

Aquele jantar era para isso mesmo, anunciar a vinda do novo Marra. Iam justamente dizer que ela estava grávida de umas duas semanas, a obstetra estava ciente da necessidade da mentira, não se oporia a nada.

Nessa noite Megan finalmente concluiria o plano que se formou na sua mente no dia em que ligara para sua mãe e a vira junto com Davi e Manu na Plugar. Desde o dia que notou a frieza de Arthur quanto a ela. Que cuidava dela, mas não a amava, e possivelmente não amaria seu filho também.

– Hi guys, estou tão feliz de ter vocês aqui today - disse Megan quase dando pulinhos, tentando controlar sua alegria pois não podia ter fortes emoções - Arthur e eu - e ele se aproximou dela colocando um braço pelas suas costas, se juntando a ela em frente a todos reunidos na sala de estar, próxima ao hall de entrada - estamos muito felizes com a presença de vocês para celebrar essa nova vida que vamos iniciar e...

Megan congelou, olhou quem entrava agora pelo hall, que parecia ser uma grata surpresa a Arthur, uma péssima surpresa para Jonas e Ernesto, e ser aguardado pelo resto.Mas para Megan era uma assombração. Davi e Manu entravam juntos, ela agarrando o braço direito dele, que estava com as duas mãos no bolso e olhando fixamente para Megan, com expressão de feliz em vê-la, mas contido pela circunstância.

– Davi, achei que você não viria - disse Jonas chegando e abraçando o filho, que desviava o olhar dele. Enquanto Manu era abraçada por Arthur.

– Megan, você nem tinha me contado que convidou eles. - Disse Arthur se virando para ela e com um braço passado pelos ombros da Nerdestina, que tinha um sorriso de escárnio para Megan.

– Oh... - Megan tentou sair do choque. - Eu não tinha porquê contar querido - ela foi em direção a eles com os braços abertos e uma expressão de alegria que enganaria quem não conhecesse as Parker - é óbvio que eu não deixaria de convidar meu irmão e sua ...juntada?

– Companheira. - disse Manu tomando um passo a frente e fazendo um sorriso tão falso que Megan agradeceu ser filha de atriz e saber fingir melhor que aquilo.

Right, eu não sei como se chamam os que não casam, aqui no Brasil, sorry. Mas Manuela querida, aquele seu amigo ainda insiste em fazer vestido eim? Oh God, ainda bem que tem você para comprar eles. So cute, você. - Megan disse isso abraçando forte a inimiga, que engoliu em seco e a olhou desafiadora depois de falar de seu vestido.

Davi, que tinha sua visão parcialmente bloqueada por Jonas, que não saiu do seu lado direito, ficando entre ele e Manu, e por Arthur que quase tampava toda a sua frente, tentou conter um sorriso. Não que tivesse entendido qual o problema na roupa de Manuela, na verdade, ele nem tinha notado que roupa ela estava vestindo, ficara tão nervoso com o jantar e a possibilidade de reencontrar Megan, que não percebera como ela estava quando fora busca-lo na Plugar.

Desde que soube sobre o celular ele dormia todas as noites na Taquara, no sofá. Ernesto dizia que ele estava se punindo, e devia ser isso mesmo. Mas naquele dia ele nem chegou a ir a Taquara, se arrumou com as roupas que tinha na Plugar, e quando Manu chegou, já se encaminharam para festa. Não sem antes ela abraçar ele forte, e dizer em uma voz quase infantil.

– Te amo Davi.

Ela olhou para ele suplicante. Ele deu um meio sorriso, colocou as mãos no ombro dela e disse.

– Vamos, não quero chegar atrasado.

Ele sabia que não era certo com ela, mas responder que não amava mais ela era ainda mais cruel, não?

Agora ali estava ele vendo Megan cutucar Manu, e feliz, não porque gosta de ver Manu sendo pisada pela Megan, mas porque isso mostra que Megan ainda se importa com ele, que ainda tem ao menos ciúmes.

Ela se afastou de Manu, Davi imediatamente deu um passo a frente afastando Arthur para poder abraçar Megan. Já ia dizendo "você está linda"(o que era a mais pura verdade, ela estava com um vestido branco com renda em fios de ouro por cima) quando ela colocou a mão na boca, olhou para Manuela com cara de nojo e pediu licença indo até seu quarto.

Todos se olharam estranhando, uma mulher que Davi não conhecia saiu logo atrás dela, Arthur levantou os braços e disse:

– Desculpa pessoal, ela anda sensível mesmo.Logo vocês vão entender.

Pamela. Dorothy e Veronica se entreolharam, Gláucia e Mariza estavam tomando champanhe, mas ainda assim conseguiram captar a ideia e começaram a cochichar algo. Manuela estava por sua vez aliviada por Megan ter saído da sala e voltou a pegar Davi pelo braço levando ele para o centro da sala.

E ali ele ficou mais uns dois minutos, até dizer que iria ao banheiro.

No meio do corredor ele viu a mulher estranha voltar para a sala, o encarando com suspeita.

O mais lógico seria que Megan estivesse na suíte da casa, mas pela direção da qual a mulher vinha, ela devia estar realmente no seu quarto antigo, e foi para lá que Davi se encaminhou.

Abriu a porta e a lembrança da ultima vez que estivera ali veio a mente. Talvez as duas ultimas. A penultima foi quando terminou com Megan, e também quando ela lhe disse uma verdade que só há pouco Davi teve coragem de assumir, ela era a mulher certa para ele. E a ultima foi na manhã seguinte ao dia em que soube do celular. A vergonha subiu a mente de Davi. Não que ele lembrasse do que aconteceu antes de acordar na cama de Megan, com seu pai sentado na ponta da cama com um olhar de reprovação, mas tudo o que soubera depois, mesmo que pela metade, o envergonhava.

