Misery Business escrita por Sadie Gomez


Capítulo 36
Somewhere In Between


Notas iniciais do capítulo

Ai gente, aqui está o penúltimo capitulo, sim estamos no fim, e eu tenho que confessar que chorei muito escrevendo esse capitulo, ele realmente me emocionou. A fic seguiria uma caminha totalmente diferente desse que eu escrevi aqui, eu já tinha um final na minha mente que deixaria vocês surpresos e talvez magoados, mas eu me envolvi tanto com ela que no ultimo instante resolvi mudar completamente.
Enfim, eu espero que vocês gostem e se emocionem tanto quanto eu. Aproveitem bastante o capitulo, um beijo a todos e uma ótima leitura! ♥



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We follow the sun down low to hit the night
And you hold me so tightly it's hard to breath

POV Jayden

Nós já estávamos a mais de uma hora na sala de espera do hospital e ninguém havia aparecido ninguém para dar qualquer noticia sobre o estado de Poppy.

– Eu preciso ir em casa... Falar com a Dorian. Não quero dar a noticia por telefone no estado em que ela se encontra. – Tripp falou passando a mão pelos cabelos.

– Tudo bem cara, vai lá! Qualquer coisa eu ligo.

Ele me deu um abraço e antes de ir, seu olhar caiu sobre Izzie. Ela estava sentada em um banco, com as mãos entrelaças e balançando os pés. Ela olhava para o nada e estava em silencio desde que chegamos. Tripp havia me dito que ela quem ligou para a policia e quando ele chegou para a festa a encontrou parada na escada olhando os médicos removeram o corpo de Poppy dali. Já era de se esperar que ela ficasse assim. Tripp e eu andamos até ela e ele lhe deu um beijo na cabeça antes de ir. Eu me sentei ao lado da mesma e a olhei, ela não se mexeu ou olhou para mim. Puxei seu corpo para meu colo e envolvi meus braços a sua volta, ela deitou sua cabeça em meu peito e ficou olhando para suas mãos que ainda estavam unidas.

– Você acha que ela vai ficar bem?

Sua voz saiu pela primeira vez depois de todo aquele tempo ali. Estava baixa e assustada.

– Eu tenho certeza! – Falei. – É a Poppy e ela é muito forte!

– Sim, ela é! – Falou depois de alguns segundos. – Mas é que ela estava tão branca e tinha tanto sangue lá!

Falou com a voz de choro e logo as lagrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Meu coração se apertou com a fala da mesma. Eu mal podia imaginar as cenas em sua mente.

– Ela vai ficar bem!

Falei a apertando mais em meus braços. Ela se encolheu e ficou ali, escondida.

– Ela tem que ficar... Ela é minha mãe, não posso ficar sem ela Jay!

Falou se encolhendo ainda mais, ela estava gelada e por mais que estivesse agasalhada com suas próprias roupas e um casaco meu, ela não ficava quente de jeito nenhum. Eu não sabia o que dizer para ela agora, por que nem eu sabia o que pensar por que estava em pânico também. Era a pessoa que nós dois mais amávamos lá dentro, entre a vida e a morte e nós não sabíamos o que fazer. Eu entendia muito bem o que ela estava sentindo.

[...]

– Onde ela está?

Levantei o olhar para encarar uma Eleanor desesperada. Ela me olhou e seus olhos estavam vermelhos e quando viu Izzie dormindo em meu colo, colocou a mão sobre o peito e fez uma careta de dor.

– Onde minha filha está Jayden?

Perguntou mais uma vez. Eu respirei fundo e me levantei com cuidado para não acordar Izzie que ainda estava em meus braços.

– Lá dentro, eu preenchi a fixa dela e eles a levaram para a emergência, eu tentei entrar ou falar com um medico mais não me deixaram.

Falei e a mesma suspirou e depois olhou para Izzie novamente. Ela passou a mão no cabelo dela e a pequena abriu os olhos, que também estavam vermelhos.

– Vovó... – Falou se jogando nos braços da mesma. – Eu quero a mamãe!

