A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 40
The War - Part 2


Notas iniciais do capítulo

Olé!
Novo capítulo para meus Wiccas de plantão!
Boa leitura!



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HERMIONE

A fúria dos elementos corria pelas minhas veias como meu próprio sangue.

Usa-los agora era tão fácil e tão natural quanto erguer um braço. Sentia meu corpo pulsar todo o poder em ondas ao meu redor.

Assim como a dor e o pesar que dilaceravam minha cabeça.

Eu já sabia que, assim que saísse do castelo, seria tarde demais para Leopold.

Mas ver meu amigo, meu protetor, o melhor amigo de meu tio, jogado sem vida no chão, finalmente me fez engolir amargamente a realidade.

Leopold estava morto.

Foi o que bastou para o dique dos cinco elementos se romper completamente dentro de mim.

Eu mal sabia o que fazer... furiosa e pesarosa como estava... não podia ficar ali.

E foi por isso que, assim que consegui, desviei o foco de Carrow completamente para mim, enquanto o exército atrás de mim confrontava os Comensais.

Levantei uma mureta de terra do lado leste, forçando Rodrick á desviar para o bosque.

Foi o suficiente para ele me perseguir em direção á floresta, com os olhos rutilando em minha direção.

– Posso brincar disso o tempo que você quiser, Granger! – ouvi-o berrar. Tive que desviar ligeiramente das raízes violentas que emergiram em meu caminho. O Wicca fez surgirem, ao meu redor, várias colunas de terra, que por pouco não me engoliam.

Enquanto corria, ergui a mão, mirando em Rodrick e conjurando um jato de fogo que, infelizmente, não o acertou.

Finalmente, entrei numa clareira em meio ao bosque, longe o suficiente de todos os outros.

Virei-me para trás, encarando novamente o Wicca Negro, com as mãos erguidas em posição de ataque.

Sentia todo o ambiente como uma extensão de meu próprio corpo. A terra em meus pés pulsava como um ser vivo, em harmonia com minha própria pulsação. O vento podia muito bem ser parte de meus cabelos, a água do rio corria como meu sangue... o fogo que surgia em minhas palmas, um complemento de meus braços.

Tudo aquilo regido por um sentimento que com o qual não queria ser subjugada.

– Ainda acho que você pode impedir mais desgraças, minha jovem – Rodrick também ergueu as mãos, com o olhar fixo em mim – por que tenta ignorar o seu próprio poder? Não sente os elementos em seu corpo? Você nasceu para conjura-los e regê-los por uma razão, Hermione... para governar sobre outros. Por que desperdiçar isso por algo tão banal quanto continuar a viver como uma nascida trouxa? Por que desperdiçar a vida de seus amigos recusando minha oferta?

– Você assassina as pessoas que eu mais amo e quer que eu me una á você?? – apoiei a mão na árvore mais próxima, fazendo suas raízes se estenderem e emergirem onde Rodrick estava. Elas se enlaçaram em suas pernas, mas, para minha surpresa, foram imediatamente incendiadas com um gesto de Carrow.

Senti, á alguns quilômetros, uma aproximação veloz de uma pulsação.

Sabia quem era.

Ainda com a mão na árvore, repassei pela terra o quinto elemento até o ponto aonde a pulsação vibrava, torcendo para que isso curasse seus ferimentos e, ao mesmo tempo, tentasse impedi-lo de me procurar.

Não ia deixar que se ferisse outra vez.

– Não tive escolha, Hermione... sabe disso – Rodrick conjurou um círculo de vento ao nosso redor, me impedindo de continuar tendo contado com a terra. Com o chão vibrando em meus pés, me desequilibrei e caí, gritando.

Tentei me erguer, mas o vento parecia me prensar contra o chão como uma mão gigante invisível.

Rodrick aproveitou minha imobilização para lançar fagulhas de fogo á minha volta. Sufoquei os gritos de dor que quase me escaparam quando senti meus braços queimarem.

