Destiny, Um Quase-Anjo Apaixonado escrita por Nynna Days, Goddess


Capítulo 3
Capítulo 2 - Simon Burke


Notas iniciais do capítulo

Oi, flores. Então programei esse capítulo especialmente para vocês.

Espero que gostem.



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Escutei vagamente a voz de Daniel me avisando para ficar longe da confusão que se instalava na frente do campus, só que ignorei. Algumas pessoas seguiam o meu exemplo e se amontoavam para tentar entender o que estava acontecendo. Confusões por ali eram raras. Todos tinham medo que aquilo acarretasse em uma expulsão. Todos prezando o futuro. Só que se meter em uma confusão e assistir uma acontecendo era bem diferente.

“Simon, eu tenho que te manter longe disso.”, Daniel apontou para o círculo de pessoas que insistia em crescer. “Nada de chamar atenção, lembra?”

Revirei os olhos. Desde que aquela história de Quase-Anjo veio à tona, Daniel – ou David, sei lá – vivia mais grudado em mim do que antes, como se á qualquer passo eu estivesse cada vez mais perto do perigo. Vir para a faculdade foi uma discussão quase sem fim. Faltava pouco para que eu me formasse em música e nada iria me impedir. Seja na terra ou no céu. E tinha coisas que não deixaria de fazer só por ter uma parte de mim que era extremamente ligada ao reino dos anjos.

Ver aquela confusão era uma delas.

“Daniel, relaxe.”, eu disse continuando meu caminho. Ele bufou me seguindo em seguida enquanto eu procurava um modo de entrar no círculo de estudantes. “Quem está chamando a atenção está no meio desse círculo. Sou apenas um espectador inofensivo.”

Meu Guardião – ele disse que eles se denominavam assim – franziu os lábios e erguer as mãos como um sinal de que não iria mais insistir. Sorri agradecido e foquei na missão de cotovelar algumas pessoas até chegar ao centro na confusão. Com muito esforço, consegui. O lado bom de ser veterano na faculdade é que todos me conheciam e me respeitavam. Daniel ficou para trás conversando com Scarlet Reid.

Meus lábios se entortaram em um sorriso maldoso com os pensamentos que soaram em minha mente. Desde que entramos na faculdade, Scarlet tinha uma atração por Daniel e ele sempre tentava ser o mais educado possível ao recusar seus convites. Antes de saber sobre toda essa história em que estávamos envolvidos, sempre o acusei de ser idiota por simplesmente não aproveitar.

Scarlet era um caminho para a perdição. Olhos e cabelos tão escuros que quase se mesclavam á noite. Por conta de sua descendência latina, possuía uma pele com de caramelo que parecia sempre bronzeada, além de ter um corpo cheio de curvas. Daniel estava com as mãos erguidas tentando arrumar uma desculpa para não sair com ele – novamente – e ela suspirou, decepcionada. Tinha que bater palmas de admiração para essa garota. Ela era insistente.

Alguém do meu lado me empurrou me fazendo despertar das minhas reflexões e voltar a prestar atenção no que estava acontecendo. Ainda tinha uma fila de pessoas na minha frente, me obrigando a ficar na ponta do pé e mesmo assim só ver o topo da cabeça de Gregory Taylor. Fiz uma careta. Ele deveria estar atormentando algum calouro e o desavisado estava querendo revidar.

“É uma garota?”, um garoto na minha frente perguntou para seu colega.

“Acho que sim.”, ele afirmou espantado.

Meus olhos se arregalaram. Gregory estava pronto para agredir uma garota e ninguém iria fazer nada? Empurrei os dois idiotas da minha frente e a visão que tive me deixou tão estático quanto o restante dos espectadores. Só tive tempo de piscar antes que o quarteback da nossa escola levasse um chute no meio das pernas e caísse no chão, gemendo de dor.

“E na próxima vez que colocar esses dedos imundos na minha amiga, arrancarei o seu amiguinho com alicate, entendeu?”, a garota gritou apontando no rosto de Gregory. Ele assentiu com o rosto vermelho e soltou outro lamento. Ela sorriu satisfeita e botou as mãos na cintura. “Que bom.”, ela se virou para a garota loira ao seu lado que tinha os grandes olhos verdes arregalados. “Vamos, Mary.”

Só que antes que ela pudesse se afastar, parou. Como se tivessem chamado o nome dela ou coisa parecida. Simultaneamente, Daniel parou arfante ao meu lado. Era visível o seu esforço para chegar até onde eu estava. Fiquei orgulhoso e imaginei quantas vezes ele teve que pedir para pedir com educação e quantas foram ignoradas. Seus cabelos escuros e cacheados estavam desordenados e seu rosto vermelho, dando uma cor á sua palidez. Seus olhos azuis quase pularam das orbitas ao observar a situação á sua frente.