Ernesto porém lembrava bem da noite, e como Davi fora parar na casa dos Marra onde hoje se realizava a festa. Ele olhava para o corredor onde Davi foi, lembrando como foi díficil aquela noite, e encontrando o olhar do Jonas, ele notou que o Marra pensava o mesmo.

Davi tinha ficado descontrolado quando soube que Megan estava no hospital.

– Davi...você precisa descansar. Sério. A Megan já foi encontrada, está sendo cuidada.

– Não cara, não. Ela tá mal, é minha culpa. Eu preciso ir atrás dela, falar com ela. - Davi passou as mãos nas pernas nuas procurando algo. Ele estava bebado, com a voz arrastada e alguns movimentos ainda lerdos.

– Cadê minhas chaves? Esquece, eu não tenho carro. - E Davi foi até a porta e a abriu, deixando um Ernesto estupefato.

– Espera, Davi, você não pode sair assim sem roupa! - Falou Ernesto assustado com a cena.

Davi olhou para ele intrigado. Olhou para si, olhou para cima e dizendo um "ah sim", começou a procurar algo pela sala, achou um boné das lojas Barata em uma mesinha, largado.

– Não, você não vai sair só...- mas antes de Ernesto reclamar de ele sair se cobrindo só com o boné, Davi pôs o boné na cabeça e saiu do apartamento.

Levou alguns segundos enquanto Ernesto, de boca aberta, mãos na cintura, ficava olhando para a porta em que Davi saiu. Ele então olhou ao seu redor devagar.

– Mas o que...Davi, espera cara. - Ernesto saiu correndo. Desceu as escadas e só quando chegou lá embaixo sem ver o sócio nas escadas, é que pensou que o bebado fora mais esperto que ele e pegou o elevador.

Na rua deserta em frente ao prédio havia apenas Davi caminhando de um lado ao outro da rua, olhando para ambos os lados, com as mãos na cintura com ar de indignado. Ele ia da entrada do bar, já fechado, até a entrada do prédio, onde agora o Ernesto observava a cena intrigado.

– Absurdo cara, não passa um carro para me levar para a Califórnia. - Davi falou indignado, parando do lado de Ernesto, cruzando os braços e se desequilibrando um pouco.

– É, às 3 da manhã é complicado mesmo. Por isso é melhor irmos até lá em cima ligar para um taxi.- Ernesto pegou o amigo pelo braço.

– Não - Davi se desvencilhou do braço de Ernesto - vou procurar em uma dessas casas para ver se me dão carona.

– Assim? - Ernesto tentou argumentar com um Davi que cambaleou um pouco para o lado ao sair de perto dele e ir em direção de um portão de uma casa quase no final da rua.

– O que tem de errado? - Davi continuava caminhando, Ernesto o alcançou.

– Ao menos cobre as partes com o boné cara, você tá pelado.

– hahaha até parece que o boné vai adiantar.

– Humilde você. Faz assim, vamos lá em cima e eu arranjo um chapéu mexicano para você, mas não sai por aí desse jeito, você pode ser preso.

– Que nada, sou filho do Jonas Marra, ninguém vai me impedir de ir até Califórnia.

– Esse aí afogou a modéstia na cerveja. - Disse Ernesto desistindo de tentar conter Davi, deixando ele ir tropeçando até o portão de uma casa que parecia abandonada.

O problema é que antes de ele chegar no portão, um grupo de três meninas, todas loiras, veio dobrando a rua na direção dele. Como estava escuro, ou porque bebeu muito mesmo, Davi começou a gritar.

– Megan? Megan eu preciso falar com vocês, vem cá - ele saiu correndo atrás delas. Que assustadas retrocederam. Ele ia em direção a elas quando saiu pelo portão da casa o garçom.

Furioso ele correu até Davi e segurou-o pelo ombro. Ernesto correu para impedir algo pior.

– O que você tá fazendo aqui? - Perguntou o garçom - E desse jeito?

– Eu estava falando com as Megans - Davi falou tentando tirar os dedos do garçom de seu ombro.

– Oi...des..culpa - Ernesto chegou até eles ofegante - o meu amigo bebeu demais. Ele tá perdido.

– Que ele bebeu demais eu sei, mas isso não dá razão para ele sair perseguindo as pessoas na rua, e pelado.

– Heeey - Davi deu um empurrão no garçom que quase caiu - eu estou indo para a Califórnia atrás da minha irmã, para dizer que amo ela. Que não fiz amor com ela só para brincar com seus sentimentos. E que nós somos como morango e laranja, uma delícia!

O garçom olhou para Davi com misto de nojo e surpresa. Ernesto olhou para cima desolado. "Fudeu"

– Você passou dos limites. Vou te levar na delegacia. - O garçom o puxou pelos braços.

– Me larga animal. - Davi empurrou o garçom de novo - você sabe quem eu sou? - Ele disse com ar de superioridade desafiando o outro.

– Sim, um MERDA!

E o garçom deu um soco que Davi quase caiu no chão. Com sangue correndo do nariz, ele começou a sorrir, e se levantar rejeitando ajuda do Ernesto.

– Desculpe - ele gritou para o garçom, que já ia entrando pelo portão para telefonar para a polícia. Ernesto já estava suando só de imaginar as manchetes de Davi pelado e bebado na delegacia "filho de Jonas Marra, dono da Brasuca, tomou um Marra porre" - Mas eu não entendi direito do que você me chamou. Pode repetir? Se tiver coragem.