– Você é só uma criança – Carrow gargalhou, se divertindo com minha vulnerabilidade – achou mesmo que teria alguma chance contra mim?

Ainda atordoada, encarei a esfera de água que se aproximou de mim. Sem poder me mexer, meu rosto foi engolfado pela esfera. Tentei conjurar uma bolha de ar, mas minhas mãos, feridas, pareciam não conseguir invocar o elemento.

Só conseguia assistir, imobilizada, Rodrick me encarar do lado de fora da bolha de água, enquanto eu engasgava e me afogava em pleno bosque. Comecei a sufocar, sem poder respirar. A água que entraria em meus pulmões faria um caminho sem volta.

Não acreditava que ia morrer assim.

De repente, porém, senti a bolha se estourar ao meu redor, jorrando água por todo lado.

Pisquei, tossindo e tremendo. Ergui-me lentamente, confusa, com a garganta ardendo.

Rodrick parecia estar ocupado demais para notar minha recuperação.

Foi quando ergui a cabeça que descobri o porquê.

Um dragão furioso rosnava para o Wicca negro, com os olhos brilhando de ódio.

Levantei-me num salto, ainda me recuperando do quase afogamento, enquanto encarava, aturdida, o dragão lançar um jato de fogo azulado que incendiou tudo ao redor de Rodrick.

Rodrick conjurou uma nova coluna de terra, que engolfou o dragão como um manto maligno, prendendo-o ao chão. Vinhas do tamanho de postes surgiram do chão, prendendo o focinho do animal rente á terra.

– Não! – arfei.

Rodrick se virou para mim, sorrindo.

– Você é bem complicada de matar, Hermione. Está é começando á me aborrecer – ele ergueu a mão em direção ao dragão.

– Fique longe dele! – berrei, lançando uma lufada de vento que desequilibrou Rodrick. O sorriso dele desapareceu, substituído por uma expressão furiosa.

Ouvi o dragão guinchar, me olhando desesperado. Mas não por si mesmo.

Tentei anular as amarras terrestres de Rodrick, mas meu poder não parecia ser o suficiente para desmanchar a conjuração do Wicca Negro.

Enquanto vi Carrow recuperar o equilíbrio, já erguendo as mãos novamente para mim, ouvi, surpreendentemente, o som de um animal aquático ao longe.

Em seguida, para meu choque, mais de uma dúzia de selkies surgiram do bosque, correndo em direção á Rodrick, sibilando furiosas, armadas com adagas de ossos nas mãos.

Usei o momento em que Rodrick se distraiu com as selkies para tentar destruir novamente a barreira que mantinha Rony preso ao chão. Para meu alívio, as amarras de desmancharam, libertando-o.

–Não, Io! –gritei para a selkie loura, que freou seu galope, me encarando pasma – ajudem os outros na planície! Ajude meus amigos...

Io assentiu, parecendo preocupada, e fez um gesto para que as selkies recuassem de volta para a floresta. Correu de volta para o bosque, até desaparecer de vista.

Uma delas, porém, ficara para trás e atacara Rodrick, em forma de foca, fincando os dentes em seu braço, enquanto tentava se recuperar de meu ataque.

Tentei mirar novamente em Carrow, mas receei atingir a selkie. Roy parecia ter o mesmo problema.

Foi um grande erro.

Rodrick atingiu a foca como se fosse uma boneca, incendiando-a.

– Não!

A muralha de água que se ergueu do rio ao meu comando atingiu os dois, engolfando-os. Rony se protegeu dentro das próprias asas, rugindo.

Sabia que a pobre selkie não sobrevivera quando ela escorregou para fora da muralha. Estava completamente carbonizada.

Com meu corpo latejando de tensão, tentei manter Rodrick dentro da muralha, como ele havia acabado de fazer comigo. Minhas mãos tremiam, enfraquecidas pelas queimaduras. Sabia que não ia aguentar muito tempo.

