Lisbon imaginou e esperou por diversas reações vindas de Jane frente à notícia. Mas ser completamente esmagada em um abraço de urso enquanto era puxada ainda mais para perto dele não era uma delas.


Ela sentiu um alívio e uma alegria imensa correr por todo o corpo no mesmo instante.


Ele estava feliz. E não com raiva como ela havia previsto.


Quando ele a soltou, Teresa criou coragem para encará-lo. E o que ela encontrou foi uma visão de Patrick Jane totalmente inédita.


Os olhos azuis estavam brilhando de alegria e emoção mal contidas, de uma forma como ela jamais tinha visto. O sorriso, que já era arrasador, agora estava maior e mais espetacular que nunca, e ela se pegou correspondendo com seu próprio melhor sorriso de covinhas.


“Teresa...” Ele disse, segurando-lhe a face com as duas mãos. “Você não sabe o quanto eu tenho esperado por isso nos últimos dias.” Ele riu. Jane riu. Uma risada alta de puro prazer, e Lisbon podia literalmente sentir o coração explodir de alegria com a cena.


“Eu tenho estado ansioso aguardando você perceber o que estava acontecendo.” Ele disse enquanto salpicava beijos por todo o rosto dela. “Você não tem noção do quanto estava me matando manter minhas desconfianças de você.”


Agora Teresa estava completamente chocada. Ele sabia?


“Você já sabia?” Ela soltou em um suspiro baixo e surpreso. “Mas, como?”


Jane abriu um enorme sorriso. “Bem, eu não tinha certeza, certeza. Mas francamente, mulher. Você vem vomitando há semanas e sentindo náuseas, principalmente na parte da manhã. Isso fora as tonteiras e quase desmaios.” Disse revirando os olhos como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. “Sem contar que na semana passada você chorou por praticamente uma hora no meu ombro no segundo em que entramos em casa, por causa de uma vítima de assassinato.”


Por mais triste que se sentisse por causa da criança assassinada, ele não conseguia não rir ao se lembrar da cena. Se algum dia alguém lhe dissesse que Teresa Lisbon cairia em completo choro na frente de alguém por causa de um caso, ele diria que a pessoa estava sonhando e era completamente desmiolada.


Lisbon o encarou com um olhar totalmente incrédulo no rosto e ele completou.


“Teresa, você é o tipo de pessoa que desconta suas emoções e frustrações sobre os casos em que trabalhamos em um estande de tiros.” Os olhos dele agora perfuravam os dela. “Não que você não derrame uma lágrima ou outra por causa de algum caso, porque eu sei que você faz. Mas lidar com as emoções descarregando uma arma é o seu negócio.”


Lisbon não sabia se sorria ou se lhe socava pelo que ele estava dizendo.


Optando por nenhuma das duas opções, ela apenas sacudiu a cabeça. “Eu juro que essa possibilidade nem sequer passou pela minha cabeça até a Fisher mencionar hoje cedo.”


“Eu percebi. Por que você acha que eu estava insistindo tanto para que você procurasse um médico? Além disso, eu estava louco para confirmar minhas suspeitas.” Ele parecia um garotinho de tão entusiasmado.


Lisbon bufou. “Depois de todos os testes que eu fiz, acredite, suas suspeitas estão mais do que confirmadas.”


Jane deu outra risada. “Aposto como você fez uns três testes.”


Teresa abaixou os olhos envergonhada e Jane arregalou os olhos ao ler a verdade por trás de sua expressão.


“Mais?” Ele perguntou, parecendo chocado, e ela prendeu o lábio inferior entre os dentes.


“Seis testes? ” Ele perguntou em meio a uma gargalhada. “Francamente, mulher, já não bastava você ser praticamente a garota propaganda da indústria de armas, agora você está tentando se transformar na garota propaganda dos testes de farmácia?"


É claro que Jane não deixaria uma oportunidade de provocá-la passar em branco, e ela lhe deu um leve tapa no ombro por isso, enquanto corava por ter sido descoberta.


“Bem, ao menos agora eu não vou precisar mais inventar desculpas para te fazer tomar Chá de Gengibre todos os dias e parar de beber café.” Ele disse, ainda rindo, e depositando um beijo no pescoço dela.


Lisbon soltou uma pequena risada e sacudiu a cabeça. Ela não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Parecia surreal. Ela não só estava grávida como também Jane estava feliz com a notícia.


“Então, você não está com raiva?” Perguntou em um murmúrio baixo. Ela precisava ter certeza de que isso não era só um sonho.


A expressão de Jane ficou séria. E ele lhe lançou um olhar aturdido.


“Teresa, por que eu ficaria bravo?” Perguntou, totalmente pego de surpresa com o questionamento dela. “Essa foi a notícia mais maravilhosa que eu recebi nos últimos anos.”


