Bleeding Out escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oii gente!!
Estou muito grata por todas que revi aqui, vocês são demais.



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~Anos depois~

A garota ruiva andava nervosa pelas fileiras de prédios... Algo naquele dia caótico a deixava alerta, era como se houvesse um prenúncio de tragédia pairando no ar acima de sua cabeça... Aquela irritante sensação de que algo vai acabar dando errado... E como se não bastasse, logo hoje...

Amélia Hope Cahill apressou os passos, quase como se voasse sobre a calçada suja e escura, aquela região da cidade lhe dava nojo, mas era necessário passá-la, já que a garota havia dito que encontrava-os no local... Ela odiava ter que ir para lá, era como reviver todos os seus medos, mas algum membro idiota da sua família achava que seria apropriado a reunião ser aos pés da antiga patriarca, e também avó de Amélia, Grace Cahill. Para Amélia isso não passava de uma afronta.

A garota estava cansada, muito cansada. Os pesadelos haviam preenchido cada espaço da sua cabeça durante a última noite, e por mais que tivesse se esforçado para esvaziar a mente, nada parecia bastar para tirar-lhe os assombros...

Noite após noite eles vinham... Alguns piores, outros melhores...Mas o final era sempre o mesmo: ela acordava assustada e suada, com nojo do próprio corpo, corria para o banheiro e enquanto se levava dava um jeito para a sua dor “passar”. Antes que pensem ao errado, não, ela não se cortava, até considerava o ato de uma extrema insignificância, em vista que a mesma já não conseguia se conter com uma simples lamina, Amélia tinha outros meios de acabar com sua dor, e um deles, pode ser o seu favorito, era se encarar no espelho e falar coisas horríveis para si mesma, além de beliscar sua pele, lugares como as bochechas e as coxas, nada que deixasse muitas marcas para comprovar o que havia feito... É claro, nenhuma pessoa em sã consciência acharia isso algo tão ruim, mas Amélia havia aprendido tempos atrás, que se quiser agredir alguém, apenas use a sua boca...

A garota arrumou o casaco, ajeitando-o quando um forte vento norte lhe atingiu, fazendo-a tremer. Suas luvas pareciam um tanto geladas, suas botas de frio de nada aqueciam seus pés, e seu longo casaco, que ia até o inciou do joelho, não a mantinha mais quente do que uma jaqueta qualquer... Seus cabelos ruivos, presos por uma toca preta, estavam lhe enchendo, com fios vindos ao seu rosto de cinco em cinco minutos...

Mas a garota andava rápido, estava atrasada, ela sabia, ao recusar o carro atrasara-se em alguns minutos. Ao consultar o relógio, viu que, embora faltasse uma boa quadra a sua frente, estava treze minutos atrasada, o que para seu tio, Alistair Oh, seria uma eternidade...

Postou-se a adiantar o passo, pé ante pé, praticamente correndo... Conteve um suspiro aliviado ao ver a grande grade do cemitério Hugston projetar-se a sua frente.

—Srta. Cahill — cumprimentou o porteiro, abrindo o enorme portão ao vê-la na rua. Todo o cemitério conhecia ela, na verdade, conhecia sua família. Há muito tempo os Cahills doam dinheiro para o cemitério Hugston, e em troca, este deveria garantir que todos os túmulos com alguma ligação com o sobrenome “Cahill” tivessem flores novas e grama aparada. E Amélia vinha aqui desde os 10 anos... Quando veio pela primeira vez, no velório dos pais e da avó... Aquela lembrança encheu a cabeça de Amélia de coisas ruins e negativas, e os pensamentos maléficos estavam lá novamente... Xingando-a, fazendo-a ficar perturbada...

—Obrigada, Rogério — foi a única coisa que Amélia conseguiu dizer, esforçando-se para esvaziar a mente... Quando tomou distância do pobre porteiro, Amélia começou a murmurar, palavras sem sentido, apenas tentando se acalmar... Era um troque que aprendera na única vez que fora ao terapeuta, quando tinha 12 anos, depois disso, jamais voltou aquele lugar; mas continuando, o terapeuta havia lhe dito, que grande parte desse “problema” que ela tem, é porquê fica armazenando pensamentos demais, guardando tudo para si... Então ele instruiu ela a falar, e toda vez que estava prestes a ter um ataque em público, Amélia falava sem parar, sussurrando coisas pra si mesma, mandando-a parar de agir como criança...

O cemitério era grande, para ser sincera Amélia não conhecia todo ele, jamais se aventurou para o sul, onde uma grande floresta fria contorna os imensos campos verdes, e jamais andou até a outra grade, apenas por desinteresse. As colinas e ondulações no terreno forçavam os pés de Amélia a caminharem mais devagar por entre as lápides, desde as de pedra, novas, até os mármores mais velhos...

Um pássaro passou pela cabeça de Amélia, cantando alegremente alguma melódia que a mesma não conseguia identificar. Quando pequena, antes do acidente, Amélia amava ver os pássaros cantando, era como se eles achassem que o dia merecia melódia... Mas hoje em dia, ela apenas se sentia sozinha, como se fosse ela mesmo um pássaro, cantando no meio do vazio...