A exaustão já ameaçava me engolfar, após tanto tempo regendo os elementos. Mas eu não podia parar agora.

Enquanto via Rodrick repentinamente romper a muralha, não pude deixar de pensar que ele tinha razão.

Era muito mais forte do que eu. Sentia-me como uma criança jogando com um xadrezista avançado.

Rony não ficaria vivo por muito tempo se eu não fizesse algo.

No limite do inusitado, puxei minha varinha do bolso, aproveitando que Carrow ainda se erguia.

O dragão olhou para mim, com a expressão triste e suplicante.

– Desculpe, Rony – engoli em seco – Imperio!

O olhar do dragão ficou completamente vago, se desviando de mim como se eu nem estivesse ali.

Num átimo, ele alçou voo para cima e desapareceu em meio ás árvores, voltando para a planície.

Meu coração doeu ao vê-lo partir.

Aquela talvez seria a ultima vez que eu o veria.

O meu feitiço desesperado custou-me alguns preciosos segundos, que foram suficientes para o Wicca Negro me engolfar num novo jorro de terra, que me atingiu em cheio, estatelando-me no chão.

O ar fugiu de meus pulmões com o golpe enquanto eu tentava me reerguer.

Meu corpo já estava exausto, cansado de lutar. Tinha quase certeza que a única coisa que me mantinha ainda vida era o simples fato de estar como uma Wicca.

Uma coluna de terra em forma de forcado surgiu e prendeu-me no chão pelo pescoço, sufocando-me.

Carrow se aproximou, parecendo desfrutar de minha lenta agonia.

– Você teria sido uma excelente Wicca, Hermione – ele suspirou, admirando o gradativo aumento do forcado terrestre em minha garganta – tinha tanto potencial... eu poderia ter lhe mostrado todo um mundo novo... um mundo onde as pessoas finalmente seriam obrigadas á reconhecer sua onipotência... se ajoelhar diante da Wicca que você seria... agora, você vai simplesmente morrer... e a semente de Drii finalmente poderá reger todo este mundo...

Senti minha garganta ir se fechando aos poucos com o aperto sufocante da terra. Tentava me desvencilhar, conjurando qualquer um dos elementos, mas até mesmo minha mente parecia ter desistido de lutar.

Meus braços pararam de se retorcer no chão. Meus olhos estavam ficando pesados e lacrimejantes conforme eu sufocava.

Havia dor em toda a parte. Era como eu me afogar sem sequer ter pensado em nadar.

Estava quase acolhendo a morte com prazer.

Seria tão ruim assim como diziam?

Qualquer coisa... para acabar com aquela dor.

Estava terminado.

Eu não tinha mais nada pelo que lutar.

Ia morrer ali, engolfada por terra e lama, sem nunca ter podido usar aquela maldição em prol de outras pessoas.

Sem sequer ter tido um objetivo ou um motivo para viver.

Sem nunca ter podido me despedir...

– Todos os que você ama irão morrer...

Mas... se eu queria ter podido me despedir...

Significava que eu tinha pessoas por quem lutar.

Que eu tinha motivo pelo qual viver.

Que eu não podia, de forma alguma, desistir agora.

Eles precisavam de mim. Todos precisavam de mim.

Aquele mal não podia ficar impune.

As mortes de quem eu amava não seriam em vão.

De onde veio?

Nunca saberei responder.

Só sei que, quando senti novamente aquela vibração encolerizada dentro de mim, sabia que a hora chegara.

Os elementos se infiltraram dentro de meu sangue, me dominando por completo, alheios á qualquer racionalidade ou orientação, ignorantes á minha natureza humana, um poder personificado que ia além de qualquer barreira corpórea que eu tivesse no caminho do Pentagrama.

Eu era o próprio Pentagrama, uma entidade incorporada com todas as forças do Universo unidas num único lugar.

Coisas humanas como dor, angústia e aflição desapareceram de minha mente, meu corpo e minha alma.

