Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 27
Encontros e Satisfações




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RONY

Nós mal havíamos decolado, e eu já estava sentindo falta da Austrália.

Fiquei olhando pela janela do avião, vendo a paisagem peculiar australiana abandonando o vidro, sendo substituída pelas nuvens. Suspirei, já com saudade de Nyree e Darel. Em apenas alguns dias, eu havia feito verdadeiros amigos ali. Não era fácil ser forçado, do nada, à me afastar de pessoas tão incríveis e especiais.

Hermione, sentada ao meu lado, percebeu minha expressão reflexiva.

– O que foi, Rony?

– Nada... só... que eu vou sentir falta daqueles dois bananas - brinquei, sorrindo.

Hermione riu.

– É mesmo... mas podemos manter contato, não é?

Observei Hermione fazer um tipo de dancinha esquisita no assento, como se comemorasse a volta para casa, e segurei o riso.

Deus... eu nunca cansava de olha-la... ver suas reações mais simples e naturais era praticamente tão ou mais interessante do que uma partida de Quadribol do Chudley Cannons. Simplesmente observar sua respiração, os seus olhos piscando, seus sorrisos bobos, era absurdamente fascinante. O que estava acontecendo comigo?

"Seu bobo", disse minha cabeça, petulante. "Você está completamente apaixonado. Apaixonados são assim."

Me aproximei e encostei meus lábios em seu rosto. Hermione se assustou, mas balançou a cabeça e riu, olhando para os lados como se temesse que o pai tivesse visto o que eu fiz.

– Papai vai derrubar o avião se você começar a fazer cena - ela brincou.

Olhei de esguelha para trás, vendo o sr. Granger dormindo na poltrona atrás de nós. Monica deu um aceno com a mão, piscando brincalhona para mim.

Cara, eu estava adorando minha sogra. Se ela fosse ser a avó dos meus filhos, ia estragar eles de tanto mimo.

Sim, eu estava começando a pensar num passo mais sério e irrevogável sobre minha relação com Hermione. Era cedo para pensar nisso, claro. Mas eu já pensava em, após algum tempo, oficializar de uma vez por todas que Hermione era completamente minha... assim como eu seria para ela.

Do jeito que eu estava, bobo e enlouquecidamente apaixonado, poderia ter me ajoelhado ali mesmo e pedido sua mão. Mas minha cabeça me deu um tapa de juízo e me ajudou a concluir que seria muito bizarro, inadequado e precoce. Eu podia estar pronto para aquilo, mas Hermione talvez não estivesse, principalmente depois de todas as minhas mancadas nos últimos sete anos.

Meu coração doía ao pensar se talvez eu nem fosse o cara certo para Hermione. Que talvez, no futuro, houvesse alguém melhor para ela, que nunca a magoaria, que a trataria bem, e que Hermione finalmente se tocaria e veria que eu não poderia fazê-la verdadeiramente feliz... não era difícil achar alguém melhor do que eu, afinal.

Suspirei, resignado, segurando a mão de Hermione e voltando o olhar para a janela. Mesmo que isso fosse ocorrer, eu aproveitaria cada momento com Hermione como se fosse o último.

Por que, um dia, fosse por razões naturais, fosse pelo destino, poderia ser mesmo.

_______________________O__________________________

Desembarcamos no Aeroporto de Londres Heathrow algumas hors depois. Tal como Hermione, quando desembarcamos na Austrália, quase fui de encontro à um poste de luz do aeroporto assim que desci a escada. Hermione segurou minha mão, me equilibrando, parecendo dividida entre rir e chamar uma ambulância.

– Calma, Rony. Sem afobação...

– Eu não estou afobado - resmunguei, dando um tapinha de leve no bumbum dela, enquanto o sr. Granger não olhava. Hermione arregalou os olhos e abriu a boca, chocada.

– Mas que intimidade é essa, meu jovem?? - ela fez voz de falsete, imitando o pai.

– Uma intimidade entre um casal que andou dormindo na mesma cama à quase um mês? - dei de ombros - não sei...

– Ah, vai chupar parafuso até virar prego... - ela deu a mão para mim, enquanto andávamos em direção à saída, seguidos pelos pais de Hermione.

Pegamos um táxi que nos levaria até Ottery St. Cathpole. Os Granger pegaram outro, que os levaria até a casa deles no vilarejo mais próximo, para concluir a mudança dos móveis de volta para a casa.

Hermione combinou de encontrar os pais mais tarde, parecendo insegura. E eu tinha quase certeza do por que.

Dada nossa aventurazinha na Austrália, nosso desaparecimento repentino, além de uns vinte ou trinta códigos e leis de uso de magia indevida ou não autorizada recentemente atropelados por nós dois, talvez Hermione e eu só voltássemos a ver nossos pais depois de uma temporada em Azkaban.

Por isso decidimos ir direto para a Toca e explicar tudo o que havia acontecido, antes que o Ministério da Magia descobrisse algo que não devia e viesse prender nós dois.