Passou seus braços em volta do pescoço da senhora Nolan e escondeu o rosto ali. Observei as duas e vi uma lagrima escorrer pelo rosto de Eleanor.

– Eu também querida, eu também!

Falou abraçando a mesma. Segundos depois Casey e Dustin chegaram também. Casey parecia bem abalada e não saiu dos braços do namorado. Todos nós ficamos ali por um longo tempo.

– Casey, por que você e Dustin não levam Izzie para comer alguma coisa?

Eleanor disse passando as mãos pelo cabelo de Izzie.

– Não estou com fome! – Falou.

– Mas você tem que comer querida. Não quer estar forte para quando sua mãe acordar?

Falei e depois de me olhar por um tempo ela assentiu e desceu do colo da avó. Casey pegou sua mão e Dustin a outra e eles saíram em direção à lanchonete. Nós olhamos até que eles desaparecessem pelo corredor.

– Nós precisamos de noticias dela, eu não aguento mais essa espera!

Eleanor disse enquanto começava a andar de um lado para o outro. Nesse momento o medico que estava responsável por Poppy apareceu vindo em nossa direção. Ele se aproximou e nos encarou sério.

– E então, como ela está? – Perguntei tentando soar calmo e positivo.

– Nós conseguimos retirar a bala. – Falou calmo. Porém a queda foi alta e mesmo que tenha sido amortecida pelo corpo do criminoso, não impediu que ela sofresse uma hemorragia interna e a forte pancada no cérebro provocou um inchaço preocupante, já que se criou um coágulo no mesmo também. Faremos uma cirurgia assim que a pressão arterial dela se normalizar.

A ideia de positivismo foi toda embora ao ouvir isso. Senti alguém agarrar minha mão e quando olhei, Izzie estava agarrada a mim com os olhos arregalados, vermelhos de choro e assustado. Segurei a mesma ao meu lado, pois sabia que ela não sairia mesmo dali.

– Mas ela vai ficar bem, não vai?

Eleanor perguntou com a voz enrolada, ela tentava a todo custo não deixar as lagrimas saírem, mas estava sendo difícil. O medico parecia cansado, ele ainda estava com as roupas da cirurgia, ele suspirou antes de responder a pergunta dela.

– Eu não deveria dizer isso, mas vejam bem, a situação é realmente delicada, se quiserem vê-la antes da cirurgia estão liberados três visitas.

– Por que diz isso? – A Senhora Nolan perguntou angustiada e o homem a olhou com pesar.

– Sua filha está em um estado que não nos passa tanta confiança! Assim que ela entrar naquela sala de cirurgia – Fez uma pausa. – Eu sinto muito, mas ela corre o risco de voltar, mas também pode ser a única chance dela.

O jeito como ele falou me deixou apavorado e com raiva. Como ele podia dizer isso? Eles não deviam tentar de tudo antes de dizer uma coisa dessas as pessoas? Eu ia dizer algo mais senti Izzie apertar minha mão e eu a olhei, ela me encarava com os olhos suplicantes e aquele olhar fez minha raiva se dissipar um pouco. Ela já estava assustada demais para que eu arrumasse uma confusão ali.

– Então, quem vai visita-la?

O medico perguntou e logo Izzie se manifestou.

– Eu vou!

Falou o olhando e ele quase sorriu docemente para a mesma.

– Ela não conta como uma visita oficial, então alguém entrará com ela. – Falou.

– Jayden vai comigo!

Acabou que Eleanor, Casey, Izzie e eu entraríamos para ver Poppy em meia hora. Enquanto esperávamos Izzie andava de um lado para o outro, mas de repente olhou para o corredor e parou. Eu levantei meu olhar e encarei Logan entrando ali desesperado com uma mulher ao seu lado. Ele se aproximou de nós e foi direto falar com Eleanor. Ele a olhou por uns segundos e então os dois se abraçaram, foi estranho já que ela sempre era um pouco rude com ele. A mulher ao seu lado olhou para Izzie e acenou para ela, foi ai que me lembrei de que a mesma trabalhava com a Poppy.