Só havia poder e um coração de Wicca pulsando, finalmente decidido á não parar de bater.

Desmanchar a barreira de terra que me segurava foi simples como esmagar manteiga.

Rodrick arquejou, visivelmente chocado.

– O que... como fez...?

Ergui-me, desviando a patética tentativa do Wicca Negro de lançar línguas de fogo em minha direção. Rodrick tropeçou, com as mãos erguidas - o olhar prateado, que tentava transmitir intimidação, distorcido pelo medo.

As palavras que saíram de minha boca foram completamente involuntárias e autoconscientes.

– Você é uma criatura patética que se nega a aceitar que sua presença nesse plano de existência nunca deveria ter acontecido. Não passa de um maldito bruxo que quer brincar de ser um deus, e que acha que pode jogar com a vida das pessoas ao seu bel prazer. Pode parecer poderoso, mas é tão fraco que precisa destruir, matar e se vangloriar para se sentir superior.

A energia elementar ao meu redor enroscava-se em meu corpo, submissa e ansiosa.

Carrow gritou, erguendo uma nova massa de terra em minha direção. Mal precisei levantar a mão para dividi-la ao meio e dispersá-la.

– Não passa de um verme, Rodrick Carrow. Você acha que tem poder? Você não faz ideia do que é poder...

O quinto elemento finalmente sobrepujou os outros quatro, emergindo de dentro de mim como uma espiral e finalmente emanando na palma de minha mão.

Rodrick tentou invocar o próprio quinto elemento, mas paralisou no mesmo lugar quando eu finalmente visualizei em minha mão o indigno órgão que o sustentava. Não era difícil imaginar seu coração vermelho, enegrecido após anos de maldade e manchado de sangue inocente. Do sangue das pessoas que eu mais amava.

Vê-lo ainda tentando revidar com os outros elementos foi tão ridículo quando observar um peixe tentando se desvencilhar do anzol que perfurava seu corpo.

– Lembre-se disso, Você não é nem nunca foi nada. Assim como a família que você vai encontrar em breve.

Não senti nada quando o vi revirar os olhos, sufocando enquanto eu prensava lentamente seu foco de vida em meus dedos. Nem mesmo quando ele finalmente começou a vomitar, cuspindo sangue ao redor, enquanto era erguido lentamente do chão.

– Nos vemos no inferno, Carrow.

E, mesmo ao fim de tudo, não senti emoção alguma quando finalmente destruí seu coração dentro do corpo.

O ar ao meu redor vibrou quando o Wicca Negro caiu por terra, envolto no próprio sangue, desalmado e oco como sempre fora.

Os elementos, livres do domínio do corpo que acabara de cair, pareceram rejubilar ao voltarem ao ambiente e se infiltrarem em meu contato, aumentando ainda mais meu próprio poder.

Ao mesmo tempo, um vazio sufocante se instalou dentro de mim, abarcado somente pelo pulsar do poder dos elementos.

Embora estivesse com as mãos apenas sujas de terra e queimadas, podia muito bem sentir, mais uma vez, a sensação viscosa de um líquido rubro em minhas palmas.

Mas não era o desconforto bobo por ter assassinado um assassino que me incomodava desta vez.

Era o fato de que eu poderia, facilmente, fazer aquilo de novo enquanto estivesse naquele torpor sem emoção.

E, quando eu finalmente caísse em mim, enlouqueceria ao ser temida e odiada.

Não era o que eu queria para meu futuro.

Mas o futuro podia esperar.

Por que, alguns quilômetros adiante, o rugido estrondoso de dor de um dragão me fez voltar para o presente e para meu próprio horror.


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Notas finais do capítulo

Aeee povo!
Meus comentários, que eu mereço... #sóquenão rsrs
Beijinhos e até o desfecho sangrento da guerra (sim, Parte 3, AINDA vai morrer gente "bagarai", AINDA vai ter treta e choro BAGARAI, então aguardem...)
#FUI!



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