Quando descemos na estradinha de terra que nos levaria até minha casa, vi Hermione empalidecer desagradavelmente Eu devia estar da mesma cor, imaginando a recepção que teria de mamãe e papai.

– Bom, vamos lá... - Hermione murmurou, parecendo querer desmaiar.

Aparatamos daquele ponto até a Toca, de mãos dadas.

Reaparecemos perto do galinheiro, o que causou uma balbúrdia desnecessária no quintal. As galinhas voaram para todos os lados; uma delas pousou em cima de Hermione, cacarejando desesperada. Hermione gemeu feito um carro desengatado e jogou a galinha para o chão, assustada.

– isso... maltrata suas parentes - brinquei, recebendo de Hermione um tapa quase ardido na orelha.

– Filho da mãe...

Ela foi interrompida por um vulto que se aproximou de nós, vindo dos fundos da casa. Hermione arregalou os olhos e, antes que eu pudesse notar. já se lançara na direção da pessoa.

– Gina! Gina!

– Eita - Gina sorriu enquanto Hermione a abraçava. Fui até elas e abracei minha irmã, sentindo a minha garganta embargar.

– Que saudade... - murmurei, sorrindo feito um besta, enquanto Gina beijava minha bochecha.

– Caramba... estão vivos - Gina piscou, rindo - conseguiram? Acharam os Granger?

– Já estão em Londres, sãos e salvos - Hermione apertou as mãos da amiga - e vocês, como estão?

Gina revirou os olhos.

– Um pouco melhores depois da fuga de vocês - ela fez um biquinho pensativo - papai e mamãe se acalmaram um pouco, mas ainda estavam morrendo de preocupação... o resto do povo já estava tranquilo. Afinal, você estava com a Hermione... se você morresse com ela por perto, todo mundo pode morrer então... e quando seu patrono chegou, mamãe deu graças a Deus que vocês estavam finalmente voltando...

– Nossa... valeu, maninha - funguei, azedo com sua insinuação da minha incapacidade de sobreviver sozinho.

Hermione havia sumido de meu lado de novo. Quando tentei focaliza-la novamente, ela já estava mais adiante, abraçada em Harry, que parecia sinceramente surpreso com a chegada dela.

– Puxa... oi - ele riu, retribuindo o abraço e soltando-a em seguida.

– Vocês vão ter que nos contar - Gina disse, com um sorriso curioso - tudo.. o que aconteceu, quem encontraram... - ela acrescentou maliciosa - o que fizeram...

– Mais tarde... é melhor que todos saibam... - pousei a mão em suas costas - tirando essa última parte, que eu sei muito bem o que você quis dizer...

– Claro, claro - Gina riu, indo conosco até a entrada d'A Toca. Abracei Harry, sorrindo, e entramos juntos dentro da casa.

– Mamãe.. - Gina anunciou, indo na nossa frente - temos visitas.

Tudo aconteceu muito rápido. Ouvimos o som de panelas caindo no chão, um arfar sobressaltado, um grito de surpresa e, finalmente, mamãe apareceu na sala, com os olhos saltados e as mãos na boca.

– Mamãe!

Mamãe se lançou ao nosso encontro, até que me engolfou num abraço apertado. Senti seu corpo tremer com soluços, o que fez meu estômago se contrair de culpa. Coitada da minha mãe...

– Rony, Rony, Rony.. está de volta, filho... está de volta! - ela segurou meu rosto entre as mãos, beijando minha testa, chorosa - quase duas semanas... eu nem sabia onde estavam... o que estavam fazendo... tão preocupada... mais um filho, meu Deus... eu rezava para que ficassem bem...

– Estamos bem, mamãe... - abracei-a de novo, afagando suas costas.

– Por que sumiram assim? Só Deus sabe o que passei nos últimos dias... Nunca mais façam isso de novo, ouviu? - ela fungou, ainda me abraçando.

– Sim, mamãe - dei um sorriso culpado - desculpa... - olhei ao redor - onde está papai?

– Está trabalhando - Gina respondeu - mas, enfim... o que vocês aprontaram lá fora?

– Longa história - eu e Hermione dissemos ao mesmo tempo, e rimos ao lembrar do Ministério da Magia e de Maria Cattermole.

Mamãe finalmente me soltou.

– Andem... devem estar com fome - ela soluçou, finalmente dando um sorriso aliviado e cansado - o café está na mesa... íamos comer agora mesmo... depois vocês nos contam tudo...

Fomos até a cozinha, aonde Jorge, Gui, Percy e Carlinhos se levantaram de um salto das cadeiras, parecendo surpresos com nossa aparição. e foram nos receber com abraços e apertos de mão.

– Caramba... aonde estavam? - arfou Percy, quando terminamos de nos cumprimentar.

– Depois... - resmunguei - o que tem para o café? Estou morrendo de fome..

Eu e Hermione, junto com minha família e Harry, tomamos o café da manhã em silêncio. Em seguida, voltamos à sala e sentamos nas poltronas. Todos pareciam ansiosos para que contássemos o que andamos fazendo.

– Quer começar, Hermione? - inclinei a cabeça para ela.

