Just Let Me Perfect It escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 4
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/55867/chapter/4

III.

 

 

You know  that I could use somebody

You know that I could use somebody

Someone like you, and all you know, and how you speak

Countless lovers under cover of the street.

 

Use Somebody, Kings of Leon.

 

 

            Passaram-se alguns dias e Shane parecia que não ia embora tão cedo. O clima estava cada vez mais tenso e Ryan quase não saía do quarto. Só descia, tomava sorvete, banho e voltava para o quarto. Ele não me deixava ficar lá dentro durante o dia e não falava comigo durante a noite. Eu já tinha terminado uns três ou quatro livros não-tão-legais por querer esquecer Ryan se isolando dos demais por causa de da minha noite com Shane Valdés.

 

            Sentei-me no sofá da sala – já que eu estava sem quarto – e continuei a ler em silêncio enquanto ouvia a maldita That Thing You Do que cantamos um para o outro. Eu sei que ele tinha se importado com meus lábios supostamente traiçoeiros e se perguntava se eu poderia fazê-lo feliz. Talvez ambos tivéssemos respostas diferentes e que um quisesse provar pro outro que o seu lado da moeda era o melhor.

 

            Shane sentou-se no sofá e gentilmente pôs a mão em minha coxa. Deixou um carinho amistoso ali e sorriu. Seus pequenos dentes juntinhos ficavam uma graça, ainda mais quando eu sabia que aquele sorriso adorável era para mim. Mordi o canto do lábio ao sentir a carícia e desviei os olhos para olhar aquela mão. O dono dela a recolheu e seus olhos me pediram desculpas, sem palavras. Segurei a mão dele, colocando-a de volta em minha coxa, indicando que era melhor com ela ali.

 

- Você anda lendo demais. – Murmurou, entrelaçando nossos dedos. Dei os ombros voltando a olhar o livro.  – O que quer esquecer, Brendon?

 

            Direto na ferida. Não comentei absolutamente nada, apenas fingi não tê-lo ouvido. Era melhor para ambos. Shane me conhecia tão bem quanto o Ryan e isso não me deixava mentir. Ele me entregou uma xícara de chocolate quente que eu não tive – apesar de que deveria – coragem para rejeitar. Sorri para ele fechando o livro para tomar um gole do chocolate, em silêncio.

 

- Deveria esquecer o Ryan, sabia? – Acariciou novamente minha coxa enquanto assoprava sua bebida. – Posso tentar ajudar você nisso. Não vou me importar se você usar meu nome do meio pensando no isoladinho.

 

- Não seria certo. – Neguei com a cabeça. – Não que eu não queira você, Shane, mas não posso usar o que sente por mim para esquecer alguém. Não seria certo usar te chamar de Ryan só para suprir a falta que ele me faz.

 

- Só não quero que perca sua maldita hiperatividade e fique todo amuado por aí lendo livros que você não se interessa de fato. – Engoli em seco a bebida quente, segurando a xícara branca de porcelana – Você pode dormir comigo, se quiser. A cama é grande e... Eu vou respeitar você, como sempre fiz.

 

- Eu preciso de 2006 de novo, Shane, isso sim. – Suspirei. – A vida era muito mais fácil quando eu era só uma vadia de segunda dominada pela Hayley.

 

            Shane deu uma risada meio estridente ao que olhou para mim. Colocou a mão em minha cabeça e depois me deu um beijinho em minha face, com doçura. Eu estava caindo nos encantos de Valdés por pura carência, por falta de um Ryan em minha vida. Foi então que ele se afastou um pouco de mim.

 

- Você não é uma vadia de segunda, Brendon. – Mordeu o  lábio – Quem te disse tamnha mentira? A única coisa que você fazia de errado era se divertir demais com sexo. Algumas pessoas se apaixonam por ele.

 

- Você gosta de mim por meu sexo? – Arqueei a sobrancelha.

- Só se isso fizesse você ficar comigo agora. – Deu os ombros – Eu amo você pelo que é, Brend.

 

            Assenti terminando com aquele líquido em minhas mãos. Voltei para o livro de propósito e Shane girou os olhos. Encostou a cabeça em meu ombro  e voltou a acariciar minha perna. Eu realmente ia cair a qualquer momento nos braços dele, por carência.

 

- Josh disse. – Murmurei, seus olhos se voltaram para mim  e mordeu seus lábios – Josh disse que eu era uma vadia de segunda, Shane Ryan Valdés. – Zoei.

 

- Não me chama de Ryan. – Torceu os lábios – Não se não for pra dizer que me ama e eu não gosto do meu nome do meio, sabia?  Mas pra você eu abro uma exceção especial.

 

- Besta. – Mostrei a língua. Seu punho se fechou com esse meu ato e se conteve. Ou foi essa a impressão que ele me passou enquanto fechava o punho. Vi o Ryan passando para a cozinha e eu desviei os olhos para as mãos de Shane.