“Acho que devemos...”

“Hey, garoto!”

Encarei a pessoa que tinha interrompido a frase de Daniel e me vi de frente com a garota que tinha acabado de derrubar Gregory. Se eu achava a pele de Daniel pálida, era por nunca ter conhecido-a antes. Tinham algumas pintas pretas que enfeitavam a ponte de seu nariz e as suas bochechas, destacando seu rosto fino e delicado. Só que essa delicadeza terminava quando via a ferocidade de seus olhos azuis escuros. Seus cabelos eram castanhos claros e – por conta da luz que atravessava a janela quase os confundi com loiros – estavam presos em um rabo de cavalo.

Fiquei confuso ao ver suas roupas. Era final de inverno, o que me obrigada a usar duas camisas e um casaco. Ela estava perfeitamente confortável usando apenas uma blusa cinza rasgada nas mangas, calças jeans escuras e botas de cano médio. Arqueei uma sobrancelha com a sua escolha e cheguei a conclusão que depois de toda aquela agitação, qualquer um tinha o direito de sentir calor.

Por mais que ela só alcançasse o meu ombro, algo nela me fez recuar um passo. Seus olhos se estreitaram mais ainda enquanto ela cruzava os braços me analisando da cabeça aos pés. Quando sua atenção se voltou para Daniel, franziu o nariz como se sentisse nojo, então um sorriso reapareceu em seus lábios, como se estivesse apreciado este momento.

“Olá, Anjo.”, ela sussurrou quase inaudível. Se eu não tivesse bem perto, não teria escutado. “Não me avisaram que teria companhia.”

Daniel olhou por cima dos ombros, preocupado que mais alguém tivesse escutado as palavras da garota misteriosa. Continuei em silêncio, prestando atenção naquela conversa interessante. Coloquei as mãos no bolso e esperei ver como aquilo acabaria. Meu Guardião se abaixou até ficar do tamanho da garota e se inclinou com a expressão rígida, pronta para repreendê-la. Só que foi interrompido mais uma vez por outra loira que estava com a encrenqueira antes dela vir até nós.

“Harper, temos que ir antes que o inspetor apareça.”, ela disse puxando o braço da outro.

Pressionei os lábios juntos me impedindo de gargalhar. A amiga dela era tão pequena que não deveria ter mais de 1,50 de altura. Um hobbit, talvez. Seus cabelos loiros e ondulados tocavam os ombros, quase escondendo os belos olhos verdes claros. Ela por pouco não era mais clara que Harper – então esse era o nome da encrenqueira?

“Se acalme, Mary.”, Harper disse suave e deu um tapinha no ombro da amiga. “Duvido muito que o garanhão ali...”, apontou para onde Gregory estava sendo levantado pelos amigos e empurrava-os com raiva da humilhação que havia acabado de passar. “...faça alguma denuncia sobre mim e nossa conversa amistosa.”, ela sorriu sarcástica. “Pode pegar a minha bolsa que deixei cair? Estou cumprimentando um velho amigo.”

Mary assentiu um pouco desconfiada, mas foi.

Harper fixou os olhos azuis em Daniel e se aproximou. Ele – que já havia ajeitado seu corpo – não pareceu nem um pouco ameaçado. Na verdade, nunca o tinha visto daquele jeito antes. Ele parecia pronto para pular no pescoço daquela garota e arrastá-la para longe da faculdade naquele exato momento. Realmente era uma boa ideia permanecer em silêncio.

“O que você está fazendo aqui, Nephilim?”, ele perguntou destorcendo a última palavra com nojo, porém isso só fez o sorriso de Harper se ampliar até que mostrasse os pequenos dentes. Quantos anos essa garota tinha? Dezoito? “Está tentando chamar atenção?”

Harper gargalhou.

“Eu já chamo atenção sem fazer nada. Só estou tentando justificar minha punição.”, deu de ombros e me olhou de canto. “Essa é a sua missão?”, mexeu com a cabeça na minha direção estreitando os olhos. “Já percebi que totalmente humano ele não é. Nem anjo. E muito menos Nephilim. Quase-Anjo?”

Abri a boca para respondê-la, só que Daniel me interrompeu.

“Não importa.”, disse com a voz forte. “Só não se meta em confusão ou nos meta em confusão. Somos de anos diferentes e espécies diferentes. Não somos obrigados á nos encontrar.”, olhou para mim. “Vamos embora, Simon.”

A Nephilim ainda me encarava com apresso.

