Quase um ano havia se passado desde que eles destruíram Gaia para sempre. Agora, Percy e Annabeth tem 18 anos, terminaram o ensino médio e vão morar e estudar juntos em Nova Roma. Para comemorar os dois acontecimentos, eles chamaram os outros 4 semideuses do Argo II, Reyna, Nico e o treinador Hedge para relembrar os velhos tempos, em que todos viajaram juntos por alguns meses. Marcaram de tomar sorvete em Nova Roma no dia 1° de agosto. Exatamente um ano depois de tudo acontecer.

Eram 16 horas, o dia estava quente como nunca esteve antes em Nova Roma. O sol brilhava e não havia nuvens no céu.

Percy e Annabeth estavam sentados em uma grande mesa do lado de fora da sorveteria, esperando que os outros chegassem.

– Dia perfeito para tomar sorvete com os amigos. - Percy disse.

– Não devíamos ter convidado apenas 7 pessoas. - Annabeth começa a falar, enquanto eles ainda estavam sozinhos na sorveteria. - Queria que ainda fôssemos os 7 semideuses da profecia mais os protetores da Atena Partenos.

Ele a abraça, deixando-a chorar em seu ombro.

– Hey, ainda somos nove de dez.

– Nove de dez não é o suficiente. Fica aquela lacuna do bobão que faz piadas o tempo todo.

– Eu sou tão bobão e estúpido quanto o Leo. Talvez até mais.

– Mas você é meu namorado bobão. É meu e de mais ninguém. Eles que arranjem um novo bobo da corte.

Nesse momento, Frank Zhang e Hazel Levesque chegam.

– Vocês são ótimos amigos, sabiam? - Frank começa. - Chamam um intolerante à lactose para tomar sorvete!

– Eles tem sorvete com leite de soja. - Annabeth disse. - Não se preocupe. Pensamos em você.

Ele fez uma careta de desgosto, mas, mesmo assim, trocou abraços com Percy e Annabeth. Hazel fez o mesmo e ele finalmente sentou-se, ficando ela ao seu lado. Reyna chegou logo depois deles.

– Desculpem o atraso. As legiões não queriam entrar em formação de descanso.

– É nesse momento que você queria que Piper morasse aqui. - Percy disse com um sorriso no rosto.

– Eu o quê? - Piper entrou na sorveteria, acompanhada de Jason, Hedge e Nico.

Todos trocaram abraços e Hedge não pode evitar falar de seu filho.

– Chuck está tão grande! Berra como ninguém! É o meu orgulho! A primeira palavra foi morram! Que orgulho do meu menino!

Ninguém conseguiu evitar os risos, enquanto Hedge falava, orgulhoso, de seu filho. Após um tempo todos pediram seus sorvetes. Frank ficou se lamentando.

– Por Marte! Como podem só ter chá de capim santo como sabor para intolerantes à lactose? Argh!

– Parece ser gostoso! - Hedge falou, lambendo os lábios. - Capim é muito bom!

Novamente, ninguém se esforçou para conter as risadas.

Durante um tempo eles conversaram. Não demorou muito para os sorvetes chegarem.

– Antes de atacarem esses sorvetes como se fossem cachorros esfomeados, eu proponho um brinde. - Jason falou.

– Concordo. Ao que brindaremos? - Hazel diz.

Jason fingiu pensar por um instante, mas todos sabiam para quem seria o brinde. Ele fez um sinal e todos ficaram de pé, com as taças de sorvete na mão.

– Brindaremos o Leo. Ele se sacrificou para todos estarmos aqui hoje. Era meu melhor amigo. Derrotou Gaia. Ao Leo. Gostaria que ele estivesse aqui hoje. - a voz de Jason começou a embargar, mas ele manteve o discurso. - Aquele bobo da corte que fazia todos rirem...

Ele não conseguia mais falar. Estava chorando muito. Nunca ninguém imaginaria Jason Grace, um romano valente, chorando daquele jeito.

– Era estranho, vivia com aquelas máquinas, pegava fogo... - Piper continuou a fala de Jason, mas também parou. Estava chorando muito também.

– Seria meu bisneto, era o Bad Boy Supremo, tinha o Team Leo... - Hazel começou a falar, mas, assim como os outros dois, também parou.

Na verdade, todos choravam, exceto o treinador Hedge. Nico deixava lágrimas escorrerem por um lado de seu rosto. Reyna derramou literalmente uma lágrima. Uma pretora romana filha de Belona não devia chorar. Mas Leo era especial para todos. Frank Zhang, o pretor filho de Marte, também chorava. Seu pai devia estar desapontado com ele. Os casais estavam abraçados, os garotos consolando suas namoradas. Ou pelo menos tentando, já que também choravam muito.

– Enfim, - Hedge elevou a voz acima de todos os gemidos e choros. O que, na verdade, não foi muito difícil para ele. - o Leo era tudo de bom. Já entendemos isso. Era o bobão engraçado que todos adoravam. Valdez era mestre em piadas sem graça. Nenhuma envolvia morte pu bater em alguém. Mas ele era leal. Lutou até o fim. Morreu defendendo vocês. Eu também. E Chuck. E Mellie. E todo mundo. Enfim, Leo foi e é importante para todos nós e para o mundo inteiro. Brindemos.

Então todos bateram suas taças de sorvete em um brinde em homenagem a Leo. Voltaram a conversar normalmente, apesar do tópico Leo ainda pairar sobre todos eles.

– Ei! - Frank falou do nada - Esse sorvete é bom!

Todos riram mais ainda do que da primeira vez. Mas uma voz conhecida se ergueu sobre todos os risos.

