...A um prazer que fora interrompido, parecia que tinha acordado. Estava de volta a meu escritório, com uma fatia de bolo comido na minha frente; ouvindo a bagunça que Finny fizera no jardim da frente, quando Sebastian anunciou que meu banho estava pronto.

Após estar imerso em água cristalina e cheirosa, só conseguia ouvir a voz veludosa de Sebastian que fazia toda aquela experiência se tornar cada vez pior, um profundo ódio brotou e como numa explosão; lancei o frasco da essência de banho na parede que, se estilhaçando quase acertou Sebastian, com um rosto que parecia não compreender o que se sucedera; perguntou se a essência não me agradava, lhe respondi com a voz tremula que aquele odor provocava o pior de minha pessoa. Lendo as entrelinhas Sebastian retirou as luvas mergulhando suas mãos na água, esta por sua vez passou a ser rubra, um rubro tão intenso que chegava a parecer preto; ali meus sentidos eram inertes.Um ruído não, um gemido ao longe provocava minha audição; aquela voz era a minha voz misturada a de Sebastian que só dizia uma palavra: “delicioso”.Desta vez, feixes de luz com pedaços da lembrança daquele sonho, me faziam lembrar das múltiplas sensações que tive e ainda tenho e sem avisar tudo voltara a ser silencioso.

A própria escuridão me tocava envolvendo meu corpo, tomando forma pouco a pouco...Num súbito inspiro acordei, em uma cena dejavú onde o pedaço de bolo comido estava.

Se aquilo fora um sonho não sei; só sei que toda vez que me lembro tenho...de certa forma um bom sonho.”