Quando Logan e Eleanor se separaram, ela cumprimentou Leila e depois voltou seu olhar para Logan.

– Eu soube assim que cheguei da Espanha há poucos minutos. Vim direto para cá. – Falou. – Como ela está?

– Ela vai fazer uma cirurgia e eles não... Eles não... – Ela deixou seu olhar cair sobre Izzie e depois olhou para Logan.

Ele ficou branco e se afastou um pouco colocando as mãos na cabeça, eu podia não gostar dele, mas não podia negar que ele estava tão afetado e preocupado quanto todos nós ali.

– E o cara? O que fez isso com ela? Onde está?

Perguntou secando as lagrimas em seu rosto.

– Ele morreu a caminho do hospital.

A senhora Nolan falou e ele respirou aliviado. – E agora, quando será a cirurgia? – Perguntou.

– Eles estão preparando ela para uma visita rápida e depois disso, eles iram opera-la.

– Quem vai vê-la?

– Eu, Casey e Jayden irá acompanhar Izzie.

Ele me olhou por alguns segundos e apenas balançou a cabeça. Eu respirei fundo e mal acreditava no que estava prestes a fazer. Levantei-me e andei até ele, que me olhou estranhando aquele ato. Eu estendi a mão e o mesmo a segurou em um aperto rápido.

– Você é namorado dela, se quiser entrar tudo bem... Você pode ir em meu lugar.

Ele me encarou surpreso por um segundo e depois fez a ultima coisa que eu achei que faria. Sorriu, não foi um grande sorriso mais seus lábios se alargaram um pouco.

– Obrigado cara, mas eu sei que se ela pudesse escolher iria querer você lá dentro. – Falou me surpreendendo. – E eu sei que ainda terei tempo de vê-la e até brigar com ela por me dar esse susto.

Falou sorrindo novamente, um sorriso triste. Eu pisquei ainda surpreso com aquilo, mas assenti.

– Obrigada!

Foi tudo que disse, eu estava sendo gentil e o momento era difícil, mas isso não significava que eu viraria amiguinho dele, isso era por ela.

Logo uma enfermeira apareceu a começou a chamar as pessoas que entrariam na UTI para vê-la. Eleanor foi a primeira a entrar e depois de cinco minutos saiu da sala em prantos. Casey foi a seguir e saiu da mesma forma que a mãe, ela parecia realmente quebrada. Eu não esperava menos, apesar de tudo ela amava a irmã e pensar que podia perdê-la sem que ao duas ao menos estivessem se falando direito a deixava louca. Depois Izzie e eu fomos até uma sala onde nos vestimos adequadamente e enfim seguidos para onde Poppy estava.

O lugar era um pouco frio ou talvez você apenas meu corpo reagindo à imagem que vi. Poppy estava com um tubo na boca que a ajudava a respirar e com vários aparelhos ligados em seu corpo, tudo que ouvíamos ali era o som das maquinas que mostravam os batimentos do seu coração e sua respiração. Sua cabeça estava enfaixada e seu rosto estava inchado. Izzie correu se aproximando da mesma e tocou sua mão. Eu fiquei um pouco distante dando espaço para ela. Depois de alguns segundos em silencio ela começou a falar.

Mãe... Você não vai acordar? – Falou com a voz de choro. – Você prometeu que voltaria para mim, para a sua pestinha.

Ficou mais um tempo em silencio.

– Eu sei que não fui muito boa com você nos últimos meses, mas eu prometo que quando você acordar eu não faça nada ruim... Prometo que, para do colocar açúcar no café do Logan... Eu prometo o que você quiser, mas abre os olhos, por favor! Você disse que seria para sempre a minha mãe então cumpra a sua promessa, eu não quero ficar sozinha de novo! Eu não quero ficar sem te abraçar, comer sua comida estranha ou ficar sem ouvir sua voz desafinada enquanto toma banho.

