Doce Surpresa escrita por Marina Louise


Capítulo 3
Capítulo 3




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Jane entrou na casa de Lisbon parecendo um furacão.


Ele havia passado a maior parte do dia com Cho interrogando amigos e familiares ligados a vítima do novo caso em que estavam trabalhando, e quando finalmente voltou ao prédio do FBI, foi para descobrir que Lisbon não estava lá. Para sua total surpresa, quando confrontou Fisher sobre o paradeiro de sua parceira - e agora namorada - foi informado de que ela não estava se sentindo bem e tinha ido para casa.


Isso era no mínimo alarmante. Lisbon não se sentir bem estava sendo uma ocorrência normal nas últimas semanas, e ele vinha tentando fazia dias convencê-la a ir ao médico, mas a mulher conseguia ser mais teimosa que ele quando queria. Agora, Teresa Lisbon, ir por livre e espontânea vontade para casa por não estar passando bem era uma situação totalmente diferente. Para ela ter feito isso devia estar mesmo se sentindo muito mal e esse pensamento era desesperador e preocupante.


Por isso havia pego o celular do bolso do terno em tempo recorde e ligado imediatamente para ela, só para escutar aquela maldita mensagem de caixa postal. Então ele não teve outra escolha a não ser ir direto para casa procurá-la. Ele precisava ter certeza de que ela estava bem.


Lisbon vinha reclamando havia dias sobre sua superproteção. Mas isso era algo que ele não conseguia evitar. Ela era o que ele tinha de mais valioso em sua vida, e sua segurança, sua felicidade e seu bem estar eram sua prioridade, não importava o quanto ela reclamasse.


Pelo tanto que ela vinha vomitando e a forma como estava se alimentando mal, ele estava surpreso que ela ainda estivesse conseguindo se manter em pé. Ele tinha de dar um jeito nessa situação e rápido, ou logo ela estaria desnutrida e desidratada.


Foi então que ele se decidiu. A faria ir ao médico quer ela quisesse ou não. Nem que para isso fosse necessário pela primeira vez ser ele a vestir as calças nesse relacionamento e levá-la arrastada.


“Teresa?” Chamou ao adentrar por completo na sala. Mas não houve resposta. O silêncio reinava no ambiente.


Passando pelo sofá para subir as escadas que levavam ao segundo andar, Jane não conseguiu evitar o pensamento de que logo estaria dormindo ali caso Lisbon descobrisse sobre todas as leis de trânsito que ele violou para chegar até lá o mais rápido possível. E essa era uma coisa que ele não gostaria. Ele não se importava de cochilar no sofá durante o dia, mas agora seu novo lugar predileto para dormir era na cama, aconchegado ao lado da sua pequena agente do FBI.


Passando pelo corredor, Patrick verificou que no banheiro ela não estava, então encaminhou-se direto para o quarto principal.


Assim que abriu a porta foi saudado pela visão de uma Lisbon deitada de lado, completamente adormecida na cama. Ela devia estar realmente cansada para estar dormindo tão profundamente a ponto de não escutá-lo chamá-la ou entrar no quarto. Ela era o tipo de pessoa que acordava com qualquer barulhinho, os instintos policiais sempre em alerta.


Ao se aproximar da cama, deixou que seus olhos vagassem pelas pernas expostas da Agente. A mais nova mania de Lisbon era dormir vestida em uma de suas camisas. E toda vez que ele era confrontado pela visão dela vestindo suas roupas, seu coração disparava. Ela já era a visão mais tentadora do mundo para ele normalmente, mas quando estava assim, era praticamente impossível manter suas mãos longe dela.


Se sentando ao lado do travesseiro que ela estava abraçando, Jane notou que o rosto estava com marcas de lágrimas. Teresa, por algum motivo, estivera chorando e ele sentiu o peito apertar diante dessa descoberta.


A última vez que ele a viu chorar foi dentro do avião, quando ela estava partindo para Washington e ele se declarou. Ele só esperava que ela não estivesse tendo segundos pensamentos sobre eles estarem juntos. Ainda mais nesse momento.


Esticando a mão até os ombros dela, Jane lhe deu uma pequena sacudida. “Teresa?”


No entanto, isso só fez Lisbon resmungar e se virar de barriga pra cima. Ela estava dormindo mais pesado do que ele havia imaginado.


“Querida, vamos lá, acorde.” Disse enquanto lhe dava outra sacudida, dessa vez mais forte. “Preciso falar com você.”


Lentamente ela acordou e ele foi saudado pela bela visão daqueles olhos verdes que tanto amava.


Porém, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela lhe perguntou com a voz rouca de sono e cheia da preocupação.


“Jane, o que você está fazendo aqui? Você devia estar no trabalho.”


Ele não pôde deixar de rir. Essa era sua Lisbon, sempre preocupada com o serviço.


“Em primeiro lugar, é Patrick. Pensei que havíamos entrado em acordo de que Jane e Lisbon ficariam apenas no trabalho.”


Ela fez uma careta com suas palavras.


“Em segundo lugar, e respondendo a sua pergunta,” Ele disse, substituindo o sorriso por uma expressão totalmente séria, que ela pouco estava acostumada a ver. “Eu estou aqui ao invés de estar no trabalho porque assim que eu cheguei ao FBI me disseram que você tinha passado mal e veio embora mais cedo, então, obviamente, eu fiquei preocupado. E só para constar, eu teria preferido saber disso através de você ao invés da Fisher.” Terminou lançando-lhe um olhar acusador.