Os olhos de Patrick se encheram de lágrimas ao dizer isso. Ele jamais imaginou sentir essa emoção novamente. “Um bebê, Teresa. Nós vamos ter um bebê.” Ele permitiu que as lágrimas escapassem. “Você me fez a pessoa mais feliz do mundo nesse momento.”


Lisbon foi tomada por uma emoção avassaladora com as palavras dele, e antes que ele pudesse se dar conta, ela estava lançando-se sobre ele em um outro abraço apertado enquanto lhe dava um longo beijo.


Quando ela se afastou e ergueu o olhar para o dele, Jane viu os olhos verdes brilhando de alegria, apesar das lágrimas que ela derramava.


Secando o rosto dela com as palmas das mãos e analisando sua reação, ele finalmente se deu conta do que eram as emoções de medo e tristeza que estava lendo em seu rosto há pouco tempo atrás.


“Teresa, você achou que eu ficaria bravo porque não fosse querer o bebê?” Lisbon prendeu o ar ao escutá-lo perguntar isso. A expressão dele já não demonstrava nenhum tipo de emoção e ela se angustiou.


“Patrick...” Ela disse, sentindo a garganta apertar novamente. “Você nunca mencionou querer ter mais filhos.” Lisbon respirou fundo para conseguir continuar a falar sem chorar. “E depois do que aconteceu com a Charlotte... Eu... eu não me surpreenderia se você não quisesse.”


Jane fixou o olhar no dela, e ela sentiu que ele estava tentando ler a sua alma naquele instante.


“Não foi só por isso, Teresa. Tem alguma coisa mais aí que você não está me dizendo...”


“Eu senti medo...” Ela confessou junto com um soluço. “Nós nunca nem sequer falamos sobre isso. E tudo é tão recente, e tão novo entre a gente...” Algumas novas lágrimas deslizaram por sua face. “Eu tive medo que você visse essa gravidez como uma tentativa minha de forçar você a esquecer sua esposa e substituir a Charlotte.”


Lisbon fechou os olhos. Enquanto os soluços incontroláveis sacudiam seu corpo.


“Eu preciso que você saiba, Patrick, que essa nunca foi a minha intenção. Eu juro.” Ela ergueu o olhar outra vez para o seu, e Jane pôde ver a angústia estampando os olhos dela, o desespero para que ele acreditasse.


“Teresa, eu jamais pensaria uma coisa dessas.” Ele lhe assegurou, segurando as mãos dela nas suas, acariciando-as com os polegares num gesto reconfortante. “Eu conheço você, sei que você jamais faria algo assim.”


Lisbon soltou um suspiro de alívio diante de suas palavras e lhe deu um sorriso.


“Teresa, eu quero, eu preciso que você saiba que nem você e nem esse bebê são vistos como substitutos para mim.” Ele disse com a voz embargada. E mesmo ela não sendo uma mentalista, conseguia ver a verdade brilhando nos olhos dele.


“Eu amava a minha esposa, e eu amo a minha filha.” Ele respirou fundo antes de continuar. “Mas eu amo você, pelo que você é. E eu já amo esse bebê, da mesma forma como eu amo e sempre amarei a Charlotte.”


A Agente sentiu o coração acelerar com as palavras dele. E Jane se inclinou, colando a testa à dela.


“Eu amava muito a Angela. E de certa forma ela sempre vai ser parte de mim. Mas você ...” Ele ergueu uma das mãos e acariciou o rosto dela. “Você me deu uma nova vida, uma nova família a partir do momento em que eu coloquei meus pés dentro da CBI.” Ele lhe deu um beijo casto antes de continuar. “Você conhece o meu melhor lado e também conhece profundamente meu pior lado, e mesmo assim nunca desistiu de mim. Mas, acima de tudo, Teresa, você fez com que eu me transformasse em um novo homem. Você faz com que eu queira ser uma pessoa melhor todos os dias. E eu agradeço todos os minutos do dia por ter você na minha vida.” Ele finalizou dando-lhe um pequeno sorriso encabulado.


Jane nunca foi aberto a falar sobre suas emoções, e Lisbon sabia o quanto custava pra ele conseguir expressar aquilo em voz alta. E nesse momento, ela teve certeza mais do que nunca de que ele era o homem da sua vida.


“Eu amo você, Patrick.” Ela abriu um grande sorriso. “E você me faz feliz todos os dias.”


“E você não faz ideia do quanto eu amo você e o nosso bebê.” Levantando uma das mãos dela com a sua, ele levou até os lábios, beijando os nós dos dedos delicados. “Eu prometo a você que vou provar isso para vocês todos os dias. Eu vou sempre estar aqui pra vocês dois. Para o que vocês precisarem e para protegê-los. E dessa vez eu não vou falhar.” A voz dele estava carregada de emoção.


Lisbon sentiu o ar faltar em seus pulmões ao ouvir essa declaração, e uma nova onda de lágrimas foi derramada enquanto ele colava seus lábios aos dela, tentando transmitir tudo o que estava sentindo através de um beijo doce, lento e carinhoso.