“Simon?”, indagou se aproximando de mim. Daniel soltou um som baixo por entre os lábios, quase se igualando a um rosnado. Ela estendeu a mão. “Harper Moore.”

Nós apertamos as mãos e um tipo de choque passou por meu corpo, como realmente tivesse enfiado o dedo na tomada. Soltei a mão da dela subitamente, assustado com essa sensação desconhecida. Era como se todo o meu corpo fosse atraído por ela, só que algo dentro de mim me empurrasse para longe. Pelo seu franzir de cenho, acho que ela sentiu a mesma coisa que eu. Só que conseguiu disfarçar melhor.

Ela me olhou de cima a baixo pela última vez e piscou para Daniel antes de se misturar na multidão procurando sua amiga. Daniel e eu ficamos parados feitos idiotas tentando absorver o impacto daquele encontro inesperado. Me obrigando a sair daquele feitiço indesejado, me virei para o amigo/ Guardião com a expressão questionadora.

“Ok, com certeza você não em contou tudo.”, eu disse. Ele balançou a cabeça, concordando com a minha afirmação. “Então acho que é um bom momento para me dizer o que é um Nephilim.”

******************

Daniel fechou a porta do nosso dormitório e se sentou na sua cama, pousando os cotovelos nos joelhos e afundando o rosto nas mãos. Desde o nosso encontro com Harper horas atrás, ele estava preocupado e ainda mais grudento. Como se uma bomba estivesse em seu colo e ele não tivesse o código para desligá-lo. Suspeitava que se ele pudesse, estaria berrando xingamento aos quatro ventos da Columbia.

O lado bom é que nosso quarto era grande o suficiente para desviar de qualquer objeto que ele jogasse caso tivesse um surto. Olhando ao redor, percebi o quanto nossa diversidade era expressa na decoração de nossos quartos. Enquanto atrás de minha cama de solteiro tinham inúmeros pôsteres de bandas famosas e que me inspiravam, a parede do lado de Daniel era completamente branca e sem graça.

Chutei seu pé me sentando na minha cama que era ao lado da sua.

“Então, você vai parar de fugir e me contar essa história de Nephilim?”

Ele suspirou levantando apenas os seus olhos azuis acinzentados para mim. Levantei uma sobrancelha, indicando que estava esperando e ele bateu as mãos nas coxas, tomando impulso para levantar. Suas palavras encheram as paredes acompanhadas por seus passos ritmados.

“Lembra quando eu disse que muita coisa iria mudar?”, ele perguntou retórico. E mesmo que ele estivesse de costas para mim, assenti. Aquela declaração ainda queimava em meu cérebro como uma marca feita com ferro quente. “Essa era uma das coisas. Nephilim sendo treinados como Guardiões. Uma experiência de campo, como meu chefe disse. Por causa do número assombroso de queda que andamos tendo.”

Ele bufou e passou o pé por nosso carpete, tirando o amassado.

“Nephilim são pessoas metade anjo, metade humanos. Nasceram do pecado e foi uma das causas de nossas desgraças. Nenhum anjo deveria pecar desse jeito, Simon.”, ele se virou para mim com os grandes olhos arregalados. Era como se estivesse desesperado esperando que alguém apenas dissesse que tinha razão e que nenhum anjo deveria ser tão humano ao ponto de ter um filho. “De qualquer forma...”, ele disse voltando á se concentrar em sua caminhada com a voz vazia. “Ficaria bastante tranquilo se você ficasse longe da Nephilim. Ela está executando o trabalho dela e eu o meu. Será apenas por um mês. E está na cara que ela gosta de confusões. Além do que...”

“Não podemos chamar a atenção.”, repeti pela milésima vez revirando os meus olhos escuros. “Não se preocupe, Daniel.”, me levantei. “Vou descer para jantar, quer ir?”

Ele balançou a cabeça, negando.

“Tenho que falar com o meu chefe para conseguir mais informações. Só tome cuidado e qualquer coisa, pode me ligar.”

“Ok.”

Fechei a porta respirando fora da tensão que carregava o meu quarto e fui em direção às escadas. Alguns garotos que já me conheciam me cumprimentaram e eu retribuí. Estava indo em direção ao hall quando uma presença me fez recuar alguns passos. Assim que meus olhos pousaram em seu rosto pálido e impetuoso. Ela se desencostou da parede e caminhou lentamente na minha direção com a sombra de um sorriso em seus lábios.

“Hey, Quase-Anjo.”, Harper me cumprimentou. “Estava te esperando.”


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Notas finais do capítulo

Opa! O que será que Harper quer com o nosso Nephilim?



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