Mais que o sol escrita por Ys Wanderer
Notas iniciais do capítulo
Olá, pessoal! Como vão? Enfim, mais um capítulo especial para vocês.
Boa leitura.
A instalação de cura estava muito silenciosa e isso era desesperador. Eu podia ouvir a minha respiração ofegante, nossos passos cautelosos sobre o piso e o ruir baixinho de alguma máquina ao longe. As escadas estalavam cada vez que avançávamos e eu tive a impressão de que os segundos haviam se transformado em horas. Cal queria demonstrar força e tranquilidade ao meu lado, mas seus lábios apertados e as mãos contraídas me diziam exatamente o contrário. Estávamos com medo, muito medo. As almas geralmente eram pacíficas e boas e nunca se voltavam contra os seus, porém, a buscadora de Peg e o buscador de Cal pareciam ser uma exceção à regra. Talvez eles existissem para equilibrar a balança da vida, pois se havia almas que tomaram o que há de mais nobre e bonito em ser humano com certeza também havia almas que absorveram aquilo que existia de pior em nós.
— Por aqui — eu peguei Cal pela mão e o conduzi até a porta que nos faria entrar no terceiro andar. Sua pele estava suada e fria e eu a apertei levemente na tentativa de dizer que estava tudo bem e que tudo ficaria bem. Abri cautelosamente a porta e por sorte o corredor estava vazio.
Nós continuamos andando juntos e as portas fechadas pareciam bombas relógio prestes a abrir e explodir. Fiz a contagem da mesma forma que havia feito antes: corredor, esquerda, porta dez. Os números iam passando e a adrenalina aumentava cada vez mais.
— É essa — eu disse no local exato e Cal não se moveu, apenas ficou fitando a porta. Peguei uma lata de dormir que estava no bolso e coloquei em punho, mostrando a ele que ninguém se machucaria. Pus a mão na maçaneta, torcendo para que não houvesse ninguém cuidado de Nate àquela hora, e a girei cautelosamente, o click da fechadura reverberando em todo o espaço.
— Vamos lá — Cal disse e abri a porta lentamente, com medo de que houvesse algum curandeiro ali. Ao constatar que estávamos sozinhos, entramos rapidamente, trancando novamente a porta e nos enclausurando naquele ambiente perigoso.
Cal então fitou o corpo adormecido de Nate e logo correu para abraçar o amigo sobre a maca, seus olhos se enchendo de lágrimas dolorosas. Ele se virou, aturdido, e me deu um longo beijo, para logo depois se voltar a Nate e começar a avaliá-lo. Eu podia sentir a felicidade que emanava dele, a esperança renovada em ver o amigo perdido.
— Ele deve estar bem, quase não há aparelhos ligados a ele — Cal notou.
— Estranho. Quando o vi ele estava bem equipado.
— Isso quer dizer que ele está bom e pronto para uma inserção. Vamos nos apressar, Sam.
Borrifei o acordar no rosto de Nate e em poucos segundos suas pálpebras começaram a se mover lentamente e sua respiração a ficar mais acelerada.
— Vamos, Nate — Cal sussurrou. — Seja forte, amigo.
— Eu estou... vivo? — a voz cansada de Nate fluiu como um bálsamo em nossos ouvidos. Rimos baixinho e Cal o respondeu.
— Sim, amigo, você está vivo. Mas não está seguro, precisamos que você seja forte. Agora nos ajude — ele segurou Nate com força e o colocou sentado, apoiando suas costas com as mãos. — Será que ele consegue andar? — perguntou para mim.
— Samantha? — Nate articulou com dificuldade ao me perceber. — É... você?
— Sim, sou eu — ele estava muito desorientado. — Você vai ter que andar, tudo bem?
— Eu achei que... estava morto, e agora... estou vivo. E não tem nada melhor do que... ver uma garota bonita — ele disse devagar e eu ri. — Pode pedir... o que quiser.
— Apenas cale a boca e volte conosco para casa — ralhei e ele esboçou um sorriso fraco.
Cal o colocou em pé e ofereceu seus braços de maneira que ele ficasse apoiado. Abri a porta e vi que o corredor permanecia vazio, a madrugada estava funcionando bem como aliada. — Vamos, Cal, algum curandeiro pode aparecer para olhá-lo! — pedi e ele apressou o passo.
Como planejado, segui em frente para abrir o caminho caso fosse necessário, mas de algum modo, pela primeira vez na vida pós-invasão, as coisas estavam dando certo sem nenhum problema, pois não esbarrei com nada que pudesse nos comprometer. Cruzamos o corredor apressadamente e quando adentramos novamente a área das escadas respiramos um pouco mais aliviados.
— Conseguimos — Cal comemorou.