Ela fungou e deitou sua cabeça perto de Poppy, ela não alcançava a cama direito.

– Só acorde tá legal? Acorde e me dê uma bronca por estar em casa quando você me mandou ficar com o Jay... Acorda por que eu preciso de você mamãe, eu te amo e preciso muito de você agora. Eu estou com tanto frio e medo e não quero sentir mais isso, acho que algo dentro de mim está me impedindo de respirar e você disse que quando eu me sentisse mal, cuidaria de mim, então abra a droga dos seus olhos e cuide de mim agora!

Ela começou a chora alto, muito alto e eu andei até ela a pegando em meus braços. Ela afundou o rosto em meu pescoço e ficou ali chorando e chorando como se nunca mais fosse parar. Eu apertei a mesma em um abraço e só então percebi que estava chorando também.

– Vo-cê... Ñ-não vai falar com ela, Jay?

Izzie perguntou ainda chorando e não conseguindo controlar seus soluços. Eu a olhei e tentei sorrir, mas nada saiu.

– Eu falo quando ela acordar.

Ela se soltou dos meus braços e eu a deixei ficar de pé. Ela secou as lagrimas em seu rosto, mas não ajudou muito já que novas escorriam no lugar.

– Fala com ela... Eu vou ficar com a vovó.

Falou e não me deixou respondê-la saiu rapidamente para fora no quarto. Eu passei a mão pelo rosto e respirei fundo antes de me aproximar da cama dela. Meu corpo parecia fraco e tudo dentro de mim doía por vê-la dessa forma. Eu me sentei ao seu lado com cuidado e toquei na mesma, ela estava fria.

– Quando sua irmã me disse para namorar você, sabe qual a primeira coisa que pensei? – Falei a olhando. – Eu? Com aquela maluca? Nem pensar! – Sorri. – Então eu te conheci e senti que já te conhecia e eu simplesmente me senti tão ligado a você, foi tudo tão diferente. Eu até tentei me afastar, mas algo sempre te colocava no meu caminho. Algo sempre nos unia.

Minha garganta parecia estar se fechando e meu peito ardia, ele parecia queimar por dentro.

– Eu te amo tanto... Que se você se for eu não sei o que farei... Você não pode ir... Não sem eu dizer que te amo e te ter de novo em meus braços. Não sem você saber que é tudo para mim e que aceitar a loucura de namorar você foi a melhor coisa que fiz. Você me ensinou tantas coisas... Foi você quem me deu força e viu a dor através dos meus olhos, você lutou e ficou do meu lado até quando pode. – Peguei sua mão. – Eu sei que não estamos mais juntos e talvez a noite que passamos tenha sido só uma noite para você. Mas para mim não foi e eu quero que você esteja acordada para me ouvir dizer que vou lutar por você... Que vou fazer de tudo para que você me ame como antes, para que seja minha novamente. – Sequei as lagrimas em meus olhos. – Eu só preciso que você abra os olhos e diga sim quando eu pedir que passe o resto da vida comigo ou para que você fique com Logan, por mais que me doa dizer, mas se você acordar e não me quiser, mesmo assim eu ficarei feliz, só pelo fato de você estar aqui... Só por favor, não me deixe viver nesse mundo sabendo que não terei mais você. Que não verei seu sorriso ou olharei seu rosto lindo. Acorda Poppy! Acorde por que eu te amo e estou aqui esperando por você! Todos nós estamos!

Dei um beijo em sua testa enquanto sentia aquelas lagrimas escorrerem sem fim pelo meu rosto.