Lisbon sentiu uma sensação de culpa dentro de si. Não queria tê-lo preocupado. Ainda mais conhecendo Jane e suas tendências superprotetoras.


“Bem, você deveria ter me ligado.” Disse estreitando as sobrancelhas em um olhar reprovador.


Sair no meio do expediente era totalmente desnecessário, pensou consigo mesma, mas nem sequer se atreveria a dizer isso em voz alta ou uma briga surgiria.


“Eu tentei, mas o seu telefone está desligado.” Ele disse, passando as mãos sobre o rosto. “Você tem noção do quanto me assustou, Teresa? Passei o caminho todo até aqui pensando que algo pudesse ter acontecido.”


Lisbon respirou fundo. Lá iam eles de novo, voltar a velha e má discussão sobre algo acontecer com ela.


“Jane, foi só um mal estar. Eu estou bem. Você está exagerando.” Disse num tom impaciente, ganhando um olhar incrédulo em troca.


Bem ?” Ele perguntou a ela num tom irônico. “Teresa, você está tudo, menos bem.” Ele colocou uma das pernas dobradas sobre a cama para que pudesse se sentar totalmente de frente para ela e encará-la nos olhos.


“Você está vomitando faz mais de duas semanas, está sentindo tonteiras, praticamente desmaiou hoje de manhã quando estava descendo as escadas e eu sinto muito lhe informar, mas você está mais branca que uma folha de papel há dias.” Agora o tom de voz dele era completamente zangado. “Não venha me dizer que você está bem porque você não está. Eu estou surpreso por você ainda estar conseguindo ficar em pé com o pouco que vem se alimentando. Então me desculpe por temer chegar em casa e encontrar você desmaiada em algum lugar.”


Lisbon desviou o olhar do dele. Jane estava coberto de razão.


“Eu sinto muito, Jan ... Patrick.” Ela disse com a voz embargada, os olhos nadando em lágrimas. “Eu não queria te assustar.”


Jane se sentiu amolecer diante da visão. Se tinha uma coisa que ele detestava era a versão de Teresa Lisbon triste. Ele não queria deixá-la chateada.


Suspirando audivelmente ele levou a mão ao rosto dela, fazendo com que ela o encarasse.


“Por favor, Teresa, eu não quero que você se chateie.” Ele pegou o travesseiro que ela segurava quando ele chegou, e o colocou encostado na cabeceira da cama para que pudesse se deitar ao lado dela.


“Também não quero que me peça desculpas. Só quero que você leve sua saúde mais a sério e que se cuide.” Ele virou de lado e a puxou com a mão para que fizesse o mesmo e ficasse de frente a ele.


Quando Lisbon olhou naqueles olhos azuis cintilantes não pôde conter ser tomada por uma onda de emoção. Assim como os dela, os olhos dele estavam cheios de lágrimas, mas também expressavam preocupação e amor. Nenhum outro homem jamais havia olhado para ela daquela forma. E ela se sentiu especial com isso.


“Sinto muito, Patrick, de verdade. E eu prometo que vou me cuidar, está bem?” Ela disse enquanto pegava uma de suas mãos entre as dela.


“Ótimo, porque eu vou te levar ao médico, mulher, nem que seja arrastada.” Ele lhe lançou aquele sorriso brilhante, atrevido e charmoso que só ele tinha.


Deveria ser um crime alguém ser bonito desse jeito, Lisbon pensou consigo mesma. Mas, ao contrário de todas as vezes em que ele lhe sorria assim e ela correspondia, dessa vez ela não conseguiu fazê-lo. Ela teria de dizer a ele que estava grávida. Não conseguiria esconder a informação por muito tempo, ainda mais Jane sendo quem era.


No mesmo instante Patrick lhe lançou um olhar aguçado. Os olhos de Lisbon rapidamente perderam um pouco de brilho diante de suas palavras, se enchendo de medo, e ele sentiu-a ficar tensa ao seu lado.


“Teresa, o que foi?” Perguntou, preocupado. Ele não entendia de onde tanto medo estava vindo.


Lisbon suspirou. Era óbvio que ele ia se dar conta da mudança de emoções nela. Ele era um mentalista, afinal. Ele descobriria, era inevitável. Mais cedo ou mais tarde ele iria notar. E ela percebeu que talvez fosse o momento de encarar a realidade e finalmente confessar a ele o que estava acontecendo, antes que ele descobrisse sozinho.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente quero me desculpar pela demora em atualizar. Infelizmente meu final de semana foi bem agitado, por isso demorei a vir. Mas prometo fazer o possível para atualizar mais rápido a partir de agora ;)
Isso é, se alguém aí estiver interessado no que vem a seguir... por favor, deixem-me saber o que acharam!

Gostaria de agradecer a todos que estão acompanhando a história. Em especial à SaraAS, Jujah, Alana Graham, Lindiana M. (Facebook) e Fabiana B. (Facebook) pelos comentários divos e maravilhosos que fizeram o meu final de semana! Muito obrigada meninas! O comentário de vocês significou o mundo para mim!