— Ainda não. Estamos presos no terceiro andar de uma instalação de cura carregando um homem que precisa de cuidados e ainda nos falta descer todas essas escadas — olhei para baixo e a quantidade de degraus me trouxe um nó no estômago.
Apoiei Nate de um lado e Cal de outro para que desse modo tentássemos descer com mais rapidez. Nosso velho amigo respirava com muita dificuldade e temi pela sua saúde, o esforço extremo e a emoção lhe enfraquecendo ainda mais. Vencemos as primeiras etapas e quando já estávamos no limiar da descida para o primeiro andar uma sirene estridente começou a soar.
— Isso não é possível! — gritei. — Achei que os sistemas de segurança haviam sido abolidos!
— Agora temos certeza que não — Cal respondeu e fez um esforço sobre-humano para colocar Nate em suas costas, o que os deixou muito lentos.
Corri na frente e coloquei a arma em punho, pois a promessa de não machucar ninguém só poderia ser cumprida se nossa situação não fosse descoberta desse modo. Quando estávamos quase alcançando a porta de saída lateral, as luzes foram parcialmente cortadas e escutamos algumas pessoas gritarem por causa do susto. Em poucos segundos escutei passos bem atrás de nós.
— Vá na frente e leve Nate — eu disse e tentei correr em direção as vozes para atrasá-las. Cal segurou firme no meu braço.
— Não faça isso. Podemos conseguir.
— Não se formos perseguidos e, além disso, vocês dois precisam de muito tempo para descer. Me esperem do outro lado.
— Você ficou louca?
— Eles não sabem quantos somos nem qual é o nosso veículo. Saia daqui devagar e sem levantar suspeitas. Darei a volta por fora. Fique calmo, pois estou logo atrás de vocês. Vá agora! — soltei-me com força e os deixei para trás. Subi novamente alguns lances de escada e acabei me deparando com duas almas, um homem e uma mulher, que também tentavam sair do prédio.
— O que está acontecendo? — o homem questionou assustado. — Quem é voc...
Não deixei que ele terminasse a frase, pois aspergi o conteúdo do dormir diretamente em seu rosto e ele caiu. A mulher me olhou com muito medo e tentou escapar, mas consegui segurá-la, girá-la e fazê-la aspirar o conteúdo do frasco.
Procurei outra forma de fugir dali, subindo novamente para depois descer por outra saída de emergência, e assim consegui sair do prédio me misturando a algumas almas desorientadas. Olhei para a rota de saída de veículos e vi o nosso carro se afastando lentamente, sem chamar a atenção. Andei alguns metros, pulei uma pequena cerca de arame que dividia uma área que eu não sabia para que servia e dei a volta pelo estacionamento para pegá-los quando estivessem fazendo o retorno. Porém, ao avistar o veículo tentando sair, dois homens começaram a correr na direção deles.
— Pare! — Gritaram. O carro então acelerou mais e vi quando um dos buscadores levantou o braço na direção deles. Não esperei que ele concluísse o que pretendia e atirei várias vezes até o atingir no ombro. Ele tombou e o outro correu.
Comecei a usar as últimas balas para atirar para cima e dispersar os poucos curandeiros que tentavam fugir, a confusão me dando tempo para chegar a Cal. Com o barulho, todos se abaixaram ou saíram correndo. Apenas uma pessoa continuou de pé, olhando fixamente para mim.
Reconheci imediatamente o buscador de Cal, os mesmos olhos frios e sem vida, algo que eu nunca tinha visto no rosto de uma alma. Um calafrio percorreu o meu corpo e fiquei sem ação.
— Sam! — escutei Cal gritando em meio à balbúrdia e com isso voltei a ficar alerta. — Agora!
Apenas corri em sua direção, ele estava vindo ao meu encontro. Fiquei com ódio ao vê-lo, queria que ele tivesse saído correndo e ido embora com Nate e não vindo me buscar. Olhei novamente para trás e o buscador havia desaparecido, o que não me trouxe nenhum alívio.
— Acelera, acelera! — repeti raivosamente quando alcançamos o carro. Cal pisou com força no acelerador e meu peito começou a doer muito por causa do esforço feito pela corrida. — Coloquem os cintos.
— Vocês não deviam ter vindo atrás de mim, eu daria um jeito de bloquear qualquer memória — Nate disse com dificuldade.
— Fica quieto! — briguei enquanto fechava a trava de seu cinto de segurança. Aquela não era hora para sermões ou arrependimentos. Corremos por cerca de longos vinte minutos, a cidade adormecida nos ajudando a fugir com suas ruas vazias. Então, mesmo na escuridão, percebi que havia algo estranho.
— Você está indo para o lado errado! — adverti Cal quando percebi que ele estava na direção oposta em que deveríamos estar seguindo. Eu só conseguia ver árvores dos dois lados.