Eu soltei sua mão e me afastei da mesma andando até a saída e quando cheguei lá uma enfermeira já esperava na porta. Eu olhei uma ultima vez para a ela e então eu não sei o que houve, foi tudo muito rápido. Os batimentos dela começaram a ficar muito altos e então aquele barulho irritante entrou pelos meus ouvidos anunciando que o coração dela havia parado. Eu fiquei em choque e quando tentei correr até ela alguém me empurrou para fora, eu não vi quem era, na verdade eu não via nada, apenas ela. A cena se passou como um filme de terror na minha mente. Eles tentavam reanima-la, mas nada acontecia, aquela merda continuava a apitar e anunciar que o coração dela não batia mais. Eu perdi as forças em minhas pernas e cai quando me colocaram para fora mais uma vez. Eles a tiraram do quarto e correram empurrando a maca com seu corpo para longe dali. Muitos enfermeiros estavam a sua volta e eu observei até levarem ela para longe até ela finalmente desaparecer.

POV Logan

Eu simplesmente não conseguia acreditar em tudo que estava acontecendo, eu não podia acreditar que eu estava a perdendo, eu estava perdendo minha melhor amiga e agora irmã. Eu confesso que no começo tudo que eu queria era dormir com ela, mas então eu a conheci e comecei a gostar dela de verdade, como não achei que podia, mas ela já o amava e então eu nem tive chance. Depois, quando eu achei que nossa amizade ou qualquer coisa que poderíamos ter juntos estava acabado, acontece tudo o que aconteceu e de repente eu era a única pessoa para quem ela corria em qualquer circunstancia e devo admitir, ser o porto seguro daquela mulher foi tudo que eu sempre quis, mas mesmo assim não ficamos juntos, ela ainda o amava. Conforme o tempo que passou e ficamos mais próximos, eu parei de vê-la como alguém que queria amar e passei a vê-la como uma irmã, como alguém que eu queria e devia proteger e foi isso que eu fiz ou tentei fazer.

Flashback

Eu estava sentado no sofá da Poppy esperando a mesma voltar de mais um dos seus encontros com aquele velho filho da puta. Sério, eu não sou de odiar as pessoas, mas aquele ali conseguiu despertar o ódio dentro de mim. Izzie dormia e eu estava quase fazendo o mesmo, mas meus olhos se abriram quando ouvi o barulho da porta se abrindo. Eu olhei para a entrada e observei Poppy entrar com os ombros caídos e a postura de todas as outras vezes, só que dessa vez algo estava diferente. Ela finalmente me olhou e quando eu vi seu estado levantei rapidamente do sofá e andei até a mesma enquanto sentia a raiva tomar conta do meu corpo.

– Que porra é essa? Aquele velho ficou louco?

Perguntei olhando melhor seu rosto. Sua boca estava vermelha e bem machucada, sua bochecha estava com marcas vermelhas e seu pescoço também. Ela me olhou assustada por um momento, mas depois suspirou.

– Não foi ele! – Falou. – Lucas tentou me agarrar quando saí do apartamento hoje.

Eu me segurei para não correr dali e acabar com a raça daquele fodido.

– Filha da puta!

Falei a puxando para um abraço. Ela envolveu os braços a minha volta e suspirou. Nos primeiros meses em que ela saía para se encontrar com o pai de Jayden, toda vez que voltava e me via ela chorava até dormir, mas conforme o tempo se passou tudo o que ela fazia agora era me abraçar e ficar assim até que dormíamos. Ela se afastou de mim e disse que ia tomar um banho. Enquanto ela fazia isso eu preparei algo para ela comer e quando a mesma voltou e viu o que preparei ela sorriu.

– Obrigada... Mas acho que vou ficar só com o chocolate quente hoje.

Falou pegando sua caneca com o liquido quente e bebendo o mesmo.

– Nada disso. Você vai comer sim!

Falei e ela suspirou. Eu achei que teríamos uma discussão já que ela não aceitava tudo de primeira, mas para minha surpresa ela pegou seu sanduiche e começou a comer em silencio. Eu a encarei e ela parecia destruída. Ela havia perdido muito peso nesses últimos dias, não só por conta desse maldito problema de saúde que ninguém descobria o que era, mas também por estar longe de todos. Ela se punia diariamente por isso. Eu tinha sempre que ficar no seu pé a lembrando de comer e tomar seus remédios ou então quando ela se recusava a comer eu usava Izzie como incentivo e ela comia pelo menos um pouco, não muito, mas já era alguma coisa.

