Helena estava começando a achar as explorações na casa entediantes, e por isso agradeceu quando algum dos quatro novos "refugiados" que haviam chegado sugeriu que fossem brincar de esconde-esconde.

Edmundo começou a contar, então todos correram a se esconder, Helena entrou num quarto as pressas e fechou a porta até restar apenas uma brecha para espiar. No quarto, só havia um grande guarda-roupa, nada comparado as armaduras medievais e coleções de livros dos outros cômodos.

Mesmo assim, Helena sentiu como se houvesse uma certa magia que emanava dele, mas não prestou muita atenção, por que pela brecha, viu Lucia andando pra lá e pra cá que nem barata tonta, com dó, pois já gostava muito daquela menininha, chamou:

-Lucia, vem aqui, anda.

Lucia olhou para a porta, olhou para trás e veio numa desembalada para o quarto.

-Rápido, Ed já terminou de contar e vem nessa direção.

A menina correu para o guarda-roupa, não dando a Helena muita opção a não ser correr atrás, quando entraram lá, tiveram o cuidado de deixar a porta semi-aberta, pois ninguém ali queria ficar presa num armário cheirando a naftalina.

Andaram as cegas, com as mãos esticadas, esperando atingir o fundo do armário, mas parecia não ter fim, começaram a sentir frio, e suas mãos tocaram em algo áspero:

- Lu, isso são arvores, isso está um pouco estranho.- Helena conhecia aquele toque bem demais, passou boa parte dos dias ensolarados explorando o bosque ao redor da residência.

- Vamos ver até onde vai, olha, podemos voltar quando quisermos, mas está um pouco frio né?- falou Lucia

- É mesmo.- Helena disse apenas isso.

Afastaram alguns galhos e quando viram, perceberam que aquilo não era um pouco estranho, era MUITO estranho.

Estavam na orla de um bosque, em que brilhava longe um lampião, era noite, e a luz do lampião brilhava intensamente no escuro, resolvera fazer uma coisa sensata, e se guiaram até a luz.

Ficaram ali, observando o lugar, até que um barulho surgiu, algo como pulinhos de bode.

Helena e Lucia viram o que produzira o som, e Helena não pode deixar de falar:

-Porra!

Da cintura pra cima, era um homem normal, com barbicha, cachinhos, um cachecol vermelho e uma sombrinha, segurando diversos pacotes, da cintura pra baixo, tinha pernas de bode peludas e cascos de bode, e alias, Helena percebeu que tinha chifrinhos de bode meio escondidos pelos cachos.

A coisa, que por acaso era um fauno, foi a primeira a fazer contanto, e disse:

- Por acaso vocês são filhas de Eva?