Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 15
De Londres, Com Amor




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/557826/chapter/15

HERMIONE

Nos escondemos atrás de uma moita espinhosa do deserto, observando Darel circular ao redor da cabana de Nyree.

Darel se virou, e percebeu nossa presença. Acenou, parecendo quase em pânico.
Me levantei, bufando, e segui em direção à cabana.

– Aonde você vai, Hermione? - indagou Rony, pasmo.

– Falar com Nyree - revirei os olhos ao perceber o olhar chocado de Rony - vocês, homens, vem com uma configuração de fábrica que impede que tomem as decisões desse tipo. Vou ajudar o pobre coitado.

– Nos impede do quê?? - Rony murmurou, parecendo ofendido e divertido ao mesmo tempo.

– Conversamos depois - suspirei, deixando a moita.

Darel me assistiu, paralisado, entrar na cabana sem cerimônia. Pareceu querer me chamar, mas devia estar tenso e envergonhado demais para falar.

Nyree estava sentada em um estranho banquinho em forma de tartaruga, com os braços cruzados e uma expressão perdida. Me recebeu com um absoluto ar de espanto.

– Senhorita... o que faz aqui?

– Vim conversar - sorri, meneando a cabeça - posso sentar?

– Claro - Nyree se afastou um pouquinho para que eu sentasse em sua cama - sobre o que quer conversar comigo?

– Homens - sorri satisfeita quando Nyree riu, incrédula - é um assunto que agrada você?
Nyree ficou adoravelmente corada por trás da pele morena.

– Hum... acho que é do meu agrado sim...

– Você está gostando de alguém recentemente?

– Bom... - a maori ao meu lado balançou a cabeça, um tanto constrangida - acho que sim... ah, senhorita, eu não sei! Ele ficou longe por tanto tempo...

Senti um solavanco no estômago. Será que ela estava se referindo a Darel?

– Quem?

Os olhos dela brilharam insanamente. Eu só podia imaginar que eu mesma tinha uma reação parecida ao pensar em Rony.

– Darel... o guia que os trouxe até aqui...

Ouvi um arfar imperceptível do lado de fora da cabana, mas Nyree pareceu não notar.

– Você gosta dele? - perguntei.

– Acho que sim, senhorita... eu sempre gostei de Darel... mas - ela suspirou, mexendo no cabelo - houve um tempo em que acabei gostando de outra pessoa... e depois eu descobri que não era realmente quem eu queria... conheço Darel desde que era criança... e quando eu percebi... ele tinha ido embora - Nyree soluçou baixinho - ah, senhorita! Acho que eu o amo... eu o amo ainda...

– Por que não diz à ele?

– Eu... não sei - ela se abraçou - e se Darel não sentir o mesmo por mim? E mesmo que sinta... se ele partir de novo... não se eu vou... aguentar...

Ouvi uma movimentação desnecessária do lado de fora.

– Bom, quanto a isso, eu tenho uma notícia razoavelmente boa - coloquei a mão no ombro dela - Darel também gosta de você.
Nyree ergueu a cabeça, com espanto no olhar.

– Verdade? Ele disse isso?

– Disse - olhei de esguelha para a entrada da cabana - mas não sabe como dizer à você. Só isso.

Nyree se ergueu da cama num salto, com uma alegria repentina do rosto.

– Ele me ama também? - ela pôs as mãos na boca - Darel me ama! Eu sabia!

Para meu choque, Nyree saiu correndo da cabana.

– Nyree! - exclamei, rindo, enquanto a seguia - espere um pouco!

Quando finalmente saí da cabana de Nyree, me deparei com uma cena agradavelmente inusitada.

Darel parecia ter agarrado Nyree durante sua fuga desenfreada cabana afora. Nyree, aparentemente ainda surpresa com o ataque de Darel, se abraçava em seu pescoço como um coala. A posição em que estavam lembrava a de um casal se beijando, mas eles estavam simplesmente tocando o rosto um do outro com o nariz... uma expressão de afeto maori, que não podia ter encontrado momento melhor para surgir.

– Darel... - o sussurro baixinho de Nyree estava regado com tanta ternura que senti um aperto satisfeito de compaixão no peito.

Darel sorria... um sorriso enorme, que parecia querer arrebentar seu rosto. Nyree estremeceu quando Darel beijou sua testa.

Ambos ficaram ali, abraçados, e, alguns segundos depois, deduzi que aquilo não acabaria tão cedo e que eu estava sendo uma desagradável plateia para os novos namorados. Saí de fininho, deixando-os ali. Fiquei orgulhosa de mim mesma por ver Darel e Nyrre finalmente juntos.

Rony me puxou sabe-se lá de onde, quase me fazendo gritar.

– Rony! - ralhei com ele, assustada.

– O que você fez? - Rony ainda observava Darel e Nyree ao longe - seja lá o que tenha feito, deu certo... nada mal, Afrodite...