– Você vai ficar hoje?

Perguntou e eu vi em seus olhos que ela queria que eu ficasse, mas eu não podia, tinha algo a resolver.

– Não, eu tenho que sair bem cedo amanhã!

Falei e ela apenas assentiu. Eu sabia que ela precisava de mim ali, para chorar e ter alguém com quem conversar sobre seus pesadelos, mas eu precisava cuidar dela de todas as formas, e falar com aquele fodido era uma delas.

Ela comeu e foi para cama, eu fiquei ali com a mesma até que ela dormisse e quando isso aconteceu eu sai e fui onde eu sabia que ele estaria. Estacionei o carro na frente ao bar que ele sempre passava a noite. O lugar estava quase vazio, mas ele ainda estava ali, como sempre, jogando e bebendo com alguém. Eu me aproximei dele e toquei seu ombro, quando ele se virou para mim eu lhe acertei um soco que o fez ir para trás. Ele cambaleou, mas ficou de pé rapidamente e veio para cima de mim. Eu o empurrei e o fiz cair, fiquei com o corpo em cima do dele enquanto o enchia de murros, eu bati nele e descarreguei toda a raiva que estava sentindo desde que tudo começou. Logo ele perdeu as forças e tentou parar de revidar. Eu parei os socos e me afastei dele ficando de pé. Andei de um lado para o outro e tentei me acamar, mas não conseguia. Ouvi o desgraçado tossir e tentar levantar, mas quando não conseguiu ele começou a rir. Isso fez com que meu sangue fervesse mais e então eu me aproximei dele novamente acertando um chute em sua cintura, ele gemeu de dor. Eu respirei fundo e me abaixei para olhar em seus olhos.

– Se você encostar essas mãos imundas nela mais uma vez, eu te juro que acabo com a porra da sua vida.

Falei o olhando enquanto ele tossia e cuspia o sangue de sua boca.

– Vai se ferrar!

Falou e eu lhe acertei mais um soco o fazendo cair de novo.

– Eu estou avisando! – Falei. – E só para que você saiba, eu não tenho medo dos seus amiguinhos, por que eu também tenho os meus.

Apontei com a cabeça para o carro parado do outro lado da rua. Ele olhou para lá e meu “conhecido” o encarou serio enquanto levantava a blusa levemente, mostrando a arma que carregava.

– Estamos entendidos? Eu acho melhor que sim.

Falei voltando para o meu carro.

Fim do flashback.

Mas eu deveria saber que ele não me ouviria e que mais cedo ou mais tarde viria atrás dela. Eu me arrependia tanto por não tê-lo matado de uma vez.

Sentei-me em um dos bancos daquele maldito hospital e Leila me olhou. Eu a encarei e ela sorriu enquanto pegava minha mão.

– Ela vai ficar bem. – Falou com os olhos vermelhos.

Eu sorri minimamente enquanto torcia para que aquilo realmente acontecesse, por que, eu precisava dela e não podia perdê-la, não era justo depois de tudo que a mesma passou.

[...]

Nós estávamos sentados, todos já tinham vista Poppy e agora apenas Jayden estava lá dentro com ela. Eu confesso que queria muito vê-la, por mais que eu acreditasse que ela era forte eu ainda sentia medo, ela não podia ir sem que eu me despedisse. Eu estava com a cabeça baixa, quando ouvi pessoas falando alto e uma agitação se aproximar, olhei para a direção em que via o escândalo e vários enfermeiros empurravam uma maca em direção a uma sala. Eu teria continuado em meu lugar se não tivesse reconhecido a tatuagem no braço da pessoa que estava sobre a maca. Eu me levantei em um pulo e me aproximei da maca. Todos os outros ali também pareceram reconhecer que aquela era Poppy. Tentei perguntar o que estava acontecendo, mas ninguém me ouvia, eles gritavam coisas que eu não entendia remédios, estado do paciente e tudo mais. Eu consegui me aproximar da maca o suficiente para pegar na mão dela e estava extremamente fria, eu apertei a mesma e arregalei os olhos quando senti um leve movimento. Eu sei, podia ser apenas coisa da minha cabeça, mas eu preferi acreditar que era ela dizendo que estava ali. Um enfermeiro me afastou quando passaram pela porta e sumiram com o corpo dela.