 

            Eu tinha quase certeza que depois daquela cena eu ia ter que dormir na sala. Não sei até que ponto Ryan Ross tinha me ouvido, mas eu sabia que depois daquilo, eu iria dormir na cozinha. Aproximei meu rosto do de Shane e ele juntou nossos lábios. Confesso que eu pensei em Ryan conforme o beijo se desenvolvia. Eu me deixei levar pela carência, me deixei levar pela maldita carência por poucos minutos. Para minha sorte, Ryan não viu aquilo, ele não se machucou mais, porém eu tinha mexido com os sentimentos de Shane que eu acho que entendeu o motivo de eu ter cortado o beijo tão bruscamente.

 

- Oh, eu entendo, Brendon. – Shane falou, levantando-se do sofá e seguindo em direção aos quartos. Quando olhei de novo, Ryan estava no batente da porta e ele sorriu para mim e também foi em direção do seu quarto. Eu fiquei ali, inerte.

 

 

            Durante a noite fui para o quarto. Eu ainda estava dormindo com ele e de certa forma era isso que me fazia não cair em certas tentações. Shane, Ryan, Ryan, Shane. Para mim era difícil escolher como era difícil admitir que estava os ferindo. Isso me deixava meio sem chão, mas poderia me vangloriar pela chance que estava tendo, de verdade. Eu estava tendo um tempo sozinho com ele, embora ele sempre fosse curto e grosso comigo, isso quando abria a boca para falar com isso. Eu precisava mudar essa coisa. Eu precisava dizer que o que ele viu em nosso apartamento foi apenas uma aposta de Guitar Hero – talvez isso piorasse as coisas, mas ele precisava saber que eu o amava. Que eu o amo.

 

- Como está Bogart?  - Ross fora quem puxou o assunto. Dei uma olhada para ele seguido de um tapa bem forte na testa.

 

- Não perguntei.  – Formei um bico manhoso.  – Depois eu acho o Shane por aí.

 

- É. – Voltei minha atenção para o livro anti-Ryan-Ross e tentei me distrair, mas aquele quarto estava enfestado dele; seu cheiro, seus objetos, sua presença. Tudo aquilo me fazia ter um desejo a flor da pele. Queria Ryan mais perto. Bem mais perto. Eu estava praticamente devorando aquele livro, por isso ele chegava cada vez mais próximo do final. Aquilo me apavorava. – Se importa se eu tocar?

 

- Não. – Neguei de leve com a cabeça, virando o olhar para ele – Você toca bem, Ryro e isso não vai me atrapalha em nada.

 

            Foi então que percebi que ele queria atenção. Queria meus olhos voltados para ele, queria falar sobre nós como nunca falava. E nós precisávamos por nós mesmos e pelo Panic at the Disco.  Ele me queria perto, ele sabia que eu estaria e que por mais mulherengo que eu fosse, eu estaria com ele e, consequentemente, ele estaria comigo. Era meio que uma doce sina que nos prenderia, manteria ligados pelo resto da vida.

 

            Fechei o livro e voltei minha atenção para ele. Estava sentado no chão, encostado em sua cama. Fiquei com os meus olhos fitos nele e ergui meu corpo até me ajoelhar em sua frente. Não que ele fosse notar que eu estava humilhado ali. Mais próximo.

 

- Me negaria um abraço agora? – Murmurei. Envolvi meus braços em sua cintura e Ryan não me afastou, ele me aninhou em seu abraço. Ronronei baixo arrancando uma risadinha infantil dele. Resistindo a vontade que eu tinha de beijá-lo, mas eu sabia que não era a hora e eu precisava ir devagar. – Você sabe que nós temos que conversar, uh?

 

- Ryan? – Jon entrou sem bater, me fazendo afastar o mais rápido que pude de Ryan, mas só consegui cair sentado entre suas pernas. Girei os olhos e voltei para o livro. Não tinha jeito.  – Me desculpa por ter entrado sem bater.

 

- Tudo bem, Jonnie. – Sorriu aliviado – O que quer?

 

- O Spencer chegou do mercado agora e trouxe seu sorvete. – Sorriu sem graça, pra mim. Dei os ombros e assenti, como se estivesse tudo bem, mas acho que ele sabia que não estava.

 

- Obrigado.  – Sorriu. – Eu vou pra cozinha contigo, Jon. Tô morrendo de fome mesmo, aliás, B. você não quer comer?

 

- Quero comer você. – Brinquei e Ryan me mandou o dedo do meio, então eu ri junto aos outros dois. – Não, Ryro. Eu vou tomar banho, terminar o livro e dormir.

 

            Ryan deu os ombros e saiu atrás de seu adorado sorvete. Procurei a bicama, porque eu realmente estava cansado e o pior de tudo era que eu não tinha bolado nada para estar perto de Ryan Ross o tempo todo. Eu precisava ficar sozinho com ele sem intervenções, para mostrar que era ele quem eu queria.

 

            Deitei por ali e acabei dormindo com esses pensamentos sobre Ryan Ross.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!