Johanna: É hoje, mamãe, é hoje!

Kate riu da empolgação da filha. Nunca, nem em seus mais distantes sonhos, imaginava que um dia teria uma menina tão doce e linda. Johanna era um misto de força e delicadeza. Toda aquela felicidade tinha motivo: era a primeira vez que ela se apresentaria com o grupo de balé da escola. Kate estava orgulhosa e curiosa. Não tinha visto nenhum ensaio, era sempre Castle quem levava as crianças para as atividades extras, como o balé de Johanna, o karatê de Alexander e a natação, que ambos faziam.

Johanna: Mamãe, você vai adorar!

Kate: Eu tenho certeza que sim, minha princesa.

Johanna rodopiou e mostrou alguns passos para a mãe. Kate já conseguia imaginar a emoção que sentiria. Se ali, num espaço pequeno no quarto, Johanna já brilhava, imagina num palco!

Johanna: A vovó disse que eu herdei o talento dela para o palco.

Kate: Eu não duvido! Você vai brilhar, meu amor. E eu vou estar lá na primeira fila com um sorriso enorme.

Johanna parou de dançar e correu para os braços da mãe.

Johanna: Mamãe, você também fazia balé?

Kate: Eu tentei, mas não levava muito jeito... Minha mãe fez balé. – Kate pensou alto, numa recordação antiga de Johanna lhe contanto como eram os espetáculos.

Johanna: Eu tenho o nome dela, não é?

Kate: É sim – Kate sorriu.

Johanna: Eu queria que ela estivesse aqui para me ver hoje.

Kate: É, eu também queria.

Johanna: Você acha que ela ia gostar de mim?

Kate: Ela ia te amar! Você e o Alex também. Aliás, quem é que não ama vocês?

Kate encheu a filha de beijos, até serem interrompidas por Castle e Alexander em seus clássicos ataques ninja.

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Kate: Só mais um pouquinho aqui e... pronto!

Johanna correu para o espelho e sorriu.

Johanna: Mamãe, ficou lindo!

Kate abraçou a filha defronte ao espelho.

Kate: Você é linda, minha princesa. E vai ser a bailarina mais linda da festa!

Castle: Cadê minhas garotas? – Castle disse entrando, encontrando as duas se olhando no espelho.

Johanna: Olha papai, a mamãe fez uma maquiagem linda em mim!

Castle pegou a filha no colo.

Castle: Ficou muito linda mesmo! Estão prontas?

Kate: Sim – ela disse pegando uma pequena bolsa.

Castle: Então vamos.

Kate: As roupas estão mesmo na escola né?

Castle: Sim, do balé e do teatro.

Kate: Ok. Então vamos.

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A escola das crianças estava toda decorada. Era uma festa de início da primavera, e haveriam muitas apresentações, como danças e peças de teatro. A presença dos pais nesse evento era indispensável: era o momento deles verem seus filhos desenvolvendo as atividades proporcionadas pela escola, além de interagirem uns com os outros.

Assim que entraram na escola, as crianças correram para junto de seus amiguinhos. As professoras tomaram conta da situação, para que os pais pudessem se acomodar e aguardar as apresentações. Kate estava mesmo na primeira fila, como havia prometido à filha.

Kate: Será que vai demorar muito para começar? – Kate se remexeu impaciente na cadeira, olhando para o anfiteatro quase cheio já. Castle riu divertido.

Kate: Que foi?

Castle: Olha só você toda ansiosa.

Kate: Claro que eu estou ansiosa! É a primeira grande apresentação deles.

Castle: Você é tão linda – ele a beijou no rosto.

Minutos depois, os dois acenaram para Martha e Alexis, que adentraram o anfiteatro e sentaram-se mais para o fundo, pois não havia mais lugares na frente.

“Rick!” – os dois ouviram alguém chamando, e se viraram ao mesmo tempo. Uma loira de média estatura, cabelos longos e pouca idade acenou para Castle, sorrindo mais do que o necessário. Castle sorriu e acenou de volta.

Kate: Rick? – Kate se incomodou com a intimidade entre os dois.

Castle: Ah, essa daí é Leslie, a mãe da Julia.

Kate: Rick? – ela perguntou mais inconformada ainda.

Castle: Amor, todo mundo me chama assim.

Kate: Aham – ela se limitou a responder, pois pediram silêncio no ambiente que as apresentações começariam.