— Estamos quase chegando ao parque — ele respondeu. — Ainda está escuro, vamos tentar nos esconder lá dentro, em meio às árvores.
— Você está louco? — berrei. — Quer nos encurralar no meio das almas?
— É nossa única chance! — ele também gritou em resposta e começou a ofegar. — Eles vão vigiar todas as saídas, deve ter um enxame de buscadores seguindo estrada acima. Se acharem que fomos embora, nunca imaginarão que na verdade estamos aqui ao lado.
— Eles já... nos acharam — Nate sussurrou com dificuldade e quando olhei para trás vi um par de faróis se aproximando rapidamente. O carro bateu com força na nossa traseira e o vidro quebrou ao ser atingindo por um tiro. Eu gritei de medo.
Cal saiu do asfalto e nos conduziu por uma estradinha de terra, nosso inimigo bem na nossa cola. Ele atirou novamente atingindo o retrovisor esquerdo e a lataria e, com medo de ser atingindo, Cal se encolheu no banco do motorista, o que reduziu drasticamente nossa velocidade. Sem visualizarmos quase nada, mesmo com os faróis acesos, não tivemos tempo de perceber o enorme tronco marrom até nos chocarmos de frente com ele. Nosso perseguidor freou bruscamente e nos atingiu novamente.
Por sorte o impacto não nos esmagou, mas com isso perdemos nosso meio de fuga. Eu e Cal retiramos rapidamente os cintos e comecei a chorar ao perceber que Nate estava desacordado, provavelmente por causa do seu estado fraco e do susto, e temi por seu coração ainda em processo de cura. Pus a cabeça em seu peito e fiquei aliviada ao ouvir que seu coração batia normalmente.
— Nate? — chamei baixinho e ele piscou. — Nate? — continuei a chamar e ele somente apertou minha mão, indicando que estava tudo bem, e então apontou para a minha pistola. — Acabou — respondi. Era o fim. Peguei meu pequeno punhal e coloquei em suas frágeis mãos, sem dizer nada. Ele sabia muito bem o que deveria fazer caso tudo saísse de controle outra vez.
— Saiam do carro ou vou atirar! — a voz do buscador soou grosseira e meu sangue gelou. — Saiam, não vou repetir.
Saímos devagar e Nate continuou dentro do carro. O buscador olhou para ele e ao perceber que não oferecia riscos deu de ombros.
— Olá, Flores Vivas Calcinadas. Ou devo te chamar por algum outro nome idiota? Aposto que eles te deram um nome humano, não foi? Ah, sim... Lembrei que a garota te chamou de Cal no supermercado aquele dia. Cal.. que nome ridículo. O que mais eles fizeram com você? — o buscador disse com desprezo e nenhum de nós respondeu nada. — Eu sabia que um dia iríamos nos encontrar novamente. Que falta de educação, Cal. Não vai apresentar seus amigos humanos? — ele debochou e Cal se colocou na minha frente para me proteger, me tirando do campo de visão do buscador. Olhei para o céu e a aurora já estava chegando, as nuvens começando a aparecer com seus contornos vermelho e cinza. Procurei algo que pudesse usar como arma, mas engoli em seco quando percebi que seria inútil.
Só havia uma saída, aproveitar a insanidade do buscador.
— Por que você não me deixa em paz? — Cal vociferou.
O buscador começou a gargalhar como se estivesse completamente louco.
— Por que você não me deixa em paz? Ora, amigo, eu não te deixo em paz porque os humanos são a mancha que polui este planeta e você também foi corrompido por essa escória. Você é um traidor, assim como eles, e eu sempre suspeitei que você sabia onde encontrar os resistentes. E agora eu tenho certeza ao ver como você protege esses humanos imundos.
— Cale essa boca! — Cal gritou. — Não fale assim deles.
— Ou o quê? Você não pode fazer nada — ele respondeu com desdém e enquanto isso comecei a me distanciar de Cal. O buscador estava tão insano que nem notou. — Sou mais esperto do que você — continuou. — Vocês conseguiram fugir, mas deixaram um para trás. E conhecendo bem a sua fraqueza, amigo, desconfiei que fossem voltar e por isso fiquei atento a qualquer coisa. Quando fiquei sabendo que alguém havia convencido aquele curandeiro idiota a mostrar o humano, na mesma hora fiquei sabendo que te pegaria. Não me autorizaram a entrar na instalação e esperar lá dentro, mas isso não me impediu de te achar, não é? — ele parecia muito satisfeito. — Humanos não são os únicos que sabem caçar.
— E o que você vai fazer? — Cal percebeu que eu estava tentando pegar o buscador pelas costas e tentou ganhar tempo, mas o seu olhar de pânico não ajudava em nada. — Você está sozinho.