– Hum.. tudo bem - Hermione disse, tímida, antes de começar a contar nossa pequena aventura na Austrália, explicando por que havíamos saído escondidos, falando sobre nossas estadias nos hotéis, sobre Darel e Nyree, os Tokonga, o ataque do bunyip em Melbourne, sobre a reversão do obliviate dos Granger e, finalmente, sobre Kristina Carrow. Hermione teve a decência de omitir certos pontos... que envolviam ela, eu e uma cama de casal.

Mamãe tinha uma expressão aterrorizada no rosto quando Hermione terminou.

– Meu Deus... - ela pôs a mão no peito, parecendo tão chocada quanto os demais - uma Comensal da Morte querendo matar vocês... céus... e vocês ainda não queriam nos dizer aonde estava,! E se algo tivesse acontecido com você, filho... com Hermione.. - mamãe arfou.

– Bom, no geral, foi só isso - Hermione concluiu, suspirando.

– Espera um pouco, maninho - Jorge ergueu as mãos - aquela Comensal maluca, segundo Hermione, citou alguma coisa sobre uma profecia...?

– Nem me pergunte - bufei - nós dois estamos com uma pulga atrás da orelha sobre isso até agora...

– Não tenho nem ideia - Hermione murmurou, confusa - que profecia poderia haver sobre uma nascida trouxa?

– Mesmo nascidos trouxas tem parentesco longínquo com bruxos, Hermione - comecei.

– Eu sei disso, mas... - ela balançou a cabeça - é insano... bizarro... impossível.

– Impossível não - Harry sorriu - não para uma menina que escapou de visgos-do-diabo ou cães de três cabeças, sobreviveu à uma guerra e liderou outra, e muito menos para alguém que tem um QI acima da média.

– Ou na média acima - brincou Gina.

– Que seja... - Hermione deu de ombros - isso não importa, já que, até onde eu sei, as doze pessoas vivas que apenas já ouviram falar dessa profecia estão dentro dessa sala, e até agora, isso não ferrou em nada com minha vida ou com a de qualquer outro. Mais alguma pergunta?

– Sim - Gina ergueu a mão, de um jeito que Hermione pareceu entender a brutal indireta - Darel é solteiro? Estou brincando - ela completou, desviando do tapa de Harry.

Hermione riu.

– Não. Tem um namorada... e é louco por ela, então desista. Mesmo.

Todos riram, e o ambiente ficou muito mais descontraído.

Alguns minutos depois, eu já estava desembalando meus pertences usados na viagem em meu quarto. Jorge havia me avisado, momentos antes, que o finalmente haviam organizado tudo no Ministério da Magia britânico, agora com Kingsley Shacklebolt como ministro. Lembro de ter ficado aliviado com a notícia. Com Kingsley no poder, nossa travessura recente provavelmente passaria por alto na fiscalização do Mistério.

Hermione surgiu na porta, parecendo receosa e triste. Me virei, confuso.

– O que foi, Hermione?

Ela se aproximou, afagando as próprias mãos como se estivesse insegura.

– Vou embora... daqui a pouco... preciso voltar para casa,,,

Uma frase boba e óbvia. Mas que fez meu coração disparar de angústia e meu estômago cair em algum lugar no chão.

Merda.. eu ia sentir tanta falta dela até as aulas começarem... só agora percebi o quando me doeria a saudade que viria com nosso afastamento nos próximos três meses.

– Ah,... - arfei - tudo bem.

Hermione veio até mim e me abraçou. Vi, aflito, seus olhos brilharem com lágrimas reprimidas. Não sabia dizer se eram de tristeza ou alegria, já que ambas as emoções pareciam querer dominar seu rosto.

– Obrigada, Rony... por tudo... mesmo - ela arfou baixinho - eu nunca teria conseguido sem você... o que você fez na Austrália foi... incrível. Você foi incrível...

Joguei a mochila que segurava na cama, ocupando meus braços com o corpo de Hermione.

Confesso que não tive coragem de me despedir

A única coisa que pude fazer antes disso, engrolado e com tantas emoções fluindo pelo meu corpo, foi colar sua boca na minha, sorvendo seus lábios que se moldavam tão bem aos meus, afagando suas costas e sua cintura com uma das mãos enquanto acariciava sua perna com o outro braço. Seu beijo era aflito e, ao mesmo tempo, muito, muito carinhoso. Hermione era fantástica até naqueles pequenos detalhes.

E eu a amava, incondicional e verdadeiramente. Um simples fato. Mas que era o fato mais delicioso, constrangedor e maravilhoso do mundo.

Hermione se afastou, beijando minha testa, soluçando baixinho. Deu um sorriso em que já se misturavam a saudade e a expectativa.

– Até as aulas, então?

Sorri, querendo disfarçar aquela maldita lágrima em meu olho, que desafiava minha masculinidade.

– É - assenti - até as aulas...

Hermione apertou minha mão uma última vez antes de se virar e sair do quarto, desaparecendo porta afora, levando consigo um pedaço enorme do meu coração.


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