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A peça de teatro veio primeiro. Alex não tinha o papel principal, o que já era de se esperar, já que o garoto era tão elétrico que poderia derrubar o cenário inteiro. Mas ele se saiu muito bem, deixando os pais cheios de orgulho.

Ao final da apresentação, foi a vez do balé. Johanna estava na primeira fileira, e sorriu quando viu a mãe a admirando lá de baixo. Ela dançou perfeitamente bem.

Kate: Minha princesa é a mais linda de todas! – Kate falou um tanto quanto alto, e atraiu olhares à sua volta.

Castle: Amor, fala baixo, todo mundo aqui tem filhos se apresentando. – ele sussurrou.

Kate: Ela é a mais linda mesmo... – ela sussurrou de volta, dando os ombros.

Depois de muitas fotos e algumas lágrimas de emoção de Kate, Johanna saiu do palco. Vieram apresentações de outras turmas do infantil, e ao final, todos subiram no palco de novo e cantaram uma canção sobre a primavera. Kate parecia uma manteiga derretida, amando cada momento, e pensando como seus filhos era lindos e especiais.

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Johanna e Alexander vieram correndo para Kate e Castle.

Johanna: Você gostou, mamãe?

Kate: Eu amei, princesa! Eu não disse que você brilharia? E você também, meu amor. Um verdadeiro artista! – ela abraçou os dois, já sem a roupa das apresentações.

Martha e Alexis encontraram os quatro e também foram só elogio às crianças. Martha tinha que ir mais cedo, pois estava em cartaz com uma peça, e não poderia se atrasar. Alexis foi com ela, pois também havia trabalho a fazer. Os quatro continuaram mais um pouco, havia ainda doces e presentes para as crianças.

Alexander: Eu quero fazer xixi.

Kate: O papai vai com você ao banheiro, ok? Você quer também, princesa?

Johanna fez que não. Castle saiu com Alexander.

Johanna: Mamãe, eu posso ir brincar com a Lisa?

Johanna disse assim que a amiguinha apareceu no corredor com sua mãe. Kate sorriu para as duas e as cumprimentou. Lisa era a melhor amiga de Johanna na escola, e Kate já conhecia a mãe dela, Lucy, pois as duas às vezes brincavam uma na casa da outra.

Lisa: Nós podemos ir no parquinho?

Lucy: Eu vou com elas – a mãe de Lisa se apressou em dizer, e Kate consentiu.

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Kate ficou parada no mesmo lugar, esperando Castle e Alex voltarem. Viu quando os dois saíram do banheiro, no fim do corredor, e alguns passos adiante foram parados pela mesma moça loira que acenara para Castle.

Kate pensou que era besteira se preocupar com aquilo, mas assim que os dois soltaram a primeira risada e a moça encostou no braço dele, a mãe deu lugar à detetive, e Kate andou em direção a eles.

Leslie: Você viu quando elas fizeram o passo juntas?

Castle: Foi adorável!

Leslie: Nem acreditei quando deram aquele pulo, depois de tantos tombos! – ela riu.

Castle: Eu sabia que elas conseguiriam, praticaram tanto!

Kate se aproximou, e Castle sorriu para ela.

Castle: Leslie, essa é minha esposa, Kate.

Leslie: Olá, Kate. – a moça a cumprimentou rapidamente.

Alexander: Mamãe, cadê a Jo?

Kate: Está no parquinho com Lisa. – ela se abaixou para falar com o filho e arrumar sua camisa.

Alex: Eu vou lá também – ele ameaçou correr e Kate o segurou.

Kate: Ei, calma, devagar para não cair e se machucar, ta?

Alex deu um beijo na mãe e saiu apressado em direção ao parque. Kate se levantou e os dois já haviam se empolgado na conversa de novo. Kate analisou a moça de cima a baixo. O decote era ousado, o batom vermelho e o riso alto. Kate de repente achou que sua camisa estava fechada demais, e disfarçadamente abriu mais um botão.

Leslie: E Julia teve uma crise ontem, disse que não queria mais dançar porque erraria os passos.

Castle: Não diga! E o que você fez?

Leslie: Eu disse que ela tinha praticado bastante, e não erraria. Que tinha que confiar em si.

Castle: Você fez um bom trabalho, ela dançou muito bem.

Leslie: Essas crianças! Desde cedo com suas crises... Você acredita que outro dia ela chegou em casa preocupada porque Alex dava mais atenção à Alice do que ela?

