Lisbon apoiou as mãos trêmulas na bancada da pia, encarando o próprio reflexo no espelho do banheiro.

Ela estava uma bagunça, para dizer o mínimo. Há tempos não se sentia tão fraca e exausta. Os olhos brilhantes e vivos estavam fundos e opacos. A pele corada e sedosa estava fria, pegajosa e pálida. Tudo em decorrência desse maldito mal estar.

Essa era a terceira vez na última hora que ela vinha correndo ao banheiro vomitar o conteúdo inexistente em seu estômago.

Se tinha uma coisa que ela detestava era ficar doente.

Abrindo a torneira, a Agente lavou a boca e jogou um pouco de água no rosto. A sensação da água fria contra a pele lhe dando um alívio momentâneo.

Jane vinha lhe atormentando a paciência para ir ao médico desde a semana anterior, alguns dias depois dos sintomas terem começado. Se continuasse assim teria de dar o braço a torcer e fazer o que ele lhe pedia. Ela definitivamente estava com algum vírus, ou o calor infernal do Texas estava começando a levar a melhor sobre ela.

Respirando fundo, Teresa secou as mãos e caminhou de volta para o escritório.

No caminho até a sua mesa não pôde deixar de reparar no sofá vazio de Patrick. Ele esteve fora durante toda a manhã com Cho entrevistando os amigos e familiares da vítima do novo caso que estavam investigando, enquanto ela ficou no escritório com Fisher para analisar as ligações telefônicas e transações financeiras do sujeito.

Se sentando na cadeira, ela não pôde deixar de agradecer mentalmente por Jane não estar por perto. Só Deus sabe o quanto ele podia ser superprotetor. Se estivesse aqui e a visse nesse estado, ficaria pairando em cima dela, sem sequer se importar de manter o profissionalismo na frente da equipe. E por mais que ela gostasse de ser cuidada por ele, seu mal estar era tão grande que tudo que ela não precisava nesse momento era dele respirando em seu pescoço na frente de todos no serviço.

Suspirando, Lisbon deixou os pensamentos sobre Jane de lado e forçou-se a se concentrar nos documentos que tinha de analisar. No entanto, antes que conseguisse chegar na segunda linha, as letras começaram a se embaralhar na sua frente, sua visão ficando completamente borrada enquanto novamente seu corpo era assaltado por aquela sensação de total fraqueza e um aperto no estômago.

Com a respiração ofegante e o corpo trêmulo, ela fechou os olhos, esperando que o mal estar passasse.

“Lisbon, você está bem?”

Quando abriu os olhos, viu Kim Fisher parada na sua frente, ostentando uma expressão preocupada no rosto.

“Eu estou bem, não se preocupe.” Ela respondeu, tentando lançar um sorriso tranquilizador a Kim, que não parecia nem um pouco convencida com sua resposta.

“Lisbon, eu não quero ser invasiva, mas talvez seja melhor você ir ver um médico.” Fisher disse, lançando-lhe um olhar receoso. “Você não está nada bem já faz vários dias, mas hoje você parece estar prestes a desmaiar a qualquer momento.”

“De verdade, Fisher, eu não preciso de um médico. É só um resfriado, ou algo que comi e que me fez mal. Vou ficar bem em poucos dias.” Disse com determinação. Tudo de que não precisava era mais uma pessoa querendo fazê-la ir ao médico. Se tinha uma coisa que ela detestava mais do que passar mal, era ter de ir ao hospital. “Você precisa de alguma coisa?”

“Não, eu só vim ver se você estava se sentindo bem...” Fisher olhou para os próprios pés, sem jeito, parecendo querer lhe dizer algo, mas sem saber como introduzir o assunto.

Tomando coragem, ela finalmente se sentou na cadeira de frente a Lisbon e lhe disse, num tom de voz baixo. “Lisbon, eu sei que não sou tão próxima de você quanto o Cho, e me perdoe se eu estou ultrapassando os limites nesse momento, mas eu não acho que esse seu mal estar seja algo passageiro.”

“Do que você está falando?” Teresa se recostou na cadeira, lançando um olhar assustado a Kim. Será que ela estava aparentando estar tão mal a ponto da companheira de equipe achar que ela estava com algo grave?

“Eu só acho que já que você não quer procurar um médico, talvez você devesse... fazer um teste de farmácia...” Ela sussurrou a última parte e lançou a Lisbon um olhar sugestivo.

Teresa sentiu todo o ar fugir de seus pulmões quando as palavras de Fisher foram finalmente registradas em seu cérebro.

“Ãh... Eu...” Lisbon gaguejou. “Obrigada pelo conselho, Fisher, mas eu não acho que eu esteja, você sabe...” Ela disse no fio de voz, soltando uma risadinha nervosa. “Aliás, eu não estou. De jeito nenhum. É impossível...” Completou, praticamente atropelando as palavras, e nesse momento ela não sabia se estava tentando convencer a Kim ou a si mesma.

Agora a sensação de enjoo voltou com força total e ela realmente sentia que poderia desmaiar a qualquer segundo.

Fisher se levantou, lançando-lhe um novo olhar preocupado e parecendo estar tão desconfortável com o rumo da conversa quanto ela. “Se você diz.” Ela disse, dando de ombros. “Mas é melhor você tirar o resto do dia de folga. Você realmente não me parece nada bem. Eu te cubro por aqui, não se preocupe.”

Lisbon demorou um segundo para responder, ainda completamente atordoada com o assunto e a possibilidade de uma gravidez. “Tudo bem, eu vou fazer isso. Eu realmente preciso descansar um pouco...” Disse com a voz engasgada e Fisher acenou com a cabeça, se virando e caminhando em direção à sala de Abbott.

Assim que Kim fechou a porta da sala do Chefe atrás de si, Lisbon engoliu em seco e sentiu os olhos se encherem de lágrimas.

Ela não podia estar grávida, podia?

E foi esse o pensamento que perseguiu a Agente enquanto ela arrumava suas coisas para ir embora e durante todo o trajeto até sua casa.