Ernesto se colocou na frente de Davi, tentando impedir que o outro acertasse o amigo de novo. Mas o garçom nem se mexeu. Ignorou Davi e foi até porta.

– Foi o que pensei. Agora vai lá e me traz mais uma cerveja.

O garçom parou. Fechou a porta com força e foi até Davi, afastou Ernesto e deu um soco que jogou Davi no chão de costas.

– Tá fraco. - Davi se levantou até que rápido para sua condição - toma essa - E Davi tentou acertar o garçom que nem se mexeu para que Davi socasse apenas o ar e caísse de quatro no chão - O..O..ow, não desvia não. Me encara como homem.

– Você não vale um soco.

O garçom deu as costas ao dois. Davi que estava sendo segurado por Ernesto começou a falar ofensas, mas o amigo tampou sua boca.

– CHEGA! Passou dos limites. Tenho pena, sei que você está sofrendo, Davi, mas não vou arriscar a imagem da Brasuca por conta de uma imprudencia sua. Pensa na plugar, nas crianças...

Ernesto tirou a mão da boca do amigo quando ele pareceu parar de gritar e escuta-lo.

– Não enche Ernesto! Nada vai acontecer, não vou ser preso. Eu vou estar na Califórnia, encontrando Megan. Vê se me entende cara - Davi disse isso já se lamentando, quase chorando - eu não consigo com isso. Eu preciso consertar, saber como ela tá. A culpa de tudo de ruim que aconteceu com ela aqui é minha. Eu que ajudei a colocar o pai dela na cadeia, que coloquei Manu na Brasuca e ela teve que se afastar, que trai ela, fiz ela bater o carro, ficou cega e eu abandonei ela assim que que me senti frágil e sem apoio, para ficar com Manu. Eu não to podendo comigo mesmo. Começo a pensar no que fiz, e tenho vontade de bater em mim mesmo!

Era de dar pena ver Davi, que se sentara na calçada, sangue escorrendo do nariz e um olho roxo, cabeça abaixada e mãos na cabeça com cotovelos apoiados nos joelhos.

– Davi, isso...- Ernesto havia se aproximado do amigo e se abaixado para conversar com ele, quando a viatura da polícia chegou.

–Até que enfim um carro - Davi enxugou umas lágrimas com as costas da mão, espalhando com isso sangue pelo rosto. Então ele se levantou e foi até o carro, abrindo a porta de trás - amigo,me leva para São Francisco.

Os policiais que tinham levantado a arma em direção a Davi quando viram ele se aproximando, agora com as armas abaixadas o olhavam com desconfiança.

– Saia da viatura, AGORA! - disse o Policial que chegou no passageiro.

– Nããããooo, amigo - Davi mexia o corpo como uma criança birrenta - por favor, eu só quero sair daqui, ir para a casa da Megan - ele apoiou o braço direito no carro e abaixou a cabeça apoiando a testa nele - eu não aguento mais.

O policial que havia mandado ele sair da viatura se aproximou. Com cara de cansado.

– Escuta garoto, você está bebado, e pelado. Nós vamos levar até a delegacia para registrar a ocorrencia, você espera essa bebedeira passar e coloca uma roupa, e depois te liberamos. Sabe quantas pessoas na vizinhança já ligaram reclamando de um tarado de boné nessa rua? - o policial então pegou Davi pelo braço - e mais, não dá para ir até São Francisco hoje, carro tá com pouca gasolina.

O policial falou isso com calma, tentando desviar a atenção de Davi. Ernesto, exausto, observava a cena da calçada, sentado, esperando os policiais notarem ele.

– É por isso? - Davi levantou a cabeça eufórico - sem problemas amigo. Sou filho do Jonas Marra, te compro um posto de gasolina. Agora vamos, entra no carro - Davi apontou para o outro policial, que chegou dirigindo a viatura - eu pago depois com meu cartão. - Davi disse essa ultima frase batendo na perna direita, onde deveria estar um bolso de calça com sua carteira - droga, deixei a carteira na minha outra calça.

– Filho do Jonas Marra, é? - falou o policial próximo a Davi. Ernesto então se levantou.

– É, ele bebe demais e começa a contar história. Coitado.

– Eu to reconhecendo ele. - disse o policial do outro lado - ele ganhou o reality, lembra?

– É ? Não vejo TV. Vem cá muleque, o que um cara com toda a grana do mundo, podendo encher a cara em Paris, tá fazendo bebado na Taquara?

– Eu não quero ir para Paris, eu quero - e Davi começou a aumentar o tom de voz até gritar, enquanto se afastava do carro indo até o meio da estrada levantando os braços e abaixando a cada sílaba - ir até São Francisco ver a Megan e pedir desculpa. Cuidar dela e dizer que amo elaaaa! Senhores policiais - Davi falou essa ultima frase baixinho, se apoiando no policial que estava próximo a ele, e agora o puxava pela cintura até a viatura - tem algum problema eu querer ir ver minha irmãzinha para dizer que quero ficar com ela?

– Espera, a Megan que você está falando é a filha da Pamela Parker, a filha adotiva do seu pai ?- falou o policial-motorista que agora parecia uma fã enlouquecida ao saber dos babados. Davi, que estava perto da viatura de novo, segurado pela cintura pelo outro policial, abraçou este pelo pescoço e confirmou com a cabeça - Mas você namorou ela depois do reality, até fez uma emp...espeeeera, você é o Ernesto Avelar??? O marido da Pamela?