Castle: Ah, imagina. Alex adora a Julia. O namoro deles é garantido – Castle riu divertido e Kate se irritou. Ser ignorada era ruim, mas ver Castle empurrando seu filho para a filha daquela ali já era demais. Nem pensar!

Kate: Rick, será que nós podemos ir?

Leslie: Vocês já vão embora? Mas a festa está só começando! – ela encostou no braço de Castle, e Kate sentiu o sangue ferver.

Castle: Não, vamos deixar as crianças brincar mais um pouco.

Leslie: Ah, que bom.

Castle lançou um olhar para Kate sorrindo, e reconheceu seu olhar de raiva nível 100.

Castle: É... vamos então né amor, ver as crianças...

Ela não respondeu. Leslie avistou a filha a procurando pelo corredor, e foi até ela, prometendo a Castle que os dois se veriam outro dia, ao que Castle fez que sim.

Assim que ela saiu, Castle olhou para Kate, que o encarava.

Castle: Que foi?

Kate: Nada.

Castle: Esse não é o olhar de nada.

Kate: É o olhar de que então?

Castle: Não sei, mas eu estou ficando com medo.

Kate: É impressão minha ou você acabou de marcar um encontro com ela?

Castle: Amor, você não está com ciúme né? – ele riu nervoso.

Kate: Ciúme de você esquecer que eu existo enquanto conversa com uma garota de o que, 20 e poucos anos?

Castle: 26.

Kate respirou fundo e deu um passo para trás.

Castle: Eu só sei porque ela falou por acaso um dia...

Kate deu as costas e saiu andando rápido.

Castle: Amor, espera. Você está exagerando!

Castle correu até ela e segurou seu braço. Ela se virou com raiva.

Castle: Kate, o que é isso? Ela é só a mãe de uma coleguinha da Jo.

Kate: Não Castle, ela é uma mulher. E ela estava claramente dando em cima de você.

Castle: Você está imaginando coisas.

Kate: Estou? Ela te tocou umas quatro vezes no mínimo enquanto “apenas conversava” com você.

Castle pensou um minuto. Ele realmente não tinha percebido isso.

Castle: Kate, se ela fez isso ou não...

Kate: Ela fez. E na minha presença. Sabe o que isso significa?

Castle: Não...

Kate: Que ela não dá a mínima para o fato de você ser um homem casado.

Castle: Kate, você está enxergando coisa onde não tem.

Kate: Por que você está defendendo ela?

Castle: Eu não estou... quer saber, eu nem sei por que nós estamos brigando. Eu não fiz nada de errado.

Kate: Não mesmo?

Castle: Eu não vou permitir que você me acuse de algo que eu não fiz.

Kate: Eu quero ir embora.

Kate saiu a passos rápidos, chegando ao parque. Com muito esforço, conseguiu convencer as crianças que já estava tarde e precisavam ir. Os quatro saíram juntos, mas só as crianças conversavam, empolgadas ainda com as apresentações e as brincadeiras.

Alexander: Quer apostar quem chega primeiro no carro?

Kate: Ei, não é para correr...

Kate falou em vão. Os dois já haviam corrido, e ela começou a caminhar mais rápido para tentar alcançá-los. O estacionamento estava meio escuro e Kate se afligia em perder os dois de vista. Chegou ao carro antes de Castle, e abriu para as crianças entrarem. Ela ainda estava do lado de fora quando escutou de novo a voz de Leslie.

Leslie: Rick, você já vai?

Castle: É, as crianças dormem cedo... – ele não parou para conversar, continuou andando, e ela o acompanhou.

Leslie: Sei como é, Julia também. Mas está tão empolgada que acho que hoje não dorme fácil! – ela riu e Castle deu um sorriso para ser simpático.

Os dois chegaram ao carro, e Leslie encarou Kate.

Leslie: Nossa, o que foi isso? – ela apontou para a blusa agora mais aberta, que mostrava uma cicatriz.

Kate não respondeu, olhou para Castle e entrou no carro.

Castle: Foi... um acidente.

Leslie: Ah... ela é séria, não é?

Castle: É... nós temos mesmo que ir. Boa noite.

Leslie: Boa noite, Rick. – a moça se inclinou e o beijou no rosto. Depois saiu, deixando Castle ainda estático. Kate via tudo pelo retrovisor.