Fiquei ali olhando as portas balançarem. Quando finalmente me movi e virei meu corpo para trás, todos ali estavam devastados. Eleanor estava sendo amparada por Casey que eu suspeitava estar de pé apenas por conta do namorado, Leila parecia em choque e Izzie estava encolhida no chão com as mãos nos ouvidos e os olhos fechados com força. Ela chorava e tinha uma expressão de dor em seu rosto. Meu coração se apertou ao vê-la daquela forma, eu caminhei até a mesma e me abaixei em sua frente tocando suas mãos. Ela abriu os olhos e me olhou, eu podia ver todo o seu medo neles, foi ai que ela fez a ultima coisa que eu esperava, me abraçou. Ela praticamente se jogou nos meus braços e escondeu o rosto no vão do meu pescoço. Eu me levantei com ela em meus braços e me afastei levando-a dali.

[...]

– Você acha que ela vai morrer?

Izzie perguntou me olhando. Nós estávamos na lanchonete do hospital e ela estava sentada em meu colo depois que consegui a tomar um chocolate quente, ela adorava já que Poppy sempre fazia para ela. Eu respirei fundo e encarei aqueles olhos que eu achava tão lindos, que agora estavam assustados e apagados.

– Eu acho que a Poppy ficaria decepcionado se duvidássemos disso. É claro que ela não vai morrer! Ela é a Poppy, esqueceu?

Falei e ela ficou me olhando. Depois pegou seu copo e bebeu um pouco do chocolate e enfim me olhou de novo.

– É que todo mundo aqui parece tão triste, como se ela já estivesse morrido ou perto disso e eu fico com medo.

– Eles estão assim por que também estão com medo. – Falei.

– Você não parece estar.

Eu a olhei por um tempo.

– Para falar a verdade eu estou morrendo de medo, mas eu acredito nela, sei que logo ela vai abrir os olhos, começar a falar sem parar, me xingar por comer a comida dela e brigar com você por colocar sal no meu café. – Falei e ela sorriu enquanto seu rosto ficava vermelho.

– Me desculpe por isso, mas é que eu tinha ciúmes. – Falou. – E também queria que ela ficasse com Jayden.

Eu sorri. – Eu já suspeitava disso. – Falei. – Mas poxa, você tinha mesmo que ferrar com o meu café? – Perguntei a olhando, ainda sorrindo. – O meu café já não é dos melhores, com sal então. – Fiz uma careta e ela sorriu.

– Você deu sorte, eu estava pensando em colocar pimenta na próxima vez. – Falou.

– Vou me lembrar disso dá próxima vez que tomar café sobre o mesmo teto que você.

Ela sorriu novamente e depois ficou em silencio.

– Talvez não seja preciso... Acho que não vou mais tentar envenenar você.

– Ah não? E posso saber qual o motivo da mudança repentina?

– Fiz uma promessa de que se Poppy acordasse eu não implicaria com você. – Falou e eu fiquei sério a olhando. – E falando com você agora, talvez, você não seja tão mal assim.

– Você também não é aquela pestinha desalmada que eu acreditei ser.

Falei e ela me deu um tapa no braço e eu fiz uma careta fingindo sentir dor. Ela riu, pela primeira vez, ela riu e eu sorri por isso.

– Obrigada Logan.

Falou deitando a cabeça em meu peito e ficando ali. Eu passei meus braços a sua volta e nós permanecemos assim por um bom tempo. Eu fiz com ela o mesmo que fazia com Poppy, a deixei deitada em meus braços e mexi em seus cabelos até que a mesma começou a fechar os olhos. Olhei no relógio e já era quase uma da manhã, eu suspirei. Se tudo tivesse sido diferente, uma hora dessas todos nós estaríamos juntos e não aqui, nesse lugar infernal.

