Kate: Josh, quanto tempo!

Josh: Uns 8 anos, eu acho.

Kate: É...

Josh: Essa garotinha é sua...?

Kate sorriu antes que ele terminasse a frase. Era visível que Johanna era filha de Kate, pois ela se parecia muito com a mãe. Josh se agachou.

Josh: Oi. Como você chama?

Johanna: Johanna, e você?

Josh lançou um olhar para Kate, apesar de não estar surpreso que ela tivesse colocado o nome da mãe em sua filha.

Josh: Meu nome é Josh.

Johanna: Você é médico?

Josh: Sou, como você adivinhou?

Johanna: Eu vim ver a tia Lisa. Ela usa roupa branca como você.

Josh: Doutora Elisa Sodrel? – ele perguntou olhando para Kate, que confirmou – E você gosta dela?

Johanna: Ela sempre me dá pirulito!

Josh: Então eu devo supor que sim – ele riu – Quantos anos você tem?

Johanna: Cinco, e você?

Josh: Um pouco mais – ele sorriu.

Johanna: Você é amigo da minha mamãe?

Josh: Sim.

Johanna: E do meu papai?

Josh: Bem...

Kate o interrompeu.

Kate: Jo, o Josh não conhece o papai – ela mentiu.

Johanna: Você ia gostar do meu papai, ele é muuuito legal.

Josh: É mesmo?

Johanna fez que sim.

Josh: Você é muito linda, Johanna. Como sua mãe.

Johanna: Obrigada.

Johanna sorriu para Josh. A menina, que antes era mais reservada, vinha se soltando depois que começou a frequentar a escola e também andava cada vez mais curiosa, não hesitando em perguntar tudo o que queria. Kate pensou que deveria interromper a conversa, mas não deu tempo, ela já emendou outra pergunta.

Johanna: Você cuida de crianças também?

Josh: Às vezes. Eu cuido de quem tem o coração dodói, não importa a idade.

Johanna: A tia Lisa achou que meu coração era um tambor – ela riu, e Josh riu também.

Josh: Isso quer dizer que você é muito saudável.

Johanna: Mas eu vou ficar toda pintadinha. Eu estou com capo... cato... – Johanna olhou para a mãe.

Kate: Catapora.

Josh: Aposto que você vai continuar linda mesmo toda pintadinha.

Johanna: Mamãe, eu posso ir ali nos brinquedos?

Kate: Princesa, nós temos que ir...

Johanna: É rapidinho... – ela pediu fazendo um biquinho, ao que Josh riu.

Kate: Cinco minutinhos.

Johanna: Ta.

Johanna saiu correndo para um cantinho de brinquedos que ficava na entrada da ala de pediatria do hospital.

Josh: Ela é adorável, Kate!

Kate: Não é? – ela sorriu orgulhosa.

Josh: Eu não conheço mesmo o pai dela ou é quem eu acho que é?

Kate: É quem você acha que é.

Josh: E... como você tem passado? Você me afastou depois daquela cirurgia...

Kate: Ah, é... Josh, não daria certo.

Josh: Eu sei, você já o amava, não é?

Kate não respondeu. Aquele assunto a desconcertava um pouco. Como dizer “Sim, eu namorava com você mas amava outro homem” ?

Josh: Tudo bem, não precisa responder o óbvio. Eu ouvi dizer que vocês tinham se casado, mas realmente não sabia que você tinha uma filha.

Kate: É, na verdade – Kate pegou o celular – eu tenho dois.

Josh olhou para a foto que Kate o mostrava, onde Johanna beijava Alexander, que sorria.

Kate: São gêmeos. Johanna e Alexander.

Josh: Lindos, Kate. Eles são lindos.

Kate: É, eles são – ela pegou de volta o celular sorrindo orgulhosa, e Josh ficou observando-a.

Josh: Quem diria...

Kate: O que?

Josh: É que eu me lembrei de uma vez que falamos sobre filhos, quer dizer, eu falei, uma única vez, você se lembra? Eu te perguntei se você pensava em ter filhos. Você lembra o que me disse?

Kate: Que eu não pensava nisso, que não tinha jeito com crianças.

Josh: É... e agora olha você... exatamente como eu imaginava.

Kate o olhou sem entender.

Josh: Eu tinha certeza que você seria uma boa mãe.

Kate: E como você sabe que eu sou uma boa mãe?

Josh: Você já olhou para ela três vezes enquanto estamos aqui conversando, e se apressou em me mostrar a foto dos dois. E tenho certeza que deve ter mais umas 50 fotos aí.

Kate: É, eu acho que sou mesmo uma boa mãe – ela deu um sorriso – eu sou louca por eles. Eles são minha vida.

Josh: É bom saber que você está feliz.

Kate: E você, está feliz?

Josh: Sim. Estou noivo, ela é médica também.

