Hermione sentiu os pelos eriçarem e uma sensação incomoda a invadir. Levantou o olhar do livro que lia e percebeu que era observada.
O ruivo tinha o corpo apoiado ao portal de transição entre a cozinha e a sala, com um riso divertido nos lábios.

– Você não se cansa? – perguntou, aumentando o riso e fitando o volume em suas mãos.

– Ah, oi Ron... – ela ruborizou.

Ficava assim sempre que se via a sós com ele. A lembrança de seus braços ao redor dele e do modo como seus lábios se encontraram sempre lhe vinha à mente.

– Pensei que estivesse no quintal com os outros – disse ela evasiva – O jogo não está bom?

– Ah, não, não é isso – fechou o sorriso – É que... Bom... Tem algo em que eu preciso de sua ajuda. Só você pode me ajudar.

Hermione franziu a tez preocupada.

– O que houve? É serio?

O ruivo balançou a cabeça afirmativamente, enquanto se aproximava.

– É sim, e importante também.

Ele sentou ao lado dela.

– Então fala logo Ron! – ela estava começando a ficar nervosa – O que houve?

– Bom... – começou ele – Primeiro você deve prometer me ouvir sem me interromper. Ok?

– Ok - ela respondeu rápida, curiosa.

– Tá bom então - ele fixou os olhos azuis nos castanhos – Bom... Tem uma garota...

Os olhos de Hermione se arregalaram.

– E ela é tão bonita, tão divertida, tão maravilhosa...

A morena estava atônita. Sobre o que ele falava? De uma garota?

– Ela é tão... tão... – Ron suspirou sem conseguir encontrar as palavras que precisava e Hermione prendeu a respiração – E eu tentei, eu tentei mesmo... tentei tanto não ver, ignorar, fingir que não me importava. Que ela não me afetava, mas eu não consigo mais.

Hermione sentiu o coração pesar, Ronald tentava lhe contar que gostava de outra.Estaria ele tentando abrir seus olhos para o fato de que não a queria?

Sentiu os olhos arderem, mas controlou a vontade de revelar o que sentia através de uma lagrima. Não podia fazer uma cena. Afinal, o que esperava?

Eram apenas amigos. Porque ele se limitaria a gostar de outra garota apenas por que ela o beijara num ato impensado?

Ela tentou se distanciar da dor que sentia para ouvir o que ele dizia.

– Agora ela nem sequer sabe o quanto eu gosto dela. O quanto eu queria ficar bem perto dela, sem me preocupar em inventar desculpas. Eu não consigo mais lidar com isso. Eu preciso dizer que me apaixonei...

Ele se apaixonou?

Ela sentiu seus músculos travarem. Era demais para ela suportar. Ela estava atônita.

– EU PRECISO DIZER QUE A AMO! – ele soltou enfim, respirando por se libertar daquela verdade.

Ela desviou o olhar do ruivo e fitou as palmas de sua mão, sobre o livro que lia. Não podia mais esconder no rosto o que sentia. Então o escondia.

Ronald continuou a falar mesmo sem a fitar.

– E agora Mione? O que eu faço?

Ela não conseguia acreditar no que ouvia. Ele estava mesmo perguntando aquilo pra ela.Mas porque não perguntaria?

Ela nunca contara o que sentia por ele e eram amigos. Não era natural que ele pedisse ajuda a ela?

Ela respirou fundo, tentou juntar forças que não sabia se tinha e levantou o rosto.

– Her... Bom... – O que dizer? – Eu acho que... que... - respirou fundo para não chorar enquanto fazia o que achava certo - Você deve contar a ela.

Ronald sorriu.

– Eu já disse.

Hermione se surpreendeu mais uma vez.

– Contou?! E o que ela disse?

– Sim, e ela disse ‘você deve contar a ela’.

Ele lhe lançou um sorriso enorme. E ela, o olhou embasbacada. Era... Era... O que ela havia dito... Mas... Como... Podia ser? Era... Era ela?

– Sim Mione, é você. Quem mais poderia ser? – ele disse terno, como se lesse seus pensamentos.

Tocou o rosto dela com a mão e o aproximou do seu.

– Eu acabei de contar pra ela... – ele travou antes de continuar – Pra você.

Os lábios dela se estenderam num sorriso de felicidade e Ron aproveitou para aproximar os seus próprios lábios.

– Eu te amo Mione – ele praticamente sussurrou.

Então pressionou sua boca na dela, num beijo leve e doce. E quando, enfim, se separaram, ele perguntou sorrindo:

– Contei direitinho?