Destiny, Um Quase-Anjo Apaixonado escrita por Nynna Days, Goddess


Capítulo 14
Capítulo 13 – Harper Moore


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal. Nynna Days aqui com um capítulo novinho feito por mim e pela Godness. Queremos agradecer a todos que nos acompanharam até aqui e que já estamos triste por estarmos na reta final. Falta apenas mais um capítulo e o epílogo e chegamos a reta final. Por isso, aproveitem esse capítulo e não se esqueçam de comentar.



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Tinham poucas coisas no mundo que ainda me surpreendiam. Era uma coisa natural de se acontecer quando dividia a casa com um anjo, por mais que fosse caído. Mas aquele homem parado na minha frente alegando seu meu pai, tirou todas as palavras – irônicas ou não – da minha boca. Era simplesmente impossível que depois de todos aqueles anos, ele aparecesse com um sorriso e me cumprimentando como se apenas tivesse ido até a padaria buscar pão.

            Com os olhos e cabelos escuros acompanhados de uma disposição invejável para uma pessoa da sua idade, Carter carregava muitas características minhas que por muito tempo foi uma incógnita de onde eu havia herdado. As maçãs do rosto, o nariz arredondado na ponta e o humor ácido, tudo tinha vindo do lado paterno.

            “Você está linda.”, ele disse andando de um lado para o outro em meu quarto. Todos tinham acabado de sair, preferindo que tivéssemos nosso momento paternal. “Tem os olhos de sua mãe.”

            Abaixei meus olhos para os meus pulsos enfaixados e cutuquei a atadura com a ponta dos dedos, incomodada com isso. Ele era o estranho que tinha me posto em toda aquela situação. Não que a culpa fosse toda dele, era minha e de minha curiosidade. Simon tinha me contado um pouco sobre as lembranças que tivera em sonhos com meus pais e sua vida passada. Era um sussurrar reconfortante e que fez o peso do assunto se tornar mais leve.

            “Como você está?”, ele indagou se ajoelhando ao meu lado e pegando minha mão com suavidade para chamar a minha atenção. “Não acredito que perdi dezoito anos de sua vida. Veja! Já está na faculdade.”, Carter lamentou.

            “Não por mérito meu.”, respondi em um murmuro. Encarei-o vendo sua barba rala e descuidada, talvez por hábito talvez por preocupação. “Onde você esteve por todos esses anos? Minha mãe ainda chora pensando em você e como nos abandonou.”

            Carter passou as mãos pelos cabelos se levantando novamente e rodeando o quarto como se buscasse a melhor resposta que pudesse ser dada naquele momento. Balançando a cabeça, se recostou na parede, mantendo as mãos na nuca e soltou o ar aparentando a mesma frustração que me sufocava. Eu queria gritar, queria ir embora, queria xingá-lo e, por cima de todos esses sentimentos, queria abraçá-lo e saber o porquê.

            “Eu não queria deixar você e sua mãe.”, ele disse se abaixando e se equilibrando nos calcanhares. Tinha uma intensidade em seus olhos escuros que beirava o sobrenatural, mas era a culpa. “Porém não tinha outra opção. Estávamos fugindo dos Arcanjos há quase dois anos e com sua mãe grávida prestes a dar a luz não podíamos arriscar. Então, nos separamos. Não ache que foi uma coisa fácil. Perder o seu nascimento, não poder ver você crescer foi uma das coisas mais difíceis que fiz em anos.”

            E perder minha mãe também, entretanto ele deixou implícito. Assenti, sem saber o que dizer nesse momento. Estávamos os dois vulneráveis e a beira da destruição. Ele quase tinha me perdido sem ao menos me conhecer e eu estava na berlinda por um homem que nunca tinha ouvido falar. Suspirei me levantando e fui à sua direção, envolvendo sua cabeça em um abraço desordenado pela falta de prática, pousando sua bochecha em minha barriga e acariciando seus cabelos.

            “E agora olhe para você.”, ele continuou com o discurso. “Está me ninando e beijando na boca.”

Revirei os olhos com seus comentários, mas um pequeno sorriso habitou meus lábios. Coitado de Carter. Não sabia da metade do que acontecia na minha vida. Sorte que tinha me conhecido atualmente, pois se nos encontrássemos dois anos atrás, ele iria surtar. Antes que pudesse acrescentar alguma coisa – ou dizer que ele não poderia pular de pára-quedas mandando em minha vida – a porta foi aberta de supetão e um furacão loiro entrou em forma da minha mãe, me abraçando com força.