Ernesto tentou ser humilde, mas diante de um fã, ele não conseguiu conter um sorriso e, colocando as mãos na cintura e estufando o peito, ensaiou uma pose. Olhou para Davi, que agora colocara a cabeça no ombro do policial, manchando a farda deste de sangue, e cantarolava "encosta a sua cabecinha no meu ombro e choooora, afasta toda a sua mágoa..."

– Bom, pelo que vejo estamos realmente em um conflito familiar famoso. Um problema e tanto para a policia. Imagina o trabalho que vai dar todos os jornais, nacionais e internacionais querendo saber sobre o filho do...- o policial claramente não sabia de quem estava falando.

– Jonas Marra. Magnata da tecnologia, gigante do Vale do Silício - emendou o outro policial animado.

– Puxa vida, um gigante com tantos problemas.

– Meu pai tá bem encrencado mesmo - falou Davi observando os dois policiais, pensativo.

Ernesto murchou, notou onde os policiais queriam chegar.

– É, realmente, acho melhor avisar ele antes, saber como podemos resolver isso.. - continuou o policial que agora começava a se agoniar com Davi que cada vez mais se apoiava nele.

O policial motorista deu um sorriso maldoso. Ernesto não gostou, achou que era hora de apelar.

– É, desculpa, eu deixei meu celular em ... - Ernesto achou melhor não contar que tinham apartamento ali em frente - casa. Vocês poderiam me emprestar um?

– Xiii...eu deixei o meu lá em ... - Davi começou a falar apontando para o prédio mas Ernesto o interrompeu antes que os policiais notassem.

– Davi! Nós sabemos que você não está com seu telefone celular.

– É.. minha irmã quebrou quando soube que trai ela com minha atual namorada. - ele disse isso levantando a cabeça e fazendo bico para o policial. Que o olhou de rabo de olho, e depois fez movimentos de não com a cabeça.

– Espera, eu tenho o meu aqui, deixa pegar na viatura - disse o policial motorista.

Enquanto isso, Davi descobria um sangue anda fresco no rosto, passava nos lábios e dava um beijo de sangue no policial que a essa hora não o segurava, mas era segurado por ele. O policial fechou os olhos se controlando quando notou o beijo, e o fulminou com o olhar enquanto passava a mão na mancha de sangue em seu rosto. Davi respondeu com uma piscada de olho.

– Aqui - o policial correu entregar ao Ernesto - é um Marraphone!

– Xiii...prefiro o Xperia - Disse Davi, se virando para seu colega fardado, e sussurrando - a internet pega melhor.

– Sério, seu pai tá muito mal com um filho como você. - disse o policial afastando Davi de perto de si.

– Liga não, ele tem mais três, nem vai notar se eu sumir.

Mas Jonas notou. Ele estava em casa, sem conseguir dormir, quando o numero de um telefone que ele não conseguia começou a tocar. Nas tres primeiras vezes ele não atendeu. Mas na quarta pegou o telefone. Surpreso por ser Ernesto e pelo que ele contou de Davi, que estava bebado e pelado no meio da rua, Jonas percebeu que teria de agir como muitas vezes fez com Megan. Esconder o escandalo.

Ele então pediu que Ernesto fosse com a policia até a antiga casa dos Marra, que ainda estava no nome deles, e que era mais escondido. Lá não teria qualquer mídia, e poderiam conversar.

Jonas ficou em abismado com a cena que viu quando chegou na casa. No banco de trás de uma viatura, estava Davi com um lençol por cima do torso e pernas, com algumas manchas de sangue no rosto e lençol, e dormindo de boca aberta.

Ele olhou para os três homens parados do lado de fora da viatura, aguardando Jonas chegar e abrir o portão. Ernesto estava com cara de desanimo, e os policiais estavam muito animados. Um mesmo chegou a cumprimentar Jonas quase se curvando. "Sou seu fã", ele escutou.

– Escute, seu Jonas. Nós estamos com um problema bem grande aqui. Seu filho conseguiu sozinho incomodar uma vizinhança inteira, tem mais de uma ocorrencia registrada contra ele. Sem contar que, falou coisas que não sei se posso esconder na hora da instrução do processo. - falou um policial com o rosto manchado com um pouco de sangue, e que não parecia ser fã do Marra.

– Compreendo - Jonas olhou para Ernesto, que respondeu com um olhar significativo - Senhores, eu não tenho como agradecer a ajuda que vocês me deram hoje. Meu filho estava desaparecido, nem mesmo a policia federal conseguiu encontrar eles - o fã de Jonas estava estufando o peito orgulhoso. O outro policial estava babando esperando a propina velada que viria - por isso, me vejo compelido a lhes pedir mais um favor, sejam seguranças da minha empresa - Ernesto levantou a cabeça e deu um meio sorriso - todos os benefícios pagos, um salário bem maior que o de 10 colegas de vocês juntos recebem, o suficiente para garantir o pagamento da minha gratidão por hoje, e pelos próximos dias de serviço que me prestaram.

Jonas encerrou na sua forma convincente e sedutora. Fazendo ambos os policiais babarem.

– Bom...e quando começaríamos? - perguntou o policial com mancha de sangue no rosto.

– Hoje mesmo. É claro que vocês teriam de abandonar o serviço na policia imediatamente, interrompendo qualquer atividade, inclusive, a de relatar que encontraram e testemunharam meu filho nesse estado.

Ernesto era quem babava agora. Jonas era realmente brilhante!

– Huuum...bom. Acho que...

