“Venha até a Torre Stark, você vai adorar, tem um laboratório completo.”

A primeira vista o convite de Tony Stark parecia amigável e gentil. Mas Bruce Banner não havia nascido ontem. Ele sabia que o bilionário estava mais interessado em um certo outro alguém, verde.

Banner recusou várias vezes o convite de Tony, sabendo que seu interesse estava no outro cara. Para ele, esse tipo de interesse não era satisfatório.

Mas foi impossível recusar o milésimo pedido. Só que as coisas não saíram de acordo com o que Bruce pensava. Quem sabe, se estivéssemos falando sobre fantasias impossíveis, daquelas que temos antes de dormir. Mas essas fantasias existem justamente para serem usadas antes de dormir e no outro dia evaporar da mente.

Bruce deixou a Torre Stark sem saber como poderia retornar lá e olhar de novo na cara de Pepper, que havia flagrado os dois em cima de uma das fantásticas máquinas que Tony tanto falava para Bruce conhecer.

Depois disso, Banner se afastou. Ou melhor, tentou. Ele precisou ir longe para que isso realmente desse certo. Não, não estava dando certo fugir para o Serra Leoa ou Laos. Mas Bruce queria acreditar que a distância o ajudava.

Menos quando o Iron Man estacionava sua armadura em frente a barraca no meio do nada.

— O que... como? — Banner passou a mão no cabelo, andando de um lado para o outro.

— Então é aqui que você se esconde? Interessante, mórbido, mas rodeado de natureza e coisas do tipo. Por acaso preciso de alguma vacina? Jarvis pode verificar?

— Com prazer, senhor.

— Como você me encontrou? — Bruce Banner perguntou, controlando a respiração.

— Pergunta errada, Doutor — O Homem de Ferro caminhou até a barraca, abrindo-a para ver o seu interior — casinha maneira.

— Tony... eu não sei se devo me sentir lisonjeado ou apavorado com você me perseguindo por aí.

— Você não gosta das minhas visitas surpresas? Estou atrapalhando algum momento particular? Por acaso você não estava indo para a moita, estava?

— Não, eu não estava indo para moita nenhuma. Só não quero que apareça do nada como sempre faz.

— As verificações foram concluídas. Não existe nenhum risco. Sua tabela de vacinação está em dia com o recomendado, senhor.

Tony finalmente tirou o capacete de seu traje, assim Bruce poderia vê-lo melhor. O que não melhorava muito as coisas. Banner desviou o olhar e coçou o nariz, levando as duas mãos até a cintura, movendo a cabeça de lado para olhá-lo.

— Qual é? — Stark tocou o ombro de Bruce — Só estava com saudades e queria saber como você estava. Quem sabe te convidar para jantar.

— Eu não sei se você notou, mas aqui não tem restaurantes.

— É. — Tony olhou ao redor. — O que você come? Não me diga que fica por aí caçando animais, Katniss.

Bruce deu uma risadinha sem graça. Afinal, a comida que ele tinha estocado mal daria para aguentar até chegar a cidade mais próxima. Só que essa não era a primeira vez que ele passava por essas dificuldades.

— Tem alguns biscoitos que guardei na mochila.

— Opa. — Tony saiu da armadura e entrou da barraca, sem pedir licença. Ele voltou atrás, colocando só a cabeça para fora, olhando Bruce de pé ao lado de sua armadura — Você não vem baby?

Bruce ponderou alguns segundos, fazendo uma análise dos acontecimentos futuros. Provavelmente ele iria se arrepender daquilo... algum dia iria.

Ele entrou na barraca e sentou-se de frente para Tony.

— Colhi algumas ervas, posso preparar um chá para comer com os biscoitos.

— Nhamy. Estamos no meio de uma selva tropical e você ainda tem modos cavalheirescos, tal como um lorde inglês.

— Só porque eu vivo em um lugar como esse e me transformo... naquilo. Não quer dizer que eu também não tenha modos.

— É claro que não. Mas, me diga, quanto tempo vai passar aqui? — Tony abriu o pacote de biscoitos e enfiou um na boca, fazendo aviãozinho para Bruce comer também.

— Cheguei aqui com a ajuda de uma botânica. Ela vem estudando os efeitos de uma erva que pode me ajudar. Mas é muito rara, só existe nessa região.

— Deus abençoe a América do Sul. — Tony não tirava os olhos de Bruce, para ser mais claro, ele o encarava quase sem piscar. Deixando claro suas verdadeiras intenções.

— Escuta. — Bruce decidiu tomar uma posição. — Eu sei o que você veio fazer aqui. Mas eu não costumo cair na mesma armadilha duas vezes. Aprendo rápido.

— Eu sei, eu sei. — Tony lançou outro biscoito direto na boca, mastigando — Será que um amigo não pode visitar outro amigo?

— Visitar? Sério mesmo?

— Ok. — Tony balançou a cabeça — Eu estava voando aqui por perto.

— Tony...

— Tá certo. Eu senti sua falta. Queria te ver. Satisfeito?

Bruce ajeitou os óculos, movendo os lábios em um meio sorriso. Não queria dar o gostinho para Stark se gabar.

— Eu só quero que saiba que não vamos fazer sexo dessa vez.

— O que? Porque não? — Tony soou desapontado.

— Então você só veio aqui para isso?

— Não, e sim. Quero dizer, estamos no meio do nada, podemos aproveitar essa chance para você ficar mais relaxado e — ele deu uma piscadinha — sabe, se libertar daquela chatice de viver se controlando.

— É para o seu bem.

— Eu sei, mas monitores cardíacos não são muito sexy. Quero dizer, eu acho legal brincar com eles. Mas a gente poderia fazer uma coisa diferente dessa vez.

Bruce olhou desacreditado para Tony. Não havia discurso no mundo que mudava a cabeça de um Stark.

— Você é louco.

— Sim, sou louco — Tony tratou de puxar Bruce para mais perto dele, com as mãos em volta de seu corpo — estou louco por você, Doutor Banner. Acho que deve ser alguma virose, eu nunca em toda minha vida me senti assim. Será que tem cura?

— Espero que não. — Bruce o beijou.