A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 45
Open At The Close


Notas iniciais do capítulo

Oi, povos!
Demorei á postar por que fiquei desanimadinha ao descobrir que só DUAS pessoas comentaram o último capítulo. Mas aí eu relevei (depois de muito choro e mágoa) e tô aqui de novo.
Boa leitura!



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RONY

Acordei sentindo braços finos entrelaçados em meu corpo.

Abri os olhos, sorrindo condoído ao encarar a silhueta encolhida e cansada de minha namorada.

Pobre Hermione... havia passado em tão pouco tempo pelo suficiente para uma vida toda...

Ela não merecia ter sofrido tudo aquilo.

Mas vi, em seus olhos, enquanto a acudia de madrugada, um estranho lampejar de esperança que não esperava ver tão cedo.

Enquanto pensava nisso, enrijeci quando ela se mexeu, piscando os olhos sonolenta como uma gatinha preguiçosa.

Sorri ao ser recebido pelas esferas achocolatadas que me fitavam.

– Bom dia...

– Bom dia... espero - fiz uma careta.

Afaguei a mecha de cabelo que caíra em seu rosto, fazendo-a rir.

– Andou malhando? - Hermione corou, ainda rindo, olhando de esguelha para meu peito nu.

Minhas orelhas esquentaram.

– Ah... sei lá... sabe como é...

Ela gargalhou, se erguendo na cama.

Me deliciei com sua risada. Ah, à quanto tempo eu não ouvia aquele som...

– Ficou bom... - Hermione tapou os olhos, fingindo agonia - mas é melhor colocar uma camiseta agora. Vai furar os meus olhos assim.

– Coloco... se me contar o que houve ontem á noite...

Hermione ficou amuada, baixando o olhar e mexendo distraidamente na alça do sutiã.

– É melhor eu contar para todos mais tarde... - elas me encarou, séria - Harold apareceu para mim.

– Sério? - arfei, erguendo-me - caramba, Hermione! O que aconteceu?

Harold conseguira transpor as barreiras do subconsciente dela, o que por si só já era um feito surpreendente. Mas duvidava que ele fizera aquilo só para rever a sobrinha.

– Ele disse... - vi-a engolir em seco - que tem um modo de eu transferir a Maldição para outra pessoa... - ela se abraçou, parecendo angustiada - mas tem um preço.

Hermione levantou da cama, começando á se vestir. Percebi que ela não diria mais nada por ora, então também saí do colchão para me trocar, sempre encarando-a, curioso.

Descemos a escadaria do dormitório, notando a falta de pessoas na Torre de Noble. Todos deviam ter dormido no Salão principal, ao lado dos amigos e parentes feridos.

Uma figura solitária e pequena chorava de frente para a lareira.

Nos aproximamos, confusos, até que vi Hermione se adiantar e abraçar a pequena garotinha de cabelos louros.

– Granger... - soluçou ela, retribuindo o abraço.

– Eu sinto muito pela Madelaine - Hermione afagou a cabecinha da menina, que chorava sem parar em seu ombro.

– T-tude ben - fungou a garotinha - Madelaine gostava tante de você... você salvou tanta gente... nossos primes...

Esperei. penalizado, a pobre menininha se acalmar, até que Hermione a soltou, apertando suas mãos e se despedindo. A irmãzinha de Madelaine sorriu tristemente e acenou para nós enquanto saíamos da Torre.

Doeu em mim assistir aquilo.... pois, por pior que fosse lembrar, eu sabia exatamente o que ela estava sentindo.

______________________O__________________

Hermione conseguiu organizar uma reunião, em menos de três horas depois, com uma maestria de regente. Todos os nossos amigos que conheciam a profecia, minha irmã, Oliviene Stark, McGonagall e Becky se encontravam agora juntos na sala de Transfiguração.

Oliviene havia aproveitado a chamada urgente para anunciar - para nosso alívio - que todas as informações relacionadas ao ocorrido em Beauxbatons não tinham qualquer nota sobre Hermione ser Wicca. Até aonde o mundo bruxo sabia por enquanto, todos que estavam no castelo derrotaram o Wicca Negro em conjunto. Apenas quem estava ali e havia lutado sabia da verdade.

Enquanto Hermione contava a proposta assustadora de Harold, meu queixo ia caindo cada vez mais.

Quando ela terminou, teve que calar o burburinho que se iniciou com um jato de água que se esparramou no centro do círculo de cadeiras.

– Bom, pelo que você disse - Gina bufou, enxugando o rosto com a varinha - alguém vai ter que pegar esses poderes de qualquer forma para você se livrar da Maldição.

– Granger - McGonagall suspirou - entendo seus motivos para querer aliviar essa carga da responsabilidade de ser Wicca... mas sua vontade de perder isso tem á ver apenas com a sua suposta falta de aptidão para carrega-la?