– Aceitamos - emendou o policial fã de Jonas. - Vamos agora mesmo pedir exoneração.

Ele começou a puxar o colega pelo braço. Abriu aporta de trás do carro, levantou Davi sonolento do banco traseiro jogando para cima de Ernesto que quase deixou ele cair, e empurrou o colega para dentro do carro.

– Amanhã estaremos na Marra, Jonas. Falamos com o Murphy?

Jonas ficou surpreso com a rapidez do policial, e como ele sabia até o nome de seu assistente.

– É claro. Mais uma vez...- ele ia agradecer, mas a viatura já estava indo embora - Agora - ele se virou para Ernesto e Davi, que ainda dormia - vamos colocar esse irresponsável lá dentro, e esperar o resultado disso. Tem um médico de confiança da família lá dentro, no quarto da Megan. Coloque ele lá.

_________________________________

E foi na cama de Megan, que Davi agora mirava, que ele acordou no dia seguinte.

Quando ele acordou, por um instante pensou estar ainda no sonho, em que curtia um tempo com Megan no seu quarto. Ele sentiu o cheiro da roupa de cama, a textura dela passando por todo seu corpo..mas tooodo o seu corpo. De repente ele ficou alerta. Estava nu? E era mesmo? E a Megan não estava do seu lado. Ele apalpou a cama. Sentiu apenas uma mão. Alívio, ainda estava sonhando e ela estava ali.

– Que mão mais peluda...

– É que não tive tempo de depilar, enquanto procurava os meus dois filhos irresponsáveis.

A voz de Jonas poderia estar a um kilometro de distancia que Davi ainda sentiria como uma bomba explodindo na sua cabeça. E essa era apenas uma das dores que ele sentia. Notara agora que um dos olhos não abria direito, e que o nariz estava coberto com um curativo.

– Aaaai, que dor de cabeça. - Davi começou a se contorcer na cama. Mas de repente ele ficou alerto, se sentou na cama cobrindo-se com a coberta e olhando para sue pai com o olho e meio que ainda tinha - o que estou fazendo aqui?

– Não precisa ficar com vergonha não, o que você está tentando esconder aí, metade da Taquara já viu, se espantou! - Jonas disse se levantando irritado.

Davi olhou para os lados. O quarto dela não mudou nada. Lembranças dos dias com ela ali voltaram como uma facada no peito. Ele preferiu então que Jonas falasse de novo. Preferia a dor da ressaca que aquela. E foi o que Jonas fez, e bem alto.

– Davi, eu passei mais de 10 anos cuidando da Megan, sua rebeldia e imprudencia. Mas confesso que ela nunca fez em uma semana, o que voce fez em uma noite. Você tem idéia de tudo o que você arriscou com a sua bebedeira ontem?

Davi não gostava de sermões. Mas como não se lembrava de qualquer coisa da noite anterior, resolveu aceitar sem qualquer objeção aquele sermão do Jonas.

– Você não sabe, certo? - Jonas agora o mirava. Davi sentiu que devia responder algo.

– Desculpa, Jonas - Davi se endireitou na cama, ficando mais ereto - mas eu realmente não lembro de nada que fiz ontem. A ultima coisa que lembro é ter sentado no bar.

Jonas o olhava incrédulo. Nem mesmo Davi acreditava que bebera tanto.

– Filho - Jonas colocou a mão direita no queixo enquanto se aproximava lentamente da cama de Megan - eu estou muito preocupado com você. Sua situação é em muito pior que a da Megan. Você tem uma imagem que é base da Brasuca, e de projetos importantes.

Davi puxou todo o ar que conseguia, sabia que Jonas estava falando a verdade. Só que não lembrava da noite anterior, e não conseguia saber do que ter remorso.

– Eu realmente não sei qual o seu problema e quanto isso está relacionado a Megan, mas você tem que para agora, antes que eu não consiga reverter mais seus surtos. É a segunda vez que você se embebeda, falta serviço e briga em bar. Isso chama atenção demais. Para antes que você não atinja mais apenas você, mas a todos que dependem de você.

Jonas então sentou na cama perto de Davi, de novo. Este estava com a cabeça baixa, consciente de que deveria ter feito algo realmente ruim, e consciente que Jonas falava uma verdade, as bebedeiras e brigas não iam atingir só a Davi, como ele queria, mas a muitas pessoas inocentes.Até mesmo Megan.

– Eu entendo, Jonas. Eu só... - Davi sentiu que não ia conseguir falar - enfim..não vai se repetir.

– Ótimo - Jonas disse isso depois de um tempo esperando mais palavras do filho, que agora olhava fixo a porta do quarto, sem conseguir encarar o próprio pai. - Bom - ele se levantou - agora, se arruma. Tem roupas suas no roupeiro da Megan, ela tinha guardado umas de quando vocês namoravam - Jonas notou que ele o olhou surpreso e depois triste quando mencionou Megan - depois disso, tome um pouco de café que tem na cozinha, e o Edmilson já está te esperando com o carro ali fora. Eu já avisei a Manu que você está bem. Ela já sabe também que você se meteu em uma briga...

– Você...falou, com a Megan? - ele ignorou as ultimas palavras do pai.

– Sim, ela está melhor e já voltou para a casa.

– Como?

– Ok, você estava bêbado, não deve lembrar.Ela tinha ficado indisposta ontem e foi parar no hospital - Jonas fez movimento com as mãos pedindo para Davi se acalmar quando viu ele querendo se levantar - mas já está bem. Aliás, o motivo para eu precisar de você indo embora mais cedo, é que Danilo vai vir aqui e organizar a casa para a volta dela com Arthur. Eles estão planejando ficar nessa casa, na durante a estadia no Brasil.