– Hey! Vocês não guardaram sorvete pra nós? Como puderam fazer isso?

Era Leo. Ao seu lado havia uma menina de cabelos cor de âmbar, que Percy identificou como sendo Calipso. Houveram expressões surpresas por toda a parte, apesar de logo terem sido substituídas por choros de alegria e abraços coletivos.

– Gente, me deixem respirar! - Leo disse, praticamente empurrando todos ao seu redor e tomando ar. - Querem que eu morra de novo, é isso?

– Não! - todos responderam em uníssono com o mesmo tom assustado e desesperado.

– Então deixem o Leo aqui respirar. Um de cada vez meus fãs. Falarei com todos. Isso é o meet and greet do Leo Valdez!

A primeira a se aproximar foi Piper. Ao invés de abraçá-lo, ela lhe deu um tapa na cara e depois beijou-lhe as bochechas, com lágrimas nos olhos.

– Seu maluco! Deixou todos nós preocupados! - ela falou chorosa. - Não devia ter feito isso sozinho. Você é louco, Leo Valdez! Louco!

Ele a abraçou forte.

– Se eu não fosse louco, nunca teria dado certo. E além do mais, minha querida Piper, já passou. Agora estamos todos bem, a Terra está salva, todos estão vivos.

Piper deixou lágrimas escorrerem pela camisa de Leo.

Finalmente o deixou.

Jason a procedeu. Ele estava meio irado e meio em êxtase.

– Valdez, você não tem juízo! Como pôde fazer aquilo? Como pôde nos soltar do céu para morrer sozinho? Você não foi sábio.

– Pelo contrário. - Leo respondeu. - A poção estava comigo o tempo todo. Se mais alguém estivesse comigo lá, não poderia ser salvo.

– Mudando de assunto, como conseguiu beber a cura do médico?

– Essa pergunta será respondida publicamente em breve. Próximo!

– Mas...

– Próximo, por favor!

Leo estava se sentindo como uma estrela do rock. Do tipo que ama os fãs, mas finge que os odeia só para ganhar mais fama.

– Leo, eu até agora me pergunto porque concordei em te ajudar nesse plano suicida! - Hazel chegou quase batendo na cara dele. - O que você tinha botado no meu prato naquele dia?

– Hey, você ajudou por livre e espontânea vontade. Se você estava drogada eu não faço ideia. Mas você concordou por sua vontade.

– Humpf.

Ela saiu bufando e abrindo espaço para Frank.

– Se eu não tivesse que dar exemplo aos campistas, me transformaria em rinoceronte agora e enfiaria meu chifre no seu estômago.

– Nossa. Também te amo, Frank.

– Cara, você deixou muita gente preocupada. Não faz ideia. Muita gente não dormiu por uns 3 dias, pensando no que tinha acontecido.

– Quem se preocuparia a esse ponto comigo?

– Eu. - Piper e Hazel levantaram as mãos e falaram em uníssono.

– Own, suas lindas. - Leo ignorou totalmente Frank e se pôs ao lado delas, passando um braço por cada uma.

– Eu ainda quero falar com você, Valdez!

– Desculpe, Zhang. Fica pra mais tarde.

Frank se afastou e Annabeth veio falar com Leo.

– Você foi muito astucioso, Leo. Eu não teria bolado um plano tão bom.

– É porque seu plano daria certo, mas não seria suicida. Você faz as coisas do jeito certo, regrado, eu faço do jeito Leo. Maluco, com altas chances de falha e/ou morte. Próximo!

Percy se aproximou de Leo, sua expressão revelando um alívio.

– Hey, cara, obrigado por voltar. Eu tentava ser o engraçado sem noção, mas eu não consigo. Esse cargo pertence a você. O bobo da corte do Argo II.

– Cara, muito obrigado. - ele fingiu enxugar algumas lágrimas. - Todos já falaram comigo?

– Faltam Nico, Reyna e o treinador Hedge.

– Reunião única. Estou sem tempo.

Eles discutiram por uns segundos.

– Como vai? - perguntou Reyna.

– Ah, vou bem.

– Certeza? - Hedge inticou.

– Claro.

Leo estava ficando com medo daquela conversa. Vai que tinha acontecido uma explosão no bunker 9 e todos os filhos de Hefesto tinham morrido e agora ele não tinha mais irmão.

– Tudo bem, então. - Nico disse.

– Só isso? - Leo perguntou.

– É. - Reyna afirmou.

– Anh... tudo bem. Agora vou contar, resumidamente, o que aconteceu.

– Vá logo, Leo.

– Bem, eu explodi Gaia com a ajuda de Octavian. Aí eu morri e Festus me deu a cura do médico. Então eu fui para Ogígia, peguei Calipso e passamos o ano viajando o mundo.

– Putz. Não podia nem ter avisado que estava bem, Leo? - Piper perguntou.

– Minha chegada dramática não teria o mesmo efeito.

Todos riram. Pela primeira vez em um ano, o grupo estava realmente feliz. Então todos tomaram sorvete e conversaram muito.

Não haviam profecias nem missões para nenhum deles. Eram um grupo de semideuses normais, tomando sorvete com seu sátiro. Mas eles não eram semideuses normais. Eles haviam derrotado Gaia. Velejaram o Argo II. Eram os sete da profecia. Os semideuses mais poderosos da atualidade. Talvez até que já nasceram. E assim termina sua história. Tranquila e serena, como um tarde de domingo qualquer. Eles eram adolescentes normais, vivendo suas vidas normais. Mas tinham algo a mais. Eram semideuses.