– Não é só isso, professora... - vi Hermione corar ao olhar para mim - imagine que, hipoteticamente, eu me mantenha como Wicca... um dia, algum descendente meu... talvez meus filhos, herdará a Maldição... - enquanto me boquiabria, vi-a suspirar, tensa - eu não suportaria ver os elementos desencaminhando-os, nem as disputas que poderiam ocorrer... por minha culpa. Eu acho isso perigoso demais para continuar em nosso mundo...

Pisquei, pasmo, enquanto Gina revirava sugestivamente os olhos para mim. Hermione queria fazer o ritual só para eximir futuros filhos e netos da Maldição?

Bufei, chocado. O que diabos ela estava planejando antes? fazer uma laqueadura?

– Então... eu pensei em três soluções... - Hermione continuou, dessa vez evitando decididamente me olhar - eu poderia manter-me como Wicca, e arriscar passar a Maldição para qualquer descendente meu.

– Posso fazer uma observação? - Oliviene perguntou, acrescentando quando hermione assentiu - Hermione, a Maldição é regida por emoções e pelo consciente da pessoa. Todos os Wiccas da História só se tornaram o que foram por que já tinham o que havia de bom ou mau neles desde seu íntimo, e o poder Wicca só fez isso aflorar. Você, mesmo com poderes tão perigosos, usou-os para o bem, e não se deixou dominar. Se, por ventura, um descendente seu fosse desencaminhado, seria por sua própria consciência, e não por sua culpa, Granger.

– É verdade - Nyree concordou - é como você disse... é um faca que pode ser usada para ferir ou cortar o alimento. O uso que será feito dela será responsabilidade de quem a herdar.

– Pensei muito nisso também - Hermione parecia ficar cada vez mais sem graça - seria uma opção. A segunda opção, a menos provável de eu acatar, é seguir a proposta de meu tio e realmente fazer o sacrifício.

Becky, para o choque de todos, se ergueu de se banquinho, com as mãozinhas em punho e o olhar sério e determinado.

– Becky quer se voluntariar, menina Granger!

– Quê?? - até eu saltei da cadeira.

– Becky disse ao meu falecido senhor que faria de tudo para proteger a menina Granger! Se Becky tem que se sacrificar pela senhorita dela para que a maldição desapareça, Becky vai se sacrificar... igual á Dobby!

Hermione enrijeceu na cadeira, com os olhos saltados.

– Becky...

Vi a elfa sorrir com tristeza para todos que estavam encarando-a em choque.

– Sim, senhorita... Becky descobriu o que aconteceu com o irmão dela... e Dobby salvou Harry Potter, que era o verdadeiro senhor do coração de Dobby. Becky tem orgulho do irmão dela e vai fazer o mesmo pela dona dela!

Vi Harry piscar desconfortável por trás dos óculos.

– Becky... - Hermione soluçou.

– A menina Granger é uma dona boa... não disse nada para Becky não sofrer! É igualzinha ao senhor antigo de Becky! Deixe Becky ajuda-la, menina Granger!

– Não! - Hermione exclamou, fazendo os archotes da sala flamejarem - não vou fazer isso, Becky! Não com você! Não quero perder mais um amigo elfo!

Becky baixou a cabeça, encarando a dona com seus enormes olhos azuis.

– Parece que a segunda opção não rola - revirei os olhos para Hermione - francamente, Hermione, você não vai sair matando nenhum velhinho por aí... quer tal nos sugerir a terceira opção?

– A terceira opção me parecia mais viável, mas bem mais desconfortável que a primeira... - Hermione pareceu ficar envergonhada.

– E qual é? - perguntou Luna, que, no momento, lutava para equilibrar Tamahine nos braços.

McGonagall pareceu captar o olhar tímido de Hermione antes mesmo de nós.

– Estava pensando... - a professora murmurou, surpresa - em repassar a Maldição para mim?

Todas as pessoas ali se viraram para Hermione, de queixo caído.

Hermione enfiou as mão no rosto.

– Era só uma hipótese... a senhora é tão poderosa, tão inteligente... digna o suficiente para usar os elementos... nunca se deixaria levar... e, ao mesmo tempo...

– Ao mesmo tempo, cortaria aquela parte da here-reditariedade - gaguejou Neville, ficando vermelho com o olhar de McGonagall.

McGonagall fez o impensável numa situação tão inusitada. Ela riu.

–Sim, sr. Longbottom. Com certeza cortaria essa parte - ela se voltou para Hermione, sorrindo - realmente, Granger, seria uma ideia viável...

– Mas eu nem sei o que o ritual pode causar, professora... é muito arriscado... e se der errado? - choramingou Hermione, ainda escondida entre dos dedos.

