Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 13
Descobertas




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RONY

Eu estava um tantinho aliviado por termos conseguido chegar à aldeia.

Graças à Divina Providência, Hermione também estava bem agora. A moça que tratara de seu braço quebrado fez um trabalho excelente, como pude perceber quando ela chegou à cabana do xamã.

Darel parecia tão arrependido com o susto que nos dera que ficou absurdamente calado o resto do dia ao meu lado.

– Cara, desencana - murmurei, finalmente, enquanto Darel preparava algumas roupas e tintas para mim e Hermione - foi só um vacilo de nada... não precisa ficar tão amuado.

Darel sorriu amarelo.

– Não queria ter deixado vocês apavorados assim - ele prensou ainda mais uma tigelinha de barro com tinta que tinha nas mãos, parecendo pensativo - Hermione realmente ama o senhor.

– Não é pra tanto, cara - suspirei.

– Ah, fala sério... - Darel riu - não notou o como ela olha para você? O jeito que ela reage quando está por perto? - ele abaixou a cabeça, ficando subitamente tenso - eu queria que Nyree olhasse desse jeito para mim.. assim eu saberia se ela.. sente alguma coisa.

Olhei para o rapaz moreno ao meu lado. Pobre Darel... parecia realmente gostar daquela aborígene misteriosa.

– Bom... eu posso te ajudar com isso hoje a noite, durante a festa - comentei.

Darel arregalou os olhos.

– Você acha que... bom, sabe...

– Acho não... tenho certeza que posso ajudar - sorri - mas primeiro é melhor eu entrar na dança dos maoris e me vestir logo como um - brinquei.

– Bom, eu já arranjei isso para vocês... aqui está uma calça de peles e um par de chinelos de madeira - ele gesticulou para as roupas que estavam na cama de bambu - o pote de tinta para as tatuagens também...

– Tatuagens? - indaguei, curioso.

– Todos os maoris tem uma... ou mais - ele explicou - normalmente são definitivas, mas essa tinta sai com água depois...

– Maneiro - peguei a tigelinha com a tinta preta, passando-a entre o polegar e o indicador. Era viscosa, mas não de um modo desagradável.

Tirei a camiseta que usava e coloquei a calça maori por cima da minha.

– Bom, eu ia te perguntar se você iria passar a tinta sozinho - encarei, abismado, Darel gargalhar em seguida - por que gente interessada para o serviço é o que não falta aqui na tribo... não é, meninas?

Arregalei os olhos quando duas garotas morenas de uns dezoito anos apareceram na entrada da cabana, dando risadinhas e cochichando entre si.

– Acho que... não vai ser necessário, garotas - gemi, fechando a cara para Darel.

– Não vai ser mesmo. Com licença, garotas - resmungou uma voz adoravelmente petulante atrás das meninas maoris, que abriram espaço para quem estava entrando, de caras amarradas.

Darel não me culpou por recuar vários passos. De novo.

– Você não consegue ser menos bonita?? - indaguei, quase indignado.

Hermione já havia vestido um tipo de bustiê de algodão e uma saia de palha e penas que acabava um pouco antes do joelho. Tinha os cabelos presos com dois palitos de madeira e trazia outra tigelinha de tinta nas mãos.

Ela tentou disfarçar um leve rubor nas bochechas que surgiu com o que eu havia dito.

– Desculpa - ela brincou, sorrindo.

– Peraí - Darel riu, enquanto as duas garotas sumiam porta afora - você está pedindo desculpas por ser bonita?

– Ele tem razão... você não deveria pedir... devia ter é orgulho de ser como é - comentei.

– Que saco, Rony - ela bateu o pé, fingindo nervosismo - pare de me envergonhar.

Darel pareceu perceber o estado latente que havia entre eu e Hermione, pois recuou até a entrada, piscando disfarçadamente para mim.

– Bom... vou ver se os preparativos da festa já estão prontos. Qualquer coisa, vou estar no centro da aldeia.

Assim que Darel desapareceu porta afora, Hermione sentou na cama, remexendo distraidamente a tigelinha que trouxera.

– Bom... - ela corou outra vez, sem olhar para mim - vai precisar de ajuda com... ahn.. as pinturas?

Era impressão minha ou Hermione decididamente estava evitando olhar para meu tórax?

– Acho que vou precisar de ajuda... ergui o queixo dela com a mão, e me assustei agradavelmente ao ver sua expressão. Os olhos dela brilhavam, e o rosto estava delicadamente encolhido de vergonha. Sua expressão era um tanto perdida, mas com um carinho quase indisfarçável no olhar. O quadro todo lembrava uma garotinha que havia feito uma estripulia e agora não tinha coragem de contar aos pais, mesmo sabendo que não levaria bronca.

Hermione pigarreou e mergulhou dois dedos da mão direita na tigelinha, manchando-os com a tinta.

– Aonde começo?

Segurei sua mão e a levei até meu rosto.

– Comece da testa para baixo...