“Harper!”, ela exclamou aliviada. Perdi o ar, tanto pela surpresa quando pelo aperto. Segurou os meus ombros, mantendo o olhar fixo nos meus olhos da mesma cor. “O que você tinha na cabeça quando resolveu fazer esse acordo idiota?”

Minhas bochechas coraram e eu meneei a cabeça.

“Só queria que você tivesse mais uma chance e as suas asas de volta.”

Gael suspirou, acariciando o meu rosto com a ponta dos dedos. Por mais que não possuísse as mesmas habilidades angelicais de antes, seu toque ainda me trazia calma e a sensação de estar em segurança. Não era uma coisa de anjo, afinal, era uma coisa de mãe.

“Querida, eu desisti porque quis. Por você. E mesmo se me oferecem de joelhos, eu nunca aceitaria. Ser mãe é o maior privilégio que me foi dado até hoje, por mais que seja de uma rebelde como você.”, deu um sorriso doce. Seus olhos escorregaram para o chão, desviando a sua atenção e o meu corpo se tensionou, esperando a sua reação ao reencontrar o meu pai. Ela arfou, pondo a mão livre do peito e quase pude ouvir um coração batendo como um colibri. Pena que eu não soubesse de quem. “Carter?”

Meu pai se levantou, pegando a mão de Gael e novamente seus olhos estavam cobertos de um misto de emoções. Era como se o tempo nunca tivesse passado para os dois e eu me senti um tanto intrusa naquele momento. Discreta, recuei até a porta, deixando que os dois pudessem dizer as palavras que há dezoito anos lhe foram negadas.

                                                           ********

“Então, de hoje em diante você é a minha Guardiã oficial?”, Mary perguntou ajeitando as roupas na mala. Depois de dias mantida em cativeiro, era normal que eu tivesse que permanecer na faculdade para repor as aulas perdidas. Ergui o polegar em um sinal positivo, deitada na cama ao contrário com as pernas encostadas na parede. “Isso é incrível.”, ela suspirou vindo se sentar ao meu lado. “Tudo ficaria completo se Dexter e Mellany estivessem aqui.”

Assim que tudo se resolveu, todos os que não freqüentavam aquelas aulas pegaram os primeiros vôos e retornaram aos seus devidos lugares. Isso incluía Mellany. Nós ficamos decepcionadas por termos que nos separar novamente, mas prometemos passar as férias juntas – caso não houvesse mais nenhum incidente que nos obrigasse a ficar mais um semestre na faculdade, o que possivelmente aconteceria.

“E como você e Simon estão?”

Fechei os olhos por um segundo. Como Simon e eu estávamos? Nem eu saberia dizer. Era tanta coisa acontecendo que eu não conseguia saber onde meus sentimentos se encaixavam e em qual situação. Tinha que lidar com o aparecimento repentino – e a permanência provisória – de meu pai em minha vida. Ele e minha mãe alugaram uma casa perto do campus para que pudéssemos passar os finais de semana juntos. E eu nem queria saber o que eles fariam até esse dia chegar.

“Eu não sei. Vamos conversar ainda.”, sentei-me direito, vendo a repreensão incrustada em seu rosto franzido. “É mais complicado do que parece, Mary. Ele vai ser procurado de novo e eu só quero ter paz por um tempo. Nós trocamos de posição na vida, mas eu não sei se quero colocar tudo a perder desse jeito. Não quero me entregar sem ter a total certeza de que é isso o que quero.”

Os olhos verdes de Mary se suavizaram.

“Você tem razão. Deveriam conversar.”, ela concordou e estava prestes a acrescentar alguma coisa quando escutamos alguém batendo na porta. Confusa, ela se levantou indo atender. Deu um passo para trás, cruzando os braços e assumindo uma posição de defesa agressiva. Nem precisava ser um gênio para saber quem estava ali. “Aliel.”

A anjo deu um passo a frente, entrando no quarto. Sua aura estava tranqüila, mas eu franzi o cenho. O que ela estava fazendo ali? Jurava que tinha voltado para os braços de Jeremy na primeira chance. Mas alguma coisa a atormentava e era bem óbvio o que era.