– Aí você iria poupar uma pobre velha de mais alguns anos de costas doloridas - brincou McGonagall, piscando para mim enquanto eu ria - a decisão é sua, Hermione. Qualquer solução que encontrar, nós colaboraremos. Harold parecia tão hesitante em lhe propor o ritual quanto você está agora em pô-lo em prática. É incrível o como vocês são parecidos.

– Não sei... é tudo tão...

Segurei a mão de Hermione.

– Tem o resto da vida para decidir, Hermione - sorri - não é algo que tenha de escolher agora.

Hermione olhou para mim, dando um sorriso fraco.

– Ele tem razão, Hermione - Oliviene assentiu - até onde nosso mundo sabe, o único Wicca que surgiu até agora em nosso século está morto. A única coisa que lamentamos é que, fora os que batalharam ao lado de vocês, ninguém nunca saberá que foi, na verdade, Hermione Granger que salvou a vida de todos em ambos os mundos.

– Ninguém nunca vai lembrar de meu tio - ela murmurou, triste - tudo o que ele fez... o que sacrificou... se não fosse por ele, nem mesmo eu teria me tornado o que sou agora...

– Bom, teremos bastante tempo ainda para discutir sobre suas opções, Hermione... - Oliviene disse - McGonagall me manterá informada de qualquer decisão... mas, por enquanto, eu acho melhor vocês terminarem de organizar a volta de vocês á Hogwarts. Terá muito tempo ainda para se decidir, então não fique angustiada por precipitação.

Hermione meneou a cabeça, forçando um sorriso.

– Obrigada... á todos vocês... - ela deu uma risadinha nervosa - nem sei o que seria de mim se vocês não tivessem me apoiado e me acompanhado todo esse tempo.

– De nada, chuchu - beijei a bochecha de Hermione, fazendo-a rir.

– Bom, se a reunião já acabou - Gina se ergueu, encarando o relógio - acho que vou encher mais um pouco o saco do Dino com essa ladainha de pré-noivado antes de arrumar minhas malas...

– Você é má, Gina - Darel encarou-a - e isso não é uma crítica.

Nyree riu, juntando-se aos demais ao se levantar.

Oliviene se despediu de nós com uma aceno da cabeça e aparatou em seguida.

Todos saíram juntos da sala, menos eu, Hermione e uma figurinha pequena adiante de nós.

Hermione se ajoelhou até ficar da altura da elfa, enquanto a olhava com os olhos brilhantes.

– Nunca teria pedido algo assim de você, Becky... - ouvi o guincho de surpresa de Becky quando Hermione apertou-a em um abraço - nunca...

Becky abarcou o rosto de Hermione nas mãozinhas ossudas, dando um sorriso cheio de dentes.

– Becky só vai fazer o que a senhorita dela precisar!

Sorri quando Hermione pegou a elfa no colo, como uma criança.

Não me importei de esperar que terminassem. Era uma cena tão inusitada e carinhosa que pude continuar admirando sem problemas.

Alguns segundos depois, Becky aparatou dos braços de Hermione, sumindo com um estalinho.

Hermione riu, balançando a cabeça antes de segurar minha mão e sair da sala.

– Está vendo, Hermione? - sorri - está vendo quantas pessoas gostam de você? E você queria afastar todo mundo com essa bobagem de Wicca!

– Agora fico aliviada... - ela se virou para mim - que pelo menos você não tenha fugido.

Ri, enquanto Hermione gritava de susto, quando a puxei para perto.

– Eu? Fugir? Da garota mais irritante, inteligente, linda, maravilhosa e poderosa do mundo? - olhei-a com desdém - como se você metesse medo...

Guinchei, já arrependido, quando senti o colarinho de minha roupa ser impiedosamente puxado para frente.

– Vamos ver se não vai ter medo de mim depois que eu te der um jeito na Sala Precisa, quando voltarmos...

Divertido, mordi o lábio dela, quase levando um tapa em resposta.

– Maluco.

–Olha quem fala.

O sorriso que Hermione abriu em seguida foi deslumbrante.

Garota enlouquecedora... cinquenta tons de doideira.

Eu adorava cada parte, cada personalidade daquela menina. Gostava da Hermione ridiculamente inteligente. Gostava da Hermione tímida e sensível. Gostava da Hermione atirada e assanhada. Gostava da Hermione absurdamente perfeitinha. Adorava tudo nela.

E eu me peguei pensando no como meu coração conseguira bater todo esse tempo antes de descobrir que a amava. Por que cada batimento em meu peito - que eu sabia que ela podia perceber - parecia bater agora só por que o dela ainda batia.

E, se um dia o dela parasse, sabia que o meu pararia também.

Aquilo era o que chamavam de amor?

Sentimento doido...


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Notas finais do capítulo

Comentários?
Desculpa pelo capítulo sem graça, mas não deixem de comentar, please...
Aproveita, gentes... que acho que só rende mais uns três capítulos... :P
Beijos e até o próximo!



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