Hermione começou a desenhar no meu rosto. Sentia seus dedos tremerem um pouco.. Fechei os olhos, sentindo um relaxamento gostoso ao longo da bochecha. Ela tinha dedos finos e delicados, muito suaves em contato com a pele. Era quase estranho perceber que aquela mão tão suave pertencia a uma garota que, por sete anos seguidos, me chocara com a sua coragem, garra e inteligência. Era assustador ver o como Hermione também podia ser delicada e sensível quando queria.

– E agora? - ela indagou ao parar.

– Ah, bom... acho que no torso também - murmurei, constrangido.

Ouvi a risadinha surpresa de Hermione e reabri os olhos.

– Qual a graça?

– Nenhuma - ela me deu um beijinho na ponta do nariz e recomeçou a pintar.

Seus dedos em meu peito causavam pequenas descargas elétricas em meu corpo. Ela parecia tão envergonhada quanto eu com toda aquela nova intimidade. E, apesar de tudo, cada toque daquele tipo era uma sensação nova e maravilhosa, que parecia ir por um canal direto para meu coração. O pobre coitado ribombava cada vez mais rápido com cada toque de Hermione enquanto ela desenhava. Era ao mesmo tempo bizarro e fantástico.

– Pronto - ela disse. Olhei para baixo, e sorri ao ver o complicado padrão de linhas que ela desenhara no meu corpo.

– Você não contou que era uma artista - disse, sorrindo.

– Não sou, ué... - ela me entregou a tigelinha - sua vez...

– Minha vez? - olhei para ela, espantado. Ela queria que eu a pintasse? Tipo... em tudo?

– Também preciso de ajuda - Hermione sorriu, um tanto malandra para o meu gosto.

Continuei boquiaberto enquanto lambuzava as mãos na tinta.

– Aonde eu começo?

– No rosto também...

– Não. não - franzi o cenho - não vou sujar esse rostinho lindo com essa coisa gosmenta. Quem sabe... só um pontinho aqui... e aqui - ri, enquanto desenhava um losango em sua testa. Hermione riu também. Acrescentei mais dois leves risquinhos, um de cada lado do losango, e fiz dois riscos verticais em seu queixo.

– Prontinho... e agora? - sorri, me sentindo um maquiador profissional.

Ela decididamente avermelhou quando inclinou a parte de cima do busto.

E eu com certeza fiquei com as orelhas da mesma cor.

Desenhei cautelosamente no declive entre as omoplatas, passando pela parte de baixo do pescoço. Fiz um pequeno círculo entre os ossos da garganta.

– Vai dormir? - brinquei, ao ver sua expressão relaxada.

– Ahn, não - Hermione esfregou os olhos, rindo - agora na barriga.

– Vou começar a cobrar - fingi resmungar enquanto desenhava vários risquinhos conectados em seu ventre. Ela ria como uma criança.

– Faz cócegas!

– Fique quieta, ou vai estragar o desenho - ralhei com ela, sem, porém, deixar de rir em resposta. Hermione tinha uma risada que contagiava até a minha medula.

Quando acabei, procurei mais algum lugar disponível em minha "tela", que dava risadas bobas toda vez que erguia os olhos para ela.

Até achei um ponto perfeito para continuar desenhando. A dona deixar era outra história.

Hermione pareceu corar até o último neurônio do encéfalo quando notou meus olhos em suas pernas.

– Ah, droga - ela deu de ombros - anda, vai logo, antes que eu me afogue em lágrimas de tanto rir...

Continuei desenhando, indo de seu joelho até o pé. Só naquele pequeno trajeto, como Hermione alertara, ela quase morreu de tanto gargalhar. Eu comecei a sorrir inconscientemente, ficando maravilhado com o tanto que ela sentia de cócegas... e com o tanto que ela era capaz de rir e sorrir. Podia ter ficado o resto de minha vida ali, observando-a se divertir como uma garotinha. Era absolutamente delicioso vê-la tão feliz.

– Acabou? - choramingou ela, secando as lágrimas e rindo bobamente.

– Acabei, saco de riso - balancei a cabeça, beijando sua bochecha - pode ir...

Hermione se levantou, desfilando com suas tatuagens pela cabana, a mão na cintura. Me acabei de rir com sua imitação de modelo.

– Ande, maori falsificada - empurrei-a para fora da cabana, ainda rindo - a gente se vê na fogueira.

– Tá bom, tá bom - Hermione saiu, não antes de me dar um beijo rápido e carinhoso na boca. Fiquei apalermado alguns segundos antes de piscar outra vez - até mais, bombadão.

Observei Hermione sair, me perguntando por que diabos ela era tão linda e indispensável para minha respiração. Se um dia meu coração não aguentasse o tanto de amor que eu sentia por ela, eu teria o infarto mais feliz de toda a minha vida.


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Notas finais do capítulo

APÊNDICE

Bunyip: http://img2.wikia.nocookie.net/__cb20140101222550/cryptidz/images/8/8d/Bunyip---.jpg
Maori: http://media.tumblr.com/tumblr_m7nl4z9F1W1rpx08t.png



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