Ri com o apelidinho besta.

– Eu disse.... nós mulheres somos muito mais práticas...

– Ah, sobre isso.. eu queria mesmo ter uma conversinha com você - Rony disse, e assisti, confusa, sua expressão ficar séria de repente.

– Como assim? - indaguei, enquanto nos aproximávamos da minha cabana provisória.

– Bom... - ele passou os dedos em minha bochecha, de um jeito tão profundo que me arrepiou toda - eu ia achar interessante te provar que posso ser... como posso dizer..? Ah... um tomador de decisões amorosas.

Meu estômago caiu em algum lugar na areia do deserto, enquanto meu coração alçou voo como um dragão de Torneio Tribruxo, batendo as asas numa velocidade insana. O que Rony queria dizer com aquilo?

– Rony... - recuei um pouquinho, percebendo, tarde demais, que entrara na cabana. Fui besta ao não notar que ele havia iniciado uma caçada... e ele havia acabado de encurralar sua presa.

Fui cruelmente impedida de continuar falando pelos lábios de Rony.

Ele enlaçou minha cintura, colando meu corpo no dele. Por puro reflexo, meus braços se fecharam em seu pescoço. Sua boca se encaixou na minha como duas peças de um quebra-cabeça se conectam. Sentia suas mãos deslizarem ao longo de minhas costas, me provocando arrepios até então desconhecidos.

Tropeçamos na cama, caindo em cima dela. Mesmo assim, Rony continuou me beijando. A minha falta de ar estava ficando deliciosamente acentuada. Lembro de ter arfado alto quando Rony deslizou sua boca ao longo do meu pescoço. Seu trajeto era ao mesmo tempo feroz e delicado, e me causava sensações insuportavelmente maravilhosas. Eu mal tive tempo de pensar no quanto Rony estava sendo espantosamente ousado e carinhoso. Era como se meu cérebro tivesse paralisado temporariamente.

Estremeci quando seus lábios foram de meu pescoço até o umbigo, passando de raspão em meu bustiê maori. Minha respiração estava ficando quase constrangedora de se ouvir. Eu não aguentava mais aquela lenta e doce tortura... mas definitivamente não queria que Rony parasse. Céus, o que estava acontecendo comigo?

Quando Rony desferiu um leve beijo em minha coxa, comecei a entrar em pânico. Ah, não. A coisa toda estava ficando insana e sem limites.

E mesmo assim, eu não ligava muito para como aquilo poderia terminar.

Em momento algum eu poderia estar me sentindo mais feliz, amada e desejada. O que viesse seria lucro.

Mas Rony pareceu perceber o quão longe fora a brincadeira e se afastou, parecendo espantado consigo mesmo.

– Droga, Hermione... desculpa... eu fiz de novo, não foi?

Eu ri, piscando os olhos inocentemente.

– O quê? Me deixar acesa? - me levantei, gargalhando ao ver a expressão jogada de Rony. Abracei-o, beijando seus cabelos - pode me deixar acesa assim quando quiser...

– Você virou uma vela agora, foi? - Rony brincou, me jogando de volta na cama e mordiscando de leve minha barriga.

– Rony!! - arfei, mais de prazer do que de choque.

– Você é tão linda... - murmurou ele, com os lábios em meu ventre. Me derreti toda com seu tratamento romântico.

– Para... - resmunguei, rindo.

Rony ergueu o olhar para mim, e senti um solavanco quando encarei seus olhos. Estavam como a luz azulada da fogueira de histórias, mas de um modo muito mais suave.

– Acha que estou mentindo? - fingi um gemido de exasperação quando ele recomeçou o circuito entre o pescoço e o ombro.

– Não... acho que você está é querendo bancar o namoradinho romântico, só pra cobrar alguma coisa mais tarde - ri, erguendo as sobrancelhas para ele.

– Tem razão... vou cobrar mesmo - Rony se deitou ao meu lado, ainda acariciando minha cintura.

– O que o bombadão sugere? - sorri, suspirando como uma garotinha tonta e apaixonada.

– Que tal... amor e lealdade totais e eternas? Olha, é uma boa ideia... - ele arregalou os olhos, rindo.

– Boa ideia mesmo - beijei sua testa, deitando a cabeça em seguida de volta na cama.

Rony pareceu satisfeito com minha resposta boba.

Fiquei observando Rony olhar para o teto da cabana, perdido em pensamentos, até que seus olhos vacilaram e se fecharam. Não voltaram a se abrir.

Fiquei dividida entre acorda-lo para manda-lo maldosamente de volta para a própria cabana e assisti-lo dormir o resto da noite.

Não fiz nenhuma das duas coisas. Fechei os olhos e também adormeci, pensando na felicidade tonta que estava sentindo e na iminência de me reencontrar com meus pais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rony e Hermione na Terra dos Cangurus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.