Quando se separaram, Teresa estendeu as mãos para os cachos loiros que tanto amava, e por um instante deixou-se imaginar como seria o seu bebê. Será que Jane queria uma menina ou um menino?


Provavelmente ele preferiria que fosse um menino. Ela amaria ter uma menina, ainda mais depois de criar três irmãos, mas apesar do que ele lhe disse, ela sabia que a dor de perder Charlotte sempre o acompanharia, e ela não queria que essa dor se reacendesse toda vez que ele olhasse para a filha deles.


De qualquer forma, não seria nada ruim ter um pequeno garotinho de cachos loiros para bagunçar sua vida. Ela sorriu com a imagem que surgiu na sua mente.


Patrick se pegou completamente preso ao enorme sorriso que adornava os lábios de Lisbon.


“O que está se passando nessa cabecinha maravilhosa, posso saber?” Ele questionou, e os olhos dela adquiriram um brilho travesso.


“Me diz você. Você não vive se gabando sobre ter uma conexão direta com a minha mente e que portanto sabe todos os meus pensamentos?” Ela arqueou uma sobrancelha. “Então vai lá, Mentalista, leia a minha mente.”


Jane abriu um largo sorriso com isso. Sua pequena atrevida. Ela definitivamente deveria aprender a não provocá-lo.


“Uma menina.” Ele se inclinou e sussurrou contra os lábios dela, em seu melhor ar super convencido, antes de se inclinar para finalmente beijá-la.


“Uma garotinha maravilhosa feito a mãe.” Ele disse, quebrando o beijo, e sentindo o coração acelerar no peito só de imaginar Teresa carregando uma filha dos dois nos braços.


“Uma pequena princesinha raivosa como você.” Erguendo a mão ele ajeitou uma mecha dos cabelos dela, prendendo-a atrás da orelha. “Com esses seus incríveis olhos verdes, puros, sinceros e verdadeiros, e com essa sua linda boquinha atrevida e essas covinhas encantadoras.” Ele finalizou mordiscando seu lábio inferior. E Teresa sorriu contra a boca dele, emocionada com suas palavras e permitindo que ele aprofundasse o beijo. Um beijo que encheu seu corpo de arrepios e uma onda de desejo.


Quando se soltaram em busca de ar, Patrick voltou a se deitar.


“Agora eu quero falar com você sobre coisas mais importantes.” Ele assumiu um ar sério e compenetrado. “Nós definitivamente vamos ter de rever seus hábitos alimentares, Teresa. Nem pense que eu vou deixar minha filha passar fome ou ser entupida de porcarias, está ouvindo?” Ele levou a mão para a barriga dela, acariciando-a.


Lisbon sacudiu a cabeça e bufou, colocando uma das mãos sobre a dele. Jane seria mais superprotetor que nunca, disso ela tinha certeza, e não fazia a menor ideia de como iria conseguir sobreviver a isso sem matá-lo ou causar-lhe um dano corporal grave pelos próximos meses.


Deixando o assunto de lado e abrindo um sorriso malicioso, Lisbon se ergueu, passando uma das pernas por cima dele para se sentar em seus quadris.


Os olhos de Jane imediatamente se escureceram com esse movimento.


“Não tente me distrair, Teresa.”



Mas Lisbon fingiu não lhe escutar, e quando sentiu o corpo dele reagir sob o seu, ergueu as mãos até o primeiro botão da camisa dele que ela usava, começando a desabotoá-la.


“Eu estou falando sério sobre esse assunto.” Jane engoliu em seco com a visão da pele cremosa que estava sendo revelada. E ela estava sem sutiã!


Senhor, essa mulher definitivamente seria sua morte. Sua respiração começou a sair em expirações descompassadas.


“Eu sei.” Ela disse tirando completamente a camisa e jogando de qualquer jeito no chão do quarto. “Mas isso pode esperar mais um pouco. Eu estou com vontade de fazer outras coisas agora. E conversar não está incluído em nenhuma delas.”


E então ela se inclinou, beijando-lhe o ponto sensível no pescoço, arrancando-lhe um gemido enquanto continuava chovendo beijos por todo o caminho até a sua boca.


Jane permitiu-se se perder completamente na carícia. Uma das mãos subindo pelas costas desnudas até o cabelo, prendendo-a num faminto beijo, enquanto a outra a puxava firmemente contra ele pela cintura.


Teresa tinha razão, essa conversa podia esperar. Mas agora tudo que ele queria era provar a ela o quanto a amava e saborear cada segundo desse momento, pois, apesar de já terem dormido juntos várias vezes ao longo dos últimos meses, essa seria a primeira vez que ele faria amor com ela sabendo que ela estava carregando um filho dos dois em seu ventre. E essa simples concepção fazia tudo ser mais profundo e emocionante a partir daquele instante.



Fim!