Kate: Que bom. Eu fico feliz por você.

Kate sentiu que Josh ficou olhando-a um pouco mais do que o necessário.

Kate: Bem, eu, tenho que ir.

Josh: Foi muito bom te ver, Kate. Tchau.

Kate: Tchau.

Kate estendeu a mão a Josh, mas ele, assim que a pegou, aproximou-se e deu-lhe um beijo no rosto. Kate achou aquilo um pouco estranho, mas percebeu que não era nada demais, pois Josh saiu e seguiu pelo corredor.

Ela então foi até Johanna e chamou a filha para irem embora pra casa.

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Kate havia passado a manhã toda com Johanna, entre o tempo de espera, a consulta e o trânsito de volta pra casa. Quando as duas chegaram, Castle já tinha buscado Alexander na escola, e os dois estavam na sala com super heróis espalhados pelo chão.

Kate: Amor, você não vai acreditar. – ela já disse rápida antes mesmo de fechar a porta. Castle foi até as duas, pegando Johanna no colo.

Castle: O que?

Kate: Ela está com catapora.

Castle: Catapora? Mas não tem nenhum sinal.

Kate: Ainda estão começando a aparecer, olha – ela mostrou as manchas claras. – A doutora disse que Alex também terá.

Alexander, que parecia distraído, assim que ouviu seu nome olhou para a mãe, que sorriu pra ele.

Kate: Alex, vem cá.

Kate sentou-se no sofá e prendeu o filho entre as pernas, tirando sua camiseta e procurando algum sinal.

Kate: Você tem sentido alguma coisa?

Alexander: Não, mamãe.

Castle: Talvez ela ainda não tenha passado para ele. Mas vai.

Alexander: O que?

Johanna: Capotora.

Castle: Catapora, querida. Repitam com o papai: ca-ta-po-ra.

Johanna e Alexander repetiram.

Johanna: Papai, a Lex já teve isso?

Castle: Já sim. Faz muito tempo.

Johanna: Alex, nós vamos ficar pintadinhos.

Alexander fez uma cara brava.

Alexander: Eu não quero ficar pintadinho.

Kate: Ah mas vai sarar rapidinho, eu prometo.

Kate abraçou o filho e o encheu de beijos.

Castle: Eu vou ligar hoje mesmo na escola informando.

Kate: Isso, amor.

Kate sentiu seu celular vibrar e atendeu.

Castle: Um caso?

Kate: Aham. Vejo vocês mais tarde. Eu amo vocês – Kate disse beijando as crianças e Castle, e depois saiu.

Johanna: Alex, a tia Lisa deu um pirulito pra mim e outro pra você.

Castle sorriu, vendo a cena.

Alexander: Você quer brincar de heróis comigo e com o papai?

Johanna fez que sim.

Alexander: Então você vai ser a mocinha que nós vamos salvar de todos os perigos.

Johanna: Ta.

E assim os três começaram a brincadeira.

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No meio da tarde, era a hora do leite e da soneca. Alexander adormeceu logo, pois havia tido uma manhã agitada de brincadeiras na escola, mas Johanna não tinha sono, e ficou ainda um tempo sendo paparicada pelo pai.

Castle: Deixa o papai ver a garganta de novo.

Johanna: Não está doendo mais.

Castle: Que bom! Minha princesa linda vai ficar boa logo logo – ele beijava a filha, que ria.

Johanna: O amigo da mamãe disse que eu sou linda igual a mamãe.

Castle: Que amigo da mamãe?

Johanna: Que nós encontramos no hospital. Ele é médico.

Castle sentou-se na cama.

Castle: Médico?

Johanna: É, o nome dele é Josh, ele cuida das pessoas que tem o coração dodói.

Castle sentiu uma pontada foi em seu coração ao ouvir isso.

Castle: Você conversou com ele?

Johanna: Sim, ele me disse que eu sou linda como a mamãe – Johanna repetiu, sorrindo orgulhosa.

Castle não sabia nem o que pensar. Como assim Kate tinha deixado a filha dele conversar com aquele cara?

Castle: E... o que mais ele disse?

Johanna: Ele disse que eu vou continuar linda mesmo toda pintadinha. Ele é legal, papai. A mamãe disse que você não conhece ele.

Castle respirou devagar.

Castle: A mamãe ficou muito tempo conversando com ele?

Johanna: Enquanto eu fui 5 minutinhos nos brinquedos.

Castle: E eles conversaram onde? – Castle queria saber tudo, exatamente tudo.

Johanna: No corredor que vai para a sala da tia Lisa, sabe? Foi lá que eles ficaram conversando. Depois ele deu um beijo na mamãe e saiu.

Castle: Um... be...beijo?

Johanna: É, assim ó – Johanna inclinou-se e beijou o pai no rosto, sorrindo com naturalidade, enquanto Castle via seu mundo desmoronar.