[...]

– Quando você vai acordar hein? Você não cansa de ficar assim e deixar todos aqui loucos? Por que é assim que estamos. Izzie não come direito, sua mãe não trabalho ou dorme, Jayden está parecendo um Zumbi e eu... – Olhei para as minhas mãos. – Eu estou acabado, totalmente perdido aqui sem você. Então como você pode fazer isso? O medico disse que tudo dependia de você agora e já se passou quase um mês, então, quando diabos você vai acordar? Quando é que eu finalmente vou poder abraçar você. Não era para ter sido assim. Era para termos voltado para casa, você se entendido com Jayden, até casado com ele e eu... Eu estaria noivo, estaria do seu lado como sempre, mas as coisas saíram do controle eu não fui bom o suficiente para proteger você.

Essa era a primeira vez, depois de que Poppy havia feito à cirurgia que eu consegui entrar no quarto dela, que consegui criar forças e entrar ali sem me sentir partido ao meio. Sequei as lagrimas que escorriam pelo meu rosto e olhei para a mesma, que permanecia do mesmo jeito que estava há dias atrás, eu podia não entrar no quarto, mas ficava sempre ali a olhando pelo vidro do quarto.

– Eu quero te abraçar novamente... Quero sentir esses seus braços magrelos a minha volta. – sorri. – Quero ouvir você bufar enquanto te chamo de vizinha. Porra Poppy, eu só quero que você acorde!

Abaixei minha cabeça e fiquei ali pensando, ouvindo o silencio que reinava no quarto.

– Oh merda! Eu acho que estou morta, por que tem um cara cabeludo e feio no pé da minha cama. Você por um acaso é a morte ou sei lá um demônio, ceifeiro talvez? Ouvi dizer que eles são bem feios.

Levantei a cabeça sem acreditar no que eu ouvia. Olhei para a cama e eu realmente não estava sonhando. Ela estava ali, ela estava acordada e ela estava chorando e sorrindo para mim. Eu levantei na cadeira e a abracei apertado enquanto as lagrimas de alivio escorriam pelo meu rosto. Beijei seu rosto, seu cabelo a abracei de novo e a ouvi rir enquanto soluçava.

– Merda, você quase me matou aqui magrela!

Falei enquanto segurava seu rosto em minhas mãos e sorria para ela. A mesma estava com o rosto vermelho das lagrimas, mas mesmo assim sorria.

– Desculpe, é que se recuperar de um tiro e de uma queda bem alta não é tão fácil quanto parece.

Falou com aquele tom de ironia que eu tanto senti falta.

– Você está bem? Eu preciso chamar alguém! Quer alguma coisa?

Falei enquanto secava meu rosto e a encarava. Ela abriu a boca para dizer algo, mas ficou em silencio quando a porta se abriu. Eu me virei e Izzie estava ali, ela olhou para Poppy e travou, olhou para mim e depois para Poppy de novo. Ela parecia não acreditar, por que ela esfregou os olhos com as mãos. – Ela está mesmo aqui? – Perguntou com a voz de choro enquanto me olhava.

– Por que não vai até lá descobrir?

Perguntei sorrindo. Ela largou a bolsa da escola no chão e correu até a Poppy pulando em cima da cama e abraçando a mesma. Era uma cena extremamente emocionante. As duas se abraçavam tão apertado e choravam enquanto sorriam. Eu podia imaginar o alivio de ambas ali. Virei-me para porta pronto para sair, mas parei quando notei Jayden ali, olhando as duas com os olhos vermelhos e o rosto branco. Ele me olhou e parecia confuso. Eu sorri e então, sem mais nem menos, ele me abraçou.

It’s a fragile thing this life we lead
If I think too much, I can't get over
Whelmed by the grace
By which we live our lives
With death over our shoulders
Want you to know, that should I go
I always loved you, held you high above, true

I study your face
The fear goes away
The fear goes away...


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