Observando o pássaro voar para longe, Amélia mal percebeu que chegará ao local do encontro, aos pés da lápide de Grace Cahill, foi somente quando a voz de seu irmão mais novo, Dan, a chamou que a garota voltou a olhar para frente.

—O que? — perguntou perdida, olhando em volta para ter certeza que estava no local certo. Algumas cadeiras foram colocadas pelo lugar, provavelmente a pedido dos Cahills, e todas elas estavam ocupadas, alguns Cahills estavam de pé, conversando entre si, e quase nenhum percebeu sua chegada, exceto Dan, que provavelmente estava sozinho até a ruiva chegar.

—Até que enfim! — murmurou Dan, parando na frente da récem-chegada — Por que demorou tanto? Até parece que não conhece tio Alistair, e me deixou sozinho para ouvir as palavras chatas de Beatrice! Alguém tem que mandar aquela velha para o túmulo! — Beatrice era a irmã de Grace, uma mulher extremamente deselegante e metida, na verdade nem mulher era mais, e sim uma velha, mas Amélia jamais falaria assim dos próprios parentes.

—Sinto muito... Demorei mais do que previ... — disse baixo, olhando rapidamente os olhos de Dan, antes de desviar o olhar, fixando-o no chão.

Dan deu um leve suspiro, estava mais que acostumado com a irmã... Ela não olhava-o nos olhos, não conversava com ele... Era fria e distante, sempre que possível. Amélia odiava contado visual, odiava ser o centro das atenções, odiava tudo e qualquer coisa que tivesse haver com falar com outras pessoas, se expor ou, simplesmente, deixar de lado um pouquinho da sua tristeza... Algo na mente da ruiva achava que o único caminho para honrar os pais era assim... Eterno luto...

—Amélia! — chamou Alistair, quando a viu, ao lado de Dan, a mesma nem fez menção de levantar a cabeça, mas disse o mais alto que conseguiu:

—Olá, tio Alistair... — e olhou para Dan, suplicante.

—Tio — este falou, e Amélia sentiu ele revirando os olhos — Quantas vezes temos que lhe dizer, é Amy! Não Amélia. — Desde pequena seus pais chamavam a garota de Amy, e a mesma ainda era relutante com o nome Amélia, algo parecia feio e errado neste nome.

—Ah, sim, sim... — concordou rapidamente Alistair, mas tanto Amy, quanto Dan, sabiam que ele iria insitir — Venham, venham, sentem-se ao meu lado...

Dan olhou para Amy, a mesma observava o pássaro que sumia lindamente no horizonte, mas por fim, sabendo que estava sendo observada, suspirou e passou por Dan, puxando-o junto, para sentar-se ao lado de Alistair, o mais invisível possível...

—Agora que estamos todos aqui — disse tio Alistair, rindo um pouco. Amy simplesmente odiava aquele lengua-lengua. Sua família nunca era direta, eles tinham que enrolar sempre que possível — e quando não era possível, também — ao contrário de deixar as coisas mais fáceis. — Gostaria de dizer que estive recentemente na europa, mais precisamente na Inglaterra e... — e Amy parou de ouvir. Era insoportável!

A garota começou a brincar com os dedos em seu colo, batucando levemente alguma batida fúnebre que ouvira outrora. Amy odiava reuniões de família, não mais do que odiava estar com sua família... Mas um era consequência do outro.

Tio Alistair assumira sua guarda há 7 anos, e em nenhum dos malditos 7 anos Amy se sentiu bem. Na verdade, Amy nunca mais se sentiu bem desde o momento que acordara em um hospital, com a notícia que três dos seus entes mais queridos — sua mãe, seu pai e sua avó — estavam mortos, e que — é claro — não existia nenhuma explicação. Seu tio-avô, Fiske, que era de longe o parente que Amy e Dan mais gostavam, simplesmente sumiu, deixando o cargo para a tia-avó Beatrice que recusou. Alistair foi muito gentil em aceitar Amy e Dan, mas ele também receberia certos privilégios, o que fazia a garota duvidar de suas intenções reais.

—... revi velho parentes, e descobri alguns segredos... — continuava Alistair. Amy sabia que, por mais que tentasse, Alistair jamais desistiria dela. Certa vez, Alistair disse isso para a garota, ela deveria estar fazendo 12 anos, as lágrimas bradavam em sua face, as mãos sujas de sangue, seu sangue. Alistair entrou no banheiro na hora errada, e depois de ajudar Amy a se limpar, sem dizer absolutamente nenhuma palavra, o mesmo lhe sentou em seu colo e secou-lhe as lágrimas, proferindo as palavras com muita calma e suavidade, como se nada houvesse acontecido:

Eu, nem ninguém dessa família, vamos desistir de você, Amélia. Você é a única coisa que nos mantem unidos agora... Precisamos de você do nosso lado.”

Amy nunca entendeu o real significado daquelas palavras, mas se lembrava de ter assentido com a cabeça, e depois caído no sono, ali mesmo.

Aquilo era ridículo, mas Amy sabia, que se não fosse por tio Alistair e Dan ela já teria desistido de tudo.

—... é com grande prazer que eu apresento a vocês mais dois herdeiros da família Cahill — Amy levantou a cabeça com aquelas palavras. Até onde sabia, Grace havia deixado tudo para ela e para Dan. — Nathalie e Ian Kabra.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Love u all,
Becky.