Jonas observou os efeitos da sua noticia no filho. Ele variou de alegre as menções de Megan, e triste as menções de Arthur.

– Escuta, Davi, eu não sou bobo, notei desde ontem que você e Megan estão em algum conflito, que pelo visto foi culpa sua. O que isso quer dizer e onde vai levar eu não tenho certeza e nem quero pensar agora. Temo o escandalo que pode causar se descobrir algo ...enfim, antes de fazer qualquer coisa quanto a Megan, lembre-se que ela anda muito nervosa com toda essa mudança, e que ela está com Arthur e você com Manu. E foi assim que você quis, agora tem de conduzir isso da forma mais digna, ok?

Jonas olhava firme para Davi, que o escutava atento, confirmando que entendeu tudo, com a cabeça.

– Bom, ótimo. Seu celular está aí - Jonas apontou para algo jogado na coberta onde estava Davi - . Suas roupas aqui. Agora eu preciso ir.

Davi se encolheu na cama, assim que Jonas saiu. Recostou o queixo no próprio peito, coberto com as roupas de cama da Megan. Inalou o cheiro que vinha delas. Sentiu uma sensação boa, de felicidade. Como era possível? Como ele não notara quão feliz era junto de Megan? Ficara tão focado na injustiça contra Junior, na sua vontade de dar uma resposta a Jonas e na sua decepção com Manuela, por ter sido enganado por ela, que deixou passar sem pensar sobre como os momentos com ela eram bons. Ele conseguia muitas vezes esquecer os problemas, e ver tudo com otimismo, aquele jeito Megan de ser, sempre em festa.

Quando ele ficou com ela devido aos problemas com Jonas e a cegueira, ele chegava até mesmo a esquecer esses fatos, como motivo para continuar com ela. Parecia natural ficar do lado dela e proteger, fazer ela feliz, quando ele deveria achar que era um dever, ele na verdade sentia prazer. Estar do lado dela nunca foi forçado.

Ele respirou fundo. Agora teria que encarar todos, depois de tudo que fizera, que pelos hematomas foram sérias. Ele teria que tentar seguir em frente. Afinal, como o seu pai mesmo disse, foi ele quem escolheu Manuela, cada um construiu uma vida depois disso, não era justo ele agora jogar tudo pelo ralo porque errou. Ou era? Ele olhou o seu celular em cima das cobertas, e para a porta de onde Jonas saíra, e então se esticou e pegou o celular. Ligou ele e verificou a quantidade de chamadas perdidas. Tinha centenas.Até perceberem que ele havia jogado o celular fora deviam ter demorado uma hora. E então ele percebeu o nome dela entre as chamadas perdidas.

– A Megan ligou para mim. E não deve ter sido porque sumi, eles já deviam ter avisado que eu tava sem celular, não? Então ela me ligou para falar comigo.

Davi se animou com a idéia e esquecendo sermão de Jonas e seu recente raciocínio, ele discou o número dela. Uma mensagem de que o número não existe mais soou. Como assim o número da Megan não existe mais?

___________________________________

O que Davi soube, depois que saiu da casa dos Marra sem conseguir contato com Megan, é que ela estava incomunicável com todos. Nem Jonas ou Pamela conseguiam falar com ela. Até Danilo disse não conseguir.

Enquanto isso, Davi teve que agir como seu pai disse, em relação a sua situação com Manuela. Ele buscou tratar tudo de forma digna. E assim, quando chegou na Gambiarra ele reuniu suas roupas, alguma comida e se mudou interinamente para a Taquara, no apartamento onde Jonas cresceu. Quando a noite Manuela chegou da Marra e foi procurar ele na Plugar, ele contou sua decisão de darem um tempo, pois claramente não estava funcionando entre eles. Ela, fria, pareceu aceitar a situação de uma forma até que calma. Abraçando ele e dando um beijo nos lábios dele, Manuela voltou para a casa dela, jogar game, provavelmente.

Davi voltou sua rotina na Plugar. Foi até a Marra apenas uma vez, porque Jonas o chamou para falar sobre novos projetos entre Marra e Brasuca, já que Davi não conseguira evoluir seu projeto Sandy. Dois seguranças novos chamaram a atenção dele, um porquê quando o viu fechou a cara, já o outro deu um sorriso e uma piscadela.

– Mas então você vai ficar assim? Não vai aceitar minha ajuda enquanto perde apoio dos investidores? Empresa nenhuma se mantém assim, Davi.

Jonas parecia realmente preocupado. Davi deu de ombros.Uma coisa ele sabia, estava se dedicando ao máximo para salvar a Brasuca. Abriu mão até de uma adaptação do Junior proposta por um dos investidores. Mas a Marra ele não se juntaria, não misturaria as coisas.

– O que a Manu e o Ernesto pensam disso?

– A Manu eu nem converso direito mais – Jonas era o único na Marra que sabia que Davi tinha se mudado para Taquara. Na Gambiarra galera estranhou, mas todos pareciam achar normal o “relacionamento desapegado” deles. Ernesto era outro que também sabia. Ele por sinal vinha trabalhando todos os dias com Davi na Plugar e acompanhando ele até a Taquara. Cuidando para que não se aproximasse de um bar, onde um garçom o encarava feio toda vez que via Davi – e o Ernesto disse que me apóia. Jonas, você sabe que eu não vou vir para cá ou aceitar que a Brasuca retroceda aquilo que evitei desde o inicio, ser um braço da Marra. – Davi olhou para o pai e depois para a janela.