— Estou sozinho porque queria ter essa conversa somente eu e você. Acho que os outros não precisam de mais uma alma fraca tentando convencê-los a se arrepender ou coisa do tipo. Mas, é só eu avisar que vocês estão aqui que não terão para onde correr. A sua brincadeira de humano acabou.
— Por acaso pretender nos matar?
— Você não, pois depois que eu tirá-lo desse corpo vou pessoalmente poder vasculhar e encontrar tudo o que quero, sem resistência. Porém, seus amigos... — o buscador então destravou sua arma, algo moderno e que eu nunca tinha visto, e meu coração parou — eles não são necessários para mim.
O buscador simplesmente se virou abruptamente e me olhou como se soubesse que eu estava o tempo todo atrás dele. Eu mal tive tempo de fazer qualquer movimento de fuga quando ouvi um estampido diferente, quase silencioso. Somente o braço esticado do homem denunciava que ele havia atirado em mim.
— Não! — Cal gritou e se jogou em cima do buscador, iniciando uma luta. Minha visão começou a embaçar e eu só conseguia distinguir no ambiente duas silhuetas se chocando. Senti uma ardência estranha na barriga, um palmo abaixo do seio direito, que logo começou a ser substituída por uma dor absurda. Ao tocar o local, algo pegajoso e quente molhou minha mão. Meu próprio sangue. Eu podia senti-lo saindo e encharcando minha blusa, escorrendo para as minhas pernas rapidamente.
Lutando contra a dor, tentei me mexer, mas logo minhas pernas perderam força e eu caí de costas no chão. Tentei encontrar Cal, contudo ele estava fora do meu campo de visão e com isso fiquei com medo dele ter tido o mesmo destino que eu. Embora a escuridão tenha sido substituída pelos primeiros raios de sol, perdi a conexão com o que havia ao meu redor. Era difícil ver. Era insuportável sentir. Era pior ainda respirar.
— Sam, fale comigo! — alguém pediu depois do que me pareceram horas. Abri os olhos com muita dificuldade e só então percebi que era ele.
— Cal, você está bem? — eu senti o alívio inundar meu coração, mas isso não foi o suficiente para aplacar a dor dentro de mim. Porém, se Cal e Nate vivessem eu teria cumprido meu dever e isso era o suficiente para mim. — Onde está o buscador? — perguntei e Cal colocou minha cabeça em suas pernas. Dei um grito de dor por causa do movimento.
— Ele está desacordado, não se preocupe. Vai ficar tudo bem — ele soluçou, pressionando o meu ferimento. — Sam, por favor, seja forte. Nate! Nate, me ajude!
— Cal... prometa que vai cuidar de todos — pedi juntando todas as forças que me restavam. — E, principalmente, que nunca vai deixar Adam... sozinho. Ele vai perder o chão, então quero que fique ao lado dele. Diga... que eu o amo muito e que pedi para que ele fosse feliz.
— Você não vai me deixar! — ele gritou e senti suas lágrimas molharem meu rosto. — Você não pode ir. Fique comigo, por favor. Resista. Você não pode morrer.
— Ora, Cal. Humanos morrem, é a lei — articulei com dificuldade e tentei sorrir, o que foi impossível. — Por que seria diferente comigo?
Meu corpo todo começou a tremer de frio e eu tive certeza que ali, naquele momento, todo o meu sofrimento terminaria. Eu estava livre agora, livre para ver os meus pais. Lamentei por Adam, mas eu deveria confiar que tinha criado um homem forte e capaz de sobreviver a todas as perdas. Tentei manter os olhos abertos, mas minhas pálpebras pareciam pesar milhões de toneladas. Gravei na minha memória todos os rostos que eu levaria comigo: Adam, Jamie, Jeb, Nate, Grace, Peregrina e tantos outros que começaram a se misturar. Apenas um continuou nítido para mim com suas sardas escuras, olhos azul-prateados e cabelos vermelhos como o fogo. Como o fogo do sol. Minha metáfora que eu não havia tido tempo de reconhecer que me trouxe a vida.
Minha alma
Cal.
— Você não pode morrer — ele repetiu e sua voz estava fraca. — Você não pode morrer porque eu te amo, Sam. Eu amo você — ele disse e senti quando seus lábios quentes foram de encontro aos meus.
Eu também amo você — tentei dizer, mas não consegui forças para trazer voz ao sentimento. — Eu amo você como nunca amei ninguém — pensei e foi como se estivesse caindo em um mar de águas revoltosas e geladas. Tentei me segurar à superfície, mas não havia nada que fosse forte o suficiente para me manter à tona, nem mesmo a sua voz chamando por mim desesperadamente.
Então, a escuridão chegou como um bálsamo e me trouxe a paz que eu tanto precisava.
“Eu também amo você. Mais que o calor do sol”
E depois disso eu mergulhei no nada.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bye, galera.
até a próxima...