“Mary, temos que conversar.”, ela disse com a sua voz suave e leve. Ameacei levantar para dar privacidade as duas, mas Aliel levantou a mão me impedindo. “Não precisa ir, Harper. Eu quero pedir desculpas a Mary por tudo o que acontecer dois anos atrás.”, ela encarou minha amiga que tinha os ombros tensos e a respiração densa. “Olha, eu não planejei me apaixonar por Jeremy. Na verdade, nem éramos para ter conversado, mas aconteceu. E eu não me arrependo por tê-lo ao meu lado ou por amá-lo. Só me arrependo de ter ferido alguém no caminho. Era para vocês dois terem ficado juntos, estava escrito na Lista, mas eu fui egoísta. Fui humana demais para desistir dele. Não espero que me perdoe de uma hora para outra, só não quero que se prive de uma nova chance por medo. Eu fiz isso e muitas pessoas foram machucadas.”, ela parou respirando fundo e me encarou. “Viu? Não precisava sair. Já estou de saída.”, encarou Mary novamente. “Adeus, Mary. Tenha uma boa vida.”

Ela se afastou da porta, descendo as escadas e Mary permaneceu parada com os olhos fixos na porta vazia. Precisei me aproximar dela para ver os seus ombros tremendo e seus olhos cheios de lágrimas. Era doloroso escutar que alguém que você amava estava predestinado a ser seu e por uma coisa não calculada, isso foi interrompida. Meu coração se apertou ao vê-la daquele jeito e eu quis ser como minha mãe. Ter o toque que a acalmasse e trouxesse a paz que precisava. Testando, a abracei.

                                                           ***********    

Eu poderia reencarnar incontáveis vezes e em nenhuma delas eu me imaginava correndo para não chegar atrasada na aula. Eu me imaginava cometendo suicídio, assassinato, roubo e até limpando o banheiro, mas nunca aquilo que eu estava fazendo.

Parecia piada para quem quer que olhasse Harper Moore correndo pelo campus, desviando de pessoas e ignorando alguns chamados apenas por causa de uma aula. Porém, não era.

Eu pensei em bater a cabeça em algum lugar para ver se voltava a sanidade e parava de agir feito alguém responsável. Só que o mais engraçado era que eu não queria isso. Apesar de todos os meus pensamentos contraditórios, eu realmente queria chegar na sala de aula dentro do horário.

Depois de toda a declaração da minha mãe, alguns pacotes de salgadinhos que Mary escondeu, um maço de cigarros e todas minhas unhas roídas, tomei a decisão de dar continuidade ao curso. Quem sabe ser alguém na vida pelo menos compensaria a quantidade absurda de cabelos brancos que cresceu em minha mãe nos últimos anos. E se queria continuar, eu precisava levar a sério.

Era uma excelente explicação, exceto pela omissão que eu estava fazendo de um importante fator. Aquele no qual eu estava aceitando fazer qualquer coisa que não fosse pensar no beijo de Simon.

Na minha cabeça parecia bem lógico correr para não pensar, o único problema era que eu não estava obtendo sucesso.

Havia evitado-o desde o ocorrido para conseguir me situar e entender o que diabos aconteceu e como deveria agir dali para frente, todavia o que eu estava fazendo era exatamente o contrário. Sentia-me uma covarde por não conseguir sequer chegar a uma conclusão sem que me perdesse na memória de um único beijo.

Bufei, parando de correr e ajeitando a mochila que escorregava do meu ombro. Puxei uma grande quantidade de ar para meus pulmões, tentando acalmar a respiração. Já era humilhante o bastante ter percorrido a distância do meu quarto até a sala correndo, chegar na aula demonstrando esse feito ia além de minha aspiração em ser uma boa estudante.  

Virei o corredor de forma agressiva e frustrada. E qualquer que fosse a sensação amarga que repousava no meu peito se dissipou quando me deparei com Simon em sua melhor pose de galã, parado ao lado da porta da sala que hospedaria minha próxima aula.

Foi difícil desviar o olhar quando suas íris me observavam com tanta intensidade. A surpresa foi imediata, assim como a aflição que se seguiu.

Ele arqueou uma sobrancelha, esperando minha reação e os segundos que se passaram foram os mais demorados da minha existência. Não tinha como fugir mais e sem essa opção, eu não sabia o que fazer, muito menos quando ele se desencostou da porta e assumiu uma expressão séria ao dizer:

“Acho que temos que conversar”


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar o que acharam do capítulo, hein. Beijos.



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