– Certo. Entendo, você tem o gênio forte dos Marra. – Jonas se encostou na mesa ficando de frente para Davi e cruzou os braços, olhou para o chão e soltou a bomba – Davi, eu te chamei aqui também para avisar, a Megan já está no Brasil, faz quase uma semana – Davi o olhou surpreso, coração deu um pulo – ela e Arthur já se instalaram. Vão fazer uma janta daqui dois dias. Convidaram os familiares mais próximos.

Davi fechou a cara pensativo. Um bico se formou, a testa franziu, e cruzou os braços.

– Entendo – ele sentiu aquele desconforto de quando Megan desligara o telefone na cara dele, só que mais forte – você deve saber que não recebi convite, certo?

– Na verdade, Danilo ainda está entregando os convites, ontem foi para Pamela e Ernesto. Parece que vai ser algo bem formal para entrar, evitar penetras – Isso explica porque ele ainda não contara nada para Davi, Ernesto ainda não sabia da janta até a noite seguinte. Mas será que não sabia que ela já tinha chegado? Davi olhou Jonas, que ainda olhava para os próprios sapatos – Eu gostaria que, mesmo recebendo convite, você não comparecesse.

Davi deu uma risada irônica enquanto balançava a cabeça e olhava para os próprios pés.

– Não se preocupa. Vou agir de forma digna.

E Davi saiu da sala, deixando Jonas na mesma posição, olhando o filho sair pela porta, magoado.Mas não podia fazer nada. Se ele se encontrasse com Megan as coisas com certeza piorariam.

Davi chegou desolado na Plugar naquele dia. A sensação de que havia perdido Megan voltou com toda força. Todos os dias ele pensava isso, mas como ainda não falara com ela, havia um pouco de esperança em nele. Mas agora que ela nem convidou ele para a janta, nem mesmo avisou que já tinha voltado, até a esperança se foi. Era como se ela tivesse dado um tapa na cara dele e ido embora.

– Nossa, papo com Jonas foi pesado eim.

Ernesto estava na Plugar, celular na mão, de certo falando com Pamela ou investidores. Olhou para o amigo preocupado.

– Você não bebeu, não?

– Não. Mas confesso que a idéia é bem atraente. – Davi se sentou em uma cadeira e jogou corpo para trás, ficando largado sobre ela – você vai?

– Onde?

– Jantar na casa da Megan.

Ernesto olhou para Davi surpreso. Pigarreou e colocou as mãos no bolso.

– Ela te convidou? – Davi negou com a cabeça – Bom...acho melhor assim. Eu só soube ontem que ela voltou – Ernesto emendou quando viu indignação nos olhos de Davi – e até Pamela parecia indignada por ela ter escondido de todos, menos Danilo e Jonas. Desculpa amigo, pelo visto ela anda frágil, e não querem perturbar ela.

– O que? Ela está doente? – Davi se levantou num salto.

– Espera.Para tudo aí. Ela está bem, muito bem, mas depois do susto em São Francisco todos concordam que ela tem de evitar se incomodar. E acho que nós dois sabemos bem que você pode ter sido uma das causas, se não a causa, de Megan ter ficado tão nervosa, certo?

Davi estava de costas para Ernesto, mão na cintura, cabeça baixa.

– Certo.

Ele suspirou, levantou a cabeça e disse que ia até a garagem. Ernesto quis ir junto, mas Davi negou, prometeu não beber ou se meter em confusão. Ele foi então até vendinha de sucos e lanches onde conversou com Megan na Gambiarra pela primeira vez. Sentou no banco vermelho, com um copo de suco de morango com laranja, tomou um gole e abaixou a cabeça, tentando não desabar.

– Que fase eim Davi!

Davi respirou fundo ao perceber que Danilo estava na sua frente.

– Tá na merda e só piora HAHAHAH! – Danilo ria, Davi se continha para não pegar toda a sua raiva acumulada no dia e descontar nele.

– O que você quer Danilo? – Davi se levantou peitando o primo – Veio jogar na minha cara que Megan já voltou e nem mesmo quis falar comigo?

– Porra cara, nem pra me dar o gostinho de te contar isso e ver a tua cara de panaca me deram? Mas se serve de consolo, eu tenho algo que vai me dar um gostinho parecido. Toma aqui, convite para o jantar da primata, prima gata.

Davi que já ia partir para cima de Danilo, parou quando viu o envelope preto que ele empunha na sua direção.

– É o que? Eu...fui convidado? – Davi pegou e envelope e viu escrito na parte de fora “Davi/Vinicius Reis/Marra e companheira” . Ele estranhou. Megan convidou a mim e a Manu? – Mas, é para a Manuela ir também?

– É Davi, afinal, não ia ter festa sem Daviela, eim? HAHAHA mas não se preocupa em avisar sua companheira que nem mora com você. Eu já entreguei o convite da entrada dela. É que cada um tem de apresentar o seu convite para conferir o chip, mas lá na lista ta certinho, Davi e companheira. Por favor, não falta!

E Danilo disse isso batendo com as mãos no ombro de Davi e olhando com zombaria para ele. Depois se virou e foi embora balançando a cabeça e rindo. Feliz demais para um Danilo que acabara de conseguir um encontro entre Megan e Davi. Mas Davi parou de pensar isso logo. Ele olhou ao redor para ver se Ernesto estava por perto. Não queria que o amigo soubesse que ele iria na festa, com Manuela, infelizmente. Mas iria.

Davi sentou e tomou seu suco rindo, naquele dia. Hoje porém, olhava para a cama com cara apreensiva. Aconteceu tanta coisa com ele, e quanta não deve ter acontecido com Megan, desde a ultima vez que ficaram sozinhos?

Ele percebeu que estava há muito tempo parado na porta do quarto e entrou. Megan ainda não tinha saído do banheiro. Ele se aproximou e ouviu barulho de torneira se fechando. Então Megan abriu a porta e levou um susto ao esbarrar com ele.

– Davi? God, o que ...você está louco?

Davi não conseguia desfazer o sorriso no seu rosto. Era surreal, meses sofrendo e ela estava perto dele de novo. O cheiro dela, do creme dental, perfume, do cabelo...os olhos. Ele mal escutou o que ela disse. Acanhado ele olhou para baixo antes de fixar um olhar cheio de significado nela.

– Eu..Megan, eu tinha tanta coisa para te dizer...mas – Davi se aproximou dela, colocando as mãos no seu rosto e aproximando-o dele.

– Davi ..- ela começou a dizer, tentando resistir – não..

– Desculpa – ele falou, sorrindo e balançando a cabeça, antes de beija-la.

Megan estremeceu. Ambos suspiraram forte, tentado recuperar fôlego com o beijo. Ele sentiu ela amolecendo nos braços dele. Procurou onde encostar ela, jogou ela no roupeiro. Aprofundando o beijo, sentiu os braços dela passarem pelo seu pescoço, a mão direita mexer no cabelo da sua nuca, e a mão esquerda apertar o seu ombro. Ambos pareciam fora de si. Lá na sala uma festa acontecendo com os respectivos deles, e mais família, e eles ali, sem pensar em nada. Davi que a segurava pela cintura, subiu a mão esquerda até o rosto dela e deslizou para a nuca, puxando-a. Megan passava a Mao esquerda no cabelo dele e a mão direita deslizava agora por baixo do braço dele, alcançando as costas e puxando mais o corpo dele.

Lá na sala de estar, todos já estavam preocupados com a demora da Megan, e Manuela estranhava a de Davi.

Ernesto então, arregalou os olhos quando Arthur saiu da sala para o corredor. Ele viu Jonas levantar as sobrancelhas preocupado. Então Ernesto literalmente deu um pulo quando viu Manuela seguir o mesmo caminho de Arthur. Ele jogou sua taça de champanhe em uma mesa e foi atrás dos dois.

– Hey, Manu... Arthur, cara. - Ernesto os alcançara no corredor - Me ajuda aqui.

Ernesto gritou para os dois e se jogou na parede escorregando parecendo com muita dor. O mesmo truque que usava para não ir para aula quando pequeno, dor de barriga.

– Ai, eu acho que aquele champanhe estava fora da validade- ele disse quando Arthur e Manuela se aproximaram dele assustados.

– Ernesto, o que foi? – Manuela chegou perto dele.

– Nossa, me ajuda aqui Manuela, vamos levantar ele e colocar num quarto – disse Arthur se aproximando e se ajoelhando perto de Ernesto – onde dói?

– Ahhhhh..- Ernesto tentou pensar bem onde apontar. Então apontou onde seria o apêndice. Ele já tinha tirado, mas eles não sabiam - aqui.. nossa senhora que doooor.

– Vem, levanta –Manuela puxou pelo ombro direito dele enquanto Arthur o puxava do outro lado pelas suas costelas, e apoiava o braço de Ernesto do seu ombro – Vamos te levar num quarto aqui. Qual o mais próximo Arthur?

– O da Megan. Ela ta ocupando ele de novo desde que voltou, deve estar aberto.

– AAAAAAAAAAAAAAI – gritou Ernesto. Que desgraça, e se ela estivesse lá com Davi? Ele precisava avisar – Não se preocupem, AAAAAAAAAAAAAI não precisam me levar ao quarto da Megaaaaaannnn – ele gritava mais alto a cada vez que se aproximavam do quarto. Chegando na porta ele tentou fingir desmaiar, mas Manuela já estava olhando com uma cara desconfiada. – Não, não, não. Eu acho que preciso de médico, vamos para o hospitaaaaaaaal, não vou PARA O QUARTO DA MEGAN.

– Para Ernesto, assim você vai assustar toda a casa e quem está no quarto também – disse Manuela irritada.

– Não se preocupa. Essas portas são grossas para isso mesmo. Dar mais privacidade. Teria que gritar mais alto para incomodar alguém nesses quartos. Megan exigiu isso, por causa das ressacas dela. Assim não sofria com o barulho do lado de fora.

– A é, é? Não brinca. Megan é realmente muito esperta – Ernesto disse, calmo. Nem ligava mais para o fingimento, já era.

– Nossa, Manu a gente precisa deitar ele logo, Ernesto está branco.

E assim Arthur entrou apressado no quarto, sem nem ao menos bater e avisar a quem estivesse dentro.

Nem nas suas cogitações de flagra mais trágicas Ernesto tinha imaginado a cena que viram. Próxima a cama estava Megan só de calcinha e sutiã perto da cama, olhando assustada para eles entrando no quarto. A porta do roupeiro aberta, onde se via apenas o rosto de Davi para fora dela, olhando intrigado os intrusos. “Deus, que ele ao menos esteja vestido” pensou Ernesto. Então Davi saiu de trás da porta colocando a mão na cintura e estufando o peito. Vestido com sua camisa social e terno na parte de cima, mas só cueca e meias na parte de baixo.

Ernesto pediu arrego, e fingiu desmaiar